Diversão

POV Simone

Já se passaram alguns dias desde que comecei a cuidar do anjinho Fábio, incrivelmente temos nos dado muito bem, pensei que demoraria um pouco para ele confiar em mim, mas, estava enganada, ele me aceitou muito mais rápido do que eu esperava possível. Temos uma convivência ótima e agradável, como ele não tem a mãe por perto, me parece que ele tem essa carência de atenção elevada, e como o pai trabalha mais do fica em casa, ele direcionou toda essa carência para mim, tento ao máximo possível suprir o amor e o carinho que ele precisa, mas, entendo às vezes em que ele fica um pouco triste, precisamos dos pais por perto, ainda mais quando se é apenas uma criança.

Vou até à cozinha para pedir um lanche para Fábio, ele está assistindo alguns desenhos infantis na grande televisão de plasma da sala, aproveito e vou lá rapidinho.

— Bom dia galera, como vocês estão? — Converso um pouco com minha tia e os outros funcionários da cozinha.

— Tia Roberta, a senhora pode fazer um lanche para o Fábio? Ele falou que está com um monstro na barriga que está roncando muito alto. — Explico para ela, enquanto rio alto, o garotinho é muito engraçado às vezes.

— Não precisa nem pedir duas vezes querida, já vou fazer agora. — Ela diz e vai até à geladeira para pegar alguns frios. — Pelo visto, vocês estão se dando muito bem, não é?

— Sim, muito, aliás, ele é um amor e muito comportado. — Comento e sorrio enquanto falo. — Está sendo ótimo cuidar dele, porém, achei ele muito carente, vocês sabem o porquê disso?

— Aí minha filha, não sabemos muito, quando começamos a trabalhar aqui o senhor Miguel já trabalhava igual doido e menino Fábio ficava com as babás, não sabemos a razão do patrão se fechar tanto no trabalho, mas quem sabe ele se abra um dia? — Minha tia comentou, enquanto corta alguns legumes.

— Estranho, deve ter acontecido alguma coisa muito séria para ele ficar assim. — Comento pensativa, olhando ao redor.

— Sim, mas não vamos nos meter, cada um tem sua privacidade e não podemos arriscar perder nossos empregos fofocando. — Ela fala e os outros funcionários assentem em concordância.

Concordo também e mudamos o foco da conversa, pego o lanche de Fábio, que consiste em 1 sanduíche de presunto e muçarela, 1 maçã e 1 suco de caixinha, dou tchau para eles e volto para a sala de estar. Coloco a bandeja de comida na mesinha do centro, e observo Fábio levantar do sofá correndo e vindo para perto de mim.

Observo ele comer com gosto, mesmo sendo tão magrinho ele come como se não houvesse amanhã, ficamos um tempo ali, com ele comendo e assistindo à televisão. Nós levantamos depois de 1 hora mais ou menos e vamos até o quarto da criança, seguro sua mãozinha e subimos a escadaria com cuidado, ainda me choca a beleza desse lugar, nunca em mil anos irei conseguir comprar uma casa como essa.

Entramos em seu quarto e ele corre para o canto onde ficam todos os seus brinquedos, ando até lá e me sento, começo a encenar e brincar, inventando histórias que ele adora.

— Olha, o grande dinossauro está correndo atrás de você! — Fala bem alto e depois mudo minha voz fazendo cócegas nele.

— Ah! socorro, a tiranossaura Simone me pegou. — Ele grita enquanto dá uma gargalhada.

Depois disso paramos um pouco para descansar, nossa respiração estava ofegante, sorri para a criança e coloca uma mecha de seu cabelo atrás das orelhas.

— Bem, agora que tal a gente brincar de fazendinha!? — Bato minhas mãos enquanto pergunto para ele.

— Sim, sim, sim, tia Si!! — Ele assente, chacoalhando a cabeça muito rápido.

Rapidamente, Fábio pega minha mão e vai me arrastando até os animais e as cercas de brinquedo, tinha até uma casa de fazendo em miniatura! O ajudo a construir e montar as cercas e colocamos os animais dentro, pegamos alguns bonecos e fingimos que eles eram os fazendeiros do lugar.

— Muuuu, muuuuuu. — Fábio pega a vaca e começa a balançar ela na mão. — A vaquinha tá com fome.

— A fazendeira Jane já está trazendo o feno para ela. — Pego a bonequinha na mão e finjo colocar a comida da vaca no cocho. — Mais que beleza, ela está comendo tudo, não é Fábio?

— Muuuu, que gostoso, fazendeira Jane agora o porquinho quer também. — Ele pega o outro animal e ri enquanto fala. — Oinc, oinc, preciso de comida.

— Calma lá, já vou correndo buscar a comida e para todos os animais! — Falo para ele, e me levanto, fingindo buscar a comida imaginária.

Foi assim uma longa tarde de brincadeiras e risadas, quando olho a hora percebo que logo será o jantar, me apresso e pego Fábio no colo e vou até o banheiro adjacente do quarto. Entramos no espaço claro e iluminado, é um banheiro realmente enorme, bem diferente do da casa da minha tia, sendo bem pequeno e cheio de umidade.

Nesse, há uma bancada com duas pias, é enorme e nela há variados produtos de higiene e beleza diferenciados, na parede tem um espelho gigante e com entalhes de ilustrações que destaca o local, o vaso sanitário é o mais complexo que já vi na vida, cheio de tecnologias e botões que tenho até medo de tocar, o box é o mais legal, com uma banheira bem grande e uma ducha com botões para regular a temperatura da água, até as luzes do lugar são incríveis, um pequeno lustre dourado de brilhantes!

Ainda embasbacada, tento me concentrar no Fábio, coloco ele no chão e ligo a torneira para encher a grande banheira, nela, coloco sais de banho perfumados e uma mistura para espuma colorida, Fábio vem até meu lado e me ajuda até a banheira encher, depois disso, retirou suas roupas e o colocou na banheira.

— Eba! Tia Simone olha o tanto de espuma. — Todo feliz ele b**e as mãos e espirra água para todos os lugares.

— Meu Deus! Agora eu que tô tomando um banho, mocinho? — Finjo um ar de seriedade, mas, logo mão aguento e começo a rir também. — Bem, bem, vou pegar alguns brinquedos para você, está bom? Aqui seus patinhos de borracha e seus peixinhos.

— Eba! Aqui vai ser meu mar, e eu serei o poderoso rei dos mares. — B**e as palmas e começa a fingir nadar com os peixes de brinquedo.

Deixo ele brincando por um tempo, começo a dar um banho nele de verdade, coloco o xampu com cheiro de menta em seus cabelo e massageio, depois enxáguo e aplico o condicionador do mesmo tipo, na esponja coloco um pouco de sabão líquido infantil e esfrego ele com delicadeza, quando ele está enxaguado e totalmente limpo, tiro ele da banheira e enrolo uma toalha em sua volta, o levo de volta ao seu quarto e ponho uma troca de roupa limpa nele, um conjunto bem fofo de dinossauros, sento ele em frente ao espelho do quarto e coloco um pouco de creme nos cabelos molhados, penteio tudo e no fim coloco um pouco de perfume em seu pescoço e pulsos.

Quando acabou tudo, ouvimos um barulho de carro entrando em casa, Fábio deu um pulo e correu em direção a janela.

— Papai! Papai chegou mais cedo hoje, tia! — Ele aponta para fora enquanto dá uns pulinhos, não conseguindo ficar quieto no lugar. — Vamos lá, quero falar com ele. — Corre até mim, pegando minhas mãos e me puxando até a saída.

— Calma lá mocinho! Seu pai deve estar cansado, que tal esperar ele descansar um pouco e depois ir lá falar com ele? — Agacho-me na sua frente enquanto falo. — E também, como ele chegou mais cedo, com certeza você vai jantar com ele hoje.

— Acho que você tem razão, tia Si, vou tentar aguentar mais um pouquinho. — Ele coloca o dedo na boca enquanto fala.

Sorrindo, dou a mão para ele e vamos descendo as escadas até o térreo, chegando lá encontro Berta lustrando algumas pratarias que ficam de decoração por ali, me aproximo dela e começamos a conversar.

— E aí Simoninha? Está indo tudo bem em cuidar dessa preciosidade? — Ela se vira para a gente e sorri, acariciando a cabeça de Miguel.

— Tudo está as mil maravilhas, Berta, esse menino é muito comportado, não é Fábio? — Pergunto para ele em tom de brincadeira e ele assentiu rapidamente a cabeça. — Ele ainda só está um pouco tímido, mas tenho certeza que com o tempo, vai falar com todo mundo.

— É assim que se fala menina, não desista que você vai fazê-lo ser uma criança bem faladeira. — Ela sorri e volta a limpar a prataria, enquanto conversa sobre outros assuntos.

— Vi que o senhor Miguel chegou, Berta, você sabe se ele vai jantar com o Fábio? — Pergunto e olho para baixo, sorrio para o garotinho. — Fábio está com muita saudade do pai.

— Só o Fábio, né? — Ela sorri maliciosa e pisca um olho. — Mas, sim, o patrão já avisou para organizar a sala de jantar, daqui a uma meia hora você já pode levar ele até lá.

Coro com suas primeiras palavras, mas tento não mostrar que fui abalada, me despeço de Berta e vou com Fábio até a sala, matamos o tempo lá, até dar a hora do jantar. Quando o horário chega, pego Fábio novamente no colo e me encaminho até a sala de jantar, o design da casa e sua decoração ainda me deixa boba de admiração, chegando até lá abro a porta e entro no salão. Chocada, essa é a palavra que me define nesse momento, nunca tinha visto antes uma sala de jantar tão enorme e requintada, a mesa é extensa e de uma madeira de mogno rústica, as cadeiras são do mesmo material, mas, com um estofado que aparenta ser bem macio, em cima dela contém um jantar dos deuses, o cheiro já enche minha boca d' água, no canto da sala há uma bancada de bebidas, uísques, vodcas, rum, todos os tipos e aparentam ser bem caras. O que mais chama a atenção é o enorme lustre, bem no meio do salão, com velas iluminando o que parece ser o ouro do magnífico objetivo.

Começo a andar olhando para todos os lados possíveis, acho que nunca vou me acostumar com a riqueza desta casa, balanço minha cabeça e foco na mesa de jantar, vou até os lugares em que os pratos estão servidos e puxo uma cadeira, coloco Fábio nela e começo a servi-lo.

De costas, ouço a porta se abrir e fico tensa, o perfume amadeirado vem e se choca contra mim.

— Papai! — Fábio como um foguete se levanta e corre em direção ao senhor Miguel, e abraça suas pernas como se não fosse largá-las nunca mais.

— Garotão, mas como você cresceu, e olha que faz poucos dias que não nos vemos, já está virando um homenzinho. — Ele abraça Fábio de volta e depois começa a caminhar em minha direção. — Mas, agora vamos comer, sim? Assim, você vai crescer ainda mais.

Fábio volta para a cadeira perto de mim e não desgruda os olhos do pai, e esse, finalmente, olha para mim e diz:

— Boa noite, senhorita Simone, vejo que você e Fábio estão se dando bem. — Ele comentou, enquanto se sentava na cadeira ao lado da do filho.

— Sim, senhor, seu filho é uma ótima companhia. — Sorrio e olho para Fábio, este, que abre um sorriso gigante de dentes de leite.

O senhor Miguel me observa atentamente dos pés a cabeça e dá um sorriso de lado, instantaneamente me sinto ficar vermelha, tossindo tento voltar ao normal e remexo meus dedos em nervosismo.

— Bem, fico muito feliz que vocês gostem um do outro, Fábio, o que está achando da sua nova babá? — Ele pergunta ao seu filho, ainda com aquele sorriso no rosto.

— Ela é muito legal, papai, muito mesmo, do tamanho do mundo, ela brinca comigo e me dá muitos abraços. — Fábio fala rápido pela empolgação.

— Ótimo que vocês se adaptaram, por isso senhorita Simone, você está oficialmente contratada e fora do período de experiência. — Ele comenta e em seguida bebe um pouco de água.

Meu coração acelera no peito e um largo sorriso se abre em meus lábios.

— Muito, muito obrigado senhor Miguel, é um prazer cuidar do Fábio, mas, agora vou deixar vocês jantarem em família e sair. — Agradeço feliz e me viro para a porta.

— Espere! Você pode jantar conosco, quer dizer, se a senhorita quiser, é claro. — Ele começa a falar olhando para todos os lados. — E Fábio ficaria feliz com isso também.

— Que isso, não posso aceitar, senhor! É uma honra, mas acho que não deveria. — Comento desconcertada.

— Vai tia Si, aceita por favor, aí você senta aqui do meu lado. — Fábio junta às duas mão e implora balançando a cabeça.

Observo os dois pares de olhos brilhantes me encarando, e fico sem reação, sem alternativas, apenas balanço a cabeça em concordância, Fábio se levanta e me puxa até uma cadeira ao seu lado.

Chocada, constato que vou jantar com o senhor Miguel e seu filho, com um banquete ao nosso redor.

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