POV Miguel
Não sei o que deu em mim, sinceramente, nunca algo do tipo tinha acontecido, quando dei por mim, já tinha pedido para que Simone se sentasse e comesse conosco, a sua timidez e hesitação em aceitar o convite de primeira fizeram, com que eu insistisse mais do que devia. Quando ela por fim aceita e se senta ao lado de Fábio, um sorriso adorna meus lábios, de longe dá para perceber o carinho genuíno que ela tem pelo meu filho, diferente das outras babás que contratei, eram muito frias e cheias de regras, depois de alguns dias tinham que ser mandadas embora, porque Fábio não se enturmava e nem se acostumava com elas.Mas essa menina, não sei como conseguiu a proeza de conquistar meu filho, só de olhar nos olhos dá criança se percebe o carinho que ela nutre, meu coração se aperta quando penso nisso e evito olhar novamente para lá. Tento focar no jantar, sim, o jantar, tusso e chamo a atenção dos dois do outro lado.— Vocês podem começar a se servir, e senhorita Simone, fique a vontade, ok? — Reforço minha fala para ela. — Sim, senhor, e de novo, muito obrigado pelo convite. — Ela olha em minha direção e abre um sorriso.Sorrio de volta relaxado, começo a me servir com um pouco de tudo que tem ali, risoto de camarão, purê de batata, Fettuccine de cogumelo e bifes recheados com queijo provolone, quando vou servir meu filho vejo que Simone passou na frente e já tinha o servido, Fábio nunca foi de comer muito, mas agora, ele está comendo muito mais que antes! Não sei o que Simone tem que o convence, nenhuma babá antes fez ele comer bem o suficiente assim, muito menos eu conseguia, agora tenho a total certeza que meu filho sente um carinho enorme por essa mulher.Tiro o olhar deles e foco em meu prato de comida, pego os talheres e começo a comer a deliciosa comida. Roberta tem mãos de fada na cozinha e sua sobrinha tem essas mesmas mãos com crianças, reparo, que já voltei novamente a atenção para eles dois e suspiro fortemente, atraio a atenção deles por isso.— O senhor está bem? Parece pensativo. — Simone indaga com um ar de preocupação.— Sim, me desculpe, meus pensamentos estavam voando. — Falo e começo a rir, meus pensamentos voavam em direção a ela. — É muita pressão no trabalho, e acabo trazendo para casa.— Entendo, o senhor deveria relaxar mais, a empresa pode esperar até amanhã de manhã. — Olha para mim e sorri enquanto fala. — O senhor é muito inteligente, tenho certeza que vai conseguir resolver o que está te afligindo bem rápido!Ouvindo ela falando isso foi como se milhares de borboletas se revirassem em meu estômago, mesmo meus pais nunca tinham colocado tanta fé em mim, era tudo uma obrigação que eu tinha que fazer, um sorriso enorme se abre em minha face e assinto para ela em agradecimento.— Mas, chega de falar de mim, e você, senhorita Simone, está gostando da sua estadia aqui? Já se acostumou com o ritmo da cidade grande? — Coloco outra garfada na boca enquanto pergunto.— Pouco a pouco, estou me acostumando sim, senhor, ainda estou meio perdida quando saio na rua, mas acho que logo vou pegar o jeito. — Ela fala e, depois, ajuda Fábio a comer.— Tenho a certeza que a senhorita vai se enturmar, essa cidade é muito linda e cheia de pontos turísticos, quando chegar a sua folga você vai poder explorar bastante. — Comento com ela e observo quando ela sorri feliz. — E se a senhorita tiver algum contratempo, pode comunicar para mim que vou fazer o meu máximo para ajudá-la.Observo que ela trava e começar a corar, muito fofa, agindo de forma nervosa ela tira seu olhar do meu e começa a cortar sua carne no prato, olho para o lado dela e vejo Fábio dando uma risadinha marota, esse garoto está muito esperto pro meu gosto.Pigarreio minha garganta e pego o copo de água na minha frente, bebo um gole e Simone começa a falar:— Muito obrigada! Senhor Miguel, e pode ficar tranquilo que vou dar um jeito de me orientar pela cidade, não quero atrapalhar o senhor com questões sem importância. — Ela coloca um pouco do risoto na colher e prova. — E, aliás, a comida está maravilhosa, nunca tinha comido nada tão gostoso e tão temperado.— Não iria me atrapalhar em nada, você cuida tão bem do meu filho e também não me custaria nada ajudar. — Ela sorri com minhas palavras e acaricia os cabelos de Fábio. — E já que estamos todos aqui, vamos falar sem formalidades, sim? Ainda não sou tão velho, para ser chamado de senhor. — Faço graça da situação e ela abre um sorriso de orelha a orelha com isso.— Vou tentar, senh... Desculpe, ainda vou demorar para me acostumar a falar assim. — Ela explica envergonhada.— Tudo bem, é normal, mas olha que eu vou ficar de olho hein, não sou senhor de ninguém. — Falo risonho e termino de comer.Calmamente pego meu copo de água e meus olhos correm em direção ao outro lado da mesa, Simone já terminou também de comer, e está dando as últimas colheradas para meu filho, este, que está uma bagunça, todo melecado e sujo de comida.— Bem, pelo visto, esse mocinho vai ter que tomar outro banho antes de dormir. — Comento e vejo que Fábio tenta se esconder atrás de suas mãos rindo.— Papai, não precisa não, é só um pouquinho de sujeira, amanhã eu tomo banho, tá? — Fábio, com um sorriso arteiro no rosto, tenta me enrolar.— Nem pensar, acha que consegue enganar a gente? Antes de dormir, você vai tomar um banho para limpar tudo isso. — Digo, e meu filho cruza os braços, bufando. — Não é tão ruim assim, você vai ficar mais relaxado para dormir, não concorda, Simone?Esta, quando escuta seu nome, dá um pulo na cadeira, parece que seus pensamentos estavam bem longe dali, minha curiosidade se aflora para saber o que ela estava pensando, mas, antes que eu abra a boca para falar, ela vai, e fala na frente.POV Miguel— Concordo, sim, senh... Miguel, está mais que certo, Fábio vai ser muito legal você tomar outro banho, você e seus brinquedos vão poder andar de novo no mar, não é incrível? — Ela olha para ele e fala cada palavra com uma empolgação palpável.Fascinado, observo Fábio acenar e concordar mais que prontamente com o que Simone fala, me parece que meu filho está tão encantado com a nova babá que concorda com tudo o que ela diz.— Meu Deus! O que seria de mim sem você aqui, para convencer essa criança, Simone? — Bato minhas palmas e exclamo em voz alta.— Que isso Miguel! Fábio é um amor, é só saber falar com ele, que tudo vai dar certo. — Corando Simone explica a situação e olha com carinho para direção de Fábio.— Fique tranquila Simone, estou apenas brincando, e, além disso, fico muito feliz que meu filho respeite você. — Olho para ela, enquanto falo.Nos encaramos depois disso, e como se um ímã nos atraísse, não consigo desgrudar meus olhos dela, tudo nela parece atrair meu o
POV SimoneEm choque, observo meu chefe se despedir e praticamente sair correndo para longe, o que foi isso? Chacoalho a cabeça, e, devido ir até à cozinha em busca de um copo de leite. Chegando lá, encontro minha tia, e peço para ela o copo de leite, estranho que ela começa a me encarar fixamente, parecendo em busca de respostas, me sento no banquinho da bancada e espero ela trazer a bebida, com mais alguns biscoitos.Começo a beber o leite morno e mordo um biscoito, incomodada ainda com seu olhar em mim, resolvo perguntar o que ela quer.— Tia Roberta, o que houve? Tem alguma coisa de errado? — Aflita, pergunto para ela.— Bem, minha filha, você sabe que em casa de rico as paredes têm olhos e ouvidos, não sabe? — Ela questiona me encarando com seriedade. — Fiquei sabendo que você jantou com o patrão e o menino Fábio, os empregados daqui já estão fofocando sobre isso.— Sim, o patrão acabou me convidando e eu aceitei, mas não aconteceu nada de mais tia, apenas jantei e ajudei o Fábio
POV Simone— Meu celular! Ainda bem que hoje me lembrei dele! — Volto correndo até o criado mudo e pego o aparelho, o colocando dentro da minha bolsa. Saio do meu quarto e vou até à sala de estar, já encontrando tia Roberta pronta e esperando por mim, chego ao seu lado e vamos para fora de casa, espero ela trancar a porta e vamos até o ponto de ônibus perto de casa. Chegando lá, nos sentamos e esperamos o ônibus certo por alguns minutos, ao longe vejo ele chegar e me levanto, puxando minha tia comigo, entramos nele e a viagem dura em torno de 20 minutos, o trânsito estava bom e graças a Deus não pegamos engarrafamentos. Descemos no ponto próximo à mansão e o restante do caminho vamos a pé, chegando perto do grande portão, nos aproximamos e minha tia toca o interfone identificando a nós duas, logo ele se abre e adentramos para o jardim da casa. Andamos até a porta dos fundos que dá para a cozinha e entramos, me despeço da minha tia e vou até às escadas, depois que as subo sigo o caminho
POV MiguelDepois daquela desastrosa despedida com Simone, não parei de pensar nela e no que eu quase fiz, se não tivesse me segurado no último minuto, não sei se teria forças para parar aquilo depois. A noite foi longa, fiquei me revirando na cama sem conseguir fechar os olhos, só conseguir um tempo de sono quando já eram altas horas da madrugada, quando o despertador me acorda, sinto que um trem passou por mim, o cansaço ocupa todo o meu corpo e mente, desistindo de continuar deitado, me levanto e vou até o banheiro jogar uma água no rosto, me olho no espelho e vejo as grandes orelhas em baixo de meus olhos, resignado bufo e pego a escova e o creme dental para escovar meus dentes.Gargarejo e enxáguo minha boca, tiro a toalha do gancho na parede e seco meu rosto, me observo no espelho novamente e passo a mão na região da minha bochecha, reparo que minha barba já começa a pinicar, e assim, me incomoda bastante, decido por fim a aparar e abro a segunda gaveta do gabinete da pia, dou um
POV SimoneO caminho para a mansão foi feito em um silêncio absoluto e desconfortável, Fábio ainda está no meu colo, com um olhar perdido , acaricio seus cabelos e o observo com preocupação, ele sempre foi um menino alegre, o que pode ter acontecido para ele ficar assim? Olho para a janela do carro, pensando em uma forma de ajudar o menino.O tempo passa e logo chegamos na vizinhança conhecida, entramos no portão da casa e o carro por fim para, espero o senhor Antônio abrir a porta para mim, e, com cuidado saio do automóvel, ajustando Fábio em meu colo e tomando cuidado para não bater a sua cabeça no teto do carro.Me despeço de seu Antônio e vou andando para dentro da casa, colocando minhas mãos em suas costas para firma-lo, me dirijo até a sala de estar e me sento no grande sofá fofo. – O que houve, meu amor? Me conta o que está acontecendo, por favor. – Seguro seu rosto e o encaro com carinho. – Eu preciso saber, para poder te ajudar.Ele me olha de volta, com os olhos começan
POV MiguelApós deixar meu amigo Cris para trás, tenho um dia tranquilo no trabalho, resolvo algumas pendências e checo mais contratos com alguma urgência. Sentado na minha poltrona, termino de ler um último papel, e, cansado, encosto minha cabeça na poltrona, alongo meu pescoço e esfrego meus olhos, que estão ardendo do esforço do dia.Provavelmente vou ter que ir em busca de um oftalmologista, mas, vou esperar até o último minuto possível, médicos ainda não são minha praia. Respirando fundo, olho para o relógio na parede e percebo que já passei tempo o suficiente na empresa, agora o que eu preciso é um bom banho quente e uma refeição saborosa.Levanto-me, esticando meus braços para o alto, depois pego minha maleta e vou andando até a saída do escritório, paro em frente a mesa da senhora Marta e me despeço.— Até amanhã! A senhora já pode ir se quiser, os documentos mais importantes já foram revisados e assinados. — Explico para ela. — Se tiver algo importante, pode mandar para o
POV SimoneSou pega de surpresa com o abraço de Miguel, fico paralisa por um tempo, mas gradualmente vou relaxando e retribuindo o abraço, coloco os braços ao redor de duas costas e vou dando umas batidinhas carinhosas. Deixo com que ele me abrace até se dar por satisfeito, depois ele vai se afastando devagar e dá um passo para trás.— Me desculpe Simone, só precisava de um momento, ok? — Ele fala não olhando nos meus olhos. — De novo obrigada por resolver a situação do meu filho.— Não precisa agradecer, não fiz apenas porque é meu trabalho, mas também porque gosto de mais do Fábio. — Junto minhas mãos na frente e digo. — E não precisa de desculpar pelo abraço, saiba que estou aqui para ajudar.— Você é uma luz que entrou na noss… quer dizer, na vida do Fábio, sabia? — Ele abre um sorriso pequeno enquanto diz. — Eu sei que posso contar com você, se algo do tipo acontecer de novo.— É claro, vou ficar muito atenta nele e em seu comportamento. — Afirmo com seriedade. — No primeiro
POV MiguelEntrei em casa depois que o carro com Simone e Roberta partiu, o olhar da tia de Simone para mim me deixou pensativo, o que será que passou por sua mente? Não quero nem imaginar ou cogitar nada, o dia foi exaustivo demais e, preciso de um bom banho quente e algumas horas de sono.Vou até meu quarto, entro no banheiro adjacente, tomo um banho quente e fico lá alguns minutos, apenas relaxando, enrolo a toalha em minha cintura e paro em frente do espelho. Abrindo a gaveta, retiro o secador de cabelo e o conecto na tomada, miro o ar quente e vou secando, enquanto passo meus dedos nos fios de cabelo.Após me certificar que o cabelo está totalmente seco, guardo o secador na gaveta e vou até o closet, pego apenas uma cueca boxe e saio de lá, ando até minha cama e, praticamente me atiro nela, meus olhos se fecham automaticamente e nessa noite durmo como uma pedra, fazia muito tempo que não tinha um sono completo, sempre acordava com pesadelos ou a bendita da insônia me invadia, n