Saio do apartamento sendo acompanhada de Luana, tiramos nossos sapatos para conseguir descer a escada. Chegamos ofegantes e cansadas ao estacionamento, a morena xingava de vários nomes horríveis o síndico do prédio por não resolver o problema do elevador. Apesar de odiar esse vocabulário, concordava com ela, esse síndico não resolvia porcaria nenhuma, só sabia arrancar dinheiro dos moradores do prédio. A morena xingava mais que um marinheiro, dizia coisas horríveis que faria com o corpo gorducho do homem caso ele não arrumasse logo o elevador. Diversas vezes tive que repreende-la por falar coisas macabras demais, como enfiar seu pé no traseiro do síndico. Pobre homem... Se ela fizer a metade das coisas que disse, jamais ele teria filhos.Vários carros estavam estacionados na rua, podíamos ouvir claramente a música eletrônica, casais alcoolizados se beijavam de forma vulgar apoiados nos carros, algumas pessoas bêbadas estavam pelo gramado da casa. Olhava atentamente, não podia deixar d
Me sentia a vontade do seu lado, conversamos enquanto bebíamos, já tinha perdido a conta de quantas garrafas de cerveja havíamos bebido. cada vez a conversa ficava mais agradável, ria até de suas piadas sem graça.— Parece que você é fraquinha pra bebida... Acho melhor não te dar mais nenhuma cerveja.Helena fala tirando a garrafa de minhas mãos. Mesmo reclamando a coreana guarda a garrafa na caixa de refrigeração.Helena sorri e meus pensamentos voam até a atriz irritante, não pude deixar de comparar seus sorrisos. Me sentia péssima pela forma que tinha tratado Cecília, mas jamais iria ceder, não poderia parecer fraca, não em sua frente.— Sabia que beijei uma garota?Falo e cubro minha boca com as mãos. Helena me olha surpresa, sua expressão me faz rir.— Sabe o pior? Eu odeio isso, odeio sentir essa vontade de fazer isso de novo.Uma tristeza invade meu coração. Sentia falta de seu rosto, sorriso, olhar, voz e me odiava por isso. Não sabia como controlar meus sentimentos, sempre gu
Cecília GomesEstava sem entender as milhares de menções nas redes sociais e as diversas ligações perdidas de Ryan. Estava me arrumando para voltar pra casa, hoje tinha feito diversas cenas importantes do filme. Escuto uma batida suave na porta e grito para que a pessoa entre.Patrícia entra no meu camarim com seu tablet nas mãos, ela tinha uma expressão assustada.— Cecília, você viu a última?Sua voz era assustada, ela olha para seu tablet e nega com a cabeça.— Eu não pego meu celular desde ontem, estou trabalhando feito uma doida com a aproximação do desfile e as gravações do filme. Não estou entendendo essas mensagens, menções e ligações perdidas.Ela se senta na poltrona e passa sua mão em seu rosto, ela suspira profundamente.— Um escândalo estourou e você pode sofrer graves abalos em sua carreira.Sua voz era séria, seu comentário me faz sentir medo. Demorei tanto pra chegar onde cheguei, não queria que minha vida acabasse devido a um cancelamento na internet. Eu sequer sabia
Janaina MessiasJá se passaram quatro semanas desde que o vídeo viralizou, minha vida estava um verdadeiro inferno com tudo isso. As pessoas me reconheciam no campus, na rua eles faziam cara feia, era tudo muito impactante.Cecília sumiu das redes sociais, as pessoas estavam a acusando de ter forjado o protesto e ela estava sendo cancelada na internet. Me sentia uma pessoa horrível por causar isso em sua carreira, logo ela que me apoiou tanto quando meu pai morreu… eu era uma pessoa muito horrível.— Jana, você tem certeza que vai sair? Você sabe que as pessoas estão te reconhecendo mesmo quando você se disfarça.Luana perguntou atrás de mim. Me olhava no espelho. Olheiras profundas, pele pálida, clavícula aparente devido a perda de peso, olhos sem brilho, cabelo desarrumado.Eu estava péssima, primeiro a morte de meu pai e agora essa situação… isso foi um grande golpe na minha saúde mental, foi o suficiente para me fazer cair em uma depressão profunda da qual eu negligencio até mesmo
Entro em meu carro e sinto minhas mãos tremerem ao segurar o volante. Deixo as lágrimas caírem pelo meu rosto, sentia a vontade de morrer invadir minha mente, não valia a pena passar por tudo isso, por todo esse julgamento, toda essa humilhação.Grito até o ar em meus pulmões acabar, soco o volante até minhas mãos doerem. Me odiava, odiava tudo isso, odiava ser eu.Não adiantava fazer terapias, tratamentos, tentar mudar, pois sempre iam me fazer lembrar de meu passado, de minha versão que estava tentando esquecer. Era tudo em vão, perda de tempo. Toda essa minha tentativa de ser uma pessoa melhor, de me livrar dos costumes criados por uma relação abusiva familiar, tudo isso sempre ia me perseguir e me assombrar.Era inútil…. Eu nunca ia conseguir superar tudo isso, sempre iam ressuscitar meus erros e eles sempre iam me causar a desgraça.Com lágrimas nos olhos, dirijo até uma pequena loja. Saio do carro e pego uma garrafa de vodka na loja, deixo uma nota no balcão e volto ao carro, on
Cecília GomesFazia um mês que o vídeo tinha viralizado. Eu estava me sentindo culpada por não falar mais com Janaína, mas fui instruída a não fazer isso, não enquanto essa confusão toda estava acontecendo.Tive que mudar meu número do celular devido ao grande número de ligações da imprensa, alguém havia vazado meu número pessoal.Esses dias todos não pude sair de casa, até para ir ao estúdio gravar eu era seguida por fotógrafos.Tive até que me mudar de casa temporariamente para evitar ser seguida por fotógrafos, estava em uma cobertura na cidade vizinha, tinha que dirigir horas para chegar ao estúdio de gravação.Esta era uma cobertura que eu tinha há alguns anos, mas ninguém sabia da existência, nem mesmo meus amigos. mesmo eu não vindo no Brasil durante anos, tinha alguns imóveis no país, isso era de certa forma um jeito de suprir meus desejos de infância onde eu sonhava em morar em uma casa chique e elegante.Agora, eu estava na sala de minha casa, fazia semanas que não a visitav
Ligava para todos os números que podia, não achava uma informação útil sobre o paradeiro de Janaína. Mesmo contra os pedidos de Patrícia, coloquei alguns seguranças para procurar Janaína. Precisava ter informações de seu paradeiro, não ia aguentar saber que ela sofreu um acidente e ninguém estava lá para a amparar. Era devastador imaginar que isso só aconteceu por conta de nossa discussão na ligação, se não fosse por isso era provável que ela estivesse bem.O remorso me corroía, era horrível ter essa sensação de impotência, logo que que sempre tive as coisas sob meu controle.Era difícil ter que aceitar que não estava no controle da situação, era agoniante saber que eu não podia controlar meu destino. Não poder tomar suas próprias decisões era algo terrível, nem sei como Janaína conseguiu viver assim durante anos ao lado de seu pai.Ela nunca teve sua vida sob seu controle, seu pai que tomava todas suas decisões e agia como se ela fosse sua propriedade, era absurdo pensar como alguém
— Não sei se vamos conseguir sair daqui. Isso é muito arriscado.Karen fala olhando pela janela, as pessoas já haviam notado a movimentação na garagem devido a pequena janela, eles tiraram fotos, saio de perto da janela rapidamente, não podia ser pega.Olho para o porta malas e dou um sorriso, essa ia ser minha passagem pra fora daqui.— Abre o porta malas.A convicção em minha voz a faz olhar pra mim curiosa, ela olha pra mim e depois pro carro e sorri animada mostrando suas covinhas.— Então gata, você tem um plano?Ela pergunta abrindo o porta malas do carro, sorri com animação. Essa com certeza nem ela ia esperar, tão imprevisível que eles iam perder o interesse em nós duas. Entro no porta malas e me ajeito em uma posição confortável, ela ri da minha situação e eu mostro meu dedo do meio pra loira que revira seus olhos. Agradeço aos céus por não ter claustrofobia, esse espaço realmente é pequeno pra alguém da minha altura, ainda bem que sou bem flexível.— O plano é o seguinte : v