Entro em meu carro e sinto minhas mãos tremerem ao segurar o volante. Deixo as lágrimas caírem pelo meu rosto, sentia a vontade de morrer invadir minha mente, não valia a pena passar por tudo isso, por todo esse julgamento, toda essa humilhação.Grito até o ar em meus pulmões acabar, soco o volante até minhas mãos doerem. Me odiava, odiava tudo isso, odiava ser eu.Não adiantava fazer terapias, tratamentos, tentar mudar, pois sempre iam me fazer lembrar de meu passado, de minha versão que estava tentando esquecer. Era tudo em vão, perda de tempo. Toda essa minha tentativa de ser uma pessoa melhor, de me livrar dos costumes criados por uma relação abusiva familiar, tudo isso sempre ia me perseguir e me assombrar.Era inútil…. Eu nunca ia conseguir superar tudo isso, sempre iam ressuscitar meus erros e eles sempre iam me causar a desgraça.Com lágrimas nos olhos, dirijo até uma pequena loja. Saio do carro e pego uma garrafa de vodka na loja, deixo uma nota no balcão e volto ao carro, on
Cecília GomesFazia um mês que o vídeo tinha viralizado. Eu estava me sentindo culpada por não falar mais com Janaína, mas fui instruída a não fazer isso, não enquanto essa confusão toda estava acontecendo.Tive que mudar meu número do celular devido ao grande número de ligações da imprensa, alguém havia vazado meu número pessoal.Esses dias todos não pude sair de casa, até para ir ao estúdio gravar eu era seguida por fotógrafos.Tive até que me mudar de casa temporariamente para evitar ser seguida por fotógrafos, estava em uma cobertura na cidade vizinha, tinha que dirigir horas para chegar ao estúdio de gravação.Esta era uma cobertura que eu tinha há alguns anos, mas ninguém sabia da existência, nem mesmo meus amigos. mesmo eu não vindo no Brasil durante anos, tinha alguns imóveis no país, isso era de certa forma um jeito de suprir meus desejos de infância onde eu sonhava em morar em uma casa chique e elegante.Agora, eu estava na sala de minha casa, fazia semanas que não a visitav
Ligava para todos os números que podia, não achava uma informação útil sobre o paradeiro de Janaína. Mesmo contra os pedidos de Patrícia, coloquei alguns seguranças para procurar Janaína. Precisava ter informações de seu paradeiro, não ia aguentar saber que ela sofreu um acidente e ninguém estava lá para a amparar. Era devastador imaginar que isso só aconteceu por conta de nossa discussão na ligação, se não fosse por isso era provável que ela estivesse bem.O remorso me corroía, era horrível ter essa sensação de impotência, logo que que sempre tive as coisas sob meu controle.Era difícil ter que aceitar que não estava no controle da situação, era agoniante saber que eu não podia controlar meu destino. Não poder tomar suas próprias decisões era algo terrível, nem sei como Janaína conseguiu viver assim durante anos ao lado de seu pai.Ela nunca teve sua vida sob seu controle, seu pai que tomava todas suas decisões e agia como se ela fosse sua propriedade, era absurdo pensar como alguém
— Não sei se vamos conseguir sair daqui. Isso é muito arriscado.Karen fala olhando pela janela, as pessoas já haviam notado a movimentação na garagem devido a pequena janela, eles tiraram fotos, saio de perto da janela rapidamente, não podia ser pega.Olho para o porta malas e dou um sorriso, essa ia ser minha passagem pra fora daqui.— Abre o porta malas.A convicção em minha voz a faz olhar pra mim curiosa, ela olha pra mim e depois pro carro e sorri animada mostrando suas covinhas.— Então gata, você tem um plano?Ela pergunta abrindo o porta malas do carro, sorri com animação. Essa com certeza nem ela ia esperar, tão imprevisível que eles iam perder o interesse em nós duas. Entro no porta malas e me ajeito em uma posição confortável, ela ri da minha situação e eu mostro meu dedo do meio pra loira que revira seus olhos. Agradeço aos céus por não ter claustrofobia, esse espaço realmente é pequeno pra alguém da minha altura, ainda bem que sou bem flexível.— O plano é o seguinte : v
Nem parecia, mas já haviam se passado duas semanas desde o acidente de carro que Janaína sofreu. Nesse meio tempo, Ryan e Melissa deram as caras. Quando souberam do acidente, eles surtaram por saber que sua irmã havia consumido álcool ao ponto de ficar alterada o suficiente para entrar em um carro e dirigir ele por uma autoestrada.Eles me asseguraram que ela detestava álcool e nem dirigia pois tinha medo por não ter tanta habilidade.Eles me agradeceram por cuidar da internação de sua irmã, mal sabiam que eu que a deixei mal o suficiente para que ela sofresse um acidente. Esses dias eu estava muito mal mentalmente, até mesmo no estúdio percebiam minha degradação mental, sabiam que eu não estava bem e que isso só ia piorar com o tempo.Fui afastada dos filmes pois o diretor temia que eu cometesse alguma loucura no set de filmagens, essa pausa nas gravações não foi para me poupar, foi apenas um ato para evitar escândalos em seu filme.Agora estava no hospital, vim visitar a Janaína. De
Escuto o som da porta e olho para a mesma, vejo uma mulher alta entrar, seu cabelo preto estava preso em um rabo de cavalo, seu rosto tinham expressões asiáticas e a pele pálida de seus braços eram repleta de tatuagens, ela usava uma camisa cinza do nirvana e uma calça preta, o fato dela usar salto alto a deixava ainda atraente.A porta abre novamente e dessa vez uma mulher morena entra no quarto, seu cabelo preto e olhos verdes eram um destaque ao seu rosto com traços fortes e sobrancelhas grossas e cheias. Seu cabelo estava solto, ela usava um vestido verde de alças finas, eles deixavam seus volumosos seios mercados. Seus olhos se encontram com os meus e ela os arregalou.— Cecília Gomes?Sua voz atrai a atenção da asiática que me olha sem entender minha presença. Me levanto e a cumprimento com um aperto na mão, ela sorri envergonhada, a asiática sorri de forma simpática.— Acho que vocês estão bem no quarto errado, meninas.Ryan fala olhando para a mulher usando um vestido verde, e
Passam algumas horas e ainda não haviam voltando com Janaína, era difícil ficar sem informações, eu me sentia impotente estando fora do controle da situação, era horrível ter que ficar nessa posição, normalmente eu que ditava as regras do jogo, nunca gostei de ficar apenas como uma observadora, gostava de estar no controle e de ter tudo feito sob minhas vontades. De certa forma, eu sempre fui um pouco maníaca pelo controle, não gostava de me sentir em uma posição inferior onde minha vida era controlada pelas outras pessoas, acho que por isso muito de meus relacionamentos nunca deram certo, devido ao meu perfeccionismo e meu jeito de querer ter a vida em um roteiro escrito por mim. Mas era como Thiago dizia pra mim " a vida é imprevisível, não adianta você gastar tempo e energia tentando controlar algo que não tem como ser controlado"Ele até podia ter razão, mas eu nunca ia conseguir deixar esse meu jeito de lado, era algo que eu desenvolvi pra me proteger depois de todas as coisas ru
Já se passaram três meses desde os movimentos de Janaína, depois desse dia ela simplesmente parou de responder aos estímulos. Os médicos temiam que ela estivesse entrando em um estágio mais profundo do coma, devido a sua falta de resposta aos estímulos físicos e sonoros. Ao menos ela respirava sem ajuda de aparelhos, preferia encarar isso como um progresso. Não ia me desanimar por conta disso, eu sabia que ela ia acordar uma hora ou outra, sabia que isso ia acontecer.O problema da esperança é que a cada dia que se passava, ela ficava mais fraca, se tornava algo mais difícil de se acreditar, como algo que nunca fosse realmente acontecer.Lavo meu rosto removendo a maquiagem, seco minha pele com a toalha de rosto e sinto minha pele sensível por ter dormido com a maquiagem em meu rosto. Estava me tornando negligente com minha aparência devido a meu estado deprimido, toda essa situação era algo que deixaria qualquer um deprimido, não tinha ânimo para tentar mudar isso e dar a volta por c