Passam algumas horas e ainda não haviam voltando com Janaína, era difícil ficar sem informações, eu me sentia impotente estando fora do controle da situação, era horrível ter que ficar nessa posição, normalmente eu que ditava as regras do jogo, nunca gostei de ficar apenas como uma observadora, gostava de estar no controle e de ter tudo feito sob minhas vontades. De certa forma, eu sempre fui um pouco maníaca pelo controle, não gostava de me sentir em uma posição inferior onde minha vida era controlada pelas outras pessoas, acho que por isso muito de meus relacionamentos nunca deram certo, devido ao meu perfeccionismo e meu jeito de querer ter a vida em um roteiro escrito por mim. Mas era como Thiago dizia pra mim " a vida é imprevisível, não adianta você gastar tempo e energia tentando controlar algo que não tem como ser controlado"Ele até podia ter razão, mas eu nunca ia conseguir deixar esse meu jeito de lado, era algo que eu desenvolvi pra me proteger depois de todas as coisas ru
Já se passaram três meses desde os movimentos de Janaína, depois desse dia ela simplesmente parou de responder aos estímulos. Os médicos temiam que ela estivesse entrando em um estágio mais profundo do coma, devido a sua falta de resposta aos estímulos físicos e sonoros. Ao menos ela respirava sem ajuda de aparelhos, preferia encarar isso como um progresso. Não ia me desanimar por conta disso, eu sabia que ela ia acordar uma hora ou outra, sabia que isso ia acontecer.O problema da esperança é que a cada dia que se passava, ela ficava mais fraca, se tornava algo mais difícil de se acreditar, como algo que nunca fosse realmente acontecer.Lavo meu rosto removendo a maquiagem, seco minha pele com a toalha de rosto e sinto minha pele sensível por ter dormido com a maquiagem em meu rosto. Estava me tornando negligente com minha aparência devido a meu estado deprimido, toda essa situação era algo que deixaria qualquer um deprimido, não tinha ânimo para tentar mudar isso e dar a volta por c
Janaina MessiasAcordo com uma enorme dor de cabeça, solto um gemido de dor ao abrir meus olhos e a claridade os faz doer como se mil agulhas o penetrassem.A sensação de ardência invadia meus olhos e garganta. Céus, era como se eu tivesse bebido lava.Uma crise de tosse se inicia quando tento falar, sinto uma mão apertar a minha e eu abro os olhos assustada com o toque.— Janaina, finalmente você acordou!Uma mulher fala com os olhos vermelhos. Seu rosto estava cansado e os fios castanhos de seu cabelo estavam completamente bagunçados, pela sua aparência ela devia estar sem dormir a dias, era visível seu esgotamento mental e emocional. A olho nervosa quando ela toca meu rosto, como ela podia fazer isso com uma pessoa que ela sequer conhecia? Isso era totalmente inapropriado!Ela percebeu meu desconforto e soltou minha mão e se afastou com um sorriso envergonhado. Lágrimas escorriam pelo seu rosto e ela sorria olhando pra mim, ela nega com a cabeça e ri como se visse algo inacreditáve
Já estava acordada a dois dias, os médicos me liberaram para ficar em casa mas com a condição de que eu teria a supervisão de uma enfermeira no primeiro mês e faria visitas frequentes ao hospital.Estava arrumada, esperava Ryan e Melissa a alguns minutos, eles haviam pedido para que eu avisasse quando pudessem me buscar. O ânimo começa a desaparecer à medida que o tempo passa e eles não visualizam minha mensagem, eles teriam esquecido de mim?Ligo para Ryan e cai direto na caixa postal.— Oi Ryan, sou eu Janaina. Só estou ligando para avisar que já tive alta, se você puder me buscar.Minha voz sai desanimada e eu desligo a ligação. Era humilhante ficar esperando por pessoas que haviam esquecido de sua existência. Uma enfermeira entra no quarto e faz uma expressão estranha quando vê que eu ainda estava aqui. Já se faziam duas horas desde que eu estava aqui, isso era humilha.Vejo o contato de Cecília online e respiro fundo antes de digitar uma mensagem." Oi Cecília, você está ocupada?
Melissa RodriguesJá se faziam duas semanas desse que Janaína havia acordado, estava fazendo de tudo pra tentar colocar o miserável do João na cadeia. Com minhas pesquisas e ajuda de alguns amigos, eu consegui chegar a alguns podres dele, coisas que o fariam ir pra cadeia definitivamente.— Certo, pode me dizer quando isso começou?A voz do detetive Tavares ecoa pela sala, os olhos negros da jovem me encaram buscando apoio, seguro sua pequena mão com grandes unhas brancas e seus olhos ganham um brilho confiante.— Eu tinha treze anos e minha mãe era muito religiosa, ela trabalhava na casa do João, eram bem legais comigo, menos o ....Ao tentar pronunciar seu nome, Talita trava e todo seu corpo fica tenso, acaricio sua mão em um gesto de solidariedade, deveria ser péssimo ter que reviver todas essas lembranças de novo.— Esta tudo bem. Ele não pode mais te fazer mal, nunca mais.Falo baixo para que apenas ela escute, uma lágrima escorre pelo seu rosto, a jovem técnica de enfermagem fec
— Estou falando... Isso ainda vai te trazer muita dor de cabeça.A voz grossa e cansada soa do outro lado da ligação. Embora ele estivesse evitando Cecília e estivesse em outra cidade, eu ainda mantinha contato com ele. Afinal, éramos amigos de longa data.— Thiago, pode ficar tranquilo, sei me cuidar.Escuto seu suspiro na chamada seguido de um resmungo baixo que não consigo entender.— Sério, se você não voltar em uma semana, eu mesmo vou te buscar!Escuto a voz de Leona ao fundo, ri maliciosa.— Não perca tempo com isso... Prometo voltar a tempo de realizar todos compromissos antes do desfile. Agora vá beijar a francesinha!— Vá se foder sua loira aguada.Thiago desliga a chamada, mesmo que não visse seu rosto, sabia que estava vermelho de vergonha. Ri vitoriosa andando em direção ao bar do hotel, sou boa em irritar meu amigo e confesso que adoro fazer isso.Me sento no banco e peço um drink.Uma asiática se aproxima com um sorriso sarcástico, não pude evitar de reparar em seu biqu
Scott ParkerMolly's Pub — Upper East Side, NY01:35 AM Horário local— Então, quer dizer que você tem um filho com sua ex namorada e esse tempo todo você não sabia?A voz de Brandon era chocada, era visível em seu rosto que ele estava sem acreditar nas minhas palavras. Ele passa sua mão em sua gravata a afrouxando e Bryan suspira do seu lado, Brandon pega seu copo de whisky e bebe a bebida de uma vez só.— Nossa, essa história parece coisa de filme. Como um pai faz isso com uma filha? Sorte desse canalha que está morto, se não eu iria fazê-lo apodrecer na cadeia.Bryan fala com ódio, ele bebe sua bebida e limpa sua boca de uma forma bruta, seus olhos estavam vermelhos devido sua forte emoção do meu relato. Bryan e Brandon eram meus amigos desde que eu vim cursar direito nos Estados Unidos, fizemos faculdade em Washington juntos, éramos inseparáveis, como irmãos de verdade.— Essa é a sua ex-namorada que você voltou?Brandon pergunta antes de comer uma de suas batatas fritas, dou um s
Variety Coffee Roasters — NY7:30 AMEu estava ansioso, sequer tinha conseguido dormir. A ansiedade me fez chegar à cafeteria minutos antes que ela abrisse, já estava a meia hora sentado em seu interior enquanto tomava meu café da manhã. Embora não conseguisse comer devido ao nervosismo, tentava o máximo possível para me alimentar devido a dor em meu estômago, não comia nada desde minha ida ao Molly's Pub, estava faminto.A porta da cafeteria abre e eu olho para a mesma, um homem alto vestindo roupas casuais se aproxima de minha mesa e eleva uma sobrancelha.Sua pele era morena, seu cabelo estava coberto pela sua touca vermelha, e seus olhos castanhos claros me encaravam por trás das lentes de seus óculos.— Scott Parker?Confirmo com a cabeça e o homem se senta em minha frente na mesa. Ele pega sua mochila e coloca de seu lado, estava ansioso, observava todos seus movimentos.— Me chamo Noah, sou o investigador que vai cuidar do seu caso. Com as informações que você me deu, consegui