Despejo um pouco de sabão líquido em minha esponja de banho. O cheiro de baunilha preenche o banheiro, causando-me uma sensação de paz. Nada como um bom banho para aliviar a tensão do corpo.— Quem você pensa que é? – Sou assustada pelo grito que ecoa pelo banheiro.A porta do box é aberta abruptamente pela jovem beata. Seus olhos estão arregalados, vermelhos, e seu peito sobe e desce em uma respiração descompassada.— Ei, você não pode invadir meu quarto assim, muito menos meu banheiro! – Digo, tentando fechar a porta do box, mas sua mão a segura com firmeza.— Quem você pensa que é? Passei oito dias como uma condenada nesse sol para resolver essa porcaria de jardim! – Seu grito ecoa pelo banheiro, seus olhos se movem freneticamente.— Okay... Você não está bem. – Desligo o chuveiro. – Que tal a gente conversa sobre isso depois?— Eu fiquei dias de joelhos naquelas pedras ridículas do seu jardim. Fiquei dias fazendo as coisas sem ajuda enquanto seu jardineiro ria da minha cara! – Sua
Janaína MessiasO tempo parecia correr tão lentamente enquanto estávamos presas nesse banheiro que chegava a ser enlouquecedor. Ainda não consigo acreditar que vi Cecília nua, que droga! Como eu iria encara-la novamente? Não conseguia tirar da minha cabeça a memória de suas coxas grossas desnudas, seus seios grandes e perfeitamente redondos. Seu corpo tinha tantas curvas, a ausencia de pelos fazia sua pele bronzeada parecer ser tão macia quanto uma peça de seda, dava vontade de toca-la.Que diabos estava acontecendo comigo? Eu estava mesmo pensando em seu corpo? Isso era patético, um erro! Cecília era uma mulher e pensar algo assim ao seu respeito não era só um erro mas também um pecado gravíssimo.— Você está bem? – Cecília toca em meu ombro, seu tom de voz é preocupado.Pelo canto do olho consigo vê-la apenas enrolada com uma toalha branca que contrasta com sua pele morena. Suspiro sentindo meus ombros pensarem assim como minha consciência.— Você pode vestir um roupão? É que você
— Ai... Meu Deus do céu. – O homem desconhecido geme no chão, com a mão na cabeça.Cecília permanecia em silêncio, fixando o local onde estivera apenas alguns segundos antes. Seu rosto impassível era mais inquietante do que seu sarcasmo habitual. Uma sensação de apreensão começava a me envolver.— Cecília? Você está bem? – Toco em seu ombro com delicadeza.O homem volta seu olhar para nós duas e se levanta rapidamente.— Fale alguma coisa, pelo amor de Deus! – Suplico aflita.— Eu poderia ter me machucado... Eu teria me ferido gravemente. – A atriz diz, olhando fixamente para a porta quebrada no chão.— Cecília, eu sinto muito! – O homem diz com voz envergonhada, seus olhares alternam entre Cecília e eu.— Vocês... Estavam... – Ele não termina a frase e desvia o olhar.Demoro alguns segundos para entender seu raciocínio. Olho incrédula para ele.— Não seja ridículo, eu só estava presa com a Cecília! – Minha voz sai mais fina do que pretendia.— Okay, okay. – Ele ri sarcasticamente. –
Cecília Gomes— Não acredito que esses malditos voltaram! – Victor grita em fúria descendo as escadas. – Vou lá dar uma lição naquela beata desgraçada!Janaína havia saído daqui há apenas uma hora. Como teria reunido tantos religiosos em tão pouco tempo? Algo estava errado. Não estava certa se ela realmente tinha algo a ver com esse protesto, mas não me surpreenderia se estivesse envolvida. Janaína me odiava, e depois do que aconteceu hoje, ela tinha ainda mais motivos para isso.— Victor, sou eu que eles querem. – digo, tocando em seu peito. – Deixe-me lidar com isso.Seus olhos expressam incerteza sobre se seria a escolha certa, mas, depois de alguns segundos, ele suspira e cede.Com passos firmes, saí da mansão, determinada a enfrentar a situação do lado de fora. Ao me aproximar do portão, pedi aos seguranças que me acompanhassem, e o portão eletrônico começou a se abrir lentamente, revelando o tumulto do lado de fora.Os repórteres e paparazzi voltam sua atenção a mim, me aproximo
Me surpreendo ao vê-la entrar na sala. Seu corpo estava coberto de terra, cabelos desgrenhados e braços cortados, com manchas de sangue. Não sabia se era seu próprio sangue ou de outra pessoa.— Você! – Ela aponta para mim com a mão ferida. – Tão arrogante que nem se preocupa com mais ninguém além de si mesma. Não faço ideia do que está acontecendo lá fora, só voltei para pegar minha carteira!Seus passos eram desajeitados, como os de alguém embriagado. A mancha de sangue em sua barriga crescia conforme ela se movia. Ela realmente estava ferida.— Janaína, sente-se agora mesmo. – Digo, aproximando-me dela.— Sentar? Só quero minha carteira! – Seus olhos tremem de raiva.Olho para Victor, que parece assustado e paralisado pelo medo. Não posso deixar Janaína descobrir a real gravidade de sua condição; se ela perder a adrenalina, começará a sentir dor.— Droga, essa garota está morrendo! – Thiago grita, e Janaína o olha, apavorada.Victor dá um tapa forte na nuca de Thiago, que geme de d
Janaína Messias — Ei? Você está viva? – sinto algo cutucando meu rosto. – Ei garota? Morreu?— Pare com isso! – som de tapa – Você não vê que ela desmaiou?Abro os olhos percebendo estar no quarto de Cecília. Rapidamente olho para minhas roupas e suspiro aliviada ao ver que estava vestida. Sento rapidamente ao perceber que tem um homem sentado na beira da cama.— Quem são vocês? Onde está Cecília? Que horas são?— O Pelé ganhou a copa? – Ele diz sarcástico mas o medo me impede de reagir a altura.— Senhorita, me desculpe pelo comportamento dele. – Uma voz feminina me faz olhar para o lado direito do quarto – Esse é o Thiago. Me chamo Patrícia, trabalhamos para a senhora Cecília.Meu coração parecia que ia explodir. Tento me levantar mas sinto meu corpo doer. Tento lembrar das coisas mas tudo estava confuso.— Quanto tempo eu estou aqui? – Pergunto envergonhada.— Nove longas e entediantes horas. – Thiago diz sem ânimo na voz.Me levanto rapidamente sem me importar com a dor. Hoje
Fiquei hospitalizada por uma semana. Infelizmente, como de costume, meu pai estava fora em uma viagem de trabalho. Todos sabem que é só uma tática para evitar escândalos e a polícia. Melissa insiste em querer denunciá-lo, mas sinto como se estivesse traindo minha própria família.Sei que parece estranho não denunciar alguém que me agride constantemente, mas... ainda não encontrei a coragem necessária.João não apareceu no hospital uma única vez, nem mesmo ligou para perguntar sobre minha saúde. Isso me deixou profundamente irritada. Como posso considerar me casar com alguém que não demonstra o menor interesse por mim?Melissa tem aparecido diariamente para me visitar. Pelo que entendi, ela e Cecília já se conheciam de antes. Não quis me aprofundar nesse assunto para não parecer intrometida. Tentei buscar alguma conexão entre elas nos pertences antigos de Melissa que ainda estavam na minha casa, mas só encontrei diários trancados, impossíveis de abrir.Fiz algumas pesquisas na internet
Dividimos a conta e voltamos para casa. Sou surpreendida ao ver um Porsche estacionado em frente ao portão.Ao me aproximar da casa, fico confusa; de quem seria esse carro? A mãe do João tinha uma Porsche, mas era branca e geralmente ela não a usava quando vinha nos visitar.A ansiedade me consome. Será que já estavam planejando o meu casamento? Mas meu pai acabou de assinar o contrato, como estariam agindo tão rápido?— Eu... Eu não sei se estou pronta para entrar em casa. – Minha voz é trêmula enquanto recuo um passo.Melissa me olha confusa, mas ao perceber o carro em frente a nossa casa, sua expressão muda para furiosa.— Se for aquela bruxa velha, eu vou acabar com ela! – Melissa diz entre dentes.Meus olhos ficam marejados. Não queria ter que me casar com o João, não queria ter que lidar com tudo isso agora.Melissa me envolve em um abraço forte, seus lábios tocam minha testa de forma carinhosa.— Não deixarei que nada aconteça a você. – Ela sussurra descanso minhas lágrimas. –