Depois de todo esforço para conseguir tirar Selena da vida de Henrique e da mansão que outrora deveria ser de sua enteada, Penélope não iria permitir que ela e nem Thiago tripudiassem da derrota dela. Aquela mansão era dela e ninguém iria tirá-la de lá. Pelos anos que ela morava naquela residência, em parte ela também era dona e seria aquele subterfúgio que ela iria usar para derrubar a ordem judicial movida por Selena.Segura de que a justiça seria feita ao seu modo, Penélope lançou um olhar desafiador para sua enteada e disse sem pestanejar, convicta de que o pior ainda estava por aguarda-la.— Você mexeu com a pessoa errada, queridinha! Eu não sou burra e nem trouxa como o covarde do teu pai que se acovardou frente a essa ordem judicial absurda. Eu vou lutar na justiça pelos meus direitos e pelos dos meus filhos... São anos e mais anos vivendo naquela residência e eu, simplesmente, não vou entregá-la a você de mãos beijadas.— Faça isso Penélope! Vá a justiça e lute pela mansão. —
Ser pisoteada por sua enteada em plena reunião deixou Penélope momentaneamente desestabilizada. Contudo as palavras de Selena pareceram perder força frente às palavras de Henrique, em relação às ações do senhor Ávila; o que a levou a concluir que miseravelmente “Ele” a enganou quanto ao verdadeiro valor herdado. Todavia essa descoberta também pareceu irrelevante frente à possibilidade de Thiago ser um Barcelos — o que justificativa a semelhança dele com Daniel —, e ser o verdadeiro dono das ações que Augusto Perón, Henrique e ela almejavam tanto agregar ao próprio patrimônio. Frente àquela quase devasta certeza, Penélope o questionou levemente desconfiada, mesmo sabendo que não estava preparada para àquela resposta, caso a pessoa em questão fosse de fato filho de Daniel Barcelos. — Por que no teu crachá tem apenas o teu primeiro nome? Qual é o teu nome completo, rapaz? — Thiago Ávila Barcelos. — Respondeu sem rodeios e observou risonho. — Ao contrário do que pensam, o senhor Aldo Áv
Saber que há qualquer momento teria sua vida esmiuçada por Thiago deixou Penélope em um terrível estado de nervos e a fez duvidar de sua própria capacidade de manter-se de pé por mais alguns segundos. Seja pela força daquela revelação ou por suas pernas bambas — que fraquejaram mais uma vez frente àquela situação —; fato era que Penélope sentou-se antes que o pior acontecesse e ela passasse pelo pior constrangimento de sua vida ao cair estatelada no chão, bem diante daqueles que a queriam destruir.Com os ânimos alterados e frente a uma Penélope encurralada e dando sinais de ter uma síncope a qualquer momento, Henrique tomou sobre si às rédeas da situação; desculpou-se com seus diretores e membros do conselho, e pediu encarecidamente — sem dirigir-se a ninguém em especial — que problemas de cunho pessoal não interferissem na pauta da reunião; o que aparentemente foi bem aceito por àqueles que de fato vestiam a camisa da empresa.Depois de seu pequeno discurso, Henrique sugeriu uma peq
Como acontecia todos os dias, Selena adentrou os portões da empresa Navarro já contando os minutos para retornar para casa; não que ela fosse o tipo de moça que gostasse de vida fácil; muito pelo contrário, ela orgulhava-se por ser uma pessoa financeiramente independente, o que significava que trabalho não era problema para ela. Problema mesmo era ter que encarar todos os dias um pai inescrupuloso — que não media esforços para ludibriar os seus adversários —, e uma madrasta odiosa.Mas, mesmo querendo manter milhas de distância deles, a presença dela na empresa se fazia necessária, pois aquela era a única maneira que tinha de garantir que seu pai não roubasse o que restou das ações de sua mãe.Depois de pensar no que o trapaceiro de seu pai era capaz de fazer para atingir os objetivos dele; ela muniu-se de coragem e caminhou em direção ao escritório, que deveria estar em clima de expectativa, pois Henrique Navarro — pai de Selena — estava prestes a fazer um bom negócio; ou pelo menos
Apesar da aparente altivez de Selena ao deixar a sala de reuniões, ela estava em frangalhos. As discussões com seu pai de modo geral sempre eram desgastantes e previsíveis, e nem mesmo o fato de eles serem pai e filha era empecilho para declararem guerra um ao outro, e, inevitavelmente, ambos acabavam discutindo por qualquer banalidade. Tanto Selena quanto Henrique tinha o gênio forte e nenhum dos dois estava disposto a ceder, de forma que Henrique e Selena viviam em conflito e medindo forças a todo instante. Aos olhos de Selena tudo o que o seu pai fazia era para proveito próprio e para tirar vantagens sobre os outros. Henrique era um mau caráter, um homem ambicioso ao extremo que não hesitaria em nenhum momento em roubar-lhe o restante das ações que um dia pertencera a Margareth Navarro: ex-esposa dele e mãe de Selena.Depois da pausa na reunião, ela achou mais conveniente dirigir-se ao setor de trabalho dela. O ânimo de Selena naquela manhã não era o dos melhores o que a tornava d
Apesar da discussão calorosa com o jovem ogro e bonitão; Selena retornou para sua casa mais aliviada, por saber que não foi daquela vez que seu pai conseguiu derrubar a Munhoz. E, se dependesse dela, ele não a teria. Por alguma razão, aquela pequena empresa exercia um fascínio muito grande sobre Henrique, se considerado que a mesma não chegava nem perto do poder aquisitivo das empresas dele. Mas, enfim, seu pai era um homem de visão para negócio e a Munhoz com certeza tinha mais a oferecer do que ela imaginava.Como todos os dias pareciam iguais na vida dela — com exceção do jovem prepotente —; ao entrar em casa, ela foi recebida por sua avó, que naquela noite, ao contrário dos outros dias, não parecia estar bem-disposta.— Olá querida, como foi a reunião? — Dona Tereza Forlan perguntou analisando a expressão cansada de sua neta.— Como todas as outras, vovó. — Selena respondeu jogando-se displicentemente sobre o sofá e, diante do cansaço expresso no rosto de sua avó, ela a questionou
Depois do jantar solitário, Selena foi procurar sua avó como havia prometido — aqueles momentos eram sagrados para ambas. Era o momento em que elas se reuniam como família, já que dona Thereza era de fato a única família que Selena tinha. Seu pai era uma história a parte a qual ela não poderia contar. Era apenas uma peça ornamental na vida dela, sem nenhuma serventia para ela.A entrada de Selena no quarto de sua avó chamou a atenção de dona Thereza e nesse momento o olhar da velha senhora pousou sobre as roupas inadequadas de sua neta, que parecia está vestida para caminhar.Diante daquela visão desleixada, ela perguntou-lhe bem-humorada, sem deixar transparecer sua desaprovação.— Vai fazer caminhada, Selena? — Estou tão ruim assim, vovó? — Selena perguntou divertida.— Você há de convir Selena, que seus trajes não são adequados para um jantar. — Dona Tereza respondeu analisando-a.— Não se preocupe vovó, naquela mesa não havia ninguém para se escandalizar com minhas roupas. Eu est
De volta ao seu quarto, ela ligou o computador. Tentou apagar de sua mente o desaforamento daquele desconhecido insolente, parte da conversa que teve com sua avó e, concentrou-se no relatório que teria que entregar para Henrique no dia seguinte.Mesmo a concentração de Selena estando a milhas de distância dela; ela conseguiu arrastá-la de volta na base da força e, quando terminou o relatório, já foi basicamente caindo na cama, para acordar no dia seguinte com uma terrível indisposição e um mal-humor do tamanho da tromba de um elefante.Mas, mesmo indisposta, ela pulou da cama, fez sua toalete, tomou o café da manhã apressada e a seguir pegou o carro e dirigiu-se para a fábrica.Assim que ela chegou na empresa para mais um expediente, Henrique e Penélope apareceram na fábrica e, ao vê-la, ele foi logo cobrando-lhe o relatório.— Você já preparou os relatórios que pedi-lhe? – Henrique perguntou com cara de poucos amigos.— Já os encaminhei para a sua sala, “papai querido!” — Ela respond