Enrico Narrando

Faz duas semanas. Quatorze dias. Trezentos e trinta e seis horas sem vê-la. Sem sentir seu cheiro, sem tocar sua pele, sem ouvir sua risada de perto. E, mesmo falando com ela todos os dias por mensagem, a falta me consome. O vazio que se instalou em mim parece aumentar a cada segundo. É um peso constante no peito, um nó na garganta que nunca desfaz.

Não tenho vontade de nada. O trabalho, que antes me mantinha focado e determinado, agora não passa de uma obrigação que arrasto pelos dias. Vou à empresa porque preciso, mas não porque quero. Cancelar reuniões virou rotina, e Dante tem assumido boa parte das responsabilidades. Ele se preocupa, claro. Sempre preocupado. Mas não há nada que ele possa fazer. Porque a única coisa que realmente me faria melhorar, eu não posso ter.

Estou na minha sala, sentado atrás da mesa, olhando para os papéis à minha frente sem realmente enxergá-los. O sol entra pela janela, mas não aquece. Meu celular vibra, e meu coração acelera por um in