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Calma, você está segura agora.

A comida chega e as duas começam a almoçar. Lis acha o tempero do lugar muito bom, enquanto Eva se delicia, pois quase nunca almoça ali. Sem cerimônia, Jack, acompanhado de outro médico, se aproxima das duas. Lis percebe que Eva fica sem jeito, mas tenta contornar a situação: "Foi bom sim, Eva me ajudou muito com minha adaptação". Jack fica curioso e pergunta sobre Acácia, mas Lis responde que só a viu uma vez e que Eva tem sido sua maior ajuda. Acácia chega à lanchonete e, ao perceber Jack próximo a Lis, fica vermelha de raiva, mas tenta disfarçar e se aproxima com um sorriso no rosto. Ela coloca um braço em volta da cintura de Jack, interrompendo a conversa, e diz que cre que Lis se saiu muito bem e que ajudou em tudo que ela precisava. Todos ficam constrangidos, pois sabem que Acácia está mentindo, inclusive Jack, mas ele resolve se calar. Lis sorri e volta sua atenção para Eva novamente. Por conta de Acácia, que está praticamente em cima de Jack, ele decide sair dali: "Bom, já tenho que ir, pois tenho alguns assuntos para resolver...". Eva fica olhando para o amigo de Jack e Lis percebe que ela tem alguma intenção nele, pelo jeito como olha para ele. Eva diz que aquele é Benício Reese, um verdadeiro galinha, que já a enganou e prometeu se casar com ela, mas depois que deitou na cama dele, ele começou a deixá-la de lado. Ela conta que não entendeu por que Jack não o apresentou a Lis, mas acredita que foi por causa de Acácia. As duas terminam seus almoços e voltam para mais algumas horas de trabalho. No fim da tarde, Lis está exausta. Ela pega suas bolsas e sai em direção ao ponto de ônibus. Já é noite e as ruas estão vazias. Lis se apressa, pois um arrepio corre em sua espinha ao olhar como é sinistro nas ruas próximas ao hospital. Ela segura firme em sua bolsa, abaixa a cabeça e anda rapidamente, tentando pensar em outras coisas. Até que sente uma mão segurar fortemente seu braço, fazendo-a estagnar. "E aí, docinho! O que uma doçura dessas faz sozinha por aqui?", fala um drogado, enquanto segura seu braço com força. "Me solta, você está me machucando!", protesta ela. O outro drogado segura sua bata enquanto diz: "Hum! É uma verdadeira delícia, olha só...". "Vamos brincar de médico, docinho?", pergunta um dos caras. Lis sente o medo tomar conta de seu corpo novamente. Ela olha para todos os lados e não vê ninguém, tenta se soltar, mas o infeliz é muito forte para ela conseguir.

— Me solta, senão eu vou gritar... — avisa.

— E quem você pensa que vai te ajudar? Olha, docinho, não tem ninguém aqui... — diz, mostrando ao redor.

Lis teme pelo que pode lhe acontecer. Então, ela morde a mão do seu algoz e tenta correr o mais rápido que pode.

— Desgraçada! Ela me mordeu! Pega ela e dá uma lição.

O outro drogado corre atrás dela e a derruba no chão. Ela cai e b**e a cabeça, tudo fica turvo. Ela escuta vozes como em uma alucinação, sua cabeça gira e sente que tudo está se esvaindo. Escuta um cantar de pneu e uma voz diferente, mas não tem forças para reagir ou ver quem é. Ela baixa a cabeça de lado e vê um homem socar os outros dois, que caem no chão. O homem se dirige em sua direção. Ela tenta se afastar, mas sem sucesso. Sua visão fica turva e ela desmaia.

Lis tem um pesadelo em que os mesmos homens a pegam e a arrastam pelos cabelos até um beco. Quando estão prestes a rasgar todas as suas roupas, ela acorda assustada. Olha rapidamente ao redor. Sua cabeça dói. Leva a mão à testa e sente um curativo próximo à têmpora esquerda. Lis percebe que está em uma cama muito luxuosa, com lençóis verdes musgos, de frente para uma enorme janela de vidro. O quarto é bem amplo e possui uma decoração de muito bom gosto. Então, ela pensa que não está mais nas mãos de seus algozes, mas onde será que está e quem a salvou?

Ela desce da cama e se dirige à grande porta dupla modelo celeiro. Ao se aproximar e abrir uma fresta, escuta uma voz conhecida, mas não consegue distinguir quem é, por mais que force a memória. Uma voz masculina grave e firme fala ao telefone com alguém.

— Eu sei, cara, mas eu não podia deixá-la lá.

— E eu que vou saber? As mulheres parecem ser todas doidas. Nunca vi uma andar sozinha em um lugar assim.

Lis dá mais uma pausa e diz:

— Meu sangue ferveu quando vi a situação, não pude ficar parada.

Lis entende que estão falando sobre ela e decide espiar para ver quem foi seu herói, mas não consegue identificar a pessoa, já que ela está de costas. Ela volta sua atenção para o quarto e tenta pensar em como sair dali sem chamar a atenção, pois está morrendo de vergonha. Ao olhar pela janela, percebe que está no bairro mais caro de Nova Iorque. Quem será o dono daquele apartamento? Depois de alguns minutos admirando a cidade, ela escuta uma voz grave atrás dela, fazendo-a se assustar.

Ela olha assustada e descobre que seu herói é ninguém menos que seu chefe, Jack, que está parado em sua frente com uma calça de moletom preta e uma camisa polo branca que ressalta seu abdômen definido e seus músculos nas mangas da camisa. Lis o observa de cima a baixo e sente seu rosto corar instantaneamente.

— Calma, você está segura agora. Desculpe por trazer você para o meu apartamento, não achei necessário levá-la de volta ao hospital.

— Obrigada! — ela diz, com a cabeça baixa.

— Posso te perguntar uma coisa?

— Claro, pode falar.

— O que você estava fazendo naquela rua sozinha?

— Eu só queria ir até o ponto de ônibus para voltar para casa.

— Mas ninguém anda por lá sozinho depois das seis da tarde. Muitos drogados ficam por perto.

— Desculpe, eu não sabia... — ela se vira para olhar a cidade.

— Não precisa se desculpar. Esqueci que você é nova e não teria como saber. Mas peço que tome cuidado, saia sempre com alguém ou pegue uma carona, é o que as pessoas costumam fazer lá. Acabei esquecendo de lhe avisar, pensei que você tivesse carro.

— Tudo bem, obrigada mais uma vez. Agora preciso ir, senão minha irmã vai ficar muito preocupada.

— Sua irmã?

— Sim, moro com minha irmã e tenho certeza de que ela já deve estar louca me procurando. Onde está minha bolsa?

— Está na sala.

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