Frida anda pelo hospital como se estivesse sem rumo. Já fazia algum tempo que ela não tinha tanta alegria assim, desde que Beatriz teve seu último neto, e agora achava que novamente iria poder ter a mesma alegria que teve na gravidez de Beatriz. Mas o que aconteceu com Lis lhe deu uma rasteira terrível, que Frida não sabia se iria conseguir se recuperar. Olavo estava preocupado com sua mulher, pois vê-la naquela situação não era de seu costume, pois sabia que Frida sempre tinha tudo sob controle, mas dessa vez estava mal por deixar que aquilo acontecesse.— Meu amor! Que tal irmos para a casa do Jack e descansarmos mais um pouco lá? A gente pode tomar um banho e você comer alguma coisa, querida. Não adianta mais ficarmos aqui, você sabe muito bem que não poderemos fazer nada na situação em que a Lis está. Somente um milagre é que pode trazê-la de volta para nós. Nosso neto nós já perdemos, então nos resta agora poder descansar um pouco e nos recuperarmos para apoiar o nosso filho. Voc
Samuel passa algumas horas conversando com seu amigo, tentando confortá-lo. Por mais que tente falar coisas com ele, sabe que nada, nenhuma palavra, pode arrancar essa dor que ele está sentindo neste momento. Mas pelo menos está tentando distraí-lo, para que ele não pense tanto assim na dor que está sentindo. Benício e Liam seguem juntos para casa, para ficarem com as crianças, enquanto Frida e Beatriz seguem para cuidar de tudo que será necessário para fazer o velório e enterro do pequeno Lucca. Jack continua totalmente inconsolável, e por mais que Beatriz tente se aproximar dele para conversar, ele não quer falar com ninguém. Contínua em um canto isolado e até mesmo como se não estivesse em si. As lágrimas escorrem em seu rosto constantemente. Os dias se passam e Jack não sai do hospital por nada. Sua mãe, sua irmã, sempre estão indo e vindo da casa de Jack para o hospital, mas ele se recusa a ir embora do lado de Lis e continua lá todo momento.A primeira coisa que Lis viu quando a
Luiza não escondeu o choque ao ouvir aquelas palavras de Jack. Ela tinha certeza de que, assim que Lis acordasse, Jack não sairia do seu lado. Por outro lado, Luiza não sabia qual havia sido a reação de sua irmã ao saber que o pequeno Lucca havia morrido, então não julgou.— Claro, Jack. — Jack somente acenou em concordância e saiu de cabeça baixa, sem dizer uma única palavra.Lis não cabia em dor. A dor dela era pior do que quando tinha perdido seus pais. Era quase sufocante, como se fosse morrer com seu pequeno doutor. Seu coração parecia que estava atrofiando e ela não sabia se aguentaria.Quando Lis ouviu a porta se abrir, ela se encolheu ainda mais. Não queria ter ninguém ali com ela, e se visse as pessoas que a atormentaram por toda a sua gravidez, ela gritaria.— Lis... — Lis ouviu a voz embargada de Luiza.Quando Lis se virou, viu sua irmã já perto de sua cama, também chorando. Ela abriu os braços para Lis.— Oh! Lis. — Luiza se jogou nos braços de Lis, as duas ficaram vários
Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas a dor que Lis sentia não era física, era sentimental, a pior de todas.Fazia alguns dias que Lis estava em casa, mas era como se só o corpo dela estivesse ali. Sua mente, seu coração, sua alma, estavam dilacerados. As coisas pioraram mais quando Lis descobriu que nem o rostinho do seu pequeno doutor pôde ver, pois quando Lis acordou já o haviam enterrado. Outra coisa que a deixava fora de si era sua sogra. Lis não aguentava mais. Queria ficar só e sentir sua dor.— O que quero saber é por que vocês não me deram o direito de ver o rosto do meu filho. Nem isso pude ver. Imagine só uma mãe acordar e saber que nunca poderá ver o rosto do seu filho novamente. Por que vocês tomaram decisões precipitadas, decisões que só eu poderia tomar? Quem gerou ele dentro de mim fui eu, n
Lis respirou aliviada por ter Jack fora. Ela precisava de privacidade e espaço. Lis sabia que as coisas não estavam fáceis para Jack também, mas por mais que pensasse em ter uma aproximação com seu marido, aquilo lhe machucava bastante. Estar ao lado dele a fazia lembrar constantemente de seu filho e de que talvez, por causa dele, ela perdeu, e isso Lis não conseguia perdoar de jeito nenhum. A água quente foi muito bem-vinda, e Lis demorou a sair. Lavou os cabelos sem pressa e tremeu cada vez que fazia um movimento brusco. Lis se sentia um pouco melhor, não sabia se foi o toque de Jack ou aquele banho após dias.Quando saiu do boxe, encontrou toalhas e um roupão de banho. Enrolou-se em um e saiu para o quarto, onde viu Jack encostado em uma parede olhando para ela. Ele não transmitia nada do que pensava em seu olhar, além de intensidade.— Sei que você não me quer por perto. — Jack falou em um sussurro. Lis apertou mais seu roupão. — Da mesma forma que você está sofrendo pelo nosso fi
— Ah, filho. Infelizmente, você ainda passará um bom tempo assim. Você sabe muito bem que depressão não se cura muito rapidamente, e ainda mais uma depressão pós-parto. Pelo que você está me dizendo, ela tem progredido bastante, e é um avanço no caso dela. Mas você sabe que é tudo a passos lentos e que ela irá melhorar gradualmente. Continue fazendo o que você está fazendo, pois realmente está causando um efeito bom sobre ela. Só o fato dela já ter aceitado no quarto e que vocês dois dormirem juntos e já estar falando com você novamente, isso é ótimo, e eu me sinto bem melhor. Eu estava muito preocupada com você, meu filho. Você já voltou a comer direitinho. Sei que é tudo difícil para você, mas você sabe que tem que se alimentar bem para poder ficar bem para sua esposa. Ela precisa muito de você, e se você não se cuidar, como conseguirá cuidar dela? Não precisa voltar agora para o hospital. O Samuel está fazendo um ótimo trabalho por lá e disse que ficará na direção do hospital o tem
Jack ficou bastante pensativo com o que sua mãe disse. Ele não imaginava dessa forma que sua mãe estava colocando para ele, e sim imaginava que Luiza poderia ajudar a Lis a se recuperar mais rápido. Embora não entendesse o porquê de Lis preferir a sua irmã a ele, que era seu esposo e companheiro, e que os dois prometeram diante de Deus cuidarem um do outro na saúde e na doença, até que a morte os separasse. Com isso, Jack ficou bastante pensativo e faz uma pausa ao ouvir seu telefone. Sua mãe logo pergunta se ele está lá ainda para falar com ela.— Estou, sim, mamãe, estou aqui. Estava pensando no que a senhora acabou de me dizer. Eu não estava vendo por esse lado, mas agora que a senhora falou, tudo faz mais sentido. Embora saiba que a Luiza iria ajudar Lis a melhorar rapidamente, realmente iríamos ficar sem privacidade nenhuma. A Luísa, quando mora aqui, Lis esquece de mim e fica com ela todo o tempo. Imagine se ela morasse, acho que realmente iria perder minha mulher para sempre. I
Lis não gosta muito de escutar o que sua irmã acabou de lhe dizer, mas acaba refletindo em suas palavras. Embora fosse difícil de admitir, Luiza estava certa. Querendo ou não, ninguém ali saberia quanto tempo Lis ficaria internada naquele hospital, e ficaria em coma. Como médica, ela sabe que em mais ou menos três dias, o corpinho do pequeno Lucca já entraria em estado de decomposição e não aguentaria chegar intacto, nem ao menos em uma semana. Exceto caso o enchesse de remédios e conservantes, mas não era isso que ela queria para o seu pequeno. E sim, já que ele foi para os braços do pai, que ele descansasse em paz e que seu corpinho fosse devidamente enterrado. Os dias se passam na vida de Lis e com a ajuda de Jack, ela vai melhorando gradualmente. Mas agora colocou a ideia fixa em sua cabeça de que deseja engravidar novamente para poder ter um bebê em seus braços. Para ela, não importa se for homem ou mulher, o que ela apenas quer é escutar um chorinho durante a madrugada, é passa