Lis não gosta muito de escutar o que sua irmã acabou de lhe dizer, mas acaba refletindo em suas palavras. Embora fosse difícil de admitir, Luiza estava certa. Querendo ou não, ninguém ali saberia quanto tempo Lis ficaria internada naquele hospital, e ficaria em coma. Como médica, ela sabe que em mais ou menos três dias, o corpinho do pequeno Lucca já entraria em estado de decomposição e não aguentaria chegar intacto, nem ao menos em uma semana. Exceto caso o enchesse de remédios e conservantes, mas não era isso que ela queria para o seu pequeno. E sim, já que ele foi para os braços do pai, que ele descansasse em paz e que seu corpinho fosse devidamente enterrado. Os dias se passam na vida de Lis e com a ajuda de Jack, ela vai melhorando gradualmente. Mas agora colocou a ideia fixa em sua cabeça de que deseja engravidar novamente para poder ter um bebê em seus braços. Para ela, não importa se for homem ou mulher, o que ela apenas quer é escutar um chorinho durante a madrugada, é passa
Jack passa a mão pelos cabelos andando de um lado para o outro no quarto. Ele fica muito irritado com a insistência de Lis, que não entende o porquê de estar tão fixada nessa ideia depois de tudo o que passou. Ele sofreu demais e praticamente sozinho, pois ela o abandonou no momento que ele mais precisava dela, se fechando para o mundo. E agora ela quer fazer tudo sem pensar. Ele não sabe o que fazer, nem como convencer Lis do contrário, já que não se sente preparado para passar por mais uma gravidez, já que essa gravidez de Lucca foi muito estressante e ela mudou completamente. Quanto mais pensa em uma solução, mais desesperado Jack fica. Então, resolve ligar para Frida, para ver se ela pensa em algo. Frida atende no quinto toque.— Oi! Meu querido, que milagre é esse que já está me ligando novamente? Está tudo bem por aí? Como está a sua esposa? Já deu mais uma melhorada? Espero que sim.— Mãe, até que ela melhorou mais um pouco, mas agora está com a ideia fixa na cabeça de que tem
Luísa olha atentamente para Jack e vê o quanto ele está nervoso e com medo do que possa acontecer. Ela também não acha certo que Lis engravide novamente, embora saiba que é o que sua irmã mais quer nesse momento. Luísa não quis se meter na decisão da sua irmã, pois achava que seria apenas uma ideia que ela logo deixaria de lado. Mas agora vê que não é isso e que, na realidade, Lis está convicta dessa ideia que surgiu de repente em sua cabeça.— Jack, eu não concordo com essa ideia da Lis de jeito nenhum. Mas, infelizmente, é algo que ela deseja muito e, conhecendo a minha irmã como conheço, sei que ela jamais irá fazer o contrário disso. Porque quando ela quer uma coisa, tem que ser aquilo que ela quer e não tem ninguém que consiga tirar da sua cabeça. Lis sente que falta algo para ela. Durante essa última semana, é justamente o fato de achar que pode engravidar novamente e ter o alento de ouvir um chorinho todos os dias. Para ela, agora é muito importante esse bebê. É algo que irá tr
Luiza percebe o quanto Jack está preocupado. É visível em seu rosto, e ela tenta de toda forma acalmá-lo para que ele possa chegar a um consenso com ela. Embora saiba que não é nada fácil para ele, pois ama demais Lis e de forma alguma irá querer colocar a vida dela em risco. Para ele, nesse momento, engravidar é um risco grande em sua vida, e ele não estaria disposto a correr esse risco.— Jack, eu sei que é difícil para você lidar com a Lis nesse momento. Tudo é um pouco recente demais, e sei que você continua bastante machucado com tudo que aconteceu. Eu nunca havia visto a minha irmã assim desse jeito, querendo agir por um impulso. Na realidade, eu é que sou assim. Ela sempre foi a mais ajuizada de nós duas e sempre pensou duas ou três vezes antes de fazer qualquer coisa. Não direi que isso seja um capricho dela, mas acho que seja mais uma necessidade de mostrar para si mesma que ela pode fazer algo. Sei que o pai, quando perde um filho, sofre muito. Mas nós, mães que geramos por
Aquela notícia foi terrível para Frida. Depois de tudo o que já tinha acontecido em sua vida, agora receber mais essa notícia... Frida sentiu uma dor tão grande que caiu de joelhos no meio da sala, totalmente paralisada, os olhos marejados soltando um grito de desespero. Olavo, que estava na outra sala lendo um pouco, ao escutar o grito de sua esposa, correu em sua direção tentando entender o que estava acontecendo. Ao vê-la caída ao chão, ele correu até ela, tentando levantá-la e olhou em seus olhos perguntando o que estava acontecendo. Frida, por sua vez, continuou inerte, sem esboçar nenhuma reação, apenas com as lágrimas lavando seu rosto, enquanto seu olhar permanecia fixo no nada.Olavo começou a ficar desesperado, sem saber o que estava acontecendo com Frida. Ao olhar para o lado, viu o telefone no chão. Ele o pegou, levando-o ao ouvido para saber quem ligou para ela e o que falaram. O atendente da emergência, que ainda estava na linha, ao escutar a voz de Olavo, pediu desculpa
Frida, após ser atendida e medicada pelo médico, resolve ligar para Beatriz, pois pelo que aparenta Olavo já tinha saído de casa e não avisou a sua filha o que havia acontecido com o irmão. Então Frida ficaria incumbida de avisá-la, para que a família toda pudesse se reunir. Ela pega o telefone ligando para Beatriz, que ao saber o que aconteceu, fica totalmente destruída. Já não bastava ter sofrido bastante com a morte do sobrinho, agora saber que podia ter perdido o irmão, a deixou em pedaços.— Vou agora mesmo para Manhattan. Preciso ver o que realmente aconteceu. Será que ele estava vindo aqui para Nova Jersey, para minha casa? Mas eu não entendo. Acho que se ele tivesse vindo para cá, ele teria me dito alguma coisa. Por que será que o Jack veio então? — Diz Beatriz, desolada.— Infelizmente, Beatriz, isso eu não sei te responder. A única coisa que o atendente da emergência me informou foi que o Jack havia sofrido um acidente a caminho de Nova Jersey, e eu não consegui escutar mais
Beatriz chegou à casa de Lis na esperança de encontrar Jack. Ela se recusava a acreditar que seu irmão estava realmente morto. A simples ideia disso era aterrorizante para ela. Ao ver Lis, abraçada a Luíza e chorando aos prantos, Beatriz teve a certeza de que aquele pesadelo estava, de fato, acontecendo. Tudo o que haviam lhe contado era verdade.Beatriz correu em direção a Lis, e as duas se abraçaram de forma terna, cheia de amor, compaixão e companheirismo. Naquele momento, ambas sabiam que precisavam de apoio e que, ao mesmo tempo, precisariam ser o suporte uma para a outra. Não era apenas Lis que estava perdendo o grande amor de sua vida. Beatriz também estava sofrendo a perda de alguém muito amado.Lis, por sua vez, havia perdido um filho, e compreendia, de certa forma, a dor que Beatriz sentia ao perder um irmão. As duas dores, de maneira diferente, se equiparavam em intensidade. Assim, elas choraram sem pudor, deixando que toda a dor fluísse.Aquelas lágrimas também traziam o p
Ele fez uma pausa, respirando fundo antes de continuar, a voz embargada.— Não importa para onde ele estava indo, infelizmente aconteceu. O caminhoneiro já está preso e está respondendo na polícia. Pelo que entendi, ele dormiu ao volante.— Como assim, pai? — Beatriz deu um passo para trás, como se tivesse levado um golpe no estômago. Ela apertou as mãos contra a testa, os olhos marejados. — Essa é nova. Então quer dizer que não foi um descuido do Jack, e sim alguém que causou a morte dele?De repente, sua expressão mudou para fúria, e ela encarou Olavo com determinação.— Eu quero ir para a delegacia agora! — gritou, marchando em direção à porta, mas foi detida por Frida, que segurou seu braço.— Vou fazer esse desgraçado pagar por toda a dor que está fazendo nossa família passar. Isso é um absurdo! Como é que alguém pode dormir ao volante e acabar assim com a vida de outra pessoa? Isso não pode ficar impune de jeito nenhum. Ele tem que ser castigado, muito bem castigado!Olavo deu a