Eu congelo. Meu irmão deve dinheiro? Meu pai foi ameaçado? E onde Omar quer chegar com isso?— Eu irei ajudar. Mas você terá que ser minha.O quê?Aquelas palavras me atingem como uma lâmina afiada. Sorvo uma grande quantidade de ar, tentando controlar minhas emoções. Olho para o homem à minha frente, que agora me observa como se já fosse dono de tudo, até mesmo da minha vida.— Então, se você pode ajudar meus pais com essa dívida, você só o fará caso eu me renda a você? — Pergunto, tentando manter a calma, mas a indignação já transborda de mim.— Exatamente. — Ele diz, com uma expressão satisfeita.— Não precisamos da sua ajuda, então, por favor, saia do nosso caminho. Eu dou um jeito. — Respondo, mas minha voz tremula com a incerteza.Omar ri, como se o que eu dissesse fosse irrelevante.— Sua casa é alugada, seu carro é velho. Como você vai pagar cinquenta mil reais?Eu o encaro, completamente em choque.— Cinquenta mil? — A palavra parece um peso na minha boca.O valor parece pequ
— Vem, vou te levar ao médico. Agora! — Leonardo diz, sua voz carregada de urgência, enquanto as suas mãos fortes seguram o meu braço com firmeza. Ele começa a me puxar, como se não quisesse dar espaço para argumentos ou desculpas. Os seus olhos verdes, normalmente calmos, agora brilham com uma preocupação tão genuína que é impossível ignorar.Minha primeira reação é resistir, um reflexo instintivo de quem quer manter o controle da situação, mesmo quando tudo parece desmoronar ao redor. Com um gesto firme, puxo o meu braço de volta e tento enfrentá-lo com palavras que não chegam a soar tão convincentes quanto eu gostaria.— Não. Não quero ir. Acho que estou com pressão baixa. Daqui a pouco ficarei boa. — Minha voz tenta transmitir uma segurança que eu não sinto, mas não sei se isso é suficiente para enganá-lo.Leonardo estreita os olhos, analisando-me com cuidado. Há algo no olhar dele que me desnuda, como se conseguisse enxergar cada detalhe do que estou tentando esconder. Ele cruza
Observo Sofia dormir. O rosto dela está tranquilo agora, finalmente em paz, depois de um dia turbulento. Seus traços relaxados, quase angelicais, contrastam com o tormento que parecia dominá-la mais cedo. É um alívio vê-la assim, tão serena, como se o sono tivesse levado embora o peso que ela carrega nos ombros.Talvez tenha sido apenas o cansaço acumulado. Talvez o calor do dia, a comida, ou até mesmo as férias que, ironicamente, deveriam trazê-la descanso, mas parecem estar carregadas de tensões ocultas. E Omar... Esse homem. Só de pensar nele, meu corpo se enrijece. Ele está sempre por perto, uma sombra que parece pairar sobre ela, e não consigo afastar a sensação de que ele é mais do que apenas uma pedra no caminho dela. O olhar de Sofia sempre muda quando o nome dele é mencionado. Há algo ali, algo que ela não diz, mas que transparece em sua expressão, nas entrelinhas do seu silêncio.Mas agora, aqui, ela está calma. Serena. Isso deveria ser suficiente para me tranquilizar, mas n
SofiaDesperto com o som ritmado das cortinas balançando ao vento, como uma melodia suave que me puxa do mundo dos sonhos para a realidade. Uma brisa leve entra pela janela entreaberta, trazendo consigo o cheiro fresco de lençóis limpos e o calor ameno de uma manhã que parece prometer tranquilidade.Abro os olhos lentamente, piscando para me ajustar à claridade que banha o quarto, e meu olhar pousa sobre Leo. Ele está ali, ao meu lado, dormindo profundamente. Meu coração dá um salto involuntário, uma mistura de nervosismo e encantamento ao vê-lo tão perto, tão vulnerável.Deito-me de lado, tentando não fazer barulho, e deixo os meus olhos passearem pelo rosto dele, que está virado para mim. Os cílios longos e escuros criam sombras delicadas sob seus olhos fechados. A sua respiração é tranquila, seus lábios ligeiramente entreabertos. Ele parece tão em paz, tão diferente do homem cheio de energia e intensidade que conheço quando está acordado.Cada detalhe do rosto dele é fascinante. Su
São seis horas da tarde, e entro na sala com passos hesitantes. A atmosfera parece suspensa, como se o tempo tivesse parado por um momento para nos observar. O ambiente está silencioso, mas há uma leveza no ar, como se todos estivessem se recuperando de um descanso necessário.O meu pai está sentado no sofá, com o rosto levemente amassado de sono. Os seus olhos semicerrados denunciam que ele ainda não despertou completamente, mas um sorriso tranquilo brinca nos seus lábios, como se um sonho bom ainda o acompanhasse. Minha mãe, ao lado dele, parece mais revigorada. O rosto sereno e os gestos despreocupados mostram que, pelo menos por ora, ela encontrou algum alívio.— Parece que marcamos a hora, não é? — o meu pai comenta, o humor leve em sua voz quebrando o silêncio. — Todo mundo acordou agora.Omar é a exceção. De pé junto ao bar, ele segura um copo de uísque, girando lentamente o líquido âmbar. O tilintar dos cubos de gelo parece ecoar pela sala, quase como uma trilha sonora descone
Minutos depois, nos reunimos todos ao redor da mesa. O meu pai conversa com Omar animadamente, contando sobre a sua pescaria fracassada, onde ele voltou para casa cheio de picadas de insetos. A minha mãe participa da conversa com entusiasmo, rindo aqui e ali. A cada risada que se solta da boca da minha mãe, percebo o quanto ela tenta manter a leveza no ambiente, mas algo dentro de mim não se alinha com aquele momento. Eu e Leonardo estamos calados, ouvindo tudo, quase como dois estranhos na mesa. O som das risadas deles é como uma trilha distante, incapaz de atravessar a bolha de tensão que se formou ao meu redor.Meu olhar busca por Leonardo mais uma vez. Ele está ali, ao meu lado, com os olhos fixos na conversa, mas a leveza que transparece nele está ausente. É como se um peso invisível tivesse se colocado sobre os seus ombros, e ele estivesse tentando não demonstrar isso. Ocasionalmente, ele me olha, mas seu olhar carrega uma intensidade que não consigo decifrar. Ele está distante,
O coração bate descompassado, como se quisesse se libertar de dentro de mim. A dor e o medo se misturam em um turbilhão de emoções que me fazem sentir como se fosse capaz de desabar a qualquer momento. Cada batida no peito é uma explosão silenciosa, um grito que se perde no vazio da minha alma. Se Leonardo for embora agora, não sei o que vou fazer. Sinto que o chão pode se abrir sob meus pés, e não tenho forças para evitar a queda. A pressão é demais. Cada respiração é um esforço, como se estivesse submersa e tentando alcançar a superfície. Mas, por algum motivo, não consigo escapar dessa sensação sufocante.Omar entra na sala mais uma vez, e seus passos ecoam na minha mente como uma ameaça iminente. Ele é como um peso, sempre presente, sempre tentando manipular tudo ao seu redor. A cada movimento dele, algo dentro de mim se acende — talvez seja coragem, talvez seja desespero, ou uma mistura dos dois. Mas o que sei é que não posso mais ficar em silêncio, não posso permitir que ele me
Nesse momento, não há dúvidas, não há medos. Somos apenas nós dois. Corpo e alma entrelaçados. Qualquer outra coisa é insignificante.Somos corpo, alma e sensações.Como apagar Leo da memória?Impossível.Claro que tomei a decisão certa.A dívida?Daremos um jeito nisso. Não sei como, mas daremos.Seus lábios encontram meu pescoço, deslizando como um segredo. A sua boca desce pelo vão exposto do meu decote, revelado pelo tecido ousado do vestido. O meu corpo cede, arqueando-se para trás enquanto o meu coração parece querer escapar do peito. A respiração, já descompassada, me abandona.— Quero você, Leo.Ao ouvir minha confissão, Leonardo ergue os olhos, e neles vejo o reflexo da entrega absoluta que meu corpo e alma declararam. Ele ofega, puxando a camiseta para cima num gesto que parece urgente, mas contido. Admiração se mistura ao desejo enquanto as minhas mãos exploram seu peito quente, sentindo a textura dos pelos macios sob meus dedos. Quando nossos olhares se encontram novamente