São seis horas da tarde, e entro na sala com passos hesitantes. A atmosfera parece suspensa, como se o tempo tivesse parado por um momento para nos observar. O ambiente está silencioso, mas há uma leveza no ar, como se todos estivessem se recuperando de um descanso necessário.O meu pai está sentado no sofá, com o rosto levemente amassado de sono. Os seus olhos semicerrados denunciam que ele ainda não despertou completamente, mas um sorriso tranquilo brinca nos seus lábios, como se um sonho bom ainda o acompanhasse. Minha mãe, ao lado dele, parece mais revigorada. O rosto sereno e os gestos despreocupados mostram que, pelo menos por ora, ela encontrou algum alívio.— Parece que marcamos a hora, não é? — o meu pai comenta, o humor leve em sua voz quebrando o silêncio. — Todo mundo acordou agora.Omar é a exceção. De pé junto ao bar, ele segura um copo de uísque, girando lentamente o líquido âmbar. O tilintar dos cubos de gelo parece ecoar pela sala, quase como uma trilha sonora descone
Minutos depois, nos reunimos todos ao redor da mesa. O meu pai conversa com Omar animadamente, contando sobre a sua pescaria fracassada, onde ele voltou para casa cheio de picadas de insetos. A minha mãe participa da conversa com entusiasmo, rindo aqui e ali. A cada risada que se solta da boca da minha mãe, percebo o quanto ela tenta manter a leveza no ambiente, mas algo dentro de mim não se alinha com aquele momento. Eu e Leonardo estamos calados, ouvindo tudo, quase como dois estranhos na mesa. O som das risadas deles é como uma trilha distante, incapaz de atravessar a bolha de tensão que se formou ao meu redor.Meu olhar busca por Leonardo mais uma vez. Ele está ali, ao meu lado, com os olhos fixos na conversa, mas a leveza que transparece nele está ausente. É como se um peso invisível tivesse se colocado sobre os seus ombros, e ele estivesse tentando não demonstrar isso. Ocasionalmente, ele me olha, mas seu olhar carrega uma intensidade que não consigo decifrar. Ele está distante,
O coração bate descompassado, como se quisesse se libertar de dentro de mim. A dor e o medo se misturam em um turbilhão de emoções que me fazem sentir como se fosse capaz de desabar a qualquer momento. Cada batida no peito é uma explosão silenciosa, um grito que se perde no vazio da minha alma. Se Leonardo for embora agora, não sei o que vou fazer. Sinto que o chão pode se abrir sob meus pés, e não tenho forças para evitar a queda. A pressão é demais. Cada respiração é um esforço, como se estivesse submersa e tentando alcançar a superfície. Mas, por algum motivo, não consigo escapar dessa sensação sufocante.Omar entra na sala mais uma vez, e seus passos ecoam na minha mente como uma ameaça iminente. Ele é como um peso, sempre presente, sempre tentando manipular tudo ao seu redor. A cada movimento dele, algo dentro de mim se acende — talvez seja coragem, talvez seja desespero, ou uma mistura dos dois. Mas o que sei é que não posso mais ficar em silêncio, não posso permitir que ele me
Nesse momento, não há dúvidas, não há medos. Somos apenas nós dois. Corpo e alma entrelaçados. Qualquer outra coisa é insignificante.Somos corpo, alma e sensações.Como apagar Leo da memória?Impossível.Claro que tomei a decisão certa.A dívida?Daremos um jeito nisso. Não sei como, mas daremos.Seus lábios encontram meu pescoço, deslizando como um segredo. A sua boca desce pelo vão exposto do meu decote, revelado pelo tecido ousado do vestido. O meu corpo cede, arqueando-se para trás enquanto o meu coração parece querer escapar do peito. A respiração, já descompassada, me abandona.— Quero você, Leo.Ao ouvir minha confissão, Leonardo ergue os olhos, e neles vejo o reflexo da entrega absoluta que meu corpo e alma declararam. Ele ofega, puxando a camiseta para cima num gesto que parece urgente, mas contido. Admiração se mistura ao desejo enquanto as minhas mãos exploram seu peito quente, sentindo a textura dos pelos macios sob meus dedos. Quando nossos olhares se encontram novamente
O seu rosto, uma máscara de contenção, esconde a raiva e a frustração que ele tenta, em vão, esconder. O músculo retesado de sua mandíbula, no entanto, denuncia seu estado interno. Ele dá alguns passos para dentro da sala, seus olhos oscilando entre mim e Leonardo, carregados de um desprezo tão palpável que quase consigo tocá-lo.— Vocês se merecem — ele diz, sua voz fria, cada palavra carregada de amargor. Antes que eu tenha chance de responder, ele se vira, a porta batendo atrás de si com um estrondo que ecoa pelo ambiente.Solto o ar que nem percebo estar prendendo, como se finalmente pudesse respirar de novo. A tensão que me prende no lugar se dissipa um pouco, e então me viro para Leonardo. Seus olhos encontram os meus, e uma risada tímida, mas aliviada, escapa de nossos lábios quase simultaneamente. Ele me puxa para um abraço apertado, um gesto simples, mas que fala mais do que qualquer palavra poderia. Seus lábios tocam os meus novamente, desta vez com uma suavidade que parece
O resto do dia passa num turbilhão de sensações, um fluxo de momentos que já sabem que serão lembrados para sempre. A manhã segue leve, repleta de risos abafados, mas à medida que o tempo avança, a presença de Leo parece me envolver mais intensamente, como se estivéssemos numa bolha isolada de tudo o que está acontecendo ao nosso redor.Caminhamos pela praia, e a brisa suave do mar parece levar embora todas as dúvidas, trazendo uma sensação de liberdade rara. O som das ondas é como uma música que embala os nossos passos, e, ao mesmo tempo, reflete exatamente o que sinto por ele: algo imenso, que não se pode controlar, mas que é inevitável.Mais tarde, relaxamos na piscina, a água fria contrastando com o calor do sol, e rimos como se o tempo estivesse conspirando a nosso favor. O mundo, por um momento, desaparece. Tudo o que existe é eu e Leo, juntos, enquanto o resto do mundo parece não importar.Agora, depois do almoço, estamos na varanda. O mar continua lá, imutável, as ondas batend
Ele me beija novamente, sua boca suave e úmida, deliciosa como sempre. Suas mãos passeiam por cada curva minha, alternando carícias leves e intensas, arrancando de mim suspiros e gemidos. Sua língua brinca no meu lábio inferior, e eu gemo, puxando-o para mais perto.Leo sorri contra minha pele, mordiscando minha boca e descendo para meu pescoço. Meus gemidos são baixos, mas satisfeitos, quase um ronronar.— Você é linda... — ele murmura, rouco, sua voz como uma carícia em meus ouvidos.Meu corpo vibra por ele, ansioso, faminto. Conheço agora essa mágica do prazer, essa ânsia quase insuportável de ser preenchida por ele. O sentimento e o desejo se entrelaçam como uma sinfonia que apenas nós podemos ouvir.Quando sua boca toca minha intimidade, um gemido escapa involuntariamente.— Leo... — gemo seu nome, quase como uma prece.Meu corpo reage instintivamente, arqueando-se contra a cama. A tortura doce que ele me impõe é deliciosa e insuportável. Puxo-o para cima, desesperada.— Quero vo
O dia 25 chegou envolto em uma bruma fina, como se a natureza quisesse abafar qualquer resquício das tensões que marcaram os últimos dias. O relógio ao lado da cama marcava 7h30, mas o mundo parecia ainda suspenso em um silêncio acolhedor. O braço de Leonardo estava jogado sobre minha cintura, e sua respiração calma aquecia minha nuca. Por um momento, não pensei em Omar, nem nas dívidas, nem no que estava por vir. Apenas fechei os olhos, absorvendo a sensação de paz que aquele instante trazia.Leonardo se mexeu, apertando-me levemente contra si.— Bom dia — ele murmurou, a voz rouca, ainda carregada de sono.— Bom dia — respondi, virando-me para olhá-lo. Seus olhos verdes brilhavam mesmo na penumbra, e um sorriso suave brincava em seus lábios.Ele se inclinou para me beijar, o gesto lento e preguiçoso, mas cheio de ternura. Não precisávamos de palavras naquele momento; o toque de seus lábios dizia tudo.Acordamos juntos, sem pressa, e descemos para a cozinha. O cheiro de café recém-pa