Estava escuro quando abri os olhos, e uma sequencia de batidas vinha da porta. Levantei-me e olhei no relógio, já estava perto do horário de partida. Franzi o cenho e girei a maçaneta, encontrando um Fernando sem graça me encarando, seus olhos se demoraram nos meus e depois me analisaram rapidamente. Me permiti por um segundo fazer o mesmo, e observei o quanto ele estava charmoso nesse seu terno limpo, caro e bem passado. Fernando já estava pronto para a nossa partida.- Quer ir jantar comigo antes de irmos? - seus olhos brilharam por um segundo, e meu estomago revirou com a oferta. Não tinha comido nada desde o almoço, onde só pude degustar a entrada dos pratos, e nada mais. Mas aquela cena grotesca de Fernando com Heloise foram o suficiente para abalar meu apetite mais uma vez. - Não, obrigada, não estou com fome. - a expressão de Fernando era de decepção, mas pela minha própria sanidade resolvi ignorar, dando uma desculpa esfarrapada. - Preciso arrumar minhas coisas. - Tudo bem e
Eu não sei quando esses sentimentos iniciaram, pode ser quando nos beijamos, ou quando a vi no evento de caridade linda e espetacularmente charmosa; até mesmo quando nos conhecemos, apenas sei que essas sensações percorriam todo o meu corpo e se inflavam em meu coração, como uma chama ardente e feroz. Uma chama incapaz de ser apagada, durante o meu almoço de negócios com Heloise, tudo o que vinha em minha mente era o momento em qu Júlia apareceria, me perguntava se deveria agir formalmente com ela após aquele beijo? Decidi por ser profissional, afinal de contas durante uma reunião de negócios somos chefe e secretária, após o expediente poderíamos agir de modo informal, sinceramente a loira a minha frente era insuportável; suas palavras sarcásticas sobre as pessoas ao nosso redor eram ignoradas por mim, não contei quantos copos de suco tomei um seguido do outro, ela fazia piada, e eu respondia com uma risada completamente falsa apenas por educação, afinal o meu objetivo era realmente f
- Bom dia. - A voz rouca de Fernando ressoou muito próximo ao meu ouvido quando seus braços me envolveram, enquanto estava de costas para ele. Senti um leve tremor em meu corpo. - Bom dia para você também. - sussurrei me virando para o homem que me abraçava e me olhava como se eu fosse a joia mais preciosa do universo.Como se ele já não tivesse me visto naquela manhã.Nossos olhos se encontraram, e os lábios de Fernando encontraram os meus rapidamente. Vorazes e sedentos, como se todos os beijos e caricias que trocamos na noite anterior não tivesse bastado. Pelo visto não bastou, pois agora suas mãos deslizavam pelo meu corpo, enquanto um forte arrepio percorria toda a minha extensão corporal. Estava praticamente entregue a esses sentimentos, quando a coerência voltou a minha mente, e eu comecei a rir afastando meu chefe com uma mão em seu peito. - Qual é a graça? - Fernando perguntou me puxando mais para si agora, apoiando seu maxilar na curva do meu ombro. - A graça é que você v
O homem ao meu lado ainda estava olhando para minha filha, ainda mais distante que antes. E depois que ela mamou, ele simplesmente se voltou para mim com uma única pergunta que eu não esperava: - E o pai da Bia? - seus olhos eram inquisidores. No mesmo instante já me senti na defensiva. - O que tem ele? - Puxei minha filha mais para mim. Como se ela pudesse me proteger de qualquer coisa que viesse a seguir. Fernando viu minha expressão assustada, e ele mesmo suavizou o olhar em minha direção, procurando o registro do que mais me incomodava em meus olhos. Depois de um longo suspiro, ele ofereceu os braços para a minha filha que praticamente se jogou em seu colo. - Ele sabe sobre a existência da filha? - Não sei dizer o que passou em minha expressão depois dessa pergunta. Mas eram raras as pessoas que realmente pareciam se importar com verdadeira resposta. Era muito comum hoje em dia uma mãe criar um filho sozinho hoje em dia. Mas mesmo assim... - Sabe... - Me levantei para guardar
Em uma época distante eu poderia dizer que o amor era a última coisa da qual almejaria, isso porque simplesmente não existia ninguém em meu mundo vazio que o fizesse ser preenchido, nem sequer chegava a encher metade desse sentimento oco em meu peito. No entanto desde que cheguei aqui, no primeiro instante que meus olhos encontraram com os dela eu temi, isso mesmo, o medo existiu dentro do meu peito, isso porque dentro daquelas orbes eu pude enxergar algo que em muitos anos eu não via em ninguém, Julia possuí uma alma cheia de personalidade; e essa pode preencher tudo dentro de mim. Eu tentei com todas as forças fugir desse sentimento que previ, contudo quando é para acontecer não tem para onde correr, você pode tentar e tentar, mas a vida trás de volta, o destino se cruza; os caminhos encontram meios de se encaixarem, e aqui estou, diante desse sentimento que consome e transborda profundamente, sinceramente estou disposto a lutar por meu espaço dentro do coração dela.A última coisa q
Enquanto corro, observo os carros passando por mim na rua, não sei se lembro do que é respirar. Meu coração bate acelerado em meu peito, e a adrenalina me consome por inteiro, não sei por que justo agora que as coisas pareciam estar melhores em minha vida, sinto-me cada vez mais despedaçada e vazia. Queria não sentir tanta insegurança, como sinto constantemente em relação a confiar nas pessoas.Meu pulmão está ardendo, clamando, desesperado por ar, enquanto a conversa com Fernando não sai da minha cabeça, e eu me sinto ainda mais frustrada a cada metro que percorro. Porque simplesmente eu não consigo me abrir com ele? O seu semblante exasperado, com uma expressão meramente lívida e decepcionado não saia da minha cabeça. Se fechasse os olhos, poderia imaginar como se estivesse ali novamente. Mas eu não podia. Tinha que focar no meu trajeto, e pensar apenas em continuar correndo para esquecer nossa conversa, o que não estava funcionando e era óbvio. Se Daniel não tivesse chegado naquel
Quando Guilherme me convidou para ir morar com ele, depois de meses de calmaria e amor foi aonde o terror começou. Ele tinha acabado de receber um alto cargo de seu pai na empresa da família, e ele iria cuidar de sua administração. Eu era tão cega de amor, que não percebi que o jovem homem amoroso que conheci, passou a ser um alguém frio e calculista. Fazia com que eu o acompanhasse em todos os eventos sociais e nunca saia do meu lado, ele sempre exultava a minha inteligência e me incentivava a sempre me superar quando éramos apenas namorados, mas depois disso Guilherme fazia questão que eu deixasse minhas opiniões apenas para mim, e se eu conversava com alguém ele passava dias sem falar comigo, depois que quebrava alguma coisa no chão. E só voltava a dialogar, quando eu pedia desculpas. Mas eu sabia que não eram apenas essas coisas que o incomodavam, quase sua família inteira me perseguia, arrumando sempre um motivo para me criticar, e dizer que eu era uma oportunista era sua maneira
Daniel lembrou de uma vez em que bebi demais e subi em cima da mesa para cantar completamente desafinada uma música do Capital Inicial, e ele me pegou em seus braços e me arrastou de lá para impedir que eu passasse mais vergonha. Esse lugar nos trazia memórias muito boas de uma época em que eu não tinha preocupações que não fossem trabalhar muito e estudar ainda mais. Eu estava conhecendo o mundo. - Sabe de uma coisa Ju? Desde aquela época eu... - Daniel pegou a minha mão, e me encarou profundamente. As palavras estavam prestes a sair dos seus lábios quando meu celular começou a tocar. - A é minha mãe. - Mostrei a tela, e pedi licença me afastando. Depois de uns bons minutos conversando, Daniel já tinha pagado a conta e me aguardava no seu carro com uma expressão distante. Suas mãos apertavam o volante e ele parecia frustrado. Mal conversamos no caminho de volta, e ele parecia pouco disposto a isso. Então à volta para casa pareceu quase uma tortura, pois uma sensação de que eu tinh