Quando Guilherme me convidou para ir morar com ele, depois de meses de calmaria e amor foi aonde o terror começou. Ele tinha acabado de receber um alto cargo de seu pai na empresa da família, e ele iria cuidar de sua administração. Eu era tão cega de amor, que não percebi que o jovem homem amoroso que conheci, passou a ser um alguém frio e calculista. Fazia com que eu o acompanhasse em todos os eventos sociais e nunca saia do meu lado, ele sempre exultava a minha inteligência e me incentivava a sempre me superar quando éramos apenas namorados, mas depois disso Guilherme fazia questão que eu deixasse minhas opiniões apenas para mim, e se eu conversava com alguém ele passava dias sem falar comigo, depois que quebrava alguma coisa no chão. E só voltava a dialogar, quando eu pedia desculpas. Mas eu sabia que não eram apenas essas coisas que o incomodavam, quase sua família inteira me perseguia, arrumando sempre um motivo para me criticar, e dizer que eu era uma oportunista era sua maneira
Daniel lembrou de uma vez em que bebi demais e subi em cima da mesa para cantar completamente desafinada uma música do Capital Inicial, e ele me pegou em seus braços e me arrastou de lá para impedir que eu passasse mais vergonha. Esse lugar nos trazia memórias muito boas de uma época em que eu não tinha preocupações que não fossem trabalhar muito e estudar ainda mais. Eu estava conhecendo o mundo. - Sabe de uma coisa Ju? Desde aquela época eu... - Daniel pegou a minha mão, e me encarou profundamente. As palavras estavam prestes a sair dos seus lábios quando meu celular começou a tocar. - A é minha mãe. - Mostrei a tela, e pedi licença me afastando. Depois de uns bons minutos conversando, Daniel já tinha pagado a conta e me aguardava no seu carro com uma expressão distante. Suas mãos apertavam o volante e ele parecia frustrado. Mal conversamos no caminho de volta, e ele parecia pouco disposto a isso. Então à volta para casa pareceu quase uma tortura, pois uma sensação de que eu tinh
Os dias correm em um piscar de olhos, é incrível como o mundo muda e os sentimentos quando são verdadeiros permanecem. Não é como se meu organismo se vive apenas para ela, na realidade cada pedaço em meu corpo vive normalmente; o único problema é aquele órgão que bate em meu peito, há! Ele sim trás um sério problema para continuar funcionando, o coração é a parte do corpo essencial para se ter vida, se ele parar todo o resto em questão de minutos deixa de funcionar; até o cérebro seria capaz de continuar por vários dias desde que o coração bombeie sangue para ele, o coração, no entanto uma vez parado, o ser morre para sempre. Júlia simplesmente havia roubado sem saber a capacidade do meu órgão funcionar, quando a via meu coração batia em um ritmo tão frenético que era capaz de ter um infarto fulminante ali mesmo, contudo se ela ficava horas ou dias sem falar comigo, meu coração acabava por bater tão lento que a necessidade de circular era notável em meus membros. Céus! Como isso é rea
Nunca me vi em uma situação tão inusitada, quando mais pensei receber forças de alguém, mais uma vez o destino me coloca contra a parede, e me esmurra a face, esperando que eu enfim acorde para a vida. E agora, eu estava parada diante de dois homens muito importantes para mim, enquanto eles trocavam ofensas e eu mal sabia o que fazer. Todas as minhas tentativas de me comunicar com ambos eram em vão, mesmo que estivessem falando sobre mim, era como se minha presença jamais existisse. Eles não viram eu me afastar, mas observei de longe enquanto guardas os expulsavam para fora devido à confusão. Olhares curiosos se seguiam em minha direção, fazendo com que me sentisse ainda pior, sem nem pensar muito chamei um carro, e quando menos esperei, como se não tivesse com todos os sentidos, já estava afundada no estofado do automóvel, perdida em meus pensamentos. Não era naquele restaurante que eu havia feito reserva para o Fernando ter sua reunião, e o que ele estava fazendo ali? Meus olhos ac
Daniel foi se afastando de perto de mim, seus olhos me olhavam, porém ele parecia não me focar de verdade, pareciam tão distantes quanto a sua presença. — O que eu queria Júlia? — sua voz começou a se elevar. — Eu queria muitas coisas, muita mesmo. Mas acima de tudo... Eu queria que você prestasse a atenção em mim. — Daniel começou a me olhar furiosamente, e andava de um lado para o outro, não parecia nenhum um pouco com o cara que conheci. — Mas não, você sempre coloca alguém a minha frente, sempre. — Eu nunca coloco ninguém a sua frente Daniel! Nunca coloquei! — gritei exasperada. Meu peito subia e descia freneticamente. — Não? Tem certeza? — Daniel se aproximou e eu me encolhi no mesmo instante, eu nunca o vi tão furioso. — E o Guilherme? E depois o Fernando? Nunca eu sou sua prioridade! Dei alguns passos para trás, como se Daniel tivesse me empurrado e me repelido para longe. Fiquei parada, piscando, buscando algo que seja luz em meu peito, mas a tristeza que começou a surgir
Existem dias dos quais simplesmente desejamos deixar de existir e se tornar cinzas, nessa última semana era esse o sentimento que eu nutria em meu peito, viver cada minuto o mais rápido possível apenas para que a morte chegue e me arranque deste destino infeliz ao qual me meti, ver Júlia todos os dias e fingir não me importar; tratá-la como uma simples funcionária que nunca esteve em meus pensamentos ou coração, sair com outras mulheres para substituí-la, queimar e apagar esse demônio de sentimento que pode se tornar uma tortura amarga. Infelizmente a cada passo para me afastar dela mais eu parecia preso e imerso, me preocupando com sua expressão triste, com a aparência doente que mostrava a cada dia; como pode ser possível existir um sentimento assim? Que nos afoga, mas com uma única palavra doce da parte dela é como se entra-se oxigênio em meus pulmões e eu pudesse respirar novamente, é doentio e torturante, o ápice foi no almoço de negócios onde percebi que ela realmente não estava
Eu estava sonhando? Eu poderia estar mesmo sonhando? Abri as pálpebras dos meus olhos vagarosamente, com medo do que encontraria logo em seguida. Medo de o que eu visualizasse fosse um quarto de hospital, e que a noite passada seguida da minha fuga fosse apenas mais um delírio. Não era. O quarto estava escuro, pelas cortinas pesadas que escondiam uma parede imensa de vidro, evitando que qualquer claridade chegasse até mim. Meus olhos estavam ardendo, e meu corpo inteiro gritava em protesto com cada movimento. Estava inteiramente dolorida, minha cabeça girava, e mesmo assim eu estava feliz. Finalmente eu tinha acertado as coisas com Fernando, depois de dias de tortura. Eu não conseguia ficar sem ele, precisava ouvir sua voz, sentir seu cheiro, do seu corpo e da sua presença. Não me lembrava como era estar apaixonada por alguém dessa forma, porém, eu não conseguia sequer suportar que houvesse outras interferências em nossas vidas.Eu precisava de Fernando em minha vida. Mais do que
— Você está bem? — Fernando colocou a mão que não estava segurando a minha, nas minhas costas. — Estou só que um pouco cansada. Apenas isso. A intensidade do seu olhar se suavizou, dando espaço para a preocupação. Ele abriu a boca para falar algo, mas eu o cortei antes que pudesse. — O médico disse que era normal, lembra? Fernando assentiu ainda meio perdido com tudo isso... Antes que ele pudesse protestar sobre como eu não estava inteiramente preocupada com a minha anemia, apertei a campainha do meu apartamento, e rapidamente a porta foi aberta. Soltei a mão de Fernando no mesmo instante, e ele franziu o cenho pela minha ação. Eu não queria que minha mãe soubesse sobre nós nesse momento, ainda mais quando nem tínhamos acertado o que éramos um para o outro, e qual seria o impacto que um relacionamento teria em nossas vidas. Ele era meu chefe, e seu irmão tinha se declarado para mim há poucos dias... Nós não podíamos simplesmente jogar essa bomba e deixar que ela explodisse na min