—Simplesmente aconteceu. É assim... o amor—menciono coçando meu queixo.—Que lindo é o amor!—exclama ela dando um último movimento e baixando a alavanca, que desce sem problemas—Consegui desentupir. Desculpe pelos transtornos, senhorita Marianne. Com licença.Ela se despede voltando à versão submissa que vi quando entrei no quarto. A garota vai embora e eu ainda estou impactada com sua atitude. Inclusive entro no banheiro e abro o compartimento das toalhas. Ao fazê—lo, tenho que reagir rápido para que não caiam.Neste compartimento há mais toalhas do que deveria ter. Metade delas são da cor cinza que a psicótica Martha trouxe, e as outras são em tons creme.—Não precisava trazer mais toalhas, ou estou paranóica?—me pergunto em voz alta.A porta volta a bater.—Sério? Mais uma louca? Não tive o suficiente delas pelo mês?—reclamo me dirigindo desta vez para abrir a porta por conta própria.Em vez de encontrar Martha ou alguém parecido, me surpreendo ao ter aqui na minha frente Lucía.—Ou
As crianças são sagradas, não importa de que ângulo se olhe. É uma verdade inalterável, e esse status sobe a outro nível quando se trata dos seus próprios filhos. Por isso, o fato de Clara estar dizendo que Luciano foi capaz de colocar em risco a geração mais jovem dos Brown vai muito além da minha compreensão.—Desculpa, mas... o que você acabou de dizer?—preciso confirmar que não tive uma alucinação auditiva.—O que você acabou de ouvir. Luciano é um perigo ambulante—afirma Clara.—Também não vamos perder a perspectiva por causa das nossas emoções, Clara—acrescenta Lucía.—Você tem razão. Já que considera que tenho uma opinião tendenciosa, explique você a última grande façanha do Luciano, e como ela afetou nossa família. Deixo com você. Vá em frente—oferece Clara.Lucía parece desconfortável com tal oferecimento, no entanto, se prepara para aprofundar no assunto.—Luciano é extremamente querido na família, mas você deve conhecer sua inclinação pela aventura e... pelo perigo. Não é?—a
—Na verdade, tenho 24 anos...—corrijo envergonhada.—Nossa, isso torna tudo melhor. 24 e 34, certamente não há desequilíbrio de poder no relacionamento de vocês. Nenhum—ironiza Clara—Você é capaz de entender meu ponto de vista? Luciano já passou por todas. Uma vez se meteu numa igreja de famosos que era uma seita; outra vez ficou viciado num esporte pouco compreendido pela sociedade, eram lutas de rua, e mais uma e mais outra. Está pronta para se casar com um homem assim?Agora eu entendia muito bem. A irresponsabilidade e como tinha sido selvagem a vida de Luciano. Era uma grande aposta estar ao lado dele, mas também não podia ignorar o que significava estar com ele. Luciano não só me enlouquecia fisicamente, como também tinha me ajudado muito economicamente. E isso era um negócio, era sobre dinheiro, sobre aparência e sobre vingança.Estava cansada de ser pisada, e se estar com ele me daria poder. Eu aceitaria. A qualquer preço.—Só te ouço falando do passado, Clara. Não te ouço fala
—As máscaras agora sim estão caindo?—Não é uma máscara, é minha vida. Casar com você é um risco que precisa de uma reavaliação. Eu era alheia ao perigo que representava me casar com você, agora não. O que me diz disso?—Quanto você quer?—menciona ríspido.—100.000 $ livres de impostos, por ano—lanço no ar um valor que é o dobro do que ganho por ano. Muito dinheiro pra mim, pra ele, não deve ser tanto.Não sei se é decepção o que leio em seus olhos ou raiva infantil, seja o que for, Luciano rasga em dois o contrato e joga pra trás.—Terá seu dinheiro. Desça pra jantar—diz amargo se adiantando nessa tarefa.Um gosto desagradável fica preso na minha garganta. Me sinto culpada e assustada, mas aliviada. Dinheiro, tudo isso é sobre dinheiro, aparência e sexo. Devia colocar isso na minha cabeça se quisesse sobreviver ao mundo que estava vindo em cima de mim.......Com esses pensamentos em mente, desço como ele me pediu. Ao seguir seu rastro, chego à sala de jantar dos Brown e vejo na mesa
Sair de um abraço desconfortável pode ser uma tarefa difícil com tantos espectadores ao redor. Por sorte, sinto que me separam do meu futuro sogro com firmeza. É Luciano que me pega pelo braço para me puxar para trás, e empurra Liam pelo ombro para criar distância.—Se controle. Não coloque suas mãos nela de novo—exige sombrio ao seu pai.—Eu só estava cumprimentando ela—se justifica Liam para ele, depois olha para mim—Não estava te cumprimentando, Marianne?—Sim, estava...—digo completamente fora da minha zona de conforto.—Gosto de você—se inclina mais na minha direção esse senhor.Isso me faz notar o forte cheiro de álcool que emana da sua boca, não é uma sensação agradável, e sei que não sou a única que está envergonhada com seu comportamento. Uma olhada rápida para Lucía e Clara me confirmam isso.Já uma olhada rápida para Luciano me dá uma impressão surpreendente vinda dele. Não se pode perceber desconforto ou vergonha, é mais um desgosto macerado, como se tivesse décadas e décad
—Vou me retirar mais cedo por hoje—ele anuncia.Ao sair, percebo que nem terminou o prato de comida. Também não é como se alguém fizesse algo para impedi—lo de ir embora. Luciano dá as últimas garfadas em sua comida sem se alterar, esteve distante e frio durante todo o jantar.—Você não foi muito duro com ele?—pergunto baixinho.Luciano me olha tão, mas tão irritado que me assusta. Termina de engolir a comida que tinha na boca e joga o guardanapo no prato. Depois se levanta da mesa.—Leandro, precisamos conversar, agora—exige saindo do local.Os que ficamos na mesa nos entreolhamos confusos. Embora seja notável que Leandro não é de criar conflitos e conhece seu primo, ele se levanta da mesa.—Volto em alguns minutos. Continuem com a sobremesa. Sei que será sua favorita, Marianne. É a preferida de todos os nossos convidados, nosso chef confeiteiro não é deste mundo—ele convida gentilmente.Sorrio ao vê—lo sair atrás de Luciano. Eu poderia me deixar hipnotizar pela beleza das sobremesas
Minha garganta dói e meu coração bate sem controle graças ao susto que Luciano me deu.—Quer me matar do coração!?—questiono fora de mim.Ele me olha confuso e solta minha mão.—Se você morrer, vai ser por sua própria culpa porque o máximo que fiz foi segurar sua mão. Por que você não está no jantar?—questiona desconfiado.—Porque... porque eu queria ir ao banheiro. Me perdi na volta—explico disfarçando meu nervosismo por ter sido pega.—Como você vai se perder, se não tem como se perder?Eu também gostaria de saber, mas perdi totalmente o rastro de como voltar. Dou de ombros e finjo que não entendo. Ele desiste de me questionar e voltamos para o jantar, com Leandro já de volta para terminar a sobremesa.Nem a conversa entre os primos serviu para que Luciano tentasse participar da conversa à mesa. Diria que foi pior, porque Leandro também parou de participar dela.....Fecho os botões do meu pijama e verifico rapidamente como estou no espelho do banheiro. Estávamos de volta ao quarto o
—Você acha que eles vão resolver isso antes de irmos embora?—pergunto a ela enquanto balanço um chocalho para Levi, que está hipnotizada por suas cores.—Eles vão se entender como sempre fazem. Este foi um fim de semana tranquilo pelos nossos padrões. Especialmente com a noiva do Luciano na casa. Isso sim é que são elas—brinca Lucía.—Vocês esperavam algo pior que isso? O que poderia ser tão grave?—rio.Lucía hesita em me dizer algo. No entanto, depois se rende e me confessa em tom cúmplice.—Que algum morto ou alguma viva te assediasse.Meu rosto deve ser um poema, porque sinto que as duas coisas aconteceram comigo, mas estou em negação. Com o nervosismo, rio como se achasse graça da sua... piada? Lucía fica mais feliz ao ver minha reação. Olhando para ela e para esses bebês tão lindos e sorridentes, não consigo imaginar como podem viver num lugar assim.—Você com Leandro e as crianças, são uma família jovem... não pensaram em se mudar para um lugar mais... moderno?—coloco da melhor m