—Não tenho mãe, Marianne. Alguma outra pergunta que eu possa responder? — ele oferece.Entendi na hora. A mãe era pior que o pai e nem piadas ele se atrevia a fazer sobre ela. Assunto proibido e anotado. Reorganizei minhas ideias. Tinha um propósito para esta noite.—Você tem com você o anel de noivado que me falou? — mudo de assunto.—Isso nem se pergunta — vira sua taça de uma vez — Me segue, está embaixo da bíblia.—O quê? — falo confusa com Luciano se esgueirando como criança travessa até o escritório.Devia estar zombando de mim porque descobri que essa é sua atividade favorita comigo. Deixo minha bolsa no balcão e vou até onde ele sumiu. Quando entro no elegante escritório com a vista linda para o mar à noite, encontro ele abrindo o cofre na estante. Não acredito nem um pouco na história do anel amaldiçoado, ando perto dele e cruzo os braços.—Que mentira vai me contar dessa vez, Luciano Brown?—Mentiras? Nuuunca vai ouvir uma de mim — diz cheio de ironia e tirando uma caixa comp
—Quando você vai me entregar? Precisamos organizar o pedido de casamento — sento na cadeira disponível.—Serve amanhã? Estava pensando em fazer amanhã — oferece.Adoro a ideia.—Seria perfeito fazer no apartamento daquele infiel. Com toda minha família presente — imagino e me ocorre outra ideia — Podemos combinar o horário e chamar uma serenata? Imagine só, com certeza Amanda vai fazer alguma das dela pra ser o centro das atenções da noite, mas nós vamos atacar com o pedido com essa joia. Ela vai morrer de raiva.Luciano não gosta muito da minha ideia.—Eu deixaria alguns detalhes de fora. Gostaria que fosse mais simples. Deixa que eu cuido disso.Com ele me emprestando esse anel, aceito não forçar além dos limites dele. Me parece bem, e mostro isso com meus gestos.—Como foi que nos conhecemos afinal? O que vamos contar pra eles? — pergunto pra construir nossa história.—Podemos dizer que nos conhecemos ano passado à distância, e com minha chegada ao país, mais o término com seu ex, n
Não costumo ser uma pessoa nervosa. Mas aqui estou, respirando agitada enquanto o carro do Luciano se aproxima do condomínio do meu ex. Essa sensação desagradável sobe do meu estômago até a garganta, arde bastante.—Põe a cabeça pra fora se for vomitar. O carro é novo — sugere Luciano ao volante.Olho pra ele com uma bronca amarga. Ele tinha ido me buscar no apartamento da Giana, pra nosso encontro com minha terrível família. Nem preciso mencionar o quanto ele estava atraente hoje à noite com seu traje casual, nem como sua língua continuava afiada a qualquer hora.—Não vou vomitar no seu carro. O aviso tá sobrando — garanto enquanto chegamos na portaria e tenho que falar com o guarda pra abrir o portão — Boa noite João, somos convidados do Andrew.Eu conhecia o João, tinha morado um bom tempo com meu detestável ex-namorado. Mesmo assim, ele não me responde com um sorriso gentil como eu dei pra ele, me olha com desconforto.—Senhorita Marianne... não pode entrar neste prédio. O condomín
—É o que acontece com a boa companhia — responde ele igualmente sorridente, deslizando sua mão pelas minhas costas. É um movimento delicado que faz meu corpo vibrar.Ignoro essa sensação e Amanda nos convida para entrar no apartamento. Ao entrar, várias memórias ruins atingem minha alma. As piores vêm quando Andrew e eu trocamos olhares. Ele, que estava absorto em uma conversa com meu pai e madrasta, me nota. Leio desconforto em seu rosto, mas quando ele foca em Luciano, há apenas desgosto. Ainda mais quando abaixa o olhar para onde Luciano me segura.As expressões de América também não são melhores. Seu pescoço fica tenso quando nos vê. Sérgio parece ser o que melhor lidou com isso do trio. Finge ser receptivo ao levantar do sofá onde estava sentado para apertar as mãos com Luciano.—Não tínhamos certeza se você nos acompanharia esta noite. Desculpe a informalidade desta reunião — menciona meu pai.Meu punho coça com seu comentário. Pela reação de Amanda e o comentário do meu pai, ded
Minha linda meia-irmã começa a acariciar sua barriga bem chapada, se me perguntarem. Acaricia como se estivesse de oito meses grávida e esperando trigêmeos. Andrew está mortificado.—Vocês estão esperando um filho? — pergunta Luciano fingindo surpresa.—Marianne não te contou? — responde Amanda sem acreditar. Ah, e acaricia mais sua barriga com a mão do anel.Está com o anel na mão esquerda, e é destra. Com isso digo tudo, valeu.—Não, ela tem estado mais focada em me falar sobre seu casamento, e as formas de facilitar esse dia para vocês noivos — resolve Luciano.Amanda está cética, Andrew está ofendido. Luciano põe sua mão na minha perna, coloca mais alto do que seria prudente, e acaricia além dos limites do decoro que deveria ter na frente do seu pai. Tudo isso Sérgio analisa, é como uma máquina calculando as possibilidades deste circo.—Sua felicidade é minha felicidade — concordo sorridente com ele, e toco essa mão que tem na minha perna. Entrelaçamos nossos dedos — Precisamos apr
A vingança é um prato que se come frio. Era isso que eu devia ficar repetindo pra mim mesma nessa situação. Pequenos sacrifícios que deviam levar a uma grande vitória. Eu estava num caminho delicado, tendo que conviver com o inimigo pra atacar por dentro. Me permito desfrutar do martírio da Amanda.Tinha sabotado seu vestido de noiva, e agora era hora de sabotar outro elemento do casamento dela. O local onde ela se casaria. Não ia parar até fazer com que o que deveria ser "o melhor dia da vida dela" se transformasse no pior.—Ah... eh... obrigada? — me diz Amanda desconfiada. Depois olha inquieta pro papai — A gente não estava falando do quarto do bebê antes deles chegarem? Já comecei a reforma, Marianne, em tons bege. Tenho uma estética em mente, muito bem definida.Não levo a mal a mudança de assunto da Amanda. Ela sempre tinha que ser o centro das atenções. Em todas as estações, em todos os meses do ano e momentos do dia.—Qual quarto vai ser? — continuo a conversa pegando um pedaço
—Para onde foram? — pergunto pro vazio.Meu celular começa a tocar na bolsa, me fazendo pegá-lo. É uma ligação do Luciano. Estranhando, atendo.—O que foi? — indago.—Te esperamos na cobertura — comenta.—Pra quê? — digo franzindo a testa.—Sua família quis gentilmente me mostrar, e aqui estamos. Não demora muito — desliga.Fico olhando pra tela do celular curiosa. Na cobertura deste prédio tinha um espaço de eventos lindo, com uma vista privilegiada, mas exceto em eventos grandes, não é que abrissem. Sem saber o que tramavam, deixo minha bolsa, saio do apartamento e subo pelas escadas o pouco que falta pra chegar lá. Abro a porta.A única coisa que eu esperava era uma tentativa de assassinato desses loucos. Não isso. Não o que estou vendo. Na minha frente, tem um caminho de pétalas de rosas brancas, velas e no final está Luciano, com mais decoração, e a vista impressionante da cidade. A cena é completada pela música de fundo, tem um violinista tocando uma música que não sei reconhecer
Sei que o beijo com Luciano está durando mais do que deveria durar um "beijo falso", mas é que não tenho vontade nenhuma de me separar dele. Estou completamente hipnotizada com seus lábios, com seu toque e com como ele me faz sentir. Mesmo assim, tudo que é bom tem que acabar.—Ei, com licença, estamos aqui, pombinhos — ri Amanda, desconfortável.Com sua voz, nossos rostos se separam para olhar pra ela. Não só pra ela, mas pro resto da minha família. Difícil dizer qual está mais transtornado entre Andrew e América. Tá rolando uma competição. Enquanto meu pai, como o grande amante dos negócios que é, está mais satisfeito do que nunca. Quer ver Sergio Belmonte feliz? Dê dinheiro a ele.—Sabemos que vocês estão aqui, mana. É que... nos deixamos levar pelo momento... — digo isso último olhando nos olhos de Luciano. Como se estivéssemos conectados um com o outro.—Completamente envolvidos — ele continua com a mão nas minhas costas, quase na minha bunda e eu rio pra atuar igual uma atriz pre