Um contrato inesperado com meu chefe
Um contrato inesperado com meu chefe
Por: Paola Yugo
Capítulo 0001
Meus pés batem no chão com constância e meu coração bate com uma força sobrenatural. Eu finalmente consegui, uma promoção no meu trabalho, e o primeiro que tinha que saber disso era Andrew, meu noivo. Caminho pelo corredor tão emocionada e agarrada à minha pasta que agradeço por ninguém estar neste corredor. Vão pensar que estou louca ou que não sei me controlar pelo sorriso enorme que tenho no rosto. Mas quem poderia me culpar.

Minha vida estava se transformando no que sempre deveria ter sido. Uma vida feliz e abençoada. Eu me casaria em alguns meses com o amor da minha vida, e finalmente deixaria de servir café na empresa. As lágrimas, humilhações e solidão acabariam. Eu, Marianne Belmonte, deixaria de ser o saco de pancadas da minha família, seria a esposa de um promissor empresário. Finalmente, todos me respeitariam e aceitariam.

—Querido? Tenho boas notícias... — digo abrindo a porta do apartamento do meu futuro marido.

As luzes da sala estão apagadas e há uma melodia suave de Jazz que inunda a luxuosa cobertura. Olho para a grande parede de vidro que nos oferece uma vista privilegiada da cidade, depois para o teto alto com os candelabros modernos que caíam como cascata no escuro. Termino na lareira, essa era a principal fonte de luz deste lugar. Meu peito se sente inquieto e por algum motivo, nervoso de maneira ruim.

—Andrew? Você está em casa? — pergunto temerosa.

Não recebo uma resposta. Mesmo assim, minha vista chega às duas taças sujas que há na área do bar perto do fogo. Me aproximo para pegar uma delas, a que tem seu vinho pela metade, está manchada na borda com um batom vermelho de mulher.

Depois meu olhar se dirige ao chão, a alguns metros de mim, além do tapete há um sapato de mulher. É um scarpin, tem um salto muito alto e fino. Sua sola é vermelha, o resto preto. Sigo o rastro que deixou, porque mais adiante está o outro sapato, em seguida, um paletó masculino amassado no chão.

Meus lábios tremem e meus olhos se dirigem às escadas. O rastro me levava até lá. Subo por elas, me sentindo fraca e confusa. Cada degrau que subo parece que o faço mais devagar que o anterior. Até que posso escutá-lo, os gemidos femininos vindos do nosso quarto ao chegar ao segundo andar.

Uma parte de mim quer sair correndo deste apartamento. Fingir que isso não está acontecendo. Que estou inventando. No entanto, a outra me obriga a continuar. Caminho em direção à porta aberta de onde resplandece a luz em seu interior. Eu tinha que ver com meus próprios olhos.

Ou talvez não.

Não era necessário que eu tivesse feito isso, porque o que estou vendo na cama é pior que o mais nojento pesadelo que eu pudesse ter tido. Na cama que eu compartilhava com quem seria meu marido, vejo Andrew entre as pernas da minha irmã.

Ele está afundando seus quadris ritmicamente nos dela. Está meio vestido, sem camisa e com a calça aberta para sua safadeza. Não é preciso descrever Amanda, ela tem o vestido subido até o estômago e está gemendo de prazer.

—O que vocês estão fazendo? — digo com fraqueza me sentindo como se estivesse em um sonho, como se não fosse evidente o que faziam.

Andrew e Amanda me olham paralisados de medo. Meu noivo se levanta da cama para subir suas calças com desespero, enquanto minha irmã se cobre com os lençóis. Os lençóis da minha cama.

—Não é o que você está pensando, Marianne — assegura Andrew.

—O que é que eu estou pensando? — falo tocando minha têmpora para aliviar a profunda dor de cabeça que tenho. Meu peito também dói mortalmente.

Ele não consegue falar, também não consegue me olhar, se dedica a se vestir com suas mãos trêmulas. As lágrimas caem pelo meu rosto como uma torrente amarga e descontrolada. Não há uma explicação para isso. Não há nenhum tipo de mal-entendido nisso. Vi o que vi. O homem que amo fazendo sexo com outra mulher. Não qualquer outra mulher, era ela.

—Irmã, são coisas que acontecem. Assim é o coração, você não pode governá-lo... — diz com timidez Amanda.

Minha visão embaçada se foca nela. Como um raio, toda minha atenção vai para ela. A agonia é substituída pelo ódio. Ela era uma ladra. Tinha me tirado tudo. Sempre.

—Você fez sexo com meu noivo na minha cama. Como você não pode governar se não rolar com um homem alheio, Amanda?! — rosno furiosa.

—Você não tem que falar comigo nesse tom... — Amanda faz um biquinho com sua boca e seus olhos se enchem de lágrimas.

—Podemos resolver este imprevisto, como os adultos que somos — tenta mediar Andrew como se esta fosse outra de suas mediações corporativas. Ele vestiu seu traje favorito de frieza e estoicismo.

—Imprevisto? — solto atônita diante do descaramento de ambos — VOCÊ DORMIU COM MINHA IRMÃ!

—Andrew me ama e você não é capaz de satisfazê-lo! Aceite isso e saia das nossas vidas! Ninguém te quer na nossa família! — me grita Amanda.

Algo em mim se quebra com as palavras de Amanda. Minhas esperanças e ilusões de ser alguém na nossa família. A verdade é que nunca tive uma chance de ser. Todos me odiavam como ela dizia. Me odiavam porque sou a filha mais velha de Sergio Belmonte, aquela que ele teve com sua primeira esposa, da qual se divorciou para jogá-la na rua junto comigo.

Depois formou uma nova e reluzente família com sua segunda esposa e sua mimada, Amanda. Sua favorita, sua princesa, a que não podia errar e a que apresentava com orgulho. Não eu, a adolescente dramática que ficou sem mãe muito cedo e sempre implorou por um pouco de atenção.

—Você é uma sem-vergonha! — grito para ela.

—E você não conhece qual é o seu lugar! Você é igual à estúpida da sua mãe! — ela grita de volta.

Com isso, em vez de ver embaçado pelas lágrimas, vejo um vermelho muito intenso.

—Não suje o nome da minha mãe! — vocifero indo direto para Amanda.

Agarro-a pelos cabelos com uma ira que me transcende, puxo seu cabelo castanho de um lado para o outro em meio aos seus gritos de dor e pedidos para que eu a solte.

—Me solta! Você é uma ordinária! — exclama dando tapas no ar, outros em mim.

—Comporte-se como alguém da sua idade! Acalme-se! — exclama Andrew se metendo no meio das duas.

Ele me separa pelo braço de sua amante, e eu respondo dando-lhe um empurrão super forte para que me solte. Andrew me olha com amargura.

—Você não podia me ser infiel com outra das centenas de mulheres que conhece? Não podia dormir com ela em outro lugar? — questiono histérica.

—Não torne isso maior do que é. Retire-se antes que eu chame a segurança. Enviarei seus pertences amanhã — informa meu ex-noivo.

Este apartamento não é meu. É dele, como é óbvio. Ele tinha me convidado para morar aqui há alguns meses, justo quando me pediu para ser sua esposa. E agora, estava me convidando a deixá-lo, estava me jogando na rua às 9 da noite, sem um lar para chegar ou para onde ir.

Rio, a primeira coisa que faço é rir. Tanto Andrew quanto Amanda me olham como uma louca que tinha perdido a cabeça. Talvez eu fosse. Olho para o anel de noivado de diamantes no meu dedo e depois para Andrew. Rio mais. Sem casa, sem parceiro e sem irmã fiquei. Provavelmente sem família também.

—Você está terminando comigo? — digo soando mal por minhas risadas — Você está me jogando na rua depois que te encontrei fazendo sexo com minha irmã?

—Eu te disse que ela é louca, Andrew. Minha mãe e eu temos medo dela — menciona Amanda.

—Louca? Eu sou "a louca"? — exalo com um grande sorriso e faço aspas com meus dedos — Sabe de uma coisa? Acho que... sim, estou louca.

Minhas mãos são as que reagem desta forma, pego o vaso decorativo de milhares de dólares que tenho mais perto e jogo em Andrew. Ele o esquiva por pouco, e a peça cai no chão se quebrando em muitos pedaços. Não é a única coisa que decido pegar, agarro uma estatueta de metal e também tento acertá-lo, não consigo apenas que Andrew se assuste. Igualmente, que Amanda grite mais.

—Subam imediatamente! Marianne quer matar Andrew! Chamem a polícia! — minha meia-irmã está falando pelo celular aterrorizada.

Eu tinha uns cinco minutos antes que a segurança chegasse à cobertura, e decido aproveitar esses minutos ao máximo. Pego outra decoração de cerâmica e persigo Andrew com um sorriso maníaco e faço vários gestos de que vou lançá-la.

—Abaixe essa peça, Marianne. É de edição limitada. Vale mais que um ano do seu salário — tenta me fazer desistir, está andando para trás.

—Oh, não se preocupe. Qualquer uma das suas peças de arte vale mais que a miséria que me pagam no trabalho — comunico a ele.

Ele entende, que não pararei até que alguém me obrigue à força. Andrew exclama uma maldição baixinho e sai correndo do quarto. Logo atrás o persigo, lançando-lhe a peça, quase o acerto. Sigo-o pelo corredor derrubando as esculturas e arrancando os quadros. Cada peça de coleção que pego, jogo na cabeça dele, sem nunca atingir meu objetivo. Inclusive o sigo enquanto desce pelas escadas.

Queria que ele sofresse tanto quanto eu estava sofrendo. Mas minha vingança fica tristemente interrompida quando me seguram por trás pelos braços. São dois dos guardas de segurança deste edifício residencial.

—Senhorita Belmonte, acalme-se! — pede um dos homens machucando minha pele — Se não se acalmar, chamaremos as autoridades!

—Chamem quem quiserem! O que vão me fazer?! Nada pode ser pior que estar apaixonada por um covarde como você, Andrew! — grito para eles e para o próprio Andrew que me olha à distância. Exausto e com um corte fino na testa. Parecia que sim, eu tinha acertado alguma vez.

—O que essa selvagem fez com você, meu bebê? — pergunta Amanda que se juntou a nós.

—Tirem-na da minha vista — pede friamente Andrew tocando o ferimento — Não a deixem entrar mais no edifício.

—Vocês são um par de desgraçados! Eu vou... — as ameaças de morte ficam na minha garganta.

Meu pai, o grande Sergio Belmonte está entrando no apartamento com um rosto extremamente irritado. Sua presença é imponente, e aterroriza os guardas que estão me segurando. A mim me surpreende que meu pai esteja aqui.

Não entendia o que ele fazia aqui. Embora minha mente se esclareça quando Amanda me dedica um olhar malévolo. Era por isso, papai veio porque Amanda o chamou no meio da noite, e ele deixou o que estava fazendo para vir por sua filha favorita. Diria que correndo, de tão rápido que chegou.

—Graças a Deus você chegou a tempo, papai. Marianne me bateu, em Andrew também. Eu estava muito assustada! — limpa as lágrimas do rosto minha meia-irmã.

—Não te criei para que se comportasse como um animal. Pare de envergonhar a si mesma e a nossa família — exige ele me olhando com desaprovação.

Consigo me livrar do aperto dos guardas e me defender com a verdade.

—Eu os encontrei fazendo sexo! — revelo furiosa — A única que está envergonhando nossa família é Amanda! No seu caso, você criou uma vadia!

Não sinto na primeira vez, sim depois, a dor do tapa seco que meu pai me dá. O espaço fica em um grande silêncio. O som do golpe ecoou pelas paredes.

—RESPEITE SUA IRMÃ. NÃO VOU PERMITIR QUE A TRATE ASSIM — ruge Sergio.

Fico com a mão na bochecha para acalmar a dor, e a humilhação disso. Amanda está me olhando com satisfação, embora sua expressão mude para uma inocente quando nosso pai a confronta.

—Isso é verdade? — questiona certeiro.

—Sim. Nos amamos, e vamos nos casar — anuncia Amanda se agarrando ao braço de Andrew.

—Pare de dizer besteiras. Você não vai se casar com o noivo da sua irmã. Vai nos deixar em ridículo — quase cospe meu pai.

Amanda se agarra mais a Andrew. Dará uma grande notícia.

—Sim, nós vamos nos casar! Estamos esperando um filho juntos! — anuncia a plenos pulmões.

Ouço que os homens atrás de mim fazem um barulho de surpresa, é a mesma expressão que faz meu pai e a minha não pode ficar para trás. Perco o equilíbrio diante de tal notícia, um dos guardas me segura para que eu não caia.

Eu ainda tinha o anel de noivado no meu dedo, apenas esta manhã selecionamos as flores dos centros de mesa do nosso casamento. Isso devia ser uma piada.
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