Sou com facilidade a convidada mais sem graça na forma de vestir neste local, e mesmo assim, com a minha chegada, sinto os olhares sobre mim. Ao meu redor só há ou desconhecidos para mim ou conhecidos dos Lewis, estes últimos sei que me olham muito, e eu os ignoro o máximo que posso. Digamos que sou persona non grata para a maioria. A rivalidade entre nossas famílias, e o fato de eu ser a única Brown aqui, me coloca em uma posição interessante.O único apoio que tenho atrás de mim é Jesus, que não entrou, mas ficou parado junto com outros seguranças à distância.— Pelo menos, não poderão me apunhalar pelas costas — digo para mim mesma.— Sara? — aproxima-se de mim Amber com uma taça na mão — É você mesmo? E os diamantes? E o decote? Você estava em uma leitura da Bíblia ou o quê?O olhar indignado de cima a baixo que minha amiga me dá poderia ser engraçado em outro contexto, ela sim tem os diamantes e o decote. Também se aproximam de nós Ryan e Kit, seguindo o código de vestimenta branc
— Você está com febre? São seus olhos? Por que estão vermelhos nos cantos? — pergunta ela. Tiro sua mão da minha testa.— Por que vocês reagem assim? Sei reconhecer meus erros, ok? — eles desviam os olhos como dando a entender que não é assim — Estou aprendendo a fazer isso! E, agradeço se quando virem Loren sozinho me avisem para conversar com ele. Tudo bem?— Boa sorte com isso — comenta Kit — A noiva não o soltou a noite toda.Ele olha para onde estão os noivos, a imagem enterra ainda mais o espinho no meu peito. Nem sabia que uma dor figurativa era pior que uma física. Estão conversando com quem deve ser a coordenadora e com outros funcionários. Comentam algo que os faz se olharem e rirem, não sei o quê. Parecem o casal perfeito.— O primeiro do grupo que se casa. Lorenzinho, Lorenzinho — suspira Ryan.— Vocês não viram a barriga e o nariz da Emma? Não são de grávida? — comenta Amber como quem não quer nada.Ah perfeito. As lágrimas vão sair se eu não sair daqui agora.— Preciso ir
Estou agachada no chão ainda cobrindo minha cabeça, paralisada de medo, mas reúno coragem para ver que diabos aconteceu. Com a cabeça baixa posso perceber que estou rodeada por um mar de pedaços de vidro, também que um grande vaso havia caído ao chão se destruindo.Perco o equilíbrio por estar de cócoras com saltos, e coloco a mão para evitar cair. O problema é que toco o vidro quebrado, machucando minha mão.— Merda...— O que foi isso?! — ouço uma funcionária gritar — Venham rápido!Ela pede por ajuda, mas antes que chegue seu socorro, vem a mim minha própria ajuda pessoal. Jesus se surpreende ao me ver neste estado, encolhida no chão. Ele caminha por cima dos pedaços de vidro e me ajuda a levantar.— Você está bem? — pergunta.Como está me segurando pelas mãos, a que usei para me apoiar me incomoda. Faço um som de dor, que ele percebe, notando que tenho a mão machucada.— Minha mão dói... acho que estou bem no resto — respondo.— O que quebrou a janela? A senhora conseguiu ver? — qu
— Um tiro? Mas eu não escutei tiro nenhum...— Podem ter usado um silenciador. Viu o vaso quebrado atrás de você? Se eu procurasse uma cápsula de bala, poderia encontrá-la. Embora provavelmente já tenham recolhido e descartado.— Do que você está falando, Jesus? — tento rir para ver se é uma brincadeira e esse é o senso de humor dele. Ele não ri.— Vai dizer que não percebe. Você não é bem-vinda nesta casa.Meu rosto entristece. Isso eu já sabia. Nunca tinha sido. Por isso evitava vir até aqui. Mas de uma coisa à outra, há uma grande distância.— Isso não pode ter sido uma bala, por que tentariam me machucar?— Ninguém contrata um guarda-costas se acredita estar seguro. Você me comentou que não costuma ter guarda-costas sempre consigo apesar de ser quem é. Como explica isso?— Bem... veja... — hesito — Meu pai e meu tio acham que o projeto que estou desenvolvendo poderia me fazer ganhar vários inimigos. Mas contratei você mais pela tranquilidade deles do que pela minha. Ninguém vai se
Vou tão depressa sem olhar para frente que não percebo que vou colidir com alguém, e ops, esse alguém é... Loren. Nossos peitos se chocam, nós dois nos surpreendemos, embora ele seja o primeiro a recuar.— Olhe por onde anda — me adverte com grande seriedade e passa por mim.A tristeza no meu coração não pode ser maior, assim como a dor de cabeça que tenho. A vista está me doendo.— Vai acabar com isso assim? Sem me dar uma chance de falar...Loren consegue ouvir minhas palavras, ele para e se vira para me olhar.— Falar para quê? Para piorar?— Para tentar consertar... — encurto a distância entre nós — Tudo o que sinto por você é novo para mim. Por isso tenho medo, por isso não quero ir muito rápido. Sei que te magoei, e peço perdão por isso, minha intenção nunca foi te machucar. Mas... ainda acho que um passo tão grande não pode ser tomado de maneira leviana.Esvazio meu coração o melhor que posso, porém, minhas palavras não chegam ao dele, me olha com grande indiferença.— É muito t
Narrado por Lorenzo LewisEstamos caminhando de mãos dadas pela floresta, há tanta neblina que dificilmente conseguimos ver para onde vamos. Mal consigo ver minha mão segurando a de Sara, ela vai à minha frente.— Por que você gosta de nos meter em problemas? — pergunto parecendo uma criança.— Não quero nos meter em problemas, quero que vejamos as hortênsias. Você não me disse que gostava muito delas? — responde ela também soando como uma criança.— Quem dera eu não tivesse dito isso... — reclamo enquanto a neblina se dissipa.Posso ver que somos crianças novamente, que ela me puxa com mais força e me obriga a correr. Até chegarmos onde ela queria, às hortênsias. Sara está emocionada com o lugar onde chegamos, solta-se de mim e dá várias voltas sobre seus pés.— Não são lindassss? Por isso você gosta tanto delas! — exclama feliz — Qual é a sua cor favorita?Tudo o que vejo me agrada e me faz sorrir, as flores e ela. Sobretudo, ela. Me agacho perto de umas azuladas. Ela se inclina ao m
Surpreendentemente, eles terminam de assinar, meu advogado conversa sobre os últimos detalhes, eu lhes dou as palavras correspondentes, e pronto. Sara tinha dois edifícios e alguns terrenos; eu tinha dois edifícios, entre eles o maior e mais importante. Estávamos empatados, eu diria que estava ganhando, e nem a sombra de Sara Brown havia visto.Assim que me deixam sozinho, pego meu celular imediatamente e ligo para Amber.— Alô? Que tipo de milagre propicia que você esteja me ligando, Lorenzo? — atende ela.Como era evidente, eu não costumava ligar para Amber. Nem responder suas mensagens no mesmo dia em que me enviava.— Sara saiu do país? — pergunto de uma vez.Deve ter sido isso. Foi para alguma de suas viagens para se encontrar em algum destino exótico.— Não que eu saiba, por quê? — responde. Eu me inquieto.— Quão certa você está disso? Quando foi a última vez que falou com ela?— Ela teria postado algo em suas redes, não? De qualquer forma, são suposições minhas, faz um tempão q
Como Sara conseguiu o amado de Emma? Como o contratou? Mas principalmente...— Por que ele não aceitou voltar a trabalhar para você?Emma sente dor com a pergunta.— Ele disse que... não precisava que eu destruísse o pouco que havia conseguido construir comigo no exterior — os olhos dela se enchem de lágrimas, ela luta para que não seja assim — O que ele pôde construir trabalhando onde o encontrei? Não muito, mas claro, a oferta de trabalho de Sara ele aceitou.É engraçado como Emma passa do choro para o ciúme. Ainda assim, nasce outra dúvida em mim. Para que Sara precisa de um guarda-costas? Até onde me lembro, ela não gosta deles, os vê como babás. O que me faz considerar se esse é realmente o plano mestre de Sara. Ter Jesus sob suas ordens.Se foi um movimento deliberado, foi uma jogada de mestre.— Não estou envolvido nessa contratação, também não sei onde Sara está. Você não tem motivo para brigar comigo — suspiro e pego meu celular para verificar suas redes sociais.Não encontro