— Um tiro? Mas eu não escutei tiro nenhum...— Podem ter usado um silenciador. Viu o vaso quebrado atrás de você? Se eu procurasse uma cápsula de bala, poderia encontrá-la. Embora provavelmente já tenham recolhido e descartado.— Do que você está falando, Jesus? — tento rir para ver se é uma brincadeira e esse é o senso de humor dele. Ele não ri.— Vai dizer que não percebe. Você não é bem-vinda nesta casa.Meu rosto entristece. Isso eu já sabia. Nunca tinha sido. Por isso evitava vir até aqui. Mas de uma coisa à outra, há uma grande distância.— Isso não pode ter sido uma bala, por que tentariam me machucar?— Ninguém contrata um guarda-costas se acredita estar seguro. Você me comentou que não costuma ter guarda-costas sempre consigo apesar de ser quem é. Como explica isso?— Bem... veja... — hesito — Meu pai e meu tio acham que o projeto que estou desenvolvendo poderia me fazer ganhar vários inimigos. Mas contratei você mais pela tranquilidade deles do que pela minha. Ninguém vai se
Vou tão depressa sem olhar para frente que não percebo que vou colidir com alguém, e ops, esse alguém é... Loren. Nossos peitos se chocam, nós dois nos surpreendemos, embora ele seja o primeiro a recuar.— Olhe por onde anda — me adverte com grande seriedade e passa por mim.A tristeza no meu coração não pode ser maior, assim como a dor de cabeça que tenho. A vista está me doendo.— Vai acabar com isso assim? Sem me dar uma chance de falar...Loren consegue ouvir minhas palavras, ele para e se vira para me olhar.— Falar para quê? Para piorar?— Para tentar consertar... — encurto a distância entre nós — Tudo o que sinto por você é novo para mim. Por isso tenho medo, por isso não quero ir muito rápido. Sei que te magoei, e peço perdão por isso, minha intenção nunca foi te machucar. Mas... ainda acho que um passo tão grande não pode ser tomado de maneira leviana.Esvazio meu coração o melhor que posso, porém, minhas palavras não chegam ao dele, me olha com grande indiferença.— É muito t
Narrado por Lorenzo LewisEstamos caminhando de mãos dadas pela floresta, há tanta neblina que dificilmente conseguimos ver para onde vamos. Mal consigo ver minha mão segurando a de Sara, ela vai à minha frente.— Por que você gosta de nos meter em problemas? — pergunto parecendo uma criança.— Não quero nos meter em problemas, quero que vejamos as hortênsias. Você não me disse que gostava muito delas? — responde ela também soando como uma criança.— Quem dera eu não tivesse dito isso... — reclamo enquanto a neblina se dissipa.Posso ver que somos crianças novamente, que ela me puxa com mais força e me obriga a correr. Até chegarmos onde ela queria, às hortênsias. Sara está emocionada com o lugar onde chegamos, solta-se de mim e dá várias voltas sobre seus pés.— Não são lindassss? Por isso você gosta tanto delas! — exclama feliz — Qual é a sua cor favorita?Tudo o que vejo me agrada e me faz sorrir, as flores e ela. Sobretudo, ela. Me agacho perto de umas azuladas. Ela se inclina ao m
Surpreendentemente, eles terminam de assinar, meu advogado conversa sobre os últimos detalhes, eu lhes dou as palavras correspondentes, e pronto. Sara tinha dois edifícios e alguns terrenos; eu tinha dois edifícios, entre eles o maior e mais importante. Estávamos empatados, eu diria que estava ganhando, e nem a sombra de Sara Brown havia visto.Assim que me deixam sozinho, pego meu celular imediatamente e ligo para Amber.— Alô? Que tipo de milagre propicia que você esteja me ligando, Lorenzo? — atende ela.Como era evidente, eu não costumava ligar para Amber. Nem responder suas mensagens no mesmo dia em que me enviava.— Sara saiu do país? — pergunto de uma vez.Deve ter sido isso. Foi para alguma de suas viagens para se encontrar em algum destino exótico.— Não que eu saiba, por quê? — responde. Eu me inquieto.— Quão certa você está disso? Quando foi a última vez que falou com ela?— Ela teria postado algo em suas redes, não? De qualquer forma, são suposições minhas, faz um tempão q
Como Sara conseguiu o amado de Emma? Como o contratou? Mas principalmente...— Por que ele não aceitou voltar a trabalhar para você?Emma sente dor com a pergunta.— Ele disse que... não precisava que eu destruísse o pouco que havia conseguido construir comigo no exterior — os olhos dela se enchem de lágrimas, ela luta para que não seja assim — O que ele pôde construir trabalhando onde o encontrei? Não muito, mas claro, a oferta de trabalho de Sara ele aceitou.É engraçado como Emma passa do choro para o ciúme. Ainda assim, nasce outra dúvida em mim. Para que Sara precisa de um guarda-costas? Até onde me lembro, ela não gosta deles, os vê como babás. O que me faz considerar se esse é realmente o plano mestre de Sara. Ter Jesus sob suas ordens.Se foi um movimento deliberado, foi uma jogada de mestre.— Não estou envolvido nessa contratação, também não sei onde Sara está. Você não tem motivo para brigar comigo — suspiro e pego meu celular para verificar suas redes sociais.Não encontro
Narrado por Lorenzo LewisUm repouso médico de um mês, seja lá o que tenha acontecido com Sara, não foi algo inofensivo. Enquanto dirijo para seu apartamento com o coração na boca, minha mente não consegue parar de dar voltas em nosso último encontro. Nos olhos irritados dela e na bandagem em sua mão, ignorei ambas as coisas devido ao nervosismo que me acompanhou durante toda aquela noite, pela minha própria necessidade de me proteger dos meus sentimentos por ela.Como pude tratá-la daquela maneira? Ela estava doente ou se machucou na festa? Não sei nada sobre isso, o que sei é que, se algo ruim acontecer com Sara, eu... morro.Perdido na minha própria desesperação, entro no prédio dela e chego à porta de seu apartamento. Toco a campainha mas ninguém atende. Toco uma, duas, três vezes, não recebo nenhuma resposta.Por que ela está em seu apartamento em vez da casa de seus pais? Está sozinha? Em que condição está? Por que Louis disse que as operações não lhe caíram bem? Em minha cabeça
Hoje era uma dessas oportunidades. Levo-a para a cozinha, sentando-a na mesa de jantar. Ao me afastar dela, procuro na geladeira e na despensa, verifico que todos os ingredientes estão lá e começo a prepará-los. Me esmero em fazê-los, e também em lavar a louça suja que estava ali.Os minutos na cozinha passam muito mais rápido do que os no quarto dela. Termino de dar os últimos toques, monto o hambúrguer com o extra de picles e bacon, para depois colocá-lo na mesa para Sara.Ela mexe o nariz e tateia o pão para pegá-lo.— Obri... obrigada... — diz envergonhada, meu coração se parte ao ouvi-la e vê-la assim.Ela consegue pegar e dar uma mordida. Uma em que mastiga lentamente, fico esperando sua resposta, se gosta, se não gosta.— Mmmmmm. Mjm, mjm — murmura — está bom. Me traz água?Vou servir água para ela, trago e me sento ao seu lado. Depois de algumas mordidas, Sara deixa o hambúrguer de lado. Limpa as mãos.— Você também está comendo?... — pergunta.Não respondo. O rosto de Sara ent
E se for mais que fanfarronice da parte dela? E quanto aos Bianchi? Também não é conveniente para eles que este casamento não aconteça. Ainda assim... mexer com Sara é ir longe demais. Ela é uma Brown. Eles não se atreveriam, não é?— Você também está duvidando? — ouço-a suspirar — Mais um motivo para permanecer tranquila na segurança da minha casa enquanto me recupero.— Por que você está sozinha no seu apartamento? Não seria melhor estar na casa dos seus pais?— Estive lá até a semana passada, mas me cansei de ficar trancada no segundo andar da casa deles. Aqui tenho tudo em um só piso e, tirando minha inutilidade procurando séries no N*****x, sou eficiente em me movimentar por aqui — explica ela tentando soar animada. Não consegue.— Sim... — digo olhando-a melancolicamente.— Sim... — ela responde da mesma maneira.— Você aceitaria minhas desculpas se eu dissesse que... fui um idiota ao falar com você daquele jeito com seus olhos nessa condição? — falo envergonhado.— Poderia aceit