A estrada à frente serpenteava pelas montanhas, e eu mantinha meus olhos fixos no caminho, mas o silêncio no carro dizia tudo. Elena estava ao meu lado, sua cabeça ligeiramente inclinada contra a janela, os olhos atentos ao cenário lá fora. O clima era perfeito para o que queríamos: tranquilidade, um refúgio longe de tudo e todos.Era surreal pensar que, depois de tudo o que passamos, finalmente tínhamos esse momento só para nós. Eu havia planejado a viagem com todo o cuidado, queria que ela tivesse a paz que merecia. Sabia que o que tínhamos, eu e ela, não poderia ser resolvido com simples palavras, mas com gestos. E aquele lugar, nas montanhas, era o que precisávamos.Ela soltou um suspiro baixo, e foi quando não pude mais ignorar o que estava em sua mente. "Eu sei que está tudo certo com Melissa, mas... uma mãe sempre fica preocupada", ela disse com um tom suave, quase hesitante.Eu a olhei rapidamente, minha mão tocando a dela no banco do carro. "Melissa está em boas mãos. Minha i
ElenaOs habilidosos dedos de Mason brincam escorregando pela minha barriga enquanto eu o encaro. Era bom ser amada. Sem dúvidas. Sem medos.Nossos olhos se encontram, e eu consigo ver o oceano neles, Mason é lindo. Másculo. E eu mal podia acreditar que ele era completamente meu.Sua testa encosta delicadamente na minha, e eu sinto o seu cheiro. É engraçado o quanto nós lobos somos atraídos pelo cheiro um do outro.No início, quando eu ainda era totalmente humana, isso não importava. Sua língua encosta na minha com suavidade, as mãos de Mason agarram meu cabelo, e eu cedo aquele desejo. Minhas mãos sobem por seu peito até sua nuca, puxando-o para mais perto. Eu cedo, como sempre cedo a ele, porque com Mason não existe medo, só entrega.Do teto de vidro da cabana, vejo o céu escuro salpicado de estrelas. Era ali que eu estava — entre o céu e ele.Eu nunca imaginei que paz tivesse cheiro, gosto ou toque. Mas agora eu sabia. A paz tinha o cheiro de Mason. O gosto do seu beijo. E o t
Ir embora daquela cabana me deixava estranhamente triste.Eu e Mason precisávamos daquele tempo a sós. Foi intenso, foi simples, foi nosso. Agora, com as malas no carro e o sol começando a nascer por trás das montanhas, eu observava minha mão e a aliança reluzindo discretamente sob a luz. Oficialmente casados. Por nossa escolha. Por amor.Mason fechou o porta-malas e entrou no carro, inclinando-se para depositar um beijo demorado no meu rosto antes de dar partida."Não estou acostumada a viver assim." murmurei, encarando meu reflexo no retrovisor enquanto ajeitava uma mecha de cabelo. "Helicóptero, jatinhos particulares… Tudo isso."Ele desviou um segundo o olhar para mim, com aquele meio sorriso de sempre."Acostume-se Evans." respondeu. "Tudo que é meu, é seu."Suspirei, mas um sorriso pequeno escapou."Você sabe que ser chamada de Evans me irrita, e continua fazendo.""Justamente, você fica linda irritada." Eu ainda me sentia deslocada naquele mundo, mas com ele… tudo parecia ter
Elena Evans O voo de volta para Brașov foi silencioso. Mason manteve minha mão entrelaçada à dele o tempo inteiro. O ataque em Nova York não tinha sido apenas uma emboscada — foi um aviso de que não tínhamos paz. Não havia mais espaço para despedidas ou para fechar ciclos. O passado tinha ficado para trás. Agora, o perigo nos rondava de perto.Quando aterrissamos, Atlas já nos esperava na pista, com a postura tensa e os olhos atentos."Vocês precisam ir direto para casa." ele avisou, assim que descemos. "Gabriel está lá. Descobriu quem eram aqueles homens."Meu peito se apertou. Eu já sabia o que viria.O caminho até a propriedade foi curto e silencioso. A cidade parecia diferente, como se o ar estivesse pesado demais, carregado de algo invisível.Assim que entramos, Gabriel nos aguardava na sala, braços cruzados, expressão dura."Bem-vindos de volta Alfa e Luna." ele disse, sem rodeios. "Recebemos confirmação. Os homens que atacaram vocês não eram apenas criminosos. Eram seguidores
Nunca imaginei que me despedir dessa cidade seria tão difícil.Enquanto dobrava as últimas roupas, sentia o peso do silêncio entre aquelas quatro paredes. Cada canto daquele quarto carregava memórias que jamais se repetiriam. Madeleine me ajudava a empacotar os livros e objetos que resistiram ao caos dos últimos meses."Eu e Atlas vamos para lá depois. Não vou aguentar ficar longe de você," ela disse, com um sorriso suave, tentando parecer forte.Olhei para ela e suspirei. "Eu também não. Mas vamos construir uma nova vida... Uma nova alcateia no Colorado."Assim que as caixas estavam fechadas e o sol começava a cair no horizonte, senti que ainda havia algo que eu precisava fazer antes de ir embora daqui.Sem avisar ninguém, deixei a casa e caminhei até a floresta. Eu me lembrava de tudo que passei até aqui. Foram tantas coisas. Os sussurros das árvores, os passos na terra, o vento que me tocava como se estivesse dizendo adeus. Cada folha caindo ao chão parecia contar uma história, uma
Mason Blake.Eu sabia que tudo isso ia doer. Me despedir da cidade em que cresci, em que aprendi a ser Alfa. As ruas, as árvores, até os silêncios daquela cidade carregavam lembranças demais.Mas, às vezes, despedidas são necessárias. Para recomeços, para construir algo novo… para ter paz.Quando o avião pousou no Colorado, senti aquele peso no peito aliviar, como se o próprio ar daqui fosse diferente. Mais leve, mais limpo. Era um novo começo, e eu e Elena precisávamos disso.Dirigi o carro alugado com uma mão no volante e a outra segurando a mão de Elena. Melissa dormia tranquila na cadeirinha atrás, e a estrada se estendia à nossa frente, cercada por pinheiros altos e montanhas cobertas de neve ao longe. O céu estava tingido de um azul intenso, quase sem nuvens, e a brisa que vinha pelas janelas era fria, mas revigorante.Quando finalmente estacionei diante da nossa nova casa, Elena soltou um suspiro longo e silencioso. Estávamos cansados.A casa era tudo que eu tinha prometido a e
ElenaSe alguém me dissesse, há um ano, que eu estaria morando em uma cidadezinha no Colorado, com montanhas ao redor, vizinhos gentis e silêncio suficiente para ouvir meus próprios pensamentos, eu teria rido. Ou talvez chorado de felicidade.O céu do Colorado tinha um tom diferente. Mais claro, mais aberto, como se não existisse nenhuma nuvem. Do jardim da minha casa, eu conseguia ver a floresta. A visão daqui é linda. Nada além de uma enorme floresta fechada e arbustos. Eu estava trabalhando assiduamente no meu livro,enquanto eu estava ocupada, a babá cuidava de Melissa para mim. O livro estava quase pronto para ser publicado. Eu tinha incertezas sobre o mesmo. Será que a minha história era interessante? Bom, eu só saberia se tentasse.Alguns meses se passaram desde que chegamos aqui. Exatos seis meses. Aqui era mais caloroso. Era de manhã, e os pássaros cantavam assiduamente. Era difícil desacelerar, no começo. Depois de tudo o que enfrentamos, depois de um ano inteiro fugind
Mason Blake.Olho fixamente para a lista, a minha frente, eu estava cuidando do hotel de Brasov, e, ao mesmo tempo da nova matilha.Minha cabeça estava explodindo. A maioria dos lobos que veio para cá, eram os meus de confiança, tínhamos arrumado um ótimo espaço para fazer a nossa alcateia de volta.E cá entre nós eu sentia mais paz do que nunca.Eu suspirei esfregando a têmpora ao ver um dos Alfas de outra matilha se aproximar."Mason."ele dá um pequeno tapa nas minhas costas.""Josh." vociferar seu nome." Não sabia que viria nos visitar.""As notícias correm rápido. E eu soube que você se instalou aqui no Colorado e vim prestigiar.""Prestigiar?" Uma das minhas sobrancelhas se arqueou. Eu sabia que Josh tinha uma fama. Uma bela fama, de querer acordos para fortalecer a sua matilha.Não que eu não gostasse de sua pessoa, mas não estava aberto a acordos agora."Você tem dois filhos, não é?"Meus olhos endureceram. O que ele queria com meus filhos?"Um está prestes a nascer. Mas seja