O trabalho não para. Cada hora que passa, os dois ficam mais concentrados no que fazem e apenas beliscam o jantar. Além de imprimir as cópias, precisam organizá-las nas pastas corretas. Quando o relógio marca quatro e meia da manhã, finalmente concluem tudo. Os dois estão exaustos. — O julgamento começa às nove, então é melhor dormirmos um pouco — Victor diz, tirando o roupão e revelando sua cueca box branca. Em seguida, se deita na cama. Marina fica estática diante daquela cena.Ele é o homem mais lindo e perfeito que já viu na vida, mas jamais admitiria isso em voz alta.— Vem! — ele a chama, vendo-a paralisada ali, à sua frente.— Não tem outro lugar para eu dormir? — ela questiona, sentindo o nervosismo começar a crescer.— Não se preocupe, não tocarei em você. Precisamos estar acordados antes das oito.— Mesmo assim, não me sinto à vontade — insiste.— Sei o que está pensando, loirinha, mas acredite, a pessoa menos à vontade aqui sou eu. Dormir com uma mulher pela primeira vez e
Ao acordar pela manhã, Marina sente o peso dos braços de Victor em volta do seu corpo. Rapidamente, seu coração começa a bater descompassado ao entender, mais uma vez, a situação em que estava. Durante a noite, Victor não se afastou dela nem por um momento, mas ele cumpriu sua promessa: a única coisa que fizeram naquela cama foi dormir. No entanto, o calor do corpo dele, tão próximo, e o conforto da segurança que ele parecia transmitir ainda a deixavam nervosa.Lentamente, tentando não fazer barulho, Marina tira o braço dele de cima de seu corpo, cuidando para que ele não acordasse. Com cuidado, ela se levanta da cama, pegando seu celular que estava sobre a mesa de cabeceira.Antes de entrar no banheiro, ela lança um último olhar para Victor, que permanece na cama, dormindo profundamente. Seus traços relaxados contrastavam com a seriedade que ele sempre demonstrava quando acordado.“Meu Deus, eu dormi com um homem… literalmente”, pensa, um tanto chocada com a situação.Já no banheiro,
Ainda sem saber o que responder à mãe, Marina continua em silêncio, sentindo que qualquer palavra que saia de sua boca seria trêmula e denunciaria o nervosismo que a domina. Seu coração bate forte, o desconforto da situação é evidente. O silêncio entre ela e sua mãe na chamada de vídeo fica cada vez mais pesado, até que Daniela, do outro lado, perde a paciência.— Marina, diga logo o que está acontecendo! — A voz de Daniela é firme e alterada, transbordando preocupação. — Você está no mesmo quarto que o seu chefe? Ou pior, você e ele estão dormindo juntos?— Não, mãe, não é isso — responde rapidamente, com a voz reprimida, tentando controlar o nervosismo. — Não é o que a senhora está pensando, tudo bem? Acredita em mim, é uma longa história, mas juro que não é nada do que está imaginando — explica, agora com a voz ainda mais trêmula.Daniela, claramente insatisfeita com a explicação, solta um suspiro irritado.— Nem queira saber o que estou pensando, Dona Marina!Marina tenta manter a
O terceiro dia de julgamento chega, e o clima já está tenso antes mesmo de Marina e Victor saírem do hotel. Eles caminham lado a lado até o carro, trocando poucas palavras, ambos absorvidos em seus próprios pensamentos. O ar ao redor parece denso, carregado de expectativas e preocupações. A cidade começa a despertar, com a luz suave do sol filtrando-se pelas ruas do Rio de Janeiro.Ao entrarem no carro, Victor se concentra no julgamento que os espera, enquanto Marina se perde em pensamentos sobre sua vida pessoal, que se tornou uma verdadeira bagunça nos últimos dias.Ao chegarem ao tribunal, o movimento de jornalistas e curiosos à porta já é frenético. Câmeras se voltam na direção do carro, microfones são erguidos e uma multidão de repórteres tenta capturar qualquer informação. Victor, em sua habitual postura firme e confiante, não parece abalado pela atenção. Marina, por outro lado, respira fundo, ajustando o blazer em um gesto nervoso. Apesar de estar ao lado de um dos advogados ma
Quando Marina chega ao hotel, já é noite. Seu corpo está tenso, e tudo ao seu redor parece mais complicado do que antes. No celular, há algumas mensagens de sua mãe, pedindo que ligue assim que ficasse desocupada. Embora quisesse resolver o mal-entendido, ela não sabia o que dizer. Por mais que, em algumas situações, não confiasse completamente em Victor, no fundo, ela esperava que ele pudesse ajudá-la a sair desse problema.Depois de um longo suspiro, decide tomar um banho para tentar relaxar. A água quente escorre sobre sua pele, mas não consegue lavar o nervosismo que toma conta de sua mente. Ao sair, sentindo-se um pouco mais leve, ela pede o jantar, mas acaba comendo sozinha.A ausência de Victor é estranha, e ela imagina que ele esteja comemorando a vitória do caso com Raul. As horas passam, e a pressão das mensagens de sua mãe só aumenta. Sem conseguir ignorar, ela decide que não pode esperar mais.Sentada aos pés da cama, Marina pega o celular, pronta para ligar para a mãe. No
Ouvir as palavras de sua mãe faz Marina se sentir desconfortável, um misto de tristeza e revolta começa a invadi-la. Seu corpo fica tenso, enquanto a voz de Daniela ecoa, trazendo sentimentos de insegurança que não sabia ter até ali.— Mãe, por favor, você sabe o quanto isso me deixa ofendida? — pergunta Marina, sentindo a sua voz trêmula. Ela estava magoada por dentro.— Sim, eu sei, Mari, mas eu só estou sendo sincera com você. Eu me assustei com o que vi e pensei que vocês dois estavam… — Daniela hesita, claramente com medo de colocar seus pensamentos em palavras. — Você sabe, vocês dois… juntos.Marina olha para a vista que tem do quarto, de uma pequena varanda, tentando conter as emoções que a dominam. Sua cabeça está a mil, e ela não sabe como lidar com a situação. A acusação implícita da mãe a machuca profundamente.— Mãe, por favor, você sabe que eu nunca fiz nada assim na minha vida! Acha mesmo que eu entregaria a minha primeira vez para alguém que eu não amo? Pelo amor de De
Marina suspira, ainda sem saber se ri da situação ou se se sente intimidada pelo gesto extravagante. Mas, no fundo, ela sabe que não é só sobre o sapato. O presente representa muito mais do que isso: é um reconhecimento, um gesto de gratidão que, vindo de Victor, é algo raro.— Bem, se for por isso, eu aceito e agradeço mesmo por ter a atenção de comprá-los para mim — declara, deixando um leve sorriso brotar, tentando esconder o misto de emoções que sente.— Parece que combinam com você — diz ele, satisfeito ao ver o brilho nos olhos dela. — Elegantes, fortes… e irresistíveis…Marina engole em seco, sem saber como reagir às palavras de Victor. Ele se aproxima, deixando o espaço entre eles decrescente, e, de repente, fica de joelhos diante dela.Aquela cena a deixa completamente desconcertada. Ver Victor Ferraz, um homem sempre tão dominador e seguro, de joelhos à sua frente, é algo que ela nunca imaginou presenciar. Ele pega os sapatos e, sem dizer mais nada, calça os pés dela com uma
Victor observa Rebecca caminhar pelo quarto com uma familiaridade que o incomoda. Ela se movimenta como se o espaço fosse seu, sem a menor preocupação em mascarar a atitude de alguém que se sente no controle.Ele permanece em silêncio por alguns instantes, recostado na parede ao lado da porta, seus braços estão cruzados e seus olhos estão fixos na direção da saída por onde Marina havia passado rapidamente, claramente abalada. Uma irritação crescente começa a tomar conta dele, mas não pelo motivo que gostaria de admitir para si.Rebecca, com o vestido vermelho colado ao corpo, anda lentamente pelo quarto, como se estivesse estudando cada detalhe. Seus saltos ecoam pelo chão, um som que normalmente seria sedutor, mas que, naquele momento, faz os nervos de Victor se apertarem ainda mais.— Eu não sabia que você dava presentes para mulheres, Victor — ela comenta com desdém, ao ver a caixa recém-aberta com o nome “Christian Louboutin”. Ela levanta uma das sobrancelhas, claramente intrigada