Quando Marina chega ao hotel, já é noite. Seu corpo está tenso, e tudo ao seu redor parece mais complicado do que antes. No celular, há algumas mensagens de sua mãe, pedindo que ligue assim que ficasse desocupada. Embora quisesse resolver o mal-entendido, ela não sabia o que dizer. Por mais que, em algumas situações, não confiasse completamente em Victor, no fundo, ela esperava que ele pudesse ajudá-la a sair desse problema.Depois de um longo suspiro, decide tomar um banho para tentar relaxar. A água quente escorre sobre sua pele, mas não consegue lavar o nervosismo que toma conta de sua mente. Ao sair, sentindo-se um pouco mais leve, ela pede o jantar, mas acaba comendo sozinha.A ausência de Victor é estranha, e ela imagina que ele esteja comemorando a vitória do caso com Raul. As horas passam, e a pressão das mensagens de sua mãe só aumenta. Sem conseguir ignorar, ela decide que não pode esperar mais.Sentada aos pés da cama, Marina pega o celular, pronta para ligar para a mãe. No
Ouvir as palavras de sua mãe faz Marina se sentir desconfortável, um misto de tristeza e revolta começa a invadi-la. Seu corpo fica tenso, enquanto a voz de Daniela ecoa, trazendo sentimentos de insegurança que não sabia ter até ali.— Mãe, por favor, você sabe o quanto isso me deixa ofendida? — pergunta Marina, sentindo a sua voz trêmula. Ela estava magoada por dentro.— Sim, eu sei, Mari, mas eu só estou sendo sincera com você. Eu me assustei com o que vi e pensei que vocês dois estavam… — Daniela hesita, claramente com medo de colocar seus pensamentos em palavras. — Você sabe, vocês dois… juntos.Marina olha para a vista que tem do quarto, de uma pequena varanda, tentando conter as emoções que a dominam. Sua cabeça está a mil, e ela não sabe como lidar com a situação. A acusação implícita da mãe a machuca profundamente.— Mãe, por favor, você sabe que eu nunca fiz nada assim na minha vida! Acha mesmo que eu entregaria a minha primeira vez para alguém que eu não amo? Pelo amor de De
Marina suspira, ainda sem saber se ri da situação ou se se sente intimidada pelo gesto extravagante. Mas, no fundo, ela sabe que não é só sobre o sapato. O presente representa muito mais do que isso: é um reconhecimento, um gesto de gratidão que, vindo de Victor, é algo raro.— Bem, se for por isso, eu aceito e agradeço mesmo por ter a atenção de comprá-los para mim — declara, deixando um leve sorriso brotar, tentando esconder o misto de emoções que sente.— Parece que combinam com você — diz ele, satisfeito ao ver o brilho nos olhos dela. — Elegantes, fortes… e irresistíveis…Marina engole em seco, sem saber como reagir às palavras de Victor. Ele se aproxima, deixando o espaço entre eles decrescente, e, de repente, fica de joelhos diante dela.Aquela cena a deixa completamente desconcertada. Ver Victor Ferraz, um homem sempre tão dominador e seguro, de joelhos à sua frente, é algo que ela nunca imaginou presenciar. Ele pega os sapatos e, sem dizer mais nada, calça os pés dela com uma
Victor observa Rebecca caminhar pelo quarto com uma familiaridade que o incomoda. Ela se movimenta como se o espaço fosse seu, sem a menor preocupação em mascarar a atitude de alguém que se sente no controle.Ele permanece em silêncio por alguns instantes, recostado na parede ao lado da porta, seus braços estão cruzados e seus olhos estão fixos na direção da saída por onde Marina havia passado rapidamente, claramente abalada. Uma irritação crescente começa a tomar conta dele, mas não pelo motivo que gostaria de admitir para si.Rebecca, com o vestido vermelho colado ao corpo, anda lentamente pelo quarto, como se estivesse estudando cada detalhe. Seus saltos ecoam pelo chão, um som que normalmente seria sedutor, mas que, naquele momento, faz os nervos de Victor se apertarem ainda mais.— Eu não sabia que você dava presentes para mulheres, Victor — ela comenta com desdém, ao ver a caixa recém-aberta com o nome “Christian Louboutin”. Ela levanta uma das sobrancelhas, claramente intrigada
Victor percorre os corredores do hotel com passos rápidos e firmes, sentindo o desconforto crescente em seu peito ao perceber que Marina estava demorando muito para voltar ao quarto.O desconforto se transforma em um leve nervosismo, algo que ele raramente sente. Ele passa pelos elegantes e silenciosos corredores, com suas mãos nos bolsos da calça, enquanto seus olhos escaneiam o local à procura de qualquer sinal dela.Conforme desce até o lobby, começa a perguntar aos funcionários que encontra pelo caminho se viram Marina. A descrição dela — jovem, loira, bonita, usando sapatos Louboutin — faz com que todos logo a reconheçam. Após ser questionado, um dos atendentes apontou para a área da piscina e disse que a viu passar por ali há algum tempo.Victor segue para a área da piscina, suas emoções estão num turbilhão dentro de si. Ele não sabe ao certo o que o incomoda mais: o fato de Marina ter saído abruptamente ou o desconforto que sentiu quando Rebecca invadiu seu espaço sem permissão
Quando Marina abre os olhos, a luz suave do amanhecer já começa a penetrar pelas cortinas do quarto. O primeiro som que ela escuta é o leve ressoar da respiração de Victor ao seu lado, mas, ao virar a cabeça para observá-lo, percebe que ele está deitado a uma boa distância. Isso a faz suspirar de alívio. O alívio, porém, é mais uma defesa emocional do que qualquer outra coisa. Ela não quer mais aquele tipo de proximidade que, nos últimos dias, havia começado a se formar entre eles.Marina se levanta lentamente, com cuidado para não acordá-lo. Ela caminha até o banheiro, faz sua higiene matinal e se encara no espelho por um momento mais longo do que o habitual. Seu rosto está cansado, reflexo das noites mal dormidas e das emoções turbulentas dos últimos dias. Mas, por trás desse cansaço, algo novo se insinua: uma decisão. Não vai mais se deixar levar por aquela montanha-russa emocional.Ao terminar, decide que tomar o café da manhã no quarto, ao lado de Victor, seria insuportável. Por
No dia seguinte, Marina e Victor voltam ao apartamento em que estavam hospedados no Rio de Janeiro. O clima entre eles está visivelmente frio e distante, bem diferente do início da viagem. As trocas de olhares, as conversas penetrantes e até os momentos de estresse que anteriormente carregavam uma faísca de algo mais, agora são apenas ecos distantes de um relacionamento profissional, com barreiras claramente definidas.Os próximos três dias que passam no Rio são monótonos e repletos de formalidades. Marina se ocupa com as tarefas rotineiras, revisando documentos e finalizando relatórios pendentes. Victor, por sua vez, mergulha em reuniões e encontros relacionados ao caso.Cada vez que se cruzam no apartamento, trocam poucas palavras, e o que antes era uma tensão mal contida agora se transforma em uma indiferença mútua. Ambos mantêm a fachada de profissionais dedicados, e o que quer que tenha existido entre eles parece ter ficado enterrado nos dias de trabalho intenso. No terceiro dia,
Marina está à mesa da cozinha, distraída com seus pensamentos, quando ouve passos se aproximando. Ela levanta o olhar e vê Sávio entrando no cômodo. Ele parece diferente. Embora o mesmo sorriso amigável de sempre esteja presente, há algo em seu semblante que o torna mais maduro e sério do que da última vez que o viu.— Oi, Mari — diz ele, com a voz mais profunda e firme, enquanto seus olhos a observam com um misto de curiosidade e apreensão.— Sávio? Que surpresa — responde, sem entender o motivo de sua visita tão repentina. Uma parte dela se sente nervosa, mas, ao mesmo tempo, confortada por vê-lo.— Seu pai me disse que você havia chegado, e eu não resisti. Precisava te ver — confessa, com um olhar que transmite mais do que suas palavras revelam.Daniela, que observa ambos conversando, sorri ao ver o rapaz ali. Ela sabe o quanto Sávio gosta de sua filha e torce para que Marina finalmente lhe dê uma chance. Com ele por perto, se sentiria mais tranquila, especialmente depois dos dias