É eita atrás de eita…
As palavras dela congelam Xavier por um instante. Seus movimentos param e ele a encara, como se tentasse entender o que acabou de ouvir. A respiração pesada e o olhar injetado de raiva começam lentamente a mudar, enquanto o significado daquelas palavras parece finalmente atingi-lo.— O que acabou de dizer? — ele pergunta, deixando a incredulidade tomar conta de sua expressão. Xavier dá um passo para trás, ainda ofegante, como se suas próprias ações o atingissem de repente.Andressa, caída no chão, segura a barriga com as mãos trêmulas, tentando proteger o que resta de si mesma. Ela solta um gemido fraco, misturado ao choro, enquanto tenta respirar.— Estou grávida, Xavier — sussurra com a voz falhando. — E você… você acabou de machucar o nosso filho.Os olhos de Xavier se arregalam por um momento, como se uma nova onda de realidade o atingisse. Ele olha para as mãos, depois para Andressa, e uma mistura de raiva, choque e confusão toma conta de seu rosto.— Grávida? — repete, com uma ri
Enquanto corre com passos firmes atrás de Andressa, Xavier a vê desfalecer e rolar escada abaixo. Ele para por um momento, observando o corpo dela cair desajeitadamente até o próximo patamar da escada. Quando se aproxima, nota que ela está desacordada. O sangue que escorre de seus ferimentos mancha as roupas e o chão ao redor, deixando-a quase irreconhecível. A mulher que está diante dele agora parece muito distante daquela jovem falante e encantadora que ele conheceu.Xavier sempre teve um fraco por mulheres de personalidade forte, mas Andressa era diferente. Desde o momento em que a conheceu, foi impossível ignorá-la. Ela era falante, cheia de vida e tinha o raro talento de capturar a atenção de todos ao seu redor. Sua voz melodiosa, sempre carregada de entusiasmo, era um convite à conversa, e seus comentários espirituosos faziam-no rir de um jeito que ele nem lembrava ser possível.No início, ele tentou resistir. Sabia que ela era muito mais jovem e que se envolver com ela traria co
O sangue escorrendo pelos ferimentos, o rosto pálido e a figura vibrante que ele conhecia agora estavam reduzidos a um corpo fragilizado.— Andressa… — ele murmura, quase inaudível, sentindo o coração apertar, enquanto se aproxima com o coração acelerado.— Doutor, precisamos agir agora! — diz uma enfermeira, puxando-o de volta para a realidade.Leonel balança a cabeça, afastando o choque inicial. Sua mente de médico entra em ação, mas o aperto em seu peito permanece. Ele sabe que não pode deixar as emoções tomarem conta, não naquele momento. Com passos decididos, aproxima-se da maca, dando ordens para a equipe.— Conectem-na ao monitor cardíaco! Hemoglobina e pressão arterial imediatamente. Vamos para a sala de emergência dois. Preparem transfusão de sangue, ela perdeu muito! — diz ele, com a voz firme, mas o olhar ainda estava cheio de preocupação.Enquanto corre ao lado da maca, ajudando a conduzir Andressa para o atendimento, a mente de Leonel é invadida por um misto de raiva, medo
Após ver Xavier sair da casa, Victor volta para a sala, onde Marina, Rodrigo e Valentina estão reunidos. O silêncio no ambiente é pesado, como se o ar estivesse carregado com as palavras não ditas e os olhares furtivos. Victor se aproxima lentamente, observando cada um deles. Marina, que mesmo pareça estar com os olhos cansados, revela o quanto se sente mais leve após lançar toda a verdade diante de todos os presentes ali.Rodrigo parece mais contido, mas é claro que está preocupado. Já Valentina, de cabeça baixa, evita qualquer contato visual, sua expressão reflete o peso do arrependimento pelas palavras ditas antes para Marina.Victor se senta no sofá ao lado de Marina, cruzando os braços.— Então… parece que as coisas tomaram um rumo que ninguém esperava — diz ele, com a voz calma.Marina ergue o olhar para ele, admirada pela calma que ele aparenta estar sentindo, porém, mantém o silêncio.Observando a cunhada de cabeça baixa, Victor não deixe de alfinetá-la.— Valentina — começa, s
Rodrigo e Victor entram em seus carros acompanhados de suas namoradas, cada um decidido a procurar Joana em lugares diferentes, visando descobrir onde ela pode estar. No carro com Victor, Marina permanece em silêncio, mas é evidente que está inquieta. Ela olha pela janela, tentando esconder o nervosismo, mas Victor percebe as mãos dela levemente tremendo enquanto repousam sobre o colo.— Não acho justo você ficar assim — comenta Victor, lançando um breve olhar para ela enquanto mantém a atenção na estrada.Marina hesita por um momento antes de responder, sua voz baixa está cheia de preocupação.— Sei que parece contraditório, mas eu já vi como o seu pai reage quando está com raiva… e tenho muito medo do que ele possa fazer com Andressa.Victor suspira, apertando levemente o volante, num tom carregado de frieza, responde:— Se acontecer algo, foi ela mesma quem procurou. Por acaso ela achava que se envolver com um homem casado seria um conto de fadas para sempre?A frieza de Victor surp
Já é madrugada quando Victor estaciona o carro em frente ao Cemitério Jardim da Eternidade, um lugar reservado exclusivamente para sepulturas de pessoas da alta sociedade. A entrada imponente, com portões de ferro ornamentados e uma fachada de mármore iluminada por luzes discretas, exala um ar de exclusividade e sobriedade.Victor desliga o motor e, com um gesto firme, indica para Marina que desça do carro. Ela hesita por um instante, mas obedece, saindo para o ar frio da madrugada.— Vamos — diz ele, sem muita cerimônia, caminhando na direção do portão principal.Marina o segue, envolvendo os braços ao redor do corpo em busca de algum conforto contra a brisa gélida que atravessa o local. O caminho que percorrem, pavimentado com pedras antigas e contornado por ciprestes altos, é pouco iluminado, criando sombras inquietantes que parecem se mover com o vento.Marina sente um arrepio percorrer sua espinha, uma sensação incômoda que a faz olhar ao redor, quase esperando ver algo que não de
O tom cortante e cheio de desprezo na pergunta de Joana surpreende a todos, de modo que ninguém sabe exatamente como reagir. O silêncio que se instala só amplifica o impacto das palavras dela. — Perguntei o que essa imprestável está fazendo aqui? — Joana repete, desta vez com a voz mais alta e irritada, enquanto lança um olhar gélido e cheio de desprezo para Marina. Marina, por sua vez, fica imóvel. Seus olhos arregalados revelam tanto o choque quanto a dor que sente ao ser tratada daquela forma, mas ela se esforça para não demonstrar fraqueza. Victor, ao lado da mãe, ergue uma mão em um gesto de advertência. — Mãe, chega! — diz ele, num tom firme, mas controlado. — Não tem necessidade de tratar a Marina assim. Joana se vira para ele, com o rosto ainda marcado pelas lágrimas, mas agora tomado por indignação. — Não tem necessidade? — retruca, apontando para Marina com um gesto brusco. — Depois de tudo o que essa… essa mulher representa, você ainda tem coragem de defendê-la? Marin
O nome de Andressa, mesmo depois de tudo o que aconteceu, ainda consegue mexer com Marina de uma forma que ela não esperava. A lembrança das preocupações que a atormentaram mais cedo agora retorna com força total, como um eco incômodo em sua mente. A ligação parecia trazer consigo um peso inesperado, um presságio de que algo mais sério poderia estar acontecendo. Mil pensamentos atravessam sua mente. Por que Andressa estaria ligando? O que poderia ser tão urgente a ponto de ela procurá-la depois de tudo? — Vai atender? — Victor pergunta, observando o conflito evidente no rosto dela. Mesmo sabendo que aquela ligação poderia trazer mais complicações, ela decide atender. — Alô? — sua voz soa hesitante, enquanto segura o celular próximo ao ouvido. — Alô, estou falando com Marina? — Uma voz masculina pergunta do outro lado da linha, formal e direta. — Quem deseja? — Marina responde, com um tom preocupado, enquanto aperta o celular com força. — Me chamo Leonel, sou médico aqui do Hospit