Tem gente que não muda mesmo, nem quando quebra a cara!
O tom cortante e cheio de desprezo na pergunta de Joana surpreende a todos, de modo que ninguém sabe exatamente como reagir. O silêncio que se instala só amplifica o impacto das palavras dela. — Perguntei o que essa imprestável está fazendo aqui? — Joana repete, desta vez com a voz mais alta e irritada, enquanto lança um olhar gélido e cheio de desprezo para Marina. Marina, por sua vez, fica imóvel. Seus olhos arregalados revelam tanto o choque quanto a dor que sente ao ser tratada daquela forma, mas ela se esforça para não demonstrar fraqueza. Victor, ao lado da mãe, ergue uma mão em um gesto de advertência. — Mãe, chega! — diz ele, num tom firme, mas controlado. — Não tem necessidade de tratar a Marina assim. Joana se vira para ele, com o rosto ainda marcado pelas lágrimas, mas agora tomado por indignação. — Não tem necessidade? — retruca, apontando para Marina com um gesto brusco. — Depois de tudo o que essa… essa mulher representa, você ainda tem coragem de defendê-la? Marin
O nome de Andressa, mesmo depois de tudo o que aconteceu, ainda consegue mexer com Marina de uma forma que ela não esperava. A lembrança das preocupações que a atormentaram mais cedo agora retorna com força total, como um eco incômodo em sua mente. A ligação parecia trazer consigo um peso inesperado, um presságio de que algo mais sério poderia estar acontecendo. Mil pensamentos atravessam sua mente. Por que Andressa estaria ligando? O que poderia ser tão urgente a ponto de ela procurá-la depois de tudo? — Vai atender? — Victor pergunta, observando o conflito evidente no rosto dela. Mesmo sabendo que aquela ligação poderia trazer mais complicações, ela decide atender. — Alô? — sua voz soa hesitante, enquanto segura o celular próximo ao ouvido. — Alô, estou falando com Marina? — Uma voz masculina pergunta do outro lado da linha, formal e direta. — Quem deseja? — Marina responde, com um tom preocupado, enquanto aperta o celular com força. — Me chamo Leonel, sou médico aqui do Hospit
Marina fica imóvel por um instante, tentando processar a ordem, mas o olhar sério dele demonstra que não está blefando.— Tudo bem — ela diz, erguendo o celular que está em suas mãos.Ao ver que Marina está prestes a fazer a ligação, Andressa une as forças que ainda lhe restam e levanta o braço.— Por favor, não faça isso — diz ela, com a voz fraca. — O Xavier irá me matar se souber que chamaram a polícia.— Acho que ele faria o mesmo caso não ligasse — Victor diz, ignorando-a.Percebendo que Marina parece hesitar um pouco, ele toma o celular dela e decide fazer a ligação por conta própria.— Acho que se eu mesmo ligar, eles darão mais crédito a isso — diz ele, se afastando, deixando as duas mulheres a sós.Ao notar que Victor se afasta, Marina se aproxima de Andressa, que parece ficar desesperada com a atitude de Victor Ferraz.— Por favor, Marina, não deixe que ele faça isso — ela pede, com lágrimas em seus olhos.Ao ver Andressa naquele estado, Marina sente pena dela, mas ao pensar
Victor volta a entrar no quarto, com a expressão ainda mais séria do que antes. Seus passos são firmes, mas silenciosos, enquanto seus olhos recaem novamente sobre Andressa. Por mais que soubesse do histórico dela e de suas escolhas erradas, ele não consegue evitar uma pontada de pesar ao vê-la naquele estado tão decadente.O rosto de Andressa, inchado e marcado, é apenas uma sombra do que ele conhecia. Sua aparência agora é assustadora, uma representação vívida do que Xavier era capaz de fazer quando sua fúria tomava conta. Victor continua com o seu olhar frio, enquanto analisa a situação.Para ele, era claro que, com os exames de corpo e delito e o depoimento de Andressa, as acusações contra seu pai seriam irrefutáveis. Xavier sempre teve um talento para manipular situações e escapar das consequências de seus atos, mas desta vez, Victor sabia que ele não sairia ileso.Além disso, Victor tinha certeza de que Xavier não havia ido muito longe. Ele sabia que o pai era astuto, mas também
Percebendo que já havia dito tudo o que queria, Victor decide encerrar sua participação ali. Com passos firmes, ele se dirige à porta, mas antes de sair, vira-se para Marina, com um sorriso discreto, quase imperceptível.— Vou te esperar lá fora, loirinha, mas não demore muito — diz ele, em um tom mais leve, embora ainda esteja com um misto de ironia.Marina observa enquanto ele sai, fechando a porta atrás de si.Agora, no quarto, restam apenas Leonel, Andressa e Marina. O silêncio que se instala é pesado, cada um, lida com a situação de forma diferente.Claramente abalado pelas revelações de Victor, Leonel se aproxima um pouco mais de Andressa, seus olhos demonstram uma mistura de decepção e questionamento.— Então… tudo isso é verdade? — ele pergunta, com a voz baixa, enquanto a encara diretamente.— Leonel, eu vou te falar toda a verdade, mas me deixa conversar com a Marina, por um momento?Ele fica em silêncio, mas decide fazer o que ela pede. Quando ele sai, Marina encara Andress
Após enviar uma mensagem para os pais avisando que ficaria com Victor, Marina não precisa esperar muito pela resposta. Seu celular vibra e ela lê a mensagem curta e direta da mãe: “Tudo bem, obrigada por nos avisar.”Marina suspira aliviada. Desde que sua mãe soube de tudo o que aconteceu e teve a oportunidade de observar o quanto Victor tratava sua filha com respeito e carinho, ela havia se tornado muito mais compreensiva.Nos últimos dias, Daniela, antes tão protetora e desconfiada, parecia finalmente aceitar que Marina havia encontrado alguém em quem podia confiar. Embora não verbalizasse com frequência, Marina sabia que a mãe enxergava em Victor uma segurança que ela mesma sempre quis para a filha.Marina guarda o celular na bolsa e olha para Victor, que a observa atentamente.— Tudo certo? — ele pergunta, com um leve sorriso de canto.— Sim. Minha mãe respondeu rapidamente. Está tudo bem.Victor assente, satisfeito, e estende a mão para ela.— Então, vamos para casa. Acho que nó
Enquanto caminha em direção à padaria dos pais, localizada ao lado de sua casa, Marina ajusta sua camisa branca social. Por mais que sua aparência transmita confiança, ela não pode negar que, por dentro, está nervosa. E não é para menos, afinal, este dia marca o início de sua carreira. Apesar de ser filha de pais humildes, ela estudou com afinco para não seguir o mesmo caminho. Formou-se em Direito e agora está prestes a trabalhar em um dos escritórios mais renomados do país. Embora ainda não seja advogada, o cargo de assistente jurídica é um excelente começo para sua trajetória.— Bom dia, pai — cumprimenta Marina, ao avistar José, que está do outro lado do balcão, reabastecendo o estoque de pães.— Bom dia, Mari. Você está linda, minha querida — responde ele, admirando o modo como ela está vestida. — Sente-se, sua mãe já vai servir o seu café.— Tudo bem. Marina se senta em uma das mesas próximas à porta. Dali, ela pode observar a rua e os clientes que entram na padaria. O local e
Voltando para o interior da padaria, Marina confronta o pai.— Como pôde deixar aquele idiota sair daqui com um olhar vitorioso? — questiona, claramente frustrada.— Para evitar confusão — responde José, enquanto atende outro cliente. — Todos têm seus dias ruins, minha filha. Talvez esse tenha sido o dele.— Aquele homem não estava num dia ruim, ele “é” ruim, isso sim — retruca, com firmeza.Daniela, que está atendendo outro cliente, observa a indignação da filha e decide intervir.— Não estrague o seu dia devido a um homem que você nunca viu antes, filha. Termine seu café, ou perderá o ônibus.— Tudo bem, mãe — responde Marina, bufando de frustração.Após terminar o café, Marina se despede dos pais e sai da padaria, caminhando em direção ao ponto de ônibus. Enquanto anda, não consegue deixar de pensar no idiota que apareceu mais cedo. Marina nunca gostou de pessoas que se acham superiores às outras, e aquele homem claramente era um exemplo perfeito disso.— Mari! — uma voz masculina