A Marina é um ser evoluído.
Rodrigo e Victor entram em seus carros acompanhados de suas namoradas, cada um decidido a procurar Joana em lugares diferentes, visando descobrir onde ela pode estar. No carro com Victor, Marina permanece em silêncio, mas é evidente que está inquieta. Ela olha pela janela, tentando esconder o nervosismo, mas Victor percebe as mãos dela levemente tremendo enquanto repousam sobre o colo.— Não acho justo você ficar assim — comenta Victor, lançando um breve olhar para ela enquanto mantém a atenção na estrada.Marina hesita por um momento antes de responder, sua voz baixa está cheia de preocupação.— Sei que parece contraditório, mas eu já vi como o seu pai reage quando está com raiva… e tenho muito medo do que ele possa fazer com Andressa.Victor suspira, apertando levemente o volante, num tom carregado de frieza, responde:— Se acontecer algo, foi ela mesma quem procurou. Por acaso ela achava que se envolver com um homem casado seria um conto de fadas para sempre?A frieza de Victor surp
Já é madrugada quando Victor estaciona o carro em frente ao Cemitério Jardim da Eternidade, um lugar reservado exclusivamente para sepulturas de pessoas da alta sociedade. A entrada imponente, com portões de ferro ornamentados e uma fachada de mármore iluminada por luzes discretas, exala um ar de exclusividade e sobriedade.Victor desliga o motor e, com um gesto firme, indica para Marina que desça do carro. Ela hesita por um instante, mas obedece, saindo para o ar frio da madrugada.— Vamos — diz ele, sem muita cerimônia, caminhando na direção do portão principal.Marina o segue, envolvendo os braços ao redor do corpo em busca de algum conforto contra a brisa gélida que atravessa o local. O caminho que percorrem, pavimentado com pedras antigas e contornado por ciprestes altos, é pouco iluminado, criando sombras inquietantes que parecem se mover com o vento.Marina sente um arrepio percorrer sua espinha, uma sensação incômoda que a faz olhar ao redor, quase esperando ver algo que não de
O tom cortante e cheio de desprezo na pergunta de Joana surpreende a todos, de modo que ninguém sabe exatamente como reagir. O silêncio que se instala só amplifica o impacto das palavras dela. — Perguntei o que essa imprestável está fazendo aqui? — Joana repete, desta vez com a voz mais alta e irritada, enquanto lança um olhar gélido e cheio de desprezo para Marina. Marina, por sua vez, fica imóvel. Seus olhos arregalados revelam tanto o choque quanto a dor que sente ao ser tratada daquela forma, mas ela se esforça para não demonstrar fraqueza. Victor, ao lado da mãe, ergue uma mão em um gesto de advertência. — Mãe, chega! — diz ele, num tom firme, mas controlado. — Não tem necessidade de tratar a Marina assim. Joana se vira para ele, com o rosto ainda marcado pelas lágrimas, mas agora tomado por indignação. — Não tem necessidade? — retruca, apontando para Marina com um gesto brusco. — Depois de tudo o que essa… essa mulher representa, você ainda tem coragem de defendê-la? Marin
O nome de Andressa, mesmo depois de tudo o que aconteceu, ainda consegue mexer com Marina de uma forma que ela não esperava. A lembrança das preocupações que a atormentaram mais cedo agora retorna com força total, como um eco incômodo em sua mente. A ligação parecia trazer consigo um peso inesperado, um presságio de que algo mais sério poderia estar acontecendo. Mil pensamentos atravessam sua mente. Por que Andressa estaria ligando? O que poderia ser tão urgente a ponto de ela procurá-la depois de tudo? — Vai atender? — Victor pergunta, observando o conflito evidente no rosto dela. Mesmo sabendo que aquela ligação poderia trazer mais complicações, ela decide atender. — Alô? — sua voz soa hesitante, enquanto segura o celular próximo ao ouvido. — Alô, estou falando com Marina? — Uma voz masculina pergunta do outro lado da linha, formal e direta. — Quem deseja? — Marina responde, com um tom preocupado, enquanto aperta o celular com força. — Me chamo Leonel, sou médico aqui do Hospit
Marina fica imóvel por um instante, tentando processar a ordem, mas o olhar sério dele demonstra que não está blefando.— Tudo bem — ela diz, erguendo o celular que está em suas mãos.Ao ver que Marina está prestes a fazer a ligação, Andressa une as forças que ainda lhe restam e levanta o braço.— Por favor, não faça isso — diz ela, com a voz fraca. — O Xavier irá me matar se souber que chamaram a polícia.— Acho que ele faria o mesmo caso não ligasse — Victor diz, ignorando-a.Percebendo que Marina parece hesitar um pouco, ele toma o celular dela e decide fazer a ligação por conta própria.— Acho que se eu mesmo ligar, eles darão mais crédito a isso — diz ele, se afastando, deixando as duas mulheres a sós.Ao notar que Victor se afasta, Marina se aproxima de Andressa, que parece ficar desesperada com a atitude de Victor Ferraz.— Por favor, Marina, não deixe que ele faça isso — ela pede, com lágrimas em seus olhos.Ao ver Andressa naquele estado, Marina sente pena dela, mas ao pensar
Victor volta a entrar no quarto, com a expressão ainda mais séria do que antes. Seus passos são firmes, mas silenciosos, enquanto seus olhos recaem novamente sobre Andressa. Por mais que soubesse do histórico dela e de suas escolhas erradas, ele não consegue evitar uma pontada de pesar ao vê-la naquele estado tão decadente.O rosto de Andressa, inchado e marcado, é apenas uma sombra do que ele conhecia. Sua aparência agora é assustadora, uma representação vívida do que Xavier era capaz de fazer quando sua fúria tomava conta. Victor continua com o seu olhar frio, enquanto analisa a situação.Para ele, era claro que, com os exames de corpo e delito e o depoimento de Andressa, as acusações contra seu pai seriam irrefutáveis. Xavier sempre teve um talento para manipular situações e escapar das consequências de seus atos, mas desta vez, Victor sabia que ele não sairia ileso.Além disso, Victor tinha certeza de que Xavier não havia ido muito longe. Ele sabia que o pai era astuto, mas também
Percebendo que já havia dito tudo o que queria, Victor decide encerrar sua participação ali. Com passos firmes, ele se dirige à porta, mas antes de sair, vira-se para Marina, com um sorriso discreto, quase imperceptível.— Vou te esperar lá fora, loirinha, mas não demore muito — diz ele, em um tom mais leve, embora ainda esteja com um misto de ironia.Marina observa enquanto ele sai, fechando a porta atrás de si.Agora, no quarto, restam apenas Leonel, Andressa e Marina. O silêncio que se instala é pesado, cada um, lida com a situação de forma diferente.Claramente abalado pelas revelações de Victor, Leonel se aproxima um pouco mais de Andressa, seus olhos demonstram uma mistura de decepção e questionamento.— Então… tudo isso é verdade? — ele pergunta, com a voz baixa, enquanto a encara diretamente.— Leonel, eu vou te falar toda a verdade, mas me deixa conversar com a Marina, por um momento?Ele fica em silêncio, mas decide fazer o que ela pede. Quando ele sai, Marina encara Andress
Após enviar uma mensagem para os pais avisando que ficaria com Victor, Marina não precisa esperar muito pela resposta. Seu celular vibra e ela lê a mensagem curta e direta da mãe: “Tudo bem, obrigada por nos avisar.”Marina suspira aliviada. Desde que sua mãe soube de tudo o que aconteceu e teve a oportunidade de observar o quanto Victor tratava sua filha com respeito e carinho, ela havia se tornado muito mais compreensiva.Nos últimos dias, Daniela, antes tão protetora e desconfiada, parecia finalmente aceitar que Marina havia encontrado alguém em quem podia confiar. Embora não verbalizasse com frequência, Marina sabia que a mãe enxergava em Victor uma segurança que ela mesma sempre quis para a filha.Marina guarda o celular na bolsa e olha para Victor, que a observa atentamente.— Tudo certo? — ele pergunta, com um leve sorriso de canto.— Sim. Minha mãe respondeu rapidamente. Está tudo bem.Victor assente, satisfeito, e estende a mão para ela.— Então, vamos para casa. Acho que nó