É assustador, mas existem muitos Xaviers na vida real.
Pela manhã, enquanto toma seu café mais cedo para ir ao escritório, Victor nota a mãe sentada à mesa, com um sorriso largo e um brilho nos olhos que não passavam despercebidos.— Bom dia, querido — cumprimenta Joana, com entusiasmo.— Bom dia — responde, com um tom que denuncia sua desconfiança. O humor animado da mãe logo cedo não era nada comum.No entanto, Joana ignora o tom dele e continua, servindo-se de mais café.— Eu estava pensando, querido… Agora que o seu pai voltou, já podemos marcar o jantar com a sua namorada. O que acha? — pergunta, deixando a animação evidente.Arqueando uma sobrancelha, estranha ainda mais o comportamento da mãe.— É por isso que está tão animada? — questiona.Joana ri suavemente, mas responde rápido, quase como se quisesse desviar o foco.— Também… — Ela pausa, segurando a xícara com as duas mãos, com o sorriso ainda presente. — Mas hoje estou feliz porque estou percebendo uma mudança de atitude no seu pai.Victor para no meio de um gole de café e enc
Ao desligar a ligação, Marina sente um misto de ansiedade por saber que em breve terá que ficar de frente com todos da família Ferraz. Sabia que precisava ser bem segura e convicta de que não seria nada fácil. Tentando não focar naquilo por um momento para não ficar mais ansiosa, decide se concentrar no caso em que iria trabalhar. A oportunidade que surge parece um sinal claro para seguir em frente, enfrentando os desafios que virão.Enquanto caminha em direção à sala, encontra a avó sentada no sofá, concentrada em seu tricô.— Vó, pensei muito sobre o caso da sua amiga Valquíria. Decidi que vou pegá-lo. Vou até a casa dela agora mesmo para dizer que vou defendê-la no tribunal — declara, com firmeza na voz, enquanto pega a bolsa e se dirige à porta de saída.A avó levanta os olhos do tricô e esboça um sorriso orgulhoso.— Tenho certeza de que você fará um ótimo trabalho, minha neta. A justiça precisa de pessoas como você.O incentivo da avó dá ainda mais força para Marina continuar. Po
Na manhã de sábado, Marina acorda com o coração batendo em um ritmo acelerado, tomado pela ansiedade. Enquanto organiza cuidadosamente a pequena mala, sua mente não para de repassar os detalhes do encontro. Cada passo, cada palavra, cada expressão que deveria usar ao estar frente a frente com Xavier Ferraz.Ela sabe que não terá uma segunda chance para colocar Xavier em seu lugar; por isso, precisa ser bem segura no que fará. Entre uma peça de roupa e outra, murmura para si mesma que não abaixará a cabeça em momento algum para as pessoas daquela casa.“Foco, Marina”, diz baixinho, enquanto fecha o zíper da mala. Ela respira fundo, tentando acalmar os pensamentos, mas a expectativa de tudo o que acontecerá à noite a deixa inquieta.Antes de sair, se despede dos avós com os olhos cheios de lágrimas, prometendo que em breve irá retornar para visitá-los.Ao chegar no aeroporto, digita uma mensagem para Victor, dizendo estar prestes a entrar no avião. Rapidamente, ele responde dizendo que m
Nada naquele momento pode descrever os olhares surpresos de Xavier, Joana e Valentina. Eles encaram Marina como se ela fosse um fantasma que acabara de surgir na sala. O ar parece ficar pesado, e o silêncio que se instala é quase ensurdecedor. Cada um deles carrega uma expressão única: Xavier exibe uma mistura de incredulidade e indignação; Joana, com os olhos arregalados, mantém o rosto impassível, mas claramente tenta processar a cena; e Valentina, apertando as mãos no colo, parece paralisada pela surpresa, com uma pitada de desagrado em sua expressão.“O que essa mulher está fazendo aqui?” Essa pergunta paira no ar, mesmo que ninguém a vocalize. Xavier, no entanto, é o primeiro a reagir. Ele se levanta bruscamente da poltrona, com um movimento abrupto ecoando pelo ambiente silencioso. Sua expressão agora é cheia de confusão e uma dose de frustração, como se estivesse tentando juntar as peças de um quebra-cabeça que simplesmente não faz sentido.— O que está acontecendo aqui? — A voz
Ao escutar o que Marina acaba de dizer, Rodrigo se encolhe no sofá e leva a mão à boca, tentando controlar a sua admiração pela antiga funcionária e agora cunhada. Ele olha para Victor vez ou outra e tenta segurar o seu riso, ao perceber o quanto o irmão também está visivelmente todo orgulhoso da mulher que escolheu.— O Xavier fez questão de criar uma situação em que me colocou no centro de tudo isso, enquanto ele e a verdadeira culpada estavam sorrindo por aí da cara de vocês — diz Marina, pegando os envelopes da bandeja e fazendo questão de entregar em mãos a cada um dos presentes naquela sala.Rodrigo abre o envelope e finge uma cara de surpresa ao ver as fotos do pai nos Estados Unidos, passeando com a amante.Valentina, ao abrir seu envelope, leva a mão à boca em um reflexo automático. Sua expressão de espanto é evidente, suas mãos tremem ao segurar as fotos, e ela alterna o olhar entre as imagens e o noivo, esperando por uma atitude dele. A traição explícita que as imagens revel
Antes que Xavier erguesse as mãos para pegar o envelope que Marina estendia, Joana interfere e toma o envelope das mãos dela e o abre com uma rapidez incomum.Ela olha as fotos com cuidado, analisando uma a uma, onde vê que a mulher que estava com Xavier, beijava outro homem. — Seja o que for que estiver aí, não acredite, querida! — ele diz, numa tentativa de desvencilhar daquela situação.Com sangue nos olhos, Joana encara o marido e range os dentes ao dizer: — Espero do fundo do meu coração que isso seja verdade! — anuncia, antes de jogar os papéis no chão.Rapidamente, Xavier olha para o chão onde os papéis caem abertos e vê as fotos de Andressa com outro homem, no mesmo hotel onde eles estavam hospedados.Ele se abaixa para pegar os papéis, sem acreditar no que acaba de ver. — Não é possível — murmura, sentindo o sangue ferver. — Desgraçada — sussurra, amassando os papéis.Percebendo o choque do homem, Marina se aproxima de onde ele está abaixado e declara: — Não acredito que e
Após viajar para Las Vegas com Xavier, Andressa não teve oportunidades para encontrar Leonel pessoalmente. Assim, na primeira chance que teve de ficar sozinha, pegou o telefone e discou o número dele, com o coração batendo rápido enquanto o som de chamada ecoava em seus ouvidos.— Oi — diz ela, num tom carregado numa mistura de nervosismo e saudade.— Oi — responde Leonel, mais sério, mas não distante. — Como você está?— Estou bem… — Ela hesita por um instante antes de continuar. — Um pouco curiosa, na verdade, pela mensagem que você me enviou naquele dia.Do outro lado da linha, Leonel suspira levemente. Sua voz carrega um tom de preocupação ao responder:— Te causei algum problema? Fiquei preocupado com a mensagem que você me enviou depois.Andressa morde o lábio inferior, ponderando sua resposta.— Não… — diz ela, tentando encontrar as palavras certas. — Bem… quero ser sincera com você. Meu namorado viu a mensagem e me perguntou quem era você. Então, eu dei uma desculpa.Leonel fic
Quando chegam ao Brasil, Xavier se despede de Andressa antes mesmo de saírem do avião. O gesto, rápido e calculado, não deixa espaço para sentimentalismos. Ele já havia providenciado tudo para que ela permanecesse acessível, mas invisível: um apartamento em um dos prédios mais seguros e luxuosos da cidade. Discreto, moderno e estrategicamente localizado, o lugar seria o refúgio perfeito para as visitas dele, sempre que quisesse. Antes de sair, Xavier reforça uma única recomendação:— Não saia daqui sem a minha autorização.Andressa sorri, concordando com a cabeça. — Não se preocupe, amor. Farei exatamente o que você pedir.Mas, enquanto responde, seus pensamentos estão a quilômetros de distância. Mesmo aparentando obediência, ela já tem outros planos em mente.Assim que chega ao apartamento, Andressa não consegue evitar admirar o espaço. É amplo, decorado com um luxo quase sufocante, repleto de detalhes que exalam sofisticação. Grandes janelas oferecem uma vista panorâmica da cidade,