— Não... — Clarice desviou o olhar, completamente desconcertada.Não precisava nem tentar seduzir Sterling para acabar exausta na cama. Se resolvesse mesmo seduzi-lo... Talvez ficasse dias sem conseguir se levantar.O médico lançou um olhar rápido para o homem ao lado dela. Grupo Davis... Sterling Davis... Ele era o presidente daquele conglomerado e, momentos atrás, a havia chamado de “Sra. Davis”. Os dois eram casados? Se Clarice tinha um marido como aquele, por que ele ainda estava ali se preocupando por ela?Depois de refletir por um instante, o médico suspirou e disse, com uma expressão séria:— Vou deixar vocês. Sra. Clarice, faça o possível para conseguir o medicamento experimental o quanto antes. Isso vai ajudar muito no estado da sua avó.Uma mulher idosa, com a saúde já debilitada, não aguentaria continuar entrando e saindo da emergência por muito tempo. O novo remédio poderia poupar a senhora de muito sofrimento.— Sim, eu entendi. Obrigada, doutor. E desculpe pelo incômodo.
Naquele momento, ela sentiu uma leve expectativa pelo que a noite poderia trazer.— Certo! — Sterling respondeu, esticando a mão para tocar de leve na ponta do nariz dela. — Vá para o quarto e fique com sua avó. Eu vou voltar para a empresa.Clarice quis dizer que, nos últimos dias, quando a avó estava lúcida, ela sempre perguntava sobre o genro. Queria saber quando teria a chance de conhecê-lo. Três anos de casamento, e Sterling nunca havia se apresentado à avó pessoalmente, nem mesmo uma única vez.Após hesitar por um longo tempo, Clarice finalmente reuniu coragem para falar:— Sterling, você pode...Mas sua frase foi cortada pelo toque repentino do celular.Sterling pegou o telefone do bolso, e Clarice viu claramente o nome “Teresa” aparecer na tela. No mesmo instante, toda a expectativa e esperança que ela sentia se despedaçaram em sua mente. Aquela história de três pessoas nunca poderia ter um final feliz.— Deite-se e descanse um pouco. Estou indo agora mesmo. — A voz urgente de
Clarice conhecia o médico há três anos. Sempre que se viam, falavam apenas sobre a saúde da avó. Apesar da familiaridade, os dois não tinham uma relação próxima o suficiente para discutir questões pessoais. Por isso, ela rapidamente mudou de assunto: — Conversei com o Sterling sobre o medicamento experimental. Acho que amanhã já teremos ele em mãos. Quando minha avó começar o tratamento, ela vai melhorar, não vai?Clarice sempre sonhou em ver a avó recuperar a saúde, para que pudesse levá-la para passear e conhecer o mundo lá fora.O médico percebeu que ela não queria continuar falando sobre Sterling e sua relação com ele. Apesar de achar injusto o que ela vivia, decidiu não insistir: — Só depois de um tempo de uso é que saberemos. No momento, não posso te garantir nenhum resultado.O quadro da paciente era imprevisível, e ele não podia prometer nada. Clarice, um pouco decepcionada, assentiu com a cabeça.— Entendi. Vou voltar para ver minha avó.— Pode ir.Quando ela saiu do consul
— Isso não tem nada a ver com a Clarice. É o seu corpo que precisa de repouso! Trabalhar demais pode causar problemas para o bebê, e isso seria um desastre! — Sterling franziu as sobrancelhas, com um tom firme.Teresa ouviu aquilo e sentiu o coração aquecer. Um sorriso tímido e repleto de satisfação apareceu em seu rosto.— Sterling, obrigada por se preocupar comigo. Mas, se eu não for trabalhar e ficar só em casa o dia todo, vou acabar morrendo de tédio. E se eu ficar deprimida?— Você pode sair com as suas amigas, ir fazer compras, tomar um chá da tarde, cuidar da pele em um spa... Sempre tem algo para fazer, e com companhia você não vai se sentir sozinha. — Sterling sugeriu, com a intenção de manter o bem-estar dela.Teresa suspirou teatralmente, deixando os olhos brilharem com um toque de tristeza.— Você sabe que, depois que o Luiz morreu, a Sra. Virgínia me deu uma casa, um carro e um milhão. Naquela época, eu ainda tinha a minha renda do grupo de dança, então não precisava me pr
— Sterling, por que a Clarice está me ignorando? Será que ela está brava? — Teresa perguntou com uma expressão de culpa, lançando um olhar cheio de falsa preocupação para Sterling. — Talvez você devesse ir falar com ela, acalmá-la.Por dentro, no entanto, ela já havia amaldiçoado Clarice. Justo agora, quando o clima entre ela e Sterling começava a melhorar, Clarice resolvia aparecer. Teresa até suspeitava que Clarice estivesse escondida do lado de fora, esperando o momento certo para estragar tudo. Que mulherzinha desprezível!Sterling franziu as sobrancelhas, colocou o garfo sobre o prato e virou o rosto para encarar Clarice. Sua voz saiu baixa, mas firme:— Clarice, venha aqui agora!Ele achava que ela havia aparecido de propósito, apenas para provocá-lo, esperando que ele fosse atrás dela para pedir desculpas. Tão infantil!Clarice continuou caminhando sem mudar o ritmo, mas suas mãos, pendendo ao lado do corpo, se fecharam em punhos. Que casal mais nojento!— Sterling, talvez eu de
Clarice puxou Jaqueline para trás de si, encarando Sterling com firmeza. Seus olhos se encontraram, e ela falou em um tom controlado, mas firme:— Sterling, você é um empresário inteligente, ou deveria ser. Antes de acusar alguém, que tal garantir que tem provas? E mais uma coisa: esse restaurante tem câmeras. Se você acha que foi a Jaqueline, vá conferir as imagens. Quando tiver certeza, aí sim venha falar alguma coisa.Ela falou devagar. Se não fosse pelo medo de que Sterling virasse a cara na hora, ela já teria xingado ele de sem cérebro.Teresa, vendo que a situação estava ficando delicada, começou a puxar a camisa de Sterling com urgência, forçando uma expressão aflita.— Sterling, foi culpa minha! Eu caí sozinha, ninguém tem nada a ver com isso! — Disse com a voz ansiosa, tentando desviar o foco. Ela, claro, havia caído de propósito.Sterling olhou para Teresa em seus braços, e sua voz saiu baixa, mas cheia de preocupação.— Você não precisa ter medo. Eu estou aqui. Apenas diga
— Não precisa ir verificar as câmeras. Eu já tenho aqui a maravilhosa performance da nossa querida cunhada! — Clarice disse, enfatizando as palavras "querida cunhada" com um tom ácido e provocador.Teresa sentiu o coração disparar. Jamais imaginou que Clarice tivesse gravado tudo. Essa mulher era uma cobra! A situação havia se virado completamente contra ela. E agora? Fingir um desmaio? Dizer que estava com dores na barriga? Não, esses truques já tinham sido usados antes. Repetir poderia ser perigoso e acabar revelando que era tudo fingimento. O risco era alto demais. No fim, Teresa respirou fundo e decidiu encarar. Que olhassem o vídeo, afinal, ela nunca tinha dito diretamente que alguém a empurrou. Sempre afirmou que havia caído sozinha.Jaqueline sorriu e ergueu o polegar para Clarice.— Mandou bem, querida! — Disse ela, satisfeita. — Agora essa cobra não tem como me incriminar!Os olhos de Sterling se estreitaram enquanto ele olhava para o celular nas mãos de Clarice. Sua postur
— Peça desculpas! — Sterling tocou no rosto que havia sido atingido, a voz carregada de um tom sombrio. Na verdade, ele queria dar uma punição severa a ela naquele instante.Mas, ao ver a expressão triste de Clarice, o impulso de castigá-la foi rapidamente sufocado.No fundo, ele não queria magoá-la.Clarice mordeu o lábio com força. Ora, ela não tinha culpa! Por que teria que se desculpar?— Estou dizendo, peça desculpas. Não me faça repetir! — Sterling reforçou o tom, a voz grave como uma ordem.O que ele queria não era um simples “desculpa”, mas sim a submissão daquela mulher.Jaqueline, percebendo a tensão no ar, rapidamente puxou Clarice para o lado, fez uma leve reverência e disse apressada:— Eu peço desculpas em nome da Clarinha. Por favor, me perdoe, Sr. Sterling!Ela não sabia se Sterling aceitaria a desculpa, mas esperava que isso fosse suficiente para ele deixar Clarinha em paz.Clarice sentiu os olhos ficarem úmidos, profundamente tocada. Sabia que Jaqueline estava tentand