— Sterling, por que a Clarice está me ignorando? Será que ela está brava? — Teresa perguntou com uma expressão de culpa, lançando um olhar cheio de falsa preocupação para Sterling. — Talvez você devesse ir falar com ela, acalmá-la.Por dentro, no entanto, ela já havia amaldiçoado Clarice. Justo agora, quando o clima entre ela e Sterling começava a melhorar, Clarice resolvia aparecer. Teresa até suspeitava que Clarice estivesse escondida do lado de fora, esperando o momento certo para estragar tudo. Que mulherzinha desprezível!Sterling franziu as sobrancelhas, colocou o garfo sobre o prato e virou o rosto para encarar Clarice. Sua voz saiu baixa, mas firme:— Clarice, venha aqui agora!Ele achava que ela havia aparecido de propósito, apenas para provocá-lo, esperando que ele fosse atrás dela para pedir desculpas. Tão infantil!Clarice continuou caminhando sem mudar o ritmo, mas suas mãos, pendendo ao lado do corpo, se fecharam em punhos. Que casal mais nojento!— Sterling, talvez eu de
Clarice puxou Jaqueline para trás de si, encarando Sterling com firmeza. Seus olhos se encontraram, e ela falou em um tom controlado, mas firme:— Sterling, você é um empresário inteligente, ou deveria ser. Antes de acusar alguém, que tal garantir que tem provas? E mais uma coisa: esse restaurante tem câmeras. Se você acha que foi a Jaqueline, vá conferir as imagens. Quando tiver certeza, aí sim venha falar alguma coisa.Ela falou devagar. Se não fosse pelo medo de que Sterling virasse a cara na hora, ela já teria xingado ele de sem cérebro.Teresa, vendo que a situação estava ficando delicada, começou a puxar a camisa de Sterling com urgência, forçando uma expressão aflita.— Sterling, foi culpa minha! Eu caí sozinha, ninguém tem nada a ver com isso! — Disse com a voz ansiosa, tentando desviar o foco. Ela, claro, havia caído de propósito.Sterling olhou para Teresa em seus braços, e sua voz saiu baixa, mas cheia de preocupação.— Você não precisa ter medo. Eu estou aqui. Apenas diga
— Não precisa ir verificar as câmeras. Eu já tenho aqui a maravilhosa performance da nossa querida cunhada! — Clarice disse, enfatizando as palavras "querida cunhada" com um tom ácido e provocador.Teresa sentiu o coração disparar. Jamais imaginou que Clarice tivesse gravado tudo. Essa mulher era uma cobra! A situação havia se virado completamente contra ela. E agora? Fingir um desmaio? Dizer que estava com dores na barriga? Não, esses truques já tinham sido usados antes. Repetir poderia ser perigoso e acabar revelando que era tudo fingimento. O risco era alto demais. No fim, Teresa respirou fundo e decidiu encarar. Que olhassem o vídeo, afinal, ela nunca tinha dito diretamente que alguém a empurrou. Sempre afirmou que havia caído sozinha.Jaqueline sorriu e ergueu o polegar para Clarice.— Mandou bem, querida! — Disse ela, satisfeita. — Agora essa cobra não tem como me incriminar!Os olhos de Sterling se estreitaram enquanto ele olhava para o celular nas mãos de Clarice. Sua postur
— Peça desculpas! — Sterling tocou no rosto que havia sido atingido, a voz carregada de um tom sombrio. Na verdade, ele queria dar uma punição severa a ela naquele instante.Mas, ao ver a expressão triste de Clarice, o impulso de castigá-la foi rapidamente sufocado.No fundo, ele não queria magoá-la.Clarice mordeu o lábio com força. Ora, ela não tinha culpa! Por que teria que se desculpar?— Estou dizendo, peça desculpas. Não me faça repetir! — Sterling reforçou o tom, a voz grave como uma ordem.O que ele queria não era um simples “desculpa”, mas sim a submissão daquela mulher.Jaqueline, percebendo a tensão no ar, rapidamente puxou Clarice para o lado, fez uma leve reverência e disse apressada:— Eu peço desculpas em nome da Clarinha. Por favor, me perdoe, Sr. Sterling!Ela não sabia se Sterling aceitaria a desculpa, mas esperava que isso fosse suficiente para ele deixar Clarinha em paz.Clarice sentiu os olhos ficarem úmidos, profundamente tocada. Sabia que Jaqueline estava tentand
Clarice sabia que ainda precisava pedir o remédio especial a Sterling. Se o irritasse, seria impossível consegui-lo, e sua avó continuaria sofrendo. Só de pensar nisso, o coração dela apertava.— Vamos. — Disse Sterling, seco, antes de se virar e sair andando.Teresa lançou um olhar cheio de ódio para Clarice e logo apressou-se para acompanhar Sterling.Clarice observou as costas dos dois se afastando e sentiu um aperto no peito. Sterling realmente fazia todas as vontades de Teresa.Jaqueline, percebendo o clima pesado, puxou Clarice em direção à mesa de jantar. Assim que se sentaram, ela sorriu de maneira misteriosa:— Clarinha, tenho uma surpresa para você daqui a pouco.Clarice afastou os pensamentos ruins, serviu duas xícaras de café e entregou uma para Jaqueline antes de perguntar:— Que surpresa?Depois de três anos de casamento com Sterling, sua vida parecia um lago parado, sem nenhuma emoção ou novidade. Para ela, não havia espaço para surpresas.Jaqueline fez um suspense, sorr
Clarice ficou paralisada por um instante antes de reagir. Apontou para si mesma, confusa:— Para mim?Asher assentiu com a cabeça, um leve sorriso nos lábios:— Seu aniversário é daqui a dois dias. Amanhã preciso viajar a trabalho e não vou conseguir voltar a tempo para comemorar com você. Então, resolvi adiantar o presente.Clarice deu um sorriso discreto e educado:— Obrigada por lembrar do meu aniversário. Fico grata pela sua consideração, mas não posso aceitar o presente.Beatriz gostava de Asher, e Clarice sabia que precisava manter uma distância clara entre os dois. Se Beatriz enlouquecesse de ciúmes, certamente faria um escândalo que chamaria a atenção de todos.Além disso, Clarice era, oficialmente, a esposa de Sterling. Mesmo que ninguém soubesse disso, ela tinha plena consciência de quem era. Durante o casamento, não permitiria que houvesse qualquer mal-entendido ou ambiguidade em relação a outro homem.Asher ouviu suas palavras como se uma faca cega estivesse perfurando seu
Jaqueline lançou um olhar em direção a Sterling, que estava a pouca distância dali, e ficou visivelmente irritada. Ela tinha percebido o brilho passageiro nos olhos de Clarice ao ver os brincos. Clarice gostava deles, mas não teve coragem de aceitá-los por causa da presença de Sterling.Sterling, esse cretino, era insuportável!Depois do pequeno incidente com o presente, os três começaram a comer. O clima na mesa ficou pesado, quase silencioso.Clarice comia em silêncio, perdida em seus próprios pensamentos, até que, de repente, sentiu uma onda de náusea. Largou a faca, levou a mão à boca e disse apressada:— Vou ao banheiro.Antes que alguém pudesse responder, ela se levantou e saiu rapidamente.Asher a observou enquanto ela se afastava, e um traço de melancolia surgiu em seu rosto normalmente sereno.Jaqueline, por outro lado, desviou o olhar discretamente para acompanhar Clarice. Ela sabia muito bem o motivo de Clarice estar passando mal. Pensou em se levantar e ir atrás da amiga, m
Clarice ficou um instante sem reação, mas logo corou levemente:— Eu... mordi meu lábio sem querer.Na verdade, foi o lábio de Sterling que ela havia mordido.— Toma, limpa isso. — Disse Jaqueline, entregando-lhe um guardanapo.Os olhos negros de Asher estavam profundos, indecifráveis. Era impossível saber o que ele estava pensando.Clarice pegou o guardanapo e limpou os lábios, mas, ao lembrar do que Sterling tinha feito no corredor, sentiu uma irritação crescente. Ele realmente a tratava como se ela fosse um objeto. Fazia o que queria, sem se importar com as consequências ou com o que os outros poderiam pensar dela. Se fosse Teresa no lugar dela, ele jamais teria tomado uma atitude tão impulsiva!Jaqueline, tentando aliviar o clima, mudou de assunto com um tom animado:— Ah, Clarinha, o Asher me apresentou um projeto incrível! Estou precisando de ajuda. Se você tiver um tempo, quebra esse galho pra mim? Estou atolada de trabalho!Clarice colocou o guardanapo sobre a mesa e assentiu c