Ela originalmente achava que Virgínia já havia desistido dessa ideia. Mas, pelo visto, nunca tinha desistido de verdade. Virgínia havia esperado pacientemente por três anos e, agora, de repente, não conseguia mais se conter. Clarice tinha certeza de que isso estava relacionado às ações que Túlio havia transferido para ela. Virgínia queria que ela se divorciasse o mais rápido possível, apenas para colocar outra pessoa na cama de Sterling. Assim que isso acontecesse, Sterling não teria escolha a não ser “assumir a responsabilidade”. Afinal, foi exatamente essa a tática que Virgínia usou para fazer Sterling se casar com Clarice. — Hm, eu não fazia ideia de que sou culpado de traição e bigamia. — Uma voz fria soou atrás dela, fazendo Clarice congelar por um instante. Sterling? O que ele estava fazendo ali? Mas, rapidamente, ela recuperou a compostura. Passou a mão pelos cabelos, ajeitando-os com elegância, e virou-se devagar. Seus olhos brilhantes encontraram os dele, e ela sorri
Clarice sentiu uma dor aguda na cintura, e seus olhos ficaram marejados. Sua voz saiu trêmula: — Sterling, você não percebeu que ela está fingindo desmaio? Sterling era um homem astuto. É claro que ele sabia que Teresa estava fingindo. Mas, ainda assim, ele escolheu protegê-la. Clarice estava claramente machucada, mas ele nem sequer perguntou. Pelo contrário, acusou-a de estar fingindo. Era isso que acontecia quando não se ama alguém? A frieza era tamanha que nem mesmo uma ferida física despertava sua preocupação? — Só vi que ela desmaiou, e você está perfeitamente de pé. Clarice, venha comigo agora. Caso contrário, a partir de amanhã, você não precisa mais ir trabalhar. — Sterling falou devagar, articulando cada palavra com clareza, como se quisesse que elas cravassem fundo. Clarice o encarou, chocada. Aquela era a pessoa com quem ela havia dividido os últimos três anos. Sentiu como se seu coração estivesse sendo despedaçado. — Achei que você fosse o tipo de homem que sepa
Não era de se estranhar que, em três anos de casamento, Sterling nunca a tivesse levado para nenhum evento ou festa. Para ele, Clarice era desprovida de classe, alguém que, em público, seria uma vergonha e colocaria sua reputação em risco. Mas Clarice sabia que isso não era verdade. Embora não tivesse sido bem tratada pelos pais, nos anos em que viveu com a avó, ela teve aulas de etiqueta. Cada sorriso, cada movimento, cada detalhe de comportamento à mesa... Tudo havia sido ensinado meticulosamente. Ela tinha certeza de que, no círculo da alta sociedade de Londa, não ficava atrás de nenhuma das socialites. Depois de se casar com Sterling, passou a ser ainda mais cuidadosa nos detalhes. Sempre achou que estava desempenhando bem o papel de uma esposa de elite, uma verdadeira senhora da alta sociedade. Mas, na verdade, tudo aquilo não passava de uma ilusão. Para Sterling, ela nunca foi nada além de uma companhia para o quarto. Etiqueta? Não era algo necessário entre quatro paredes.
Clarice olhou friamente para Sterling. — Sim, ela não é “outra pessoa”. Ela é sua mulher. Eu é que sou a intrusa aqui! Depois de dizer isso, virou-se e saiu, sem querer prolongar a conversa. Se continuasse, talvez perdesse o controle e acabasse partindo para cima dele. Sterling havia ultrapassado todos os limites do descaramento! Sterling estreitou os olhos com uma expressão sombria, visivelmente irritado. — Clarice, você tem o coração menor que a ponta de uma agulha! Para Sterling, Teresa não era “outra pessoa”. Ela era sua cunhada, esposa de seu irmão mais velho, uma integrante legítima da família Davis, cujo nome estava até registrado na árvore genealógica do clã. Ela fazia parte da família, e ponto final. Clarice parou de andar e, sem se virar, respondeu com uma voz firme: — Já que você acha que sou inferior à sua querida cunhada, assine logo os papéis do divórcio. Assim, cada um segue sua vida, e nunca mais nos atrapalhamos. Sterling era o pior tipo de homem: recus
Clarice provocava Teresa de propósito, e Sterling ainda a apoiava! Onde ela iria enfiar a cara depois disso? Vendo Teresa cambalear de raiva, Sterling estreitou os olhos e falou com calma: — Eu já prometi muitas coisas a ela, mas nem todas eu cumpri. Agora você está grávida, então cuide das suas emoções. Não fique se descontrolando, isso não é bom para o bebê. Assim que ouviu isso, Teresa, que estava prestes a chorar, segurou as lágrimas no mesmo instante. Como mágica, seu rosto se transformou em um sorriso radiante. — Tudo bem! Vou manter um bom humor! — Respondeu Teresa, animada. Mas, no fundo, ela sabia que seu humor dependia inteiramente da atenção e do tratamento que Sterling dava a ela. Claro que ela jamais teria coragem de admitir isso em voz alta. — Volte para o escritório. Preciso falar com Clarice a sós. — Você não vai mesmo para o escritório? Vamos juntos, vai! — Teresa ergueu o rosto, olhando para ele com expectativa. Sterling raramente recusava algo que ela p
— Sra. Clarice, você está me ouvindo? Clarice despertou de seus pensamentos e respondeu rapidamente. Desligou o telefone, pegou a bolsa e saiu apressada. Quando chegou à porta, deu de cara com Sterling e Teresa entrando. Fingiu não vê-los e passou direto, sem nem olhar para o lado. — Clarice, para onde você está indo? — Apesar de Clarice não querer confusão, Teresa parecia determinada a não deixá-la em paz. Clarice parou, virou-se devagar e encarou Teresa com um olhar frio. — Vou ao hospital. Ela tentou várias vezes, mas ainda não conseguiu dizer a Sterling sobre o medicamento experimental. Talvez fosse melhor tentar outras alternativas antes de recorrer a ele. Só depois de esgotar todas as possibilidades. No passado, Sterling teria sido a primeira pessoa em quem ela pensaria para pedir ajuda. Mas algumas coisas haviam mudado. Sterling franziu a testa ao ouvir aquilo. Ele se lembrou do que Isaac havia mencionado antes: a avó de Clarice precisava urgentemente de um medic
Clarice ouviu aquelas palavras e, finalmente, não conseguiu mais segurar as lágrimas. Elas caíram sem controle enquanto ela falava: — Eu disse que tinha algo urgente, e mesmo assim ela insistiu em me segurar aqui! Minha avó está na emergência, lutando pela vida, e você ainda quer que eu fique aqui “me comunicando bem” com ela? Sterling, se você está tão preocupado com os sentimentos dela, então não a deixe trabalhar! Afinal, você pode sustentá-la muito bem, não pode? O rosto de Sterling ficou rígido. Ele realmente não fazia ideia de que a avó de Clarice estava na emergência. — Sr. Sterling, agora já posso ir? Estou com medo de que, se demorar mais, não consiga me despedir da minha avó! — Clarice limpou rapidamente as lágrimas, empurrou Sterling com força para o lado, abriu a porta e saiu sem olhar para trás. Do lado de fora, Teresa estava parada perto da porta, ainda decidindo se deveria bater ou não. Quando Clarice abriu a porta de repente, Teresa deu um pulo de susto. Antes q
— Isaac, você não precisa defender seu chefe! Sei muito bem como ele me trata! — A voz de Clarice era fria, sem qualquer emoção.Se Sterling realmente tivesse mandado Isaac investigar a situação da avó dela, ele deveria saber que a senhora sofria constantes desmaios. Mas Sterling nunca mencionou nada sobre algum novo medicamento especial. Ficava claro que era Isaac quem inventava essas desculpas.— E, além disso, entre o Sr. Sterling e a Sra. Teresa... Isaac mal tinha começado a frase quando a voz irritada de Sterling cortou o ar:— Vai dirigir logo, para de falar besteira! E traz a Clarice aqui agora!Isaac percebeu que não tinha como continuar defendendo Sterling. Clarice, ao notar a expressão frustrada de Isaac, deu um leve sorriso.— A relação do Sterling com a Teresa... Não sou só eu que sei, Isaac. Todo mundo em Londa sabe! Não adianta você querer limpar a barra dele.Sterling, sentado no banco do motorista, lançou um olhar na direção de Clarice. Ela... Estava sorrindo para Isa