Clarice se levantou e fixou o olhar no horizonte, como se pudesse enxergar claramente o caminho desconhecido e desafiador que estava prestes a trilhar. Túlio permaneceu parado, observando em silêncio enquanto ela se afastava. Seu coração estava dividido entre a tristeza da despedida e a esperança pelo futuro que aguardava Clarice. A noite caiu, e a mansão voltou ao seu estado habitual de tranquilidade. No entanto, a decisão tomada naquela noite era como uma pedra lançada em um lago calmo, criando ondas que anunciavam o início de uma nova jornada. Quando Clarice voltou à Villa Serenidade, Catarina veio ao seu encontro imediatamente: — Senhora, o que deseja comer? Eu posso preparar algo! Clarice sorriu gentilmente e balançou a cabeça: — Obrigada, Catarina. Não estou com fome agora. — Então, quando quiser comer, é só me avisar! — Disse Catarina, com preocupação na voz. — Está bem, vou subir. Catarina observou a silhueta de Clarice desaparecer pelas escadas e suspirou. Cla
— Clarice, eu já disse que posso explicar o que aconteceu nesses últimos dias. Você não pode ficar? Me escuta antes de ir! — Sterling tentou conter a irritação em sua voz, forçando-se a soar mais calmo. Ele havia corrido de Cidade F para chegar a tempo, não para ver Clarice partir. Ele queria explicar tudo, pedir desculpas. Desta vez, ele sabia que tinha errado. Clarice segurava firmemente o cabo de sua mala, com uma expressão indiferente enquanto olhava para o rosto de Sterling. Era o homem que ela amou por dez anos, o homem que ela acreditava que amaria por toda a vida. Mas agora, finalmente, ela havia desistido. Ela não se arrependia de amá-lo no passado, nem tinha medo do futuro incerto que a aguardava. Tudo o que ela queria era seguir em frente, acreditando que o destino lhe reservava algo melhor. — Sterling, as chances que eu tinha para te dar já acabaram. Desta vez, eu não vou ficar! — Disse ela, com um tom sereno, sem qualquer emoção aparente. Depois da morte de sua
Clarice já havia decidido que ficaria em Encanto do Vale. Quando Túlio mencionou isso, ela não fez objeções: — Vovô, eu entendi. Mas agora já está tarde. Volte para casa e descanse, tudo bem? Assim que eu estiver instalada, vou até você. — Está bem! — Respondeu Túlio, olhando para o rosto pálido e cansado dela. Seu coração doía. Que menina maravilhosa, e agora estava indo embora... Ele realmente não queria deixá-la partir. Mas ele sabia que não podia ser egoísta. Não podia mantê-la presa ali para que continuasse sendo machucada por Sterling. "Espere e verá. Esse garoto, Sterling, um dia ainda vai se arrepender disso!" pensou ele. Clarice puxou sua mala e começou a caminhar. Ela não olhou para trás nem uma vez. Já que havia decidido ir embora, precisava ser firme. — Clarice! — Sterling tentou ir atrás dela, mas Túlio levantou sua bengala e bateu na perna dele. — Fique onde está! Não ouse ir atrás dela! — Vovô... — Sterling começou, mas foi interrompido. Ele não conseguia
A mão de Sterling que segurava a xícara de café pareceu ser subitamente agarrada por uma força invisível, junto com seu coração, que apertou de forma inexplicável. Do lado de fora, a noite era tão escura quanto tinta, enquanto a luz amarelada do interior não conseguia iluminar a confusão de emoções que tomava conta dele. Será que Túlio também havia contado isso a Clarice? Caso contrário, por que ela estaria tão decidida a pedir o divórcio? — Eu já te avisei inúmeras vezes para não se envolver tanto com os assuntos da Teresa, mas você ignorou completamente as minhas palavras! — A voz de Túlio era grave e carregada de autoridade. Cada palavra parecia um golpe direto no coração de Sterling. Ele sabia que Túlio não mencionaria Cidade F e Teresa sem motivo. Aquilo não era uma acusação vazia. Ele certamente havia investigado tudo. E se Túlio sabia, será que Clarice também sabia? Sterling permaneceu em silêncio, sem responder. — Teresa, aos olhos dos outros, parece frágil, simples
Enquanto pensava nisso, o toque do celular soou, e Simão arqueou as sobrancelhas.Será que Jaqueline finalmente tinha se dado conta e estava voltando com a comida para jantarem juntos? Se ela tivesse um bom comportamento, talvez ele até pegasse leve com ela mais tarde.Com esse pensamento, ele pegou o celular do bolso, mas ao olhar para a tela, viu que era Sterling ligando.Por que Sterling estava ligando de repente? O que será que tinha acontecido?Após um momento de hesitação, ele atendeu a ligação. Sterling foi direto ao ponto:— Vamos beber.— O que está acontecendo? — Simão perguntou, achando tudo muito estranho. Será que Sterling estava de mau humor? Por que outro motivo ele o chamaria para beber?— Perguntas demais. No mesmo lugar de sempre. — Respondeu Sterling, antes de desligar o telefone sem esperar por outra palavra.Simão guardou o celular, pegou os talheres e terminou de comer a única porção de vegetais que estava na mesa. Só depois disso, saiu de casa.Ao chegar no clube
Rita seguia Simão de perto, com o aroma suave de jasmim que exalava do homem invadindo seu nariz. Ela não conseguia evitar imaginar que tipo de homem Simão era.— Sente-se. A voz dele a despertou de seus devaneios. Sem perceber, os dois já haviam entrado no reservado. — O que foi? Eu sou tão bonito assim para você ficar me olhando desse jeito? — Simão brincou com um sorriso, como se fossem velhos amigos. Mas os dois tinham acabado de se conhecer naquele dia. Rita se inclinou para sentar, agradeceu com um leve movimento de cabeça e viu Simão acomodar-se à sua frente. O garçom chegou trazendo vinho e petiscos. Simão pegou o copo e começou a servir vinho. Rita observava cada movimento dele. Embora seu rosto mostrasse uma expressão tranquila, por dentro ela já começava a sentir algo diferente. Simão era bonito e atencioso. Um homem assim certamente encantaria qualquer mulher, pensou ela. — Se você souber beber, tome só um pouco. Se não, posso pedir para trazerem um suco para
— Clarice, estou grávida. Você precisa se divorciar do Sterling o quanto antes, senão, quando a criança nascer, vai crescer sem pai. Que crueldade seria! — A voz chorosa da mulher ecoava pelo telefone.Clarice Preston apertou as têmporas com os dedos, o rosto impassível enquanto respondia com frieza:— Teresa, quer dizer mais alguma coisa? Fale logo, assim eu gravo tudo de uma vez. Vai ser útil no processo de divórcio para eu pegar mais dinheiro dele.— Clarice, sua desgraçada! Está gravando?! — Teresa gritou, furiosa, antes de desligar abruptamente.O som do telefone mudo ficou no ar. Clarice abaixou o olhar para o teste de gravidez que segurava nas mãos. As palavras "quatro semanas" saltavam da folha como se estivessem em negrito. Aquilo parecia um golpe, mas, ao mesmo tempo, uma chance de redenção.Ela havia planejado contar a Sterling sobre a gravidez naquela mesma noite, mas agora sabia que isso era desnecessário. A decisão já estava tomada: aquele filho, apesar de vir em um momen
Clarice olhou para o homem que havia falado. Era Callum Martinez, amigo de infância de Sterling. A família Martinez era uma das mais tradicionais de Londa, e Callum sempre desprezara Clarice por sua origem humilde. Contudo, aquele típico playboy arrogante não passava de uma ferramenta nas mãos de Teresa, constantemente usado por ela para atacá-la.Pensando nisso, Clarice esboçou um leve sorriso. Seus lábios vermelhos se moveram com delicadeza, e sua voz soou suave:— A senhora Teresa de quem você fala é a esposa legítima do irmão mais velho do Sterling. Se alguém ouvir o que você acabou de dizer, pode acabar pensando que existe algo... Inapropriado entre eles.Callum havia falado de propósito para irritá-la, mas Clarice não via necessidade de poupar Sterling na frente de seus amigos. Ela o amava, sim, mas não ao ponto de aceitar humilhações.Teresa, que até então parecia satisfeita, imediatamente apertou os punhos ao ouvir aquelas palavras. Uma expressão sombria passou rapidamente por