Mas, quanto à Beatriz e à família Preston, isso já era outra história. Será que eles estariam envolvidos? Difícil dizer. E se não fosse Asher, quem seria o novo dono? — Dra. Clarice, sua cara não está muito boa, hein. O que foi? Está preocupada que, com a chegada do novo chefe, você não vai mais ter os privilégios de antes? Está se remoendo por dentro, né? Ao ouvir a voz, Clarice ergueu o olhar e viu Isabelly parada à sua frente. Isabelly havia começado no escritório no mesmo dia que ela, mas até hoje nunca tinha liderado um caso no tribunal. Seu trabalho se resumia a mediar conflitos em casos civis. Clarice, por outro lado, havia conquistado seu espaço. Era uma advogada renomada, com uma reputação impecável. Ela sabia que Isabelly a invejava. E a odiava. Clarice já estava acostumada com o tom venenoso de Isabelly. Se respondesse, seria acusada de abusar de sua posição para intimidá-la. Isso daria munição aos outros colegas que a invejavam e que, sempre que possível, tent
Isabelly ficou furiosa com a provocação de Clarice e avançou para tentar arranhar o rosto dela, gritando: — Cala a boca! Você está inventando tudo! Clarice, que já havia percebido o comportamento suspeito de Isabelly há muito tempo, nunca tinha comentado nada. Estava guardando essa carta na manga para o momento certo. Desviando do ataque, Clarice estendeu o braço e empurrou Isabelly para longe. — Se estou inventando, por que não vai verificar as câmeras de segurança? Assim fica tudo muito claro. Clarice sabia que, se não colocasse Isabelly no lugar hoje, os outros no escritório iriam querer atacá-la também. Ela não era idiota para deixar que isso acontecesse. — Se a Dra. Clarice está mentindo, é só checar as câmeras! — Alguém na sala comentou, claramente querendo ver o circo pegar fogo. — Vamos lá! Vamos todos ver a verdade! — Isso, Isabelly, vamos! Os colegas começaram a incentivar a situação, transformando tudo em um espetáculo. Isabelly ficou pálida de repente. Se
No passado, ele era tão carinhoso com ela. Nunca tinha levantado a voz, nem mesmo falado com um tom mais firme. Henriques franziu a testa, claramente irritado, e seu tom saiu ríspido: — Agora que a situação chegou a esse ponto, se o novo chefe decidir demitir um de nós, você vai dizer que foi você quem me seduziu. Diz que aquele dia no escritório foi a primeira vez! Isabelly ficou tão chocada que até esqueceu de chorar. — O que você está dizendo? Era esse mesmo o Henriques que ela conhecia? Aquele homem responsável, protetor e confiável? Não podia ser. Ela devia estar ouvindo errado! — Você é só uma mediadora. Nunca liderou um caso no tribunal. Sair da Torres Advocacia não vai afetar sua carreira. Mas, se eu for demitido por causa de problemas de conduta, nunca mais vou conseguir um bom emprego em outro lugar! Se você perder o trabalho, eu posso te sustentar. Mas, se eu perder o meu, você consegue me sustentar? — Ele a olhou com intensidade e urgência, tentando convencê-la
Clarice colocou o garfo de lado e levantou o olhar, encarando Esther. Quando começou no escritório, as duas saíam juntas para negociar contratos com empresas. Os clientes sempre dificultavam as coisas, e muitas vezes elas acabavam tendo que beber tanto que chegavam a passar mal. Ainda assim, Clarice nunca reclamou. Sempre aguentou firme. No fundo, ela sempre sentiu uma gratidão genuína por Esther ter estado ao seu lado naqueles dias difíceis. Nos últimos dois anos, embora não trabalhassem juntas com tanta frequência, ocasionalmente se uniam para investigar a verdade por trás de alguns casos. Trabalhar com Esther sempre tinha sido uma experiência tranquila e eficiente. Clarice não era do tipo que expressava suas emoções ou criava laços profundos com facilidade, mas, de alguma forma, Esther ocupava um lugar especial em seu coração. Agora, no entanto, algo dentro dela parecia se despedaçar. Lilian percebeu que o semblante de Clarice havia mudado. Sem pensar duas vezes, pegou a
— Ah, parem de me invejar! — A voz melosa de Teresa tinha um tom de provocação e ostentação. — No fim das contas, eu conheço muitos herdeiros ricos da alta sociedade. Vou pedir para o Sterling organizar um encontro qualquer dia desses, e quem sabe vocês também encontram o par ideal! Clarice inspirou profundamente, tentando sufocar a dor que crescia em seu peito. Sterling fazia tudo por Teresa. Se ela pedisse uma estrela do céu, ele provavelmente daria um jeito de trazê-la. Do lado de fora, as colegas continuaram elogiando Teresa por mais alguns minutos até finalmente irem embora. Clarice massageou as têmporas e saiu do boxe do banheiro. Enviou uma mensagem para Lilian pedindo que trouxesse sua bolsa. Assim que pegou a bolsa, deixou o restaurante sem olhar para trás. Naquela noite, o show de fogos de artifício em Londa foi o assunto da cidade. Todo mundo ficou sabendo da mulher chamada Teresa, que estava sendo mimada ao extremo por seu noivo. Clarice passou a noite inteira a
Sterling lançou um olhar frio para a mão do chefe, sem alterar a expressão. O chefe, apavorado, imediatamente recuou. Aquele olhar de Sterling era aterrorizante, como se pudesse quebrar sua mão com apenas um movimento! Nesse momento, a porta se abriu, e uma voz feminina, doce e melosa, ecoou pela sala: — Sterling, você nem me esperou! Subiu sozinho sem mim! Ao ouvir a voz de Teresa, Clarice congelou por um instante. Logo, as palavras de Lilian no dia anterior ecoaram em sua mente: Torres Advocacia havia sido comprada como presente para uma noiva. Ela até chegou a cogitar que Asher poderia ter sido o comprador do escritório. Mas agora tudo fazia sentido. Era Sterling. Ontem foi o aniversário de Teresa, e claramente Torres Advocacia era o presente de aniversário dela. E, como se para confirmar seus pensamentos, Sterling falou em um tom calmo e controlado: — Torres Advocacia agora está sob sua gestão. Você será responsável pela organização da equipe e pela alocação de recu
— A empresa tem outros assuntos para resolver, eu vou voltar. — Sterling disse, virando-se e saindo sem olhar para trás. Teresa levantou os olhos e observou a silhueta do homem se afastando. Seus lábios se curvaram em um sorriso satisfeito, e ela rapidamente o seguiu. Os dois saíram do escritório um atrás do outro. O antigo dono da Torres Advocacia veio ao encontro deles e, com um tom respeitoso, informou: — Reuni todos os funcionários para que o Sr. Sterling e a Sra. Teresa possam conhecê-los e ouvir suas apresentações. Embora o antigo dono tivesse sentido um breve arrependimento por vender a Torres Advocacia, ele não podia negar que o negócio tinha sido muito lucrativo. Era sua obrigação garantir uma transição tranquila. Sterling arqueou as sobrancelhas e parou. Teresa, de forma quase instintiva, deu um passo para trás, escondendo-se levemente atrás dele. Aos olhos dos outros, aquele gesto parecia íntimo e cheio de cumplicidade, como se ela fosse uma mulher protegida e mima
— A Dra. Clarice sempre teve esse jeito frio e distante, e trata todo mundo do mesmo jeito. Para mim, o comportamento dela hoje está normal. — Normal? Ela deveria ter sido promovida a líder do grupo, mas perder esse posto para alguém que chegou agora deve ter deixado ela furiosa. Quem não ficaria com a cara fechada? — Só eu percebi que o Sr. Sterling ficou olhando para a Dra. Clarice por mais de um minuto? Será que ele está pensando em… Sei lá, dar uma “oportunidade” para ela? — Oportunidade? — Outra riu com desdém. — Antes que o Sr. Sterling pense em algo, aposto que a Clarice já deu um jeito de se enfiar na cama dele. Você sabe que ela é especialista nisso. Esses quatro anos aqui… Quantos homens ela já não seduziu para subir na carreira? Clarice soltou uma risada fria e, com calma, respondeu: — Eu achei que o que aconteceu ontem com a Isabelly fosse suficiente para fazer vocês calarem a boca. Mas parece que vocês continuam muito curiosas sobre a minha vida pessoal. Que tal