Ela não aceitava, de jeito nenhum, cancelar o pedido de divórcio! Sterling observou as costas de Clarice enquanto ela se afastava. Ele estreitou os olhos, sentindo um incômodo difícil de explicar. Antes, ela o amava tanto, mas agora, nem um traço desse amor era visível em seus olhos. Sterling não podia negar que isso o incomodava profundamente. Clarice mal havia saído do cartório quando seu celular tocou. Era Jaqueline. — Clarinha, onde você está? — Acabei de sair do cartório. — Para comemorar sua liberdade, reservei uma mesa no Estrela do Paladar. Quer que eu vá te buscar agora? — Jaqueline falou com um tom animado, quase vibrante. — Eu vou sozinha. — Clarice mordeu os lábios, tentando conter a confusão em sua mente. Ainda estava absorta na pergunta que Sterling fizera à funcionária. O coração estava inquieto. — Então tá. Vou indo na frente! Vem com calma, sem pressa! Até já! — Jaqueline respondeu animada e desligou. Clarice ficou parada por um momento, segurando o cel
Túlio suspirou profundamente. — Sterling, sua história com a Clarice acabou. Eu realmente acho uma pena! Ele queria sondar o que Sterling estava pensando antes de decidir o que fazer. Sterling ergueu os olhos e olhou para o retrovisor. — Vovô, o que você quer dizer com isso? Ele sabia que Túlio estava do lado de Clarice, mas queria ouvir exatamente o que ele tinha a dizer. — Você já pensou em cancelar o pedido de divórcio? — Túlio perguntou diretamente, sem rodeios. — Já. — Sterling respondeu com seriedade, sem a menor intenção de esconder. — Então, vou ligar agora mesmo para eles prepararem o certificado de divórcio. — Túlio pegou o celular e começou a discar novamente. — Vovô, o que você está fazendo? — Sterling estava completamente confuso com a atitude de Túlio. — Eu sou seu neto de sangue! Que tipo de avô ajuda alguém a conspirar contra o próprio neto? Túlio soltou uma risada fria. — Já decidi. Assim que a Clarice tiver o certificado de divórcio nas mãos, vou o
Isaac olhou para o pequeno estojo de joias e respondeu respeitosamente: — Foi um presente de aniversário que o Sr. Sterling escolheu para você no seu último aniversário. Ele estava ocupado resolvendo assuntos em Cidade F e acabou se esquecendo de entregá-lo. Hoje, ele pediu que eu trouxesse e também me pediu para lhe dizer que sente muito. Clarice pegou o estojo e o devolveu para Isaac com firmeza. — O certificado de divórcio eu aceito, mas isso aqui, por favor, devolva para o Sterling. E diga a ele que, depois do divórcio, seguimos caminhos diferentes. Não tem mais “desculpa” ou “culpa” entre nós. — Sra. Davis, eu… — Isaac segurou o estojo, sentindo o peso da situação. Ele tinha certeza de que, se voltasse para Sterling com aquele presente, o chefe ficaria furioso. Trabalhando diretamente com Sterling, ele sabia que o patrão não tolerava incompetência, e devolver o presente seria interpretado como um fracasso. — Obrigado por vir até aqui me entregar. Agora, preciso ir. Tch
Mais uma vez rejeitado, Asher sentiu um aperto no coração. Contudo, ele fez o possível para não demonstrar seus sentimentos. — Então, depois que você tiver o bebê, quero você no Bennett Jurídico! — Disse ele, tentando soar casual. Ele realmente queria que Clarice fizesse parte do crescimento do escritório, trabalhando ao lado dele para torná-lo uma referência. Clarice não conseguiu segurar o riso. — Ainda faltam alguns meses para eu ter o bebê e você já está me “reservando”? Vai que, depois que meu filho nascer, eu não queira mais ser advogada, já pensou nisso? — Eu vou esperar. Não importa quanto tempo demore, eu espero por você. — Asher respondeu com firmeza, suas palavras carregadas de um significado que ia além do trabalho. Jaqueline, ao ouvir isso, não pôde deixar de sentir inveja. Se ela tivesse um homem tão dedicado e apaixonado ao lado dela, já teria se casado há muito tempo. — Vamos deixar o futuro para o futuro, né? — Clarice desconversou, sem perceber a intenção
Sterling ouviu as palavras de Isaac e sua expressão ficou sombria. Clarice, aquela mulher, o que ela estava tentando fazer? Que ousadia era essa? — Com quem ela estava? — Perguntou Sterling, com os olhos levemente estreitados. — Asher foi buscá-la de carro. — Isaac respondeu, mas logo sentiu o ar no escritório ficar mais frio. Ele puxou levemente a gola do casaco, tentando afastar o desconforto. — E Teresa? Onde ela está? — Sterling sabia que, se continuasse a falar sobre Clarice e Asher, ficaria ainda mais irritado. Preferiu trocar de assunto. — Já a levei para casa. — Isaac respondeu, mas não conseguia prever o que Sterling estava pensando. Por isso mesmo, preferiu não acrescentar nada. — Certo. Pode sair agora. — Sterling dispensou Isaac com um gesto de mão. Isaac não perdeu tempo e saiu rapidamente, aliviado por deixar o escritório. Quando ficou sozinho, Sterling pegou o estojo de joias que Isaac havia deixado e o abriu. Lá dentro, havia um colar de diamantes, o model
Ela nunca havia sorrido para ele daquele jeito. Nunca. E não era ela que dizia amá-lo? Sterling, por muito tempo, acreditou que ela realmente o amava. Mas, naquele instante, enquanto a via sorrir abertamente para Asher, a certeza que ele tinha sobre o amor dela se desfez como areia ao vento. Ele não conseguia evitar o pensamento: Clarice nunca o amou. Esse tempo todo, ela amou aquele homem. O sentimento de traição tomou conta de Sterling como uma tempestade. Três anos. Três anos de mentiras. Como ela teve coragem de enganá-lo por tanto tempo? O coração dele parecia estar sendo esmagado por uma mão invisível. A dor era tão intensa que ele quase não conseguia respirar. A raiva o consumia por dentro, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de impotência o dominava. Sterling não queria acreditar no que estava presenciando. Parecia que o mundo ao seu redor havia desmoronado em questão de segundos. Ele respirou fundo, tentando manter a calma, tentando controlar o turbilhão de emoções que
— Clarice, estou grávida. Você precisa se divorciar do Sterling o quanto antes, senão, quando a criança nascer, vai crescer sem pai. Que crueldade seria! — A voz chorosa da mulher ecoava pelo telefone.Clarice Preston apertou as têmporas com os dedos, o rosto impassível enquanto respondia com frieza:— Teresa, quer dizer mais alguma coisa? Fale logo, assim eu gravo tudo de uma vez. Vai ser útil no processo de divórcio para eu pegar mais dinheiro dele.— Clarice, sua desgraçada! Está gravando?! — Teresa gritou, furiosa, antes de desligar abruptamente.O som do telefone mudo ficou no ar. Clarice abaixou o olhar para o teste de gravidez que segurava nas mãos. As palavras "quatro semanas" saltavam da folha como se estivessem em negrito. Aquilo parecia um golpe, mas, ao mesmo tempo, uma chance de redenção.Ela havia planejado contar a Sterling sobre a gravidez naquela mesma noite, mas agora sabia que isso era desnecessário. A decisão já estava tomada: aquele filho, apesar de vir em um momen
Clarice olhou para o homem que havia falado. Era Callum Martinez, amigo de infância de Sterling. A família Martinez era uma das mais tradicionais de Londa, e Callum sempre desprezara Clarice por sua origem humilde. Contudo, aquele típico playboy arrogante não passava de uma ferramenta nas mãos de Teresa, constantemente usado por ela para atacá-la.Pensando nisso, Clarice esboçou um leve sorriso. Seus lábios vermelhos se moveram com delicadeza, e sua voz soou suave:— A senhora Teresa de quem você fala é a esposa legítima do irmão mais velho do Sterling. Se alguém ouvir o que você acabou de dizer, pode acabar pensando que existe algo... Inapropriado entre eles.Callum havia falado de propósito para irritá-la, mas Clarice não via necessidade de poupar Sterling na frente de seus amigos. Ela o amava, sim, mas não ao ponto de aceitar humilhações.Teresa, que até então parecia satisfeita, imediatamente apertou os punhos ao ouvir aquelas palavras. Uma expressão sombria passou rapidamente por