Jaqueline se assustou tanto que rapidamente retirou a mão e virou-se, dando de cara com os olhos sombrios de Simão. Ao lembrar que havia ignorado suas ligações nos últimos dias, Jaqueline sentiu o coração apertar. Será que ele faria alguma coisa ali, naquele lugar? Afinal, Asher ainda estava presente... Simão notou o rosto pálido de Jaqueline e sentiu a raiva subir como fogo. Por que ela ficava tão assustada ao vê-lo? Ele era tão aterrorizante assim? Jaqueline percebeu a frieza que emanava de Simão e ficou preocupada que ele pudesse explodir a qualquer momento. Ela rapidamente caminhou até ele, com um sorriso forçado e conciliador. — O que te trouxe aqui? — Esta é a minha hospital. Não posso vir para uma inspeção? — Simão respondeu com um tom ríspido, deixando claro que estava irritado. Jaqueline hesitou por um momento, mas, com cuidado, estendeu a mão para puxá-lo e disse baixinho: — Hoje à noite, eu mesma cozinho para você. Que tal passar lá em casa para jantar? Ela s
Jaqueline respirou fundo, aliviada, e disse para Asher: — Eu já volto, fique aqui esperando a Clarinha. Simão nunca foi uma pessoa paciente. Se ele tivesse que esperar muito, com certeza perderia a cabeça. Asher acenou com a cabeça, sem fazer perguntas. Ele não se importava com os problemas dos outros. Jaqueline lançou um último olhar profundo para ele antes de se virar para ir embora. Entre ela e Asher... Nunca mais haveria uma chance. Na verdade, ela já havia desistido há muito tempo. No corredor de emergência, Simão estava encostado na grade de proteção, com um cigarro entre os dedos. A fumaça subia lentamente, e atrás dela, o rosto dele surgia como uma pintura, de tão bonito. Jaqueline parou na porta e olhou para ele. Não conseguia negar, o homem era realmente lindo. Ele notou sua presença e ergueu o olhar na direção dela, com as sobrancelhas levemente arqueadas: — Por que não vem até aqui? Está com medo que eu te devore? Jaqueline desviou o olhar e começou a cami
Simão viu o rosto de Jaqueline corar de repente e estreitou os olhos enquanto um pensamento lhe passava pela cabeça: — Jaqueline, o que você está pensando? Será que essa mulher estava achando que ele ia fazer alguma coisa com ela ali, no hospital? Mesmo que o hospital fosse dele, ele não era tão sem limites assim. Mas, pensando bem, fazer amor ali, com o risco de serem pegos, definitivamente teria um certo sabor de adrenalina. Algo que ninguém esqueceria facilmente. — Estava pensando... Hoje à noite vamos para a sua casa ou para a minha? — Jaqueline respondeu, sem nem piscar, como se mentir fosse algo natural para ela. No fundo, ela sabia que os homens nem sempre queriam ouvir a verdade. A verdade, às vezes, machucava. — Comprei um apartamento para você. Assim que eu resolver umas coisas, te levo para ver. — Disse Simão, agora em um tom muito mais calmo. — Eu já falei que não quero! — Jaqueline respondeu, firme. Ela não queria os presentes dele. Não queria parecer uma mul
— Então faça do jeito que você achar melhor. — Disse Simão, sem querer entrar em conflito com a mãe. No fundo, ele sabia que tudo o que ela fazia era pelo bem da família Baptista. Como ela mesma costumava dizer: eles desfrutavam do prestígio da família Baptista, mas, em troca, precisavam sacrificar a própria felicidade. Ninguém escolhe onde vai nascer. — Entre em contato com a Rita, confirme tudo e, depois, me avise. Vou cancelar o jantar de hoje à noite. — Certo! — Respondeu ele, encerrando a ligação. Simão acendeu um cigarro. Na fumaça que rodopiava no ar, o rosto de uma mulher, cheio de charme e mistério, surgiu em sua mente. Mas, assim que terminou o cigarro, aquela imagem desapareceu como se nunca tivesse existido. Com um sorriso irônico, Simão pediu ao assistente que encontrasse o número de Rita. Assim que conseguiu, ele mesmo ligou para ela. Do outro lado da linha, uma voz feminina, cheia de orgulho, atendeu: — Quem é? — Seu par no encontro arranjado. Simão. —
Depois de pensar por um momento, Sterling decidiu ligar para aquele número. No entanto, no instante seguinte, o som de ocupado ecoou pelo celular. Sterling franziu a testa e tentou ligar novamente. Ainda assim, o resultado foi o mesmo: ocupado. De repente, ele riu. Clarice, como sempre, nunca deixava de surpreendê-lo. Mesmo quando estava errada, ela conseguia ser incrivelmente confiante e cheia de razão. Já que ela tinha bloqueado o número dele, Sterling decidiu que não insistiria. Quando voltasse, resolveria isso pessoalmente. Neste momento, o celular dele começou a tocar. Quando Sterling viu que era o número de Túlio, ele apertou os lábios, pensativo. Clarice tinha ido reclamar com o avô de novo? Era isso? Túlio estava ligando para repreendê-lo? Da última vez que isso aconteceu, Sterling tinha saído com marcas das chicotadas que levou. E, como estava ocupado nos últimos dias, as feridas haviam inflamado, causando uma dor incessante. Depois de hesitar por um momento, Ste
— Isaac, fale! O que está acontecendo? — A voz de Sterling ficou mais firme, quase cortante. Isaac suspirou. Ele não teve escolha senão contar tudo o que sabia. Quando Sterling ouviu que a avó de Clarice havia falecido, ele ficou imóvel por um instante. Naquele dia, ele tinha ligado para Clarice exigindo que ela pedisse desculpas a Teresa, e ela mencionou que sua avó havia falecido. Mas ele não acreditou, disse que ela estava mentindo! Nos últimos dias, Clarice não ligou para ele, e Sterling achou que ela estava apenas se escondendo, evitando a obrigação de pedir desculpas. Nunca, nem por um segundo, ele tinha imaginado que a avó dela realmente havia falecido. E agora, ao perceber a verdade, Sterling ficou sem palavras. Um acontecimento tão grave, e ela sequer o procurou para contar. Talvez Clarice estivesse profundamente magoada, tão triste a ponto de não querer falar com ele. — Sr. Sterling... — Isaac chamou, percebendo o silêncio do outro lado da linha. — Eu já entendi.
Teresa deitou a cabeça contra o peito dele, ouvindo o som do seu coração. Por um instante, ela se sentiu tocada, e seus olhos se encheram de lágrimas sem que ela percebesse. Se ela não tivesse amado Sterling, teria aceitado imediatamente as palavras de Callum. Mas ela não podia. O silêncio de Teresa partiu o coração de Callum. Embora ele já soubesse qual seria a resposta, ainda havia uma pequena esperança, por mais tola que fosse. Talvez, quem sabe, ela mudasse de ideia e escolhesse ficar com ele. Mas... Era apenas ele se iludindo. — Callum... Eu... — Teresa sentiu o desconforto dele. Queria dizer algo, mas as palavras simplesmente não saíam. — Não precisa falar nada. Eu já sei. Teresa, não force a si mesma. Siga o que o seu coração diz. — Callum respondeu, resignado. — Mas, no futuro, talvez a gente não se veja com tanta frequência. Ele sabia que, uma vez casado, teria responsabilidades para com sua família. Era algo inevitável. — Callum, você vai me ignorar? — Teresa,
Clarice se levantou e fixou o olhar no horizonte, como se pudesse enxergar claramente o caminho desconhecido e desafiador que estava prestes a trilhar. Túlio permaneceu parado, observando em silêncio enquanto ela se afastava. Seu coração estava dividido entre a tristeza da despedida e a esperança pelo futuro que aguardava Clarice. A noite caiu, e a mansão voltou ao seu estado habitual de tranquilidade. No entanto, a decisão tomada naquela noite era como uma pedra lançada em um lago calmo, criando ondas que anunciavam o início de uma nova jornada. Quando Clarice voltou à Villa Serenidade, Catarina veio ao seu encontro imediatamente: — Senhora, o que deseja comer? Eu posso preparar algo! Clarice sorriu gentilmente e balançou a cabeça: — Obrigada, Catarina. Não estou com fome agora. — Então, quando quiser comer, é só me avisar! — Disse Catarina, com preocupação na voz. — Está bem, vou subir. Catarina observou a silhueta de Clarice desaparecer pelas escadas e suspirou. Cla