2 horas antes Voltar para casa deveria ser reconfortante, um refúgio onde eu me sentisse segura e amada. No passado, em algum momento, aquele lugar já foi meu lar, onde eu cresci e vivi momentos especiais. Mas, em algum momento, tudo mudou e aquele lugar deixou de ser o que um lar deveria ser.O ambiente tóxico e manipulador criado por minha mãe fez com que eu me sentisse sufocada. Aos poucos, aquele espaço que deveria ser de afeto e aconchego se transformou em um lugar de angústia e dor. As lembranças dolorosas de chantagens emocionais e manipulações constantes me atormentavam, e eu não queria reviver aqueles momentos.Significava enfrentar todas as feridas emocionais que ainda não cicatrizaram. Significava encarar minha mãe e as máscaras que ela usava para esconder suas verdadeiras intenções. Significava abrir mão da minha independência e me colocar novamente em uma situação vulnerável.Por mais que eu amasse Noah e quisesse estar perto dele, a ideia de voltar para aqu
Observo Noah, o irmão de Diana, dormindo tranquilamente no banco traseiro do carro, ao estacionar em frente de casa após a noite turbulenta no hospital. A preocupação com Diana ainda persiste, mas ver Noah ali, descansando, me traz um certo alívio.Com cuidado, desligo o carro e saio do veículo, tomando um momento para respirar fundo e tentar acalmar meus próprios pensamentos. A noite foi repleta de ansiedade e incerteza, mas a notícia de que Diana estava estável me trouxe um pouco de conforto.Ao abrir a porta de trás, sou cuidadoso para não acordar Noah. Ele parece tão vulnerável ali, dormindo em meio a toda a agitação que viveu. Sinto uma conexão com ele também, pois sei que, assim como Diana, ele está passando por um momento difícil.Com carinho, retiro o cinto de segurança de Noah e o pego no colo com cuidado, cobrindo-o com meu terno para garantir que ele continue confortável. Enquanto o carrego em direção à porta de casa, penso sobre como a situação afetou não apenas Diana e e
— Senhor, espere! — Ouço uma voz feminina não muito longe de mim. Meus olhos pesavam como chumbo, mas lutava contra o sono excessivo que ameaçava me dominar. O sono tomava conta do meu corpo, mas havia algo dentro de mim que me impedia de ceder. Os sons característicos de aparelhos preenchiam o ambiente ao meu redor, e, num instante, percebi que estava em um hospital. O cheiro peculiar de desinfetante e a iluminação branca contribuíam para reforçar essa percepção. Minha visão estava um pouco turva, mas logo tudo se clareou, e eu observei o cenário ao meu redor. Percebo quando alguém se aproxima de repente de mim, seguido por uma mão em meu rosto.— Diana? — Semicerro minhas pálpebras, embalada pelo perfume que já conhecia, não precisando me esforçar muito para reconhecer Ares — Oi — Seu olhar está carregado de expectativa — Precisamos ir.— Ir para onde? — questiono sonolenta.— Para minha casa. Agora.— Mas... — Meus olhos percorreram o
Observo Abby, fascinada, enquanto seus olhos brilham intensamente ao olhar para Diana. É como se ela estivesse vendo algo mágico, algo que tocou seu coração de maneira única.A presença de Diana naquele quarto parecia trazer uma nova perspectiva para Abby. Queria que fosse algo que a fizesse vislumbrar possibilidades além das dificuldades que enfrentamos.Sigo o olhar de Abby até Diana, tentando enxergar através dos olhos dela o que a encanta tanto. Diana permanece ali, com uma postura serena, como uma força tranquila, e também posso sentir uma conexão inexplicável com ela, que logo ignoro.— Me ajude a sentar, Ares — Abby pede, sem tirar os olhos de Diana. Com cuidado, arrumo os travesseiros em suas costas e a ajudo a se apoiar neles. Abby sorri com um suspiro, sem tirar os olhos de Diana.— Vem cá. Chegue mais perto — Diana hesita por um momento, antes de caminhar vagarosamente até a cama, ainda vestida com a roupa hospitalar. Ela se coloca ao meu lado
Junho Os dias se arrastavam lentamente naquela casa. O silêncio parecia preencher os espaços, ecoando pelos corredores e quartos vazios. A rotina era marcada por momentos de introspecção e reflexão, enquanto eu tentava me adaptar à nova dinâmica daquela família peculiar.Noah, com sua inocência e energia, conseguia trazer um pouco de vida ao ambiente. Ele passava boa parte do tempo brincando no jardim, explorando cada cantinho da propriedade. Seus risos e voz infantil eram uma fonte de alegria em meio ao cenário sombrio que nos cercava.Enquanto Ares continuava a cuidar de sua esposa, eu tentava encontrar meu lugar naquele ambiente delicado. A presença de Abby, ainda era limitada, pois sua saúde debilitada a impedia de estar mais presente. Duas vezes ao dia, ia ao quarto de Abby, para compartilhar detalhes sobre a gravidez e responder às suas perguntas curiosas. Ela demonstrava um interesse genuíno pelo bebê em meu ventre, o que era de se esperar. Já que era o
Sinto um arrepio percorrer meu corpo ao me afastar de Diana, a respiração ofegante e a sensação de calor ainda me dominando. Observo ela com um misto de admiração e inquietação, tentando entender o que acabou de acontecer entre nós.— Desculpe.. — murmuro, ainda sem saber exatamente o que dizer. Minha mente está confusa, já não me reconhecia.Diana olha para mim, seus olhos brilhantes e expressão serena. Ela sorri levemente, como se compreendesse a intensidade do momento que acabamos de compartilhar. É como se houvesse uma conexão entre nós que vai além do racional.— Não precisa se desculpar, Ares — diz suavemente, seus olhos fixos nos meus. — Às vezes, as coisas simplesmente acontecem...Tento controlar a aceleração do meu coração e raciocinar claramente.— Nós... não podemos deixar isso acontecer novamente — digo, lutando para encontrar as palavras certas. Saio da cozinha rapidamente, subindo os degraus da escada o mais rápido que conseguia, me sentindo culpado po
— O quê?! Não! — Minha voz soa alta e estridente, a medida que olho para o médico obstetra que estava acompanhando a minha gestação e Ares — A bebê não pode nascer agora. Ainda falta um mês. Um mês!— O bebê não irá correr risco algum se nascer antes. Está saudável e dentro dos paramêtros — diz o médico calmamente, como se induzir partos de repente fosse normal. Em um dia estava pedindo que o tempo parasse um pouco, que pudesse permanecer mais um tempo grávida, sonhando em como é se tornar mãe e ter uma família e, no outro por mero capricho de Ares, para me manter longe dele e principalmente da família, queria que induzissem meu parto, que simplesmente arrancasse aquele bebê de mim. Olho para Ares um pouco distante, com as mãos dentro dos bolsos da calça e de cabeça baixa.— Ares — chamo, tentando atrair sua atenção, mas ele não me olha — Não faz isso — peço baixo.— Prometo que dentre algumas horas, estará livre de uma gestação e que logo seu cor
— Ela é perfeita — Abby sussurra com um sorriso, deixando que as lágrimas escorram livremente.Me aproximo, fixando meu olhar na nossa filha, suas mãos acariciam carinhosamente a pequenina. A sensação de que, de alguma forma, aquela era a nossa família, fazia com que tudo ao redor parecesse mais nítido e significativo.— Ela é a coisa mais linda que já vi — diz digo com a voz embargada. — E pensar que há pouco tempo nem imaginava que seria pai.Ela assenti comovida, compartilhando da mesma incredulidade que eu. Enquanto nossos olhos permanecem grudados na pequena criaturinha em nossos braços, eu sentia que aquele momento era a prova de que, mesmo diante de tudo que aconteceu, estávamos ali juntos, prontos para enfrentar o mundo como uma família. Abby olha para mim com um brilho nos olhos, e sei que ela também está sentindo toda a magnitude desse instante. Nossa filha está finalmente conosco, serenada pela doçura da voz de sua mãe, e é como se o mundo parasse por um mo