Ela se debateu novamente, uma verdadeira fúria desembocando por seus sentidos agora e saindo em forma de palavras enquanto ela tornava o trabalho de lhe escoltar mais difícil do que estava sendo no início.― Você não perde por esperar! O rei vai estripar você como um peixe! E a rainha!? Rá! Ela vai perfurar seus olhos com palitos de dentes e se certificar de que você nunca se esqueça de que NINGUÉM invade Alladieren! Nenhum pirata convencido metido a...Ele a chacoalhou, parando no caminhonovamente, e Waverly mordeu a língua no meio do processo.Mas diferente de tudo que ela pensou, ele não se enfureceu nesta parte. Diferente disso, seus olhos agora expressavam interesse vítreo.― Você parece ser extremamente fiel a ambos.― Bem... eles nunca me sequestraram e nem me amarraram em uma pilastra! Tão pouco já ameaçaram me amordaçar.Capitão Hansey piscou.― Fale-me sobre eles.Chocada, Waverly deixou que seus olhos crescessem nas órbitas.― Nem que por isso você me deixasse atravessá-lo
A trilha desembocava nas muralhas rudimentares do castelo, saindo bem à frente dos enormes portões negros em formato de V virado, a enorme clareira que se agigantava esplêndida cercando o único caminho largo que levava até O Palácio Real de Alladieren. E para extrema surpresa de Waverly, Capitão Hansey fez questão de chegar calmamente por este caminho. As enormes torres hexagonais da grande construção apontavam para os céus escuros como um suplício, e Waverly sempre se perdia quando observava a cena daquele ângulo. Pensando bem, o castelo se parecia muito com capitão Hansey. Intenso, devastador e parecendo implorar por algo como um suplício silencioso. Ele, em si, já era uma espécie de súplica.E bem, ele também a estava deixando bastante perdida desde que resolvera pôr os olhos nela.E outras partes do corpo também. Coisa na qual Waverly decidira não pensar enquanto dependesse da originalidade de seu cérebro para escapar daquela situação. Ela duvidava que ele fosse continuar funcio
Waverly deixou escapar seu fôlego com certo alívio, ainda que não imediato.― Viu só? ― Hansey sussurrou em sua orelha.― Pare de sussurrar na minha orelha! ― ela enviou o cotovelo para trás, esperando afundá-lo no abdômen definido do pirata, já que a promessa de viver pareceu dar-lhe alguma coragem extra, no entanto, foi como bater em uma parede.― Estou, por acaso, lhe deixando tensa, milady?Waverly pensou ouvir seu coração grunhir, mas se negou a responder, imaginando que seria seriamente castigada se ousasse continuar mentindo de forma tão descarada. Ora céus... para onde foram parar todos aqueles preceitos religiosos que lhe foram passados desde os dois anos de idade e que ela se empenhara em manter em funcionamento até aquele dia?Ah sim, estavam se derretendo por um pirata. Que a propósito, a estava usando como refém.Waverly talvez considerasse se autoflagelar da próxima vez que conseguisse reunir toda sua sensatez novamente.Se um dia conseguisse.― Você é tão tonto! Não ent
Então, Kate irrompeu pelas mesmas portas segurando as saias do vestido, e Waverly praguejou o dia em que ensinou à princesa este abominável modo de correr mais rápido. Mas a rainha não parecia ter notado a entrada da filha ou mesmo suas panturrilhas a mostra, já que seu olhar ainda parecia aéreo e levemente torturado, como se lembranças desagradáveis estivessem tingindo sua mente.― Wave!? A onde está... ― Kate também parou subtamente ao bater contra Khiera, tendo seu rosto contra as costas de sua mãe de uma maneira que parecia ter sido dolorosa, se preocupando depois disso em massagear o nariz e testar seu funcionamento com uma careta preocupada, e finalmente, o inacreditável Rhajaran surgiu atrás de ambas.Ele dava a impressão de uma grande fera vindo à tona, seus olhos azuis faiscando em tons de basalto e lápis lazúli enquanto seus cílios negros se apertavam em aborrecimento.― Mas o que está acontecendo aqui?Ao invés de responder, Khiera continuava sondando o pirata como se estiv
Kate parecia estar quase suplicando para que sua resposta fosse positiva.― Meu Deus! Claro que não, Kate! Ele não foi indecoroso desse modo. Na verdade, na maioria do tempo ele não pareceu nem notar que sou uma garota que casualmente, estava usando saias. Capitão Hansey deve ter um gosto mais excêntrico para suas mulheres. E ele me acha simples, uma devota sem graça, já que tocamos no assunto. Então não, pelos céus! Não!― Oh, ainda bem! ― Kate mais parecia decepcionada do que realmente aliviada.A princesa, mesmo não admitindo nem sob tortura, possuía uma grande curiosidade acerca dos prazeres carnais desde que flagrara uma cena deveras comprometedora na ala dos criados, e Waverly sempre se encontrava em uma constante luta para repreender a natureza cálida da jovem delicada de olhos azuis, que enganava a qualquer um com aquele ar angelical e inocente. Waverly às vezes desconfiava que essa era a real causa por ter sido procurada como Dama de Honra da princesa.A imaculada Filha do Vi
― Quem vai acabar morta por alguma crise de nervos sou eu se não conseguir te manter o suficiente inocente até seu casamento, Kate. ― ela franziu o cenho, se sentindo uma matrona rabugenta. Uma que suspirava por piratas, céus... ― Você não deve se importar com o que os criados dizem. Criados... hã, apenas gostam, você sabe, de colocar as mãos em baixo das saias das criadas por costume. É como se fosse... típico. Quero dizer, um código secreto que eles utilizam quando eles querem conversar... em particular.Kate estreitou seus amendoados olhos azuis com cautela.― Então eles... conversam através de códigos assim?Waverly sentiu seu rosto pinicar com vermelho incandescente.― Uh, sim. Algo como isso.Kate deu de ombros.― Puxa, que emocionante. Eu não fazia ideia.Waverly murmurou uma imprecação em pensamentos.― Aposto mesmo que não.Mas passaram-se apenas uns poucos segundos antes as engrenagens da mente de Kate passassem a trabalhar novamente e ela acabasse tendo seus gigantescos olh
Waverly se forçou a expulsar a comprometedora imagem de sua mente antes que perdesse o foco.Ela passou o indicador pelo próprio pescoço num gesto violento.― Forca, Kate. Forca! Você sabe, o Queen's Hansey não faz corso. E capitão Hansey não é nenhum corsário legalizado, mas um pirata sem lei. ― ela pausou ao pressupor que na verdade, nenhum pirata tinha lei. Oh. Ela já não estava mais conseguindo soar persuasiva nem para si mesma, no entanto, continuou ― Um pirata temido. Um assassino que simplesmente não PODE ser um príncipe.― E ainda assim, ele voltou. ― Kate cruzou os braços, teimosa ― Porque o temível Capitão Hansey arriscaria uma forca quando poderia continuar com suas pilhagens? Ele não me parece com alguém que precise de amparo, tão pouco.Waverly quis amaldiçoar qualquer coisa. Ela tinha um maldito bom ponto.― E como é que eu vou saber como é que as coisas acontecem na cabeça de um pirata, Kate? ― Waverly sufocou um esgar surpreso quando a ideia lhe ocorreu, vinda de repen
-Apreciando a vista, Srta. Watkins? ― a voz familiar soprou perto de si.Waverly de repente tinha certeza sobre três coisas.Primeira: o universo estava conspirando contra ela.Segunda: Hansey merecia uma medalha brilhante na posição de "vilão".E terceira: se ela perdesse o equilíbrio e suas mãos derrapassem mais meio centímetro pelas paredes externas abaixo da janela, ela despencaria para uma queda de mais o menos nove andares. E só havia uma pessoa que poderia ajudá-la naquele momento.E esta pessoa, em questão, havia se recostado confortavelmente na coluna ao lado da janela enquanto Waverly balançava as pernas no ar, numa linha horizontal, por estar, claro, com quase metade do corpo projetado para fora.Ah, e ela também tinha certeza sobre mais uma pequena coisa: nunca, em toda a sua vida no convento, sentira tão derradeira necessidade de chutar a canela de alguém com força suficiente para deixá-la manca. Mas parecia haver algum atrativo especial nessa parte em particular da compl