CapĂ­tulo 2- Curiosidade.

Sienna Snyder

Faz uma semana desde que não apareço na faculdade. Depois de tudo que houve no outro dia, percebi que certas coisas precisavam mudar, e a primeira delas é ter um lugar só meu, onde eu possa aproveitar da solidão.

Estou terminando de organizar algumas coisas com a ajuda de Amber.

— Como é se mudar daqui?

— Normal, até porque meus pais não param em casa.

— E onde você vai morar agora?

— Comprei um apartamento no prédio Lefard, já que é perto da faculdade. Assim fica muito mais fácil para mim.

— Quando você me disse que iria morar sozinha, quase me convidei para morar com você,— Caio na risada e Amber faz o mesmo — Mas eu também já tenho meu apartamento.

— Sério? — Pergunto curiosa.

— Comprei a alguns meses e não tive coragem de sair da casa dos meus pais, mas nós vamos ser vizinhas.

Amber pega um molho de chaves e me mostra o nome Lefard no chaveiro.

— Sua vaca… — Bato no braço dela.— Por que não me disse?

— Eu não ia me mudar, mas saber que você vai morar nesse prédio, achei incrível a ideia de morarmos pertos, mas sem tirar a privacidade uma da outra. Até porque tenho pretendes para levar para lá.

— Ah, você é a melhor amiga que alguém poderia ter. — A abraço e ela retribui.

— De nada, mas falando nisso, comprei meu apartamento no último andar, até porque não tem cobertura.

— Eu também.

— Isso só significa que estamos destinadas a sermos vizinhas. Só não venha reclamar nos boys que levo, tá?

— Amber….

— O que ? Seu irmão não me quer, mas tem quem queira, rsrs.

Olhamos uma para outra anter de cairmos na risada. Conheço Amber desde o ensino médio e felizmente nossa amizade dura até hoje. Ela sabe tudo o que passei até hoje e sobre meus demônios.

Ela cuida de mim, desde que sofri o acidente, e nunca deixa que eu abaixe minha cabeça. Ela sempre diz que devo andar de cabeça erguida, mesmo com as acusações.

E por mais que meus pais não sejam nem um pouco próximos a mim, os pais de Amber né tratam com muito carinho. É como a família que nunca tive.

….

Terminamos de organizar tudo e estamos indo ao prédio. Uma hora se passa e estamos finalmente em frente ao meu apartamento. O prédio é moderno e diga-se de passagem, muito caro.

Abro a porta e dou de cara com um apartamento simplesmente magnífico. As tonalidades entre branco e rose deixam o ambiente moderno, porém é minha cara.

— Puta merda. Isso aqui é puro luxo.— Amber diz entrando com minhas malas e se jogando no sofá .— O que acha de vinho e pizza para comemorar? Eu pago.

— Assim não tem como recusar.— Sorrio.

…

A noite foi longa e agora Amber está acabada. A playlist de músicas ainda toca, e não faço a mínima ideia se isso está atrapalhando os outros moradores.

Me levanto e começo a organizar as coisas, quando a campainha toca.

— Quem será que é? - Amber diz enquanto vai do sofá ao chão.

Saio em direção a porta.

- Ai, mil desculpas pelo barulho.

Olho em frente e vejo nosso professor da faculdade. Vincent Becker.

— Que bom que desligaram a música.

— Senhor Becker, eu sinto muito pelo incómodo.

— Tudo bem, só espero que isso não ocorra novamente.

— Quem tá aí? — Amber grita da sala.

Ele saĂ­ antes mesmo que possa falar mais alguma coisa. Tranco a porta e volto a organizar.

— Era o nosso professor, Vincent Becker.

Amber pula do sofá assustada. Sua face está totalmente engraçada.

— Volta a dormir, vai. — Ajudo Amber a se deitar, que logo que encosta a cabeça no sofá e capota.

Me jogo no outro sofá e faço o mesmo.

….

É de manhã e provavelmente Amber não vai às aulas hoje. Bebeu tanto, que sua cabeça está ruim desde as 4 da manhã.

Termino de me arrumar e vou para a faculdade. Felizmente vou aproveitar para caminhar até lá.

Chego e logo os olhares contra mim começam. Alguns têm pena, outros demonstram ódio. E de qualquer forma, isso já não me atinge. Pelo menos hoje não.

….

As aulas foram desgastante e acabei perdendo conteĂşdo pelos dias que faltei, agora sĂł me resta recuperar.

Termino minhas coisas e vou para a biblioteca. A única coisa que preciso agora é fazer algo que goste. Me sento no fundo da biblioteca e começo a desenhar algo proibido, algo que não deveria estar em meus pensamentos, mas invadiram.

Logo vejo um vulto perto de mim. Ergo minha cabeça e vejo de quem se trata. Imediatamente guardo meu caderno.

— Senhor Becker.

— Sem tantas formalidades. Me chame apenas de Becker.

Aceno com a cabeça.

— Está estudando? — Ele perguntou, enquanto me analisava.

— Não, estou apenas matando o tempo livre antes de ir para casa. Falando nisso, me desculpe pela música.

— Sem problemas.

— Acho melhor eu ir.— Me levanto e organizo minhas coisas.

— Ah, claro.— Ele se levanta e me dá passagem.

Passo quase que correndo, porém quando estou prestes a chegar na saída, sinto alguém agarrar meu braço.

— Deixou cair isto, senhorita Snyder.

Olho e vejo minha caneta em suas mĂŁos.

— Obrigada.— Pego a caneta e simplesmente saio sem nem olhar para trás.

….

É de tarde e estou jogada em minha cama com pensamentos que não gostaria de estar tendo.

Amber ainda está passando mal.

— Amiga, já sentiu atração por alguém que não deveria?

— Como assim?

— Tipo, se sentiu atraída por alguém que você nunca, nem em sonhos, pode pensar.

— Acho que sim, sla. Mas por que dá pergunta?

— Curiosidade.

Ela concorda e volta a dormir.

Continua…

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