RebeccaO trajeto de volta para São Paulo foi tranquilo, mas exaustivo. Os últimos dias têm sido intensos, emocionalmente desgastantes, e a exaustão me dominou de forma implacável. Eu estava cansada, tanto física quanto emocionalmente, e acabei adormecendo no banco de trás do carro que Aaron providenciou para nos levar do aeroporto até em casa. A última coisa que lembro é da sensação do carro balançando suavemente enquanto minha cabeça descansava no ombro de Aaron, que segurava minha mão, seus dedos entrelaçados aos meus, como se quisesse garantir que eu estivesse segura, mesmo enquanto dormia.Quando Aaron me acordou, eu me senti um pouco desorientada, mas logo percebi que estávamos parados em frente a um portão enorme, que se abria lentamente para revelar uma mansão imponente. Meus olhos se arregalaram, e eu me sentei rapidamente, tentando processar o que estava vendo.— Por que estamos aqui? — perguntei, minha voz ainda um pouco grogue do sono. Aaron inspirou profundamente antes
AaronDepois de instalar Rebecca e vê-la adormecer, finalmente senti que podia respirar um pouco. Ela estava segura, pelo menos por enquanto, e eu precisava garantir que continuasse assim. Peguei meu telefone e liguei para Ettore, precisando atualizá-lo sobre tudo o que havia acontecido nas últimas horas. Eu também precisava de respostas. Precisava de um rumo. Precisava fazer algo.— Ettore — comecei, minha voz baixa para não acordar Rebecca. — Preciso que você descubra onde posso encontrar Paolla e Eric. Eles estão por trás de tudo isso, e eu quero enfrentá-los.Ettore ouviu atentamente, e eu pude sentir a tensão na voz dele quando respondeu.— Aaron, diante dos últimos acontecimentos, já estou monitorando aqueles dois constantemente. Mas eles são espertos, estão se escondendo bem. Vou precisar de mais tempo.Dois dias se passaram, e Ettore ainda não tinha informações concretas. A espera estava me consumindo, mas eu sabia que não podia fazer nada além de confiar nele. Enquanto isso,
AaronPaolla revirou os olhos, como se aquela conversa estivesse deixando-a entediada. De maneira fria e claramente dissimulada, ela sentou-se sobre um dos sofás, indicando que sentássemos no outro que estava à sua frente.— A que devo a honra da visita? — Paolla perguntou, cruzando as pernas e fingindo desinteresse.Leonel, com sua imponência natural, tomou a dianteira.— Chega de jogos, Paolla. Sabemos exatamente o que você e Eric fizeram. E vocês terão que responder por isso.A falsa compostura de Paolla vacilou por um breve segundo, mas logo ela sorriu, jogando os cabelos para o lado.— Eu não faço ideia do que está falando, Leonel. Será que Aaron veio chorar para o vovô porque perdeu a namoradinha? — ela debochou, lançando um olhar frio na minha direção.Eu me inclinei para frente, cerrando os punhos com tanta força que minhas unhas quase perfuraram a palma das mãos. A fúria queimava dentro de mim, mas eu sabia que precisava manter o controle. — Você pagou Antônio para mentir pa
AaronO sol do final da tarde entrava suavemente pela janela do quarto, iluminando o rosto sereno de Rebecca enquanto ela dormia. Eu estava sentado ao lado da cama, observando cada detalhe do seu rosto, cada movimento suave da sua respiração. Era difícil acreditar que, depois de tudo o que havíamos passado, finalmente estávamos em paz. Rebecca estava segura. Nosso bebê estava seguro. E, pela primeira vez em muito tempo, eu sentia que podia respirar.O confronto com Paolla e Eric, a revelação de que Antônio havia sido pago para mentir, a decisão de processá-los por tudo o que fizeram... Eu sabia que, com o poder e a influência da família Baumann por trás de mim, eles não teriam para onde correr. Eles haviam mexido com as pessoas erradas, e agora colheriam as consequências.Mas, no fim das contas, o que mais importava era Rebecca. Eu havia prometido a mim mesmo que nunca mais a decepcionaria, e eu faria de tudo para cumprir essa promessa.Rebecca mexeu-se levemente, seus olhos se abrin
RebeccaDesde que cheguei à mansão Baumann, eu evitava encontrar o patriarca da família. Algo dentro de mim ainda não se sentia pronto para esse momento, que se tornou um temido encontro. O peso de tudo o que aconteceu entre Aaron e eu, somado ao que eu ouvi sobre Leonel Baumann, fazia com que esse encontro parecesse ainda mais intimidante. Mas, desta vez, minha desculpa de que ainda precisava descansar não funcionou. Aaron foi insistente, paciente e, com sua doçura habitual, convenceu-me a me juntar à sua família no tradicional jantar de domingo.Enquanto descia as escadas ao lado de Aaron, senti meus dedos entrelaçados aos dele, mas nem mesmo o calor de sua mão foi capaz de acalmar os batimentos acelerados do meu coração. A cada degrau que eu pisava, minha ansiedade aumentava, como se estivesse caminhando para um campo de batalha onde cada olhar, cada palavra e cada gesto seriam cuidadosamente analisados.No último degrau, Aaron parou abruptamente, me puxando suavemente para que eu
RebeccaO dia do nosso casamento finalmente chegou, e eu mal conseguia acreditar que estávamos aqui, prontos para começar essa nova fase da vida juntos. Depois de tudo o que passamos, depois de todas as lutas e desafios, finalmente estávamos prontos para dizer "sim" um ao outro, diante das pessoas que mais amávamos.O vestido de noiva caía suavemente sobre minha barriga já proeminente, um lembrete constante da nova vida que Aaron e eu estávamos prestes a começar juntos. A trajetória até aquele momento não tinha sido fácil, mas agora, olhando para o meu reflexo e para o anel brilhando em meu dedo, eu sabia que cada obstáculo havia valido a pena.No jardim da propriedade, tudo estava preparado para a cerimônia discreta. Apenas a família e os amigos mais próximos estavam presentes. Anton, como padrinho, conversava animadamente com Ettore, enquanto Leonel observava tudo com uma expressão de satisfação discreta. Para a minha surpresa, o patriarca da família fez questão de organizar a cerim
Leonel BaumannConvidei meus netos e Ettore para um jantar na mansão. Já era hora de decidir o futuro das Indústrias Baumann, e eu precisava de todos presentes para essa ocasião. Berenice, minha querida esposa, estava ao meu lado, lançando-me olhares de apoio. A sala de jantar, com seu lustre imponente e móveis antigos, estava preparada para uma noite memorável.Enquanto nos acomodamos à mesa, observei os rostos tensos dos meus netos. Aaron, com sua postura rígida e terno impecável, claramente estava à espera de algo importante. Paola, ao seu lado, tentava disfarçar sua ansiedade, mas o brilho em seus olhos a traía. Axel, sempre desconfiado, mantinha uma expressão cerrada, enquanto Anton, despreocupado, mexia no telefone e Annelise ria de algo que ele disse.Ettore, filho de um antigo funcionário falecido e meu homem de confiança, estava presente também. Para mim, ele é como um filho. Suas ações sempre foram pautadas pela lealdade e integridade, algo raro nos dias de hoje.O jantar tr
AaronVi meu avô sair da sala com passos firmes, deixando para trás um misto de incredulidade e choque em nossos rostos. Não era possível que ele realmente estivesse impondo tal condição para passar o controle das Indústrias Baumann. Um bisneto? Era isso que ele queria em troca do poder?Olhei para Paola, minha esposa, sentada ao meu lado. Ela estava linda como sempre, sua postura perfeita e seu rosto inexpressivo. Paola sempre foi a esposa troféu ideal, vinda de uma família tradicional paulistana. Elegante, educada, exatamente o que eu precisava para manter as aparências. Mas filhos? Esse era um assunto que nunca tínhamos discutido seriamente.Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Axel se dirigiu ao luxuoso bar no canto da sala. Pegou uma garrafa de uísque e serviu-se de uma dose generosa.— Alguém mais quer? — ele perguntou, sua voz carregada de sarcasmo e desdém. Ele nos olhou, sabendo que as chances de aceitar sua oferta eram poucas.Annelise foi a primeira a se levantar, ain