Axel
O treino de hoje foi uma perda de tempo. Desde o primeiro aquecimento, eu sabia que não ia conseguir render nada. Meus pensamentos estavam em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa. Cada chute que errava, cada jogada que deixava passar, só aumentava a irritação. O técnico até perguntou o que estava acontecendo, mas não dava para explicar. Não ali, na frente de todo mundo. Então só balancei a cabeça, dei uma desculpa qualquer e voltei para o campo.
Quando finalmente nos dispensaram, eu não perdi tempo. No vestiário, tomei um banho rápido, nem prestei atenção nos caras conversando ao meu redor. Não era como nos outros dias, quando eu tentava me enturmar, puxar assunto, rir das piadas. Hoje, eu só queria ficar longe de t
AxelA pergunta me atingiu como um soco. Era algo que eu mesmo vinha tentando entender desde o momento em que a vi quase ser atropelada. Suspirei, passando a mão pelo cabelo, tentando encontrar as palavras certas.— Eu não sei, Kimberly. Não sei explicar. — Minha voz soou mais honesta do que eu esperava. — Só sei que, desde que te encontrei, algo em mim... mudou.Ela estreitou os olhos, como se tentasse ler nas entrelinhas do que eu estava dizendo.— Isso tem a ver com a mulher com quem você me confundiu na primeira vez? — Sua pergunta foi direta, e eu senti um nó se formar no meu estômago. — Priscila, não é mesmo?Kimberly era perceptiva
AntonQuando meu celular tocou e vi o nome de Tony na tela, respirei fundo, sentindo a tensão se acumular sobre os meus ombros. Ele vinha reclamando há semanas, dizendo que eu havia me tornado outra pessoa, mas, para ser honesto, não tinha paciência para suas críticas.— Finalmente, hein? — começou ele, com aquele tom debochado que me deixava irritado. — Pensei que tinha sumido do planeta, Anton. Agora você é o quê? A versão dois do Aaron?— O que você quer, Tony? — perguntei secamente, tentando cortar o assunto antes que ele começasse.— Relaxa, cara. Só estou dizendo que é engraçado como você mudou. Antes, pelo menos, você sabia se divertir. Agora parece que está vivendo para agradar a família perfeita.A comparação com Aaron me incomodou mais do que eu queria admitir. Não que houvesse algo de errado em ser responsável, mas Aaron não era exatamente o exemplo de estabilidade emocional que eu queria seguir.— Talvez eu tenha percebido que viver de festa em festa não é o suficiente, To
AntonAcordei com uma dor latejante na cabeça e o gosto amargo na boca que só a ressaca podia trazer. Fazia tempo que não me sentia assim. Permaneci deitado, encarando o teto, enquanto flashes da noite anterior surgiam na minha mente.Tony, a boate, os drinques que eu sabia que não devia ter tomado. E então, Anneliese. Sua intervenção não só havia evitado que eu fizesse algo estúpido, mas também me lembrado de que tinha pessoas ao meu redor que realmente se importavam comigo.Apesar de não ter feito nada de errado, sabia bem como aquelas noites terminavam quando eu estava com Tony. Mulheres que eu mal conhecia, um vazio ainda maior ao acordar no dia seguinte. Só de pensar na possibilidade de ter cometido um erro assim, algo que destruísse qualquer chance com Pietra, sentia um nó no estômago.Suspirei e fechei os olhos por um momento. Não podia continuar assim, tão perdido e sem rumo. Precisava encontrar uma maneira de me reaproximar de Pietra, de mostrar a ela que ela pode confiar em
PietraApesar de ter concordado em dar um passo de cada vez com Anton, a dúvida ainda me corroía por dentro quase uma semana após a consulta com obstetra. Eu não conseguia ignorar a sensação de que, de alguma forma, todo o esforço de Anton para me conquistar foi baseado pela exigência do avô dele por um bisneto.No domingo, quando a campainha da minha casa tocou no final da tarde, meu coração disparou. Era como se eu soubesse que era Anton antes mesmo de ouvir sua voz. Ele estava estranhamente em silêncio o dia inteiro, e considerando o quanto ele era insistente, aquilo me deixou desconfiada.Fiquei parada, olhando para a porta como se pudesse adivinhar o que fazer apenas encarando-a.— N&atil
AxelFazia uma semana que eu tinha entrado em contato com Ettore, confiando a ele a tarefa de descobrir tudo sobre Kimberly. O silêncio dele estava me deixando inquieto. Não era do feitio dele demorar tanto sem sequer um retorno. Algo não fazia sentido. Eu queria ir até ela, descobrir por conta própria, mas Fred me impediu.— Você não vai ser bem recebido, Axel. — Ele disse, como se eu precisasse ser lembrado disso.Kimberly foi clara. Ela quer distância de mim, e por mais que tudo dentro de mim gritasse para desobedecer, eu estava tentando respeitar esse desejo. Ao menos por enquanto. Mas essa espera estava me consumindo. Meu rendimento nos treinos estava péssimo, e eu sabia que não podia me dar ao luxo de errar. Estava em um novo time, ganhando
AxelEu estava perdido. A revelação de Ettore ainda ecoava na minha cabeça, distante e ao mesmo tempo ensurdecedora: eu era o pai do filho de Kimberly. Meu filho. Meu.Senti o peso daquela afirmação me esmagando. Meus pensamentos estavam embaralhados, desconexos. Como isso era possível? Kimberly... a mulher que me confundia, que me desafiava, que parecia uma cópia de Priscila e, ao mesmo tempo, tão diferente. Como eu poderia conviver com isso? Como eu poderia simplesmente aceitar essa realidade sem questionar?Me virei para Ettore, repetindo a pergunta que já tinha feito inúmeras vezes.— Você tem certeza disso? — Minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia.<
KimberlyEu não esperava visitas naquela tarde. Desde que recebi alta do hospital, minha vida voltou a um ritmo mais tranquilo, e eu estava tentando me adaptar novamente à rotina com Kathleen.Quando a campainha tocou, eu fui atender sem me questionar quem poderia ser. Mas, ao abrir a porta, meu corpo todo congelou. Axel estava parado ali, alto, imponente. Meu primeiro instinto foi fechar a porta na cara dele, mas minha surpresa me manteve imóvel por alguns segundos.— Podemos conversar? — ele perguntou, a voz baixa e firme.Uma risada seca escapou dos meus lábios antes que eu pudesse contê-la.— Não temos nada para conversar. Leonel BaumannConvidei meus netos e Ettore para um jantar na mansão. Já era hora de decidir o futuro das Indústrias Baumann, e eu precisava de todos presentes para essa ocasião. Berenice, minha querida esposa, estava ao meu lado, lançando-me olhares de apoio. A sala de jantar, com seu lustre imponente e móveis antigos, estava preparada para uma noite memorável.Enquanto nos acomodamos à mesa, observei os rostos tensos dos meus netos. Aaron, com sua postura rígida e terno impecável, claramente estava à espera de algo importante. Paola, ao seu lado, tentava disfarçar sua ansiedade, mas o brilho em seus olhos a traía. Axel, sempre desconfiado, mantinha uma expressão cerrada, enquanto Anton, despreocupado, mexia no telefone e Annelise ria de algo que ele disse.Ettore, filho de um antigo funcionário falecido e meu homem de confiança, estava presente também. Para mim, ele é como um filho. Suas ações sempre foram pautadas pela lealdade e integridade, algo raro nos dias de hoje.O jantar tr O Capricho do Patriarca