AaronPaolla revirou os olhos, como se aquela conversa estivesse deixando-a entediada. De maneira fria e claramente dissimulada, ela sentou-se sobre um dos sofás, indicando que sentássemos no outro que estava à sua frente.— A que devo a honra da visita? — Paolla perguntou, cruzando as pernas e fingindo desinteresse.Leonel, com sua imponência natural, tomou a dianteira.— Chega de jogos, Paolla. Sabemos exatamente o que você e Eric fizeram. E vocês terão que responder por isso.A falsa compostura de Paolla vacilou por um breve segundo, mas logo ela sorriu, jogando os cabelos para o lado.— Eu não faço ideia do que está falando, Leonel. Será que Aaron veio chorar para o vovô porque perdeu a namoradinha? — ela debochou, lançando um olhar frio na minha direção.Eu me inclinei para frente, cerrando os punhos com tanta força que minhas unhas quase perfuraram a palma das mãos. A fúria queimava dentro de mim, mas eu sabia que precisava manter o controle. — Você pagou Antônio para mentir pa
AaronO sol do final da tarde entrava suavemente pela janela do quarto, iluminando o rosto sereno de Rebecca enquanto ela dormia. Eu estava sentado ao lado da cama, observando cada detalhe do seu rosto, cada movimento suave da sua respiração. Era difícil acreditar que, depois de tudo o que havíamos passado, finalmente estávamos em paz. Rebecca estava segura. Nosso bebê estava seguro. E, pela primeira vez em muito tempo, eu sentia que podia respirar.O confronto com Paolla e Eric, a revelação de que Antônio havia sido pago para mentir, a decisão de processá-los por tudo o que fizeram... Eu sabia que, com o poder e a influência da família Baumann por trás de mim, eles não teriam para onde correr. Eles haviam mexido com as pessoas erradas, e agora colheriam as consequências.Mas, no fim das contas, o que mais importava era Rebecca. Eu havia prometido a mim mesmo que nunca mais a decepcionaria, e eu faria de tudo para cumprir essa promessa.Rebecca mexeu-se levemente, seus olhos se abrin
RebeccaDesde que cheguei à mansão Baumann, eu evitava encontrar o patriarca da família. Algo dentro de mim ainda não se sentia pronto para esse momento, que se tornou um temido encontro. O peso de tudo o que aconteceu entre Aaron e eu, somado ao que eu ouvi sobre Leonel Baumann, fazia com que esse encontro parecesse ainda mais intimidante. Mas, desta vez, minha desculpa de que ainda precisava descansar não funcionou. Aaron foi insistente, paciente e, com sua doçura habitual, convenceu-me a me juntar à sua família no tradicional jantar de domingo.Enquanto descia as escadas ao lado de Aaron, senti meus dedos entrelaçados aos dele, mas nem mesmo o calor de sua mão foi capaz de acalmar os batimentos acelerados do meu coração. A cada degrau que eu pisava, minha ansiedade aumentava, como se estivesse caminhando para um campo de batalha onde cada olhar, cada palavra e cada gesto seriam cuidadosamente analisados.No último degrau, Aaron parou abruptamente, me puxando suavemente para que eu
RebeccaO dia do nosso casamento finalmente chegou, e eu mal conseguia acreditar que estávamos aqui, prontos para começar essa nova fase da vida juntos. Depois de tudo o que passamos, depois de todas as lutas e desafios, finalmente estávamos prontos para dizer "sim" um ao outro, diante das pessoas que mais amávamos.O vestido de noiva caía suavemente sobre minha barriga já proeminente, um lembrete constante da nova vida que Aaron e eu estávamos prestes a começar juntos. A trajetória até aquele momento não tinha sido fácil, mas agora, olhando para o meu reflexo e para o anel brilhando em meu dedo, eu sabia que cada obstáculo havia valido a pena.No jardim da propriedade, tudo estava preparado para a cerimônia discreta. Apenas a família e os amigos mais próximos estavam presentes. Anton, como padrinho, conversava animadamente com Ettore, enquanto Leonel observava tudo com uma expressão de satisfação discreta. Para a minha surpresa, o patriarca da família fez questão de organizar a cerimô
PrólogoVerdade ou ConsequênciaAntonA garrafa de vidro vazia girou novamente e dessa vez a indicada foi Pietra, a garota mais linda de todo o colégio e por quem sou apaixonado há exatos dois anos, desde o primeiro momento em que os meus olhos encontraram os olhos mais negros e brilhantes de todo o mundo.— Sua vez, Pietra! — Priscila falou com animação — Verdade ou consequência?Pietra sorriu. Ela sempre sorri. Seus olhos também sorriem, mesmo quando ela não estava sorrindo. — Verdade! — Pietra escolheu.Eu não tinha dúvida da sua escolha. Pietra jamais arriscaria receber uma consequência, pois ela sempre é tão careta, totalmente o oposto de mim, mas isso nunca seria um problema entre nós. Eu a amo exatamente como ela é.— O que você vai fazer a partir de agora? — Foi a pergunta de Priscila.Alguns emitiram expressões de descontentamento, nitidamente considerando a pergunta sem graça. Mas essa pergunta foi perfeita para mim. Pietra é sempre tão reservada sobre a sua vida fora da es
Sete anos depoisAntonSaí da piscina e olhei em torno à procura de uma toalha, que logo apareceu em minhas mãos. Analisei o entorno, procurando alguém interessante entre as várias garotas que estavam espalhadas pelo convés do iate enorme e luxuoso, mas nenhuma delas conseguiu chamar a minha atenção. Sempre as mesmas garotas. Ou talvez elas fossem apenas todas parecidas entre si. — O que acha de um passeio de lancha até uma das ilhas?— Não estou afim de me sujar todo de areia — recusei. O convite tinha partido de Tony, o meu melhor amigo e parceiro regular nas minhas farras. — Ah, quanta frescura! — Tony reclamou, rolando os olhos — Vai perder um grande passeio.— Nossa, acho que nunca vou superar isso… — Falei com ironia, aproveitando para pedir a pessoa mais próxima a nós — Hei, garota! Me trás uma cerveja!A garota acatou o meu pedido e eu voltei a sentar em uma das cadeiras ao sol, aproveitando a brisa marinha. Tony provavelmente seguiu com seus planos e não demorou para eu t
PietraEu nunca imaginei que um dia poderia me deparar com Anton novamente. Estou mentindo. Talvez eu tenha sonhado com esse momento algumas vezes. Talvez eu também tenha idealizado esse encontro durante algumas noites insones, fantasiando todos os detalhes e o que nós diríamos um para o outro. Mas tudo mudou. Eu não sou mais a mesma garota ingênua e cheia de sonhos sobre príncipes encantados.— Oi, Anton — Respondi com o máximo de frieza que consegui imprimir em minha voz — Nunca poderia imaginar que você frequenta lanchonetes na periferia da cidade.— Não foi algo que planejei, eu confesso — Anton falou com um sorriso aberto — Não tinha a menor ideia do que você trabalhava aqui. Aliás, eu acreditava que voc
AntonNo posto de combustível, comprei um galão de gasolina e retornei ao carro. Enquanto abastecia o veículo, percebi que minha vida parecia um contraste gritante em relação àquela realidade. É estranho pensar que aquele bairro ficava relativamente próximo ao meu, na mesma cidade.Tentei desviar o pensamento do reencontro com Pietra. Havia algo diferente nela, uma aura de tristeza e amargura que não existia antes. Lembrei da garota vivaz e sorridente que conheci, com olhos brilhantes e muitos planos para o futuro. O que teria acontecido para mudá-la tanto?Dirigi para a minha casa, uma imponente mansão no alto de Pinheiros, em São Paulo. Felizmente, não encontrei ninguém pelos corredores. Não estava em meu melhor