RebeccaDesde que cheguei à mansão Baumann, eu evitava encontrar o patriarca da família. Algo dentro de mim ainda não se sentia pronto para esse momento, que se tornou um temido encontro. O peso de tudo o que aconteceu entre Aaron e eu, somado ao que eu ouvi sobre Leonel Baumann, fazia com que esse encontro parecesse ainda mais intimidante. Mas, desta vez, minha desculpa de que ainda precisava descansar não funcionou. Aaron foi insistente, paciente e, com sua doçura habitual, convenceu-me a me juntar à sua família no tradicional jantar de domingo.Enquanto descia as escadas ao lado de Aaron, senti meus dedos entrelaçados aos dele, mas nem mesmo o calor de sua mão foi capaz de acalmar os batimentos acelerados do meu coração. A cada degrau que eu pisava, minha ansiedade aumentava, como se estivesse caminhando para um campo de batalha onde cada olhar, cada palavra e cada gesto seriam cuidadosamente analisados.No último degrau, Aaron parou abruptamente, me puxando suavemente para que eu
RebeccaO dia do nosso casamento finalmente chegou, e eu mal conseguia acreditar que estávamos aqui, prontos para começar essa nova fase da vida juntos. Depois de tudo o que passamos, depois de todas as lutas e desafios, finalmente estávamos prontos para dizer "sim" um ao outro, diante das pessoas que mais amávamos.O vestido de noiva caía suavemente sobre minha barriga já proeminente, um lembrete constante da nova vida que Aaron e eu estávamos prestes a começar juntos. A trajetória até aquele momento não tinha sido fácil, mas agora, olhando para o meu reflexo e para o anel brilhando em meu dedo, eu sabia que cada obstáculo havia valido a pena.No jardim da propriedade, tudo estava preparado para a cerimônia discreta. Apenas a família e os amigos mais próximos estavam presentes. Anton, como padrinho, conversava animadamente com Ettore, enquanto Leonel observava tudo com uma expressão de satisfação discreta. Para a minha surpresa, o patriarca da família fez questão de organizar a cerimô
PrólogoVerdade ou ConsequênciaAntonA garrafa de vidro vazia girou novamente e dessa vez a indicada foi Pietra, a garota mais linda de todo o colégio e por quem sou apaixonado há exatos dois anos, desde o primeiro momento em que os meus olhos encontraram os olhos mais negros e brilhantes de todo o mundo.— Sua vez, Pietra! — Priscila falou com animação — Verdade ou consequência?Pietra sorriu. Ela sempre sorri. Seus olhos também sorriem, mesmo quando ela não estava sorrindo. — Verdade! — Pietra escolheu.Eu não tinha dúvida da sua escolha. Pietra jamais arriscaria receber uma consequência, pois ela sempre é tão careta, totalmente o oposto de mim, mas isso nunca seria um problema entre nós. Eu a amo exatamente como ela é.— O que você vai fazer a partir de agora? — Foi a pergunta de Priscila.Alguns emitiram expressões de descontentamento, nitidamente considerando a pergunta sem graça. Mas essa pergunta foi perfeita para mim. Pietra é sempre tão reservada sobre a sua vida fora da es
Sete anos depoisAntonSaí da piscina e olhei em torno à procura de uma toalha, que logo apareceu em minhas mãos. Analisei o entorno, procurando alguém interessante entre as várias garotas que estavam espalhadas pelo convés do iate enorme e luxuoso, mas nenhuma delas conseguiu chamar a minha atenção. Sempre as mesmas garotas. Ou talvez elas fossem apenas todas parecidas entre si. — O que acha de um passeio de lancha até uma das ilhas?— Não estou afim de me sujar todo de areia — recusei. O convite tinha partido de Tony, o meu melhor amigo e parceiro regular nas minhas farras. — Ah, quanta frescura! — Tony reclamou, rolando os olhos — Vai perder um grande passeio.— Nossa, acho que nunca vou superar isso… — Falei com ironia, aproveitando para pedir a pessoa mais próxima a nós — Hei, garota! Me trás uma cerveja!A garota acatou o meu pedido e eu voltei a sentar em uma das cadeiras ao sol, aproveitando a brisa marinha. Tony provavelmente seguiu com seus planos e não demorou para eu t
PietraEu nunca imaginei que um dia poderia me deparar com Anton novamente. Estou mentindo. Talvez eu tenha sonhado com esse momento algumas vezes. Talvez eu também tenha idealizado esse encontro durante algumas noites insones, fantasiando todos os detalhes e o que nós diríamos um para o outro. Mas tudo mudou. Eu não sou mais a mesma garota ingênua e cheia de sonhos sobre príncipes encantados.— Oi, Anton — Respondi com o máximo de frieza que consegui imprimir em minha voz — Nunca poderia imaginar que você frequenta lanchonetes na periferia da cidade.— Não foi algo que planejei, eu confesso — Anton falou com um sorriso aberto — Não tinha a menor ideia do que você trabalhava aqui. Aliás, eu acreditava que voc
AntonNo posto de combustível, comprei um galão de gasolina e retornei ao carro. Enquanto abastecia o veículo, percebi que minha vida parecia um contraste gritante em relação àquela realidade. É estranho pensar que aquele bairro ficava relativamente próximo ao meu, na mesma cidade.Tentei desviar o pensamento do reencontro com Pietra. Havia algo diferente nela, uma aura de tristeza e amargura que não existia antes. Lembrei da garota vivaz e sorridente que conheci, com olhos brilhantes e muitos planos para o futuro. O que teria acontecido para mudá-la tanto?Dirigi para a minha casa, uma imponente mansão no alto de Pinheiros, em São Paulo. Felizmente, não encontrei ninguém pelos corredores. Não estava em meu melhor
PietraEstava na cozinha, terminando os últimos preparativos para o jantar, quando ouvi a porta da sala de estar se abrir. Reconheci o som imediatamente, mas o sorriso animado que Andressa trouxe consigo era novo. Cumprimentei-a com um beijo na bochecha, curiosa para saber o motivo de tanta empolgação.— Aconteceu alguma coisa que eu não saiba? — perguntei, me esforçando para conter meu próprio sorriso ao ver sua expressão radiante.Andressa não esperou nem um segundo para compartilhar a novidade:— Consegui o emprego de meio período na loja aqui perto de casa! — ela anunciou, alegria transbordando em suas palavras.Sent
AntonA primeira coisa que passou pela minha cabeça ao acordar foi a lembrança do meu encontro com Pietra. Eu tinha revirado na cama por muito tempo antes de conseguir conciliar o sono na noite anterior, o rosto dela ainda fresco na minha mente. Levantei-me, sentindo a necessidade de fazer algo que me distraísse daquela constante repetição de pensamentos.Consultei o relógio e percebi que já tinha passado das dez horas da manhã, um horário normal em que eu costumava acordar. Após um banho rápido, vesti-me, desci ao andar térreo da casa, onde estava localizada a sala de jantar, local onde também a minha família costumava tomar café da manhã, não havia ninguém lá, o que também era algo comum de acontecer.<