~ Seis meses depois ~O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu com tons dourados e rosados, enquanto a brisa suave do fim de tarde passava entre as árvores ao redor do lago. O cenário era perfeito. Dessa vez, sem a capela, sem as lembranças sombrias do que quase nos custou a vida. Bernardo e eu decidimos fazer tudo ao ar livre, à beira do lago da fazenda dos meus pais, onde nossas memórias eram mais doces, mais leves. A cerimônia e a festa seriam ali, cercados pela beleza da natureza e pelo carinho das pessoas que amávamos. E agora, com a família e os amigos ao nosso redor, eu sentia que tudo estava exatamente como deveria ser.A grama verde e bem aparada fazia um belo contraste com as flores brancas e rosas que enfeitavam o caminho até o altar. Pequenos enfeites dourados e fitas cintilantes se espalhavam pelos assentos, refletindo a luz suave do sol poente. Tudo estava harmonioso e delicado, do jeito que sempre sonhei.Eu observava Ian, que com um ano e meio já era uma verdadei
Aviso aos Leitores:Apesar de a história de Alice e Bernardo ter chegado ao fim no prólogo, muitos leitores expressaram interesse em saber como está a vida do casal após o casamento. Para atender a esse desejo, decidi incluir este pequeno conto como um bônus do livro. Espero que aproveitem esta nova oportunidade de mergulhar no mundo de Alice e Bernardo e acompanhar suas novas experiências e desafios juntos!O ambiente do Mercy Hospital estava ligeiramente anormal: movimentado demais, com o som das máquinas e vozes ecoando pelos corredores. Naquela tarde, eu finalmente consegui uma pausa. Sentada na sala de descanso, tentava relaxar ao lado de Tina, minha amiga e colega, enquanto tomávamos café. O dia havia sido especialmente difícil. Entre plantões exaustivos e o aumento dos acidentes, minha mente estava sobrecarregada. Eu não sabia ao certo o que estava pior: o cansaço acumulado ou a sensação crescente de que algo não estava bem.O cheiro do café invadiu minhas narinas de maneira in
O escritório da Orsini Tech estava abafado, a tensão praticamente visível no ar. Eu olhava para os relatórios de segurança espalhados pela mesa, tentando encontrar um ponto de partida para resolver a crise que vinha tomando conta do setor. A falha na segurança cibernética que atingira várias empresas estava se espalhando como um incêndio descontrolado. O ataque cibernético mais recente expôs dados sensíveis de milhões de usuários, colocando em xeque a confiança de clientes e investidores. E, como CEO, a responsabilidade de recuperar a credibilidade da Orsini Tech caía diretamente sobre mim.Suspirei, esfregando as têmporas com os dedos, tentando aliviar a pressão que começava a se acumular. Precisávamos reforçar os protocolos de segurança da empresa, talvez até repensar todo o sistema. A única certeza era que o setor de tecnologia estava em crise, e era nosso dever provar que podíamos resistir a isso. Caso contrário, nossa reputação poderia desmoronar.Ouvi a porta do meu escritório s
O sorriso ainda brilhava em meu rosto, e a felicidade de Bernardo refletia na intensidade do seu abraço. A confirmação de que eu estava grávida nos envolveu em uma bolha de alegria. Tudo o que importava naquele momento éramos nós dois, juntos, criando uma nova vida. Bernardo me abraçava com força, como se estivesse absorvendo o impacto da notícia, e eu me sentia segura em seus braços.Quando nos afastamos, nossos olhares se encontraram, e eu vi algo nos olhos dele que me fez sentir um calor subir pelo corpo. Era mais do que felicidade, era um desejo, uma conexão que sempre nos unia, mas que agora parecia ainda mais intensa.— Parece que temos muito o que comemorar hoje — Bernardo disse, com um sorriso malicioso nos lábios, seus olhos brilhando com uma intensidade que eu adorava.Ele me puxou gentilmente para perto, seus dedos traçando um caminho suave pelo meu braço. O calor do toque de Bernardo se espalhou por mim, e eu sentia meu corpo responder imediatamente. Ele me olhava como se
O som da sirene ecoou pelos corredores do Hospital São Lucas, um aviso urgente de que algo grave havia acontecido. Quando a equipe de emergência trouxe a paciente, uma mulher chamada Ayla Navarro, meu coração disparou. Eu sabia que as sirenes anunciavam não apenas a gravidade do caso, mas também o peso emocional que um acidente poderia trazer. Aqueles momentos, que pareciam durar uma eternidade, eram apenas uma fração do que ainda estava por vir.— O que temos? — perguntei rapidamente à equipe que já se preparava para a cirurgia.— Acidente de carro. Ela está em estado crítico, e parece que as duas crianças que estavam com ela não sobreviveram — disse um dos enfermeiros, a expressão grave e tensa.O ar ao meu redor pareceu pesar, e eu sentia o nó se formar em minha garganta. A informação caiu sobre mim como uma pedra. A ideia de duas vidas jovens perdidas em um instante me atingiu como um soco no estômago. A gravidez me tornava mais sensível a esse tipo de notícia, e a perda de uma mã
A luz da manhã filtrava-se pelas janelas do nosso apartamento, banhando a cozinha com um brilho suave. O aroma do café fresco preenchia o ar, misturando-se ao cheirinho de pão de queijo assando no forno. Enquanto a água fervia na panela, eu observava Ian, nosso pequeno de já quase três anos, sentado à mesa. Ele estava concentrado em seu tablet infantil, jogando um jogo educativo que ensinava formas e cores. O jeito como ele mordia o lábio inferior enquanto pensava me fazia sorrir.— Mamãe, olha! — Ian exclamou, levantando o tablet para me mostrar uma forma que havia conseguido juntar. Seu sorriso radiante e a alegria pura em seus olhos iluminavam meu dia.— Muito bem, meu amor! Você é um grande solucionador de problemas! — eu disse, inclinando-me para dar-lhe um beijo na bochecha, sentindo seu cheirinho de frutas e sabonete infantil. Aquele momento era tudo o que eu sempre sonhei: um lar cheio de amor e risadas.Bernardo entrou na cozinha, ainda em seu pijama, com os cabelos bagunçado
Assim que entrei no escritório, a atmosfera mudou instantaneamente. O aroma do café fresco ainda estava no ar, mas a leveza da manhã foi substituída pela pressão que permeava o ambiente. Renato estava de pé, olhando para as telas de dados do computador, seu semblante sério refletindo a gravidade da situação.— Precisamos ser rápidos, Bernardo — disse Renato, sua voz firme. — As falhas nos sistemas de segurança estão criando um caos, e a confiança dos clientes está em jogo.Eu sabia que estávamos diante de um problema colossal. A crise na Orsini Tech não era apenas um desafio temporário, era uma ameaça real que poderia causar um rombo significativo nas finanças da empresa. Enquanto analisava os gráficos projetados na tela, percebi que os números eram alarmantes. A perda de dados e as reclamações de clientes estavam aumentando exponencialmente.— Se não agirmos rápido, poderemos perder mais do que apenas clientes — respondi, já formulando estratégias em minha mente. — Precisamos garanti
Os dias passaram, e, à medida que o tempo avançava, a pressão em meu peito aumentava. A conversa que ouvi de Bernardo, onde ele expressou suas inseguranças sobre ser pai, sufocava minha esperança de um futuro radiante. A insegurança crescia a cada dia, como uma sombra que se estendia, obscurecendo cada momento de felicidade que eu tentava cultivar.Para afastar esses pensamentos perturbadores, eu me jogava de cabeça no trabalho. Quando estava imersa em cirurgias e atendendo meus pacientes, era mais fácil esquecer a inquietação que me consumia. A rotina se transformava em uma sequência de procedimentos, onde a vida de outras pessoas estava em minhas mãos. Essa responsabilidade me dava uma sensação de controle que faltava em minha vida pessoal.Certa manhã, após cerca de um mês em coma, Ayla, a paciente que salvei após o trágico acidente de carro, finalmente acordou. O que encontrei ao entrar em seu quarto foi extremamente doloroso. Ayla estava ali, devastada, com o olhar perdido e a ex