A luz suave da manhã banhava a cozinha com delicadeza, refletindo nos móveis elegantes de madeira clara, enquanto o aroma acolhedor de café fresco preenchia o ambiente, misturando-se ao perfume irresistível dos croissants recém-saídos do forno. Bernardo, sentado à minha frente, me observava com aquele olhar familiar e carinhoso, como se soubesse exatamente o que fazer para iluminar meu dia. Seu sorriso tranquilo e cúmplice me envolvia em uma sensação de paz rara, algo que não tínhamos experimentado com frequência nos últimos tempos.Estávamos ali, juntos, saboreando cada momento simples, cada detalhe daquele café da manhã que parecia banal, mas que, para mim, era precioso. O calor suave do sol que entrava pela janela somava-se ao conforto de estar ao lado dele e, por um breve instante, desejei que o tempo pudesse parar. Eu queria congelar aquele momento de quietude, onde a pressa e as preocupações do mundo lá fora não podiam nos alcançar, onde podíamos simplesmente ser nós, sem planos
~BERNARDO~Eu sabia que o dia seria longo, mas chegar cedo à Orsini Tech sempre me dava uma sensação de estar no lugar ao qual eu pertencia. A cidade ainda despertava, as ruas vazias, e os corredores da empresa, que mais tarde seriam inundados por funcionários, barulho de telefones e discussões acaloradas, estavam envoltos em um silêncio quase absoluto. Era como se, por algumas horas, a Orsini pertencesse apenas a mim, um espaço gigante de vidro e aço onde os segredos podiam ecoar sem testemunhas.Mas Valentina, claro, estava lá. Já me esperava na entrada do prédio, seu rosto se iluminando com aquele sorriso que eu aprendera a interpretar tão bem. Não era um sorriso qualquer. Carregava aquela mistura de sedução e controle calculado, como se ela sempre estivesse um passo à frente de todos, planejando seus próximos movimentos, especialmente os meus. Seus olhos me analisavam enquanto se aproximava, sem perder tempo, me beijando com a precisão de quem sabe exatamente o que está fazendo. E
Eu nunca fui o tipo de garota que sonhava com príncipes encantados ou casamentos de conto de fadas. Enquanto muitas meninas imaginavam o dia em que caminharam pelo altar, meus sonhos sempre foram mais pé no chão, mais reais. Eu queria crescer na minha carreira, conquistar minha independência, dar uma vida melhor para meus pais, retribuir todo o sacrifício que fizeram por mim. Mas agora, olhando para meu reflexo no espelho, envolta em um vestido de noiva que parecia feito sob medida para um sonho, algo em mim mudava. Era como se, por um breve momento, eu estivesse vivendo meu próprio conto de fadas moderno, onde os desafios reais se misturavam com a magia de momentos como aquele.A loja de noivas era simplesmente deslumbrante. Cada detalhe era cuidadosamente pensado para que a cliente se sentisse como uma verdadeira princesa. Assim que Liz e eu entramos, fomos recebidas com sorrisos calorosos e taças de espumante, o tipo de tratamento que nunca havia recebido antes. Era como s
~ BERNARDO ~A sala estava imersa em uma atmosfera aconchegante, iluminada apenas pela luz suave que emanava da televisão, lançando sombras discretas pelos móveis ao nosso redor. Alice e eu estávamos confortavelmente sentados no sofá, nossas pernas quase se tocando, enquanto Ian dormia tranquilamente no berço improvisado ao lado. Seu pequeno corpo subia e descia com cada respiração calma, completamente alheio ao caos que estava sendo transmitido nas manchetes. Era uma noite que poderia facilmente se passar por rotineira, um momento tranquilo em família, se não fosse pela imagem de Valentina ocupando a tela da TV, com letras em negrito anunciando o escândalo que mudaria para sempre o rumo de nossas vidas. Para qualquer outra pessoa, seria uma notícia chocante. Para nós, era o desfecho de uma longa batalha.A matéria começava com a imagem de Valenti
~ BERNARDO ~Os últimos raios do sol, anunciando o fim do dia, atravessava as cortinas do quarto em suaves faixas douradas, iluminando as paredes com um brilho que refletia a serenidade daquele fim de tarde. Alice, em frente ao espelho, ajustava os últimos detalhes do vestido enquanto seus cabelos brilhavam sob a luz suave. Cada movimento dela era gracioso, como se estivesse se preparando não apenas para mais um evento, mas para um marco na nossa história.Eu, do outro lado do quarto, terminava de ajustar minha gravata, sentindo uma expectativa diferente para o evento de hoje. Não era apenas mais um dia de trabalho, mas a minha volta oficial como CEO da Orsini Tech. Valentina tinha saído de cena, e agora era hora de retomar o controle da empresa e seguir em frente. Alice estava ao meu lado, como sempre, e isso tornava tudo mais fácil.Olhei para Alice, e por um breve momento, me perdi em sua imagem n
O Mercy Hospital seguia seu ritmo usual, tranquilo, mas eficiente. Os corredores não eram lotados como nos grandes hospitais públicos da cidade, o movimento era controlado, com passos ritmados de médicos e enfermeiros que cruzavam os corredores em um fluxo quase silencioso. A manhã avançava de forma suave, com consultas agendadas e visitas rotineiras aos pacientes. O ambiente, apesar de ser um hospital, tinha uma atmosfera calma, quase acolhedora, diferente do frenesi que muitas vezes enfrentei no São Lucas. Despois de todos esses meses, eu havia me adaptado bem àquele espaço, e, mesmo com as limitações impostas pela minha condição, conseguia desempenhar meu papel com competência. Ou, pelo menos, era o que eu tentava demonstrar.Entre um atendimento e outro, recebi uma mensagem inesperada da secretária do Dr. Mendes, solicitando que eu fosse à sua sala ao final do turno. Me
O sol da tarde brilhava suavemente sobre a estrada, enquanto o carro deslizava tranquilamente em direção à fazenda dos meus pais. O céu estava limpo, tingido de um azul vibrante que parecia refletir a beleza do momento. Ian estava confortavelmente acomodado na cadeirinha no banco de trás, distraído com seus brinquedos, enquanto eu e Bernardo trocávamos sorrisos cúmplices e olhares que diziam mais do que qualquer palavra.— Dá para acreditar que daqui a dois dias você vai ser oficialmente doutora Alice Orsini? — Bernardo perguntou, com um sorriso travesso no rosto, enquanto mantinha os olhos na estrada.Eu ri, sabendo que ele adorava me provocar, mas naquele momento, havia algo mais no ar além da brincadeira. A excitação era inevitável, e a simples ideia de que, em poucos dias, eu seria oficialmente sua esposa me preenchia com uma alegria tão intensa que p
~BERNARDO~O sol já estava alto quando cheguei ao hotel fazenda, a propriedade era cercada por vastos campos verdes que se estendiam até onde a vista alcançava. O lugar exalava uma tranquilidade bucólica, um contraste com o ritmo acelerado que vivíamos na cidade. Alice ficara na fazenda, organizando os últimos preparativos para a festa de Ian mais tarde, e eu assumi a responsabilidade de recepcionar os convidados no hotel. Alguns chegavam em seus próprios carros, enquanto outros pousavam nos helicópteros que eu havia disponibilizado. O próprio hotel havia organizado o transporte até a fazenda para todos os convidados no horário da festa, garantindo que ninguém precisasse se preocupar com nada.Enquanto esperava, observei os convidados chegando, alguns com expressões de entusiasmo, outros, um tanto desconcertados pelo ambiente rural. Não demorou muito para que