Liz e eu estávamos sentadas na confeitaria mais charmosa da cidade, rodeadas por bandejas de bolos delicados e docinhos que pareciam pequenas obras de arte. As vitrines brilhavam sob a luz suave, destacando cada detalhe das criações cuidadosamente decoradas. O aroma doce de chocolate e baunilha preenchia o ar, tornando impossível não se sentir envolvida pela atmosfera acolhedora. As paredes, pintadas em tons pastéis e decoradas com quadros delicados, completavam a sensação de tranquilidade e elegância do lugar. Eu observava a mesa à nossa frente, repleta de opções que pareciam até bonitas demais para comer, e me sentia um pouco perdida com tantas escolhas. Mas Liz, com seu jeito prático e decidido, já fazia uma lista mental de tudo o que deveríamos provar, como se estivesse pronta para uma missão importante. Ela sorria animada, enquanto eu tentava me concentrar, pensando em como cada uma daquelas delícias seria perfeita para o aniversário de Ian.— Esse aqui parece incrível — Liz diss
~ BERNARDO ~O vento noturno soprou suavemente quando Valentina e eu saímos do restaurante, onde tínhamos acabado de participar de mais uma dessas reuniões intermináveis com investidores. A lua estava alta no céu, iluminando as ruas tranquilas, enquanto os carros de luxo estacionados ao redor brilhavam sob a luz prateada. Por um momento, respirei fundo, tentando aproveitar a serenidade da noite. No entanto, o peso daquela rotina repetitiva ainda latejava em meu peito. Jantares intermináveis, sorrisos falsos, conversas sobre números e lucros... Era como reviver um ciclo que eu havia vivido inúmeras vezes antes, com apenas rostos diferentes. Tudo parecia uma coreografia cansativa.À medida que nos aproximávamos do prédio de Valentina, sabia que a noite estava longe de acabar. Ela, como sempre, irradiava uma energia que não permitia que as coisas terminassem sem um toque final, e eu reconhecia aquele brilho em seus olhos. Para ela, as reuniões não eram apenas sobre negócios, eram oportun
Acordei com uma sensação quente e familiar deslizando suavemente pela minha pele. Meus sentidos despertaram lentamente, ainda envoltos pelo calor do sono, mas logo senti o toque inconfundível de lábios roçando levemente meu pescoço. O arrepio que percorreu minha coluna foi imediato, e meu corpo respondeu antes que minha mente pudesse processar. Era como se soubesse exatamente quem era.Ainda assim, o instinto me fez despertar de verdade. Meus olhos se abriram de repente, e eu me virei na cama, pronta para reagir a qualquer intruso. Mas, assim que vi os olhos de Bernardo me encarando, meu coração desacelerou. Ele estava ali, tão próximo, com um sorriso suave nos lábios.— Oi — ele sussurrou, sua voz baixa e carregada de intimidade.Meu susto se transformou em algo muito mais profundo, e antes que eu pudesse pensar, me inclinei sobre ele, capturando seus lábios nos meus em um beijo que falava tudo o que as palavras não podiam. Havia uma mistura de saudade e desejo naquele gesto, como se
Eu tinha vinte anos e estava lutando para me manter na faculdade de medicina. Cada mês era uma batalha para pagar a mensalidade e manter um teto sobre minha cabeça. Eu sempre soube que seria difícil, mas não imaginava que a pressão seria tão esmagadora.Foi então que Jonas, meu amigo da faculdade, mencionou uma forma de ganhar dinheiro rápido. “Alice, você já pensou em doar seus óvulos? Tem um estudo que paga muito bem por isso. Pode ser a solução que você está procurando”, ele sugeriu casualmente enquanto estudávamos na biblioteca.Eu não conseguia tirar a ideia da cabeça. A cada dia que passava, as contas se acumulavam e eu precisava de uma solução. A decisão não foi fácil, mas finalmente marquei uma consulta na clínica de fertilidade. O dinheiro que receberia pela doação me permitiria pagar as contas atrasadas e garantir alguns meses de tranquilidade financeira.Na manhã da consulta, sentei-me na sala de espera da clínica, segurando uma prancheta com o formulário de doação. Minhas
A noite estava quente e agradável, perfeita para relaxar após um dia exaustivo na residência. Saímos do hospital em grupo: eu, Jonas, minha colega de residência Clarice, e dois outros colegas, Ricardo e Paulo. Estávamos rindo e conversando, aliviados por termos sobrevivido a mais um dia caótico.— Acho que merecemos um brinde — disse Clarice, levantando sua garrafa de cerveja. — À nossa sanidade!— À nossa sanidade! — repetimos em coro, rindo.Eu estava cansada, mas a companhia dos meus amigos fazia todo o esforço valer a pena. Jonas, meu namorado, estava ao meu lado, seu braço envolvendo meus ombros. Ele era extremamente inteligente e ambicioso, mas seu ciúme constante era algo que eu preferia ignorar. Nos conhecemos na faculdade, e depois de alguns anos como amigos, acabamos evoluindo a relação.— Preciso ir para casa — disse, sentindo o cansaço se apoderar de mim. — Amanhã será outro dia difícil.Jonas me olhou com preocupação.— Eu te levo. Não quero que vá sozinha a essa hora.—
Acordei com a determinação de enfrentar Bernardo Orsini e descobrir a verdade sobre Ian. Após uma noite mal dormida, meus pensamentos estavam a mil, mas a necessidade de respostas era mais forte do que o cansaço. Pedi que minha irmã cuidasse do bebê, mesmo sem dar muitas explicações, e sai de casa bem cedinho. Eu sabia que seria difícil conseguir falar com um bilionário famoso e CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, mas não tinha escolha.Cheguei ao imponente prédio da Orsini Tech, uma estrutura de vidro e aço que se erguia majestosa no centro da cidade. Do lado de fora, o movimento era constante, com pessoas entrando e saindo, todas com expressões sérias e focadas. Respirei fundo e entrei, meu coração batendo acelerado.O saguão era impressionante, com paredes de vidro que permitiam a entrada de luz natural, plantas exuberantes e uma fonte moderna no centro. A recepção era minimalista, com balcões de atendimento futuristas e robôs bonitos e ágeis circulando, entregan
Acordei com o som suave de risadas e gorgolejos vindo do berço improvisado ao lado da minha cama. Ian, o pequeno enigma que havia virado minha vida de cabeça para baixo, estava acordado e pronto para enfrentar o dia. Sentei-me na cama, sentindo o cansaço das últimas noites mal dormidas, mas também uma onda de carinho ao ver seu rosto sorridente.— Bom dia, pequeno — murmurei, pegando-o nos braços. Seus olhinhos curiosos me observaram enquanto eu o balançava levemente.Jonas ainda estava dormindo no sofá da sala, exausto depois de tanto reclamar que Ian não parava de chorar e que não conseguia ficar no quarto com a gente. Tivemos uma breve briga na qual o mandei para casa, mas o sofá acabou sendo um bom meio termo. Levantei-me com cuidado para não o acordar e levei Ian para a cozinha. Precisávamos de um café da manhã reforçado.Coloquei Ian no cercadinho que havia improvisado com almofadas no chão e comecei a preparar algo para nós. Ian me observava com seus olhos grandes, balbuciando
Respirei fundo antes de entrar no suntuoso Hotel Milani. Nunca me senti tão deslocada na minha vida. Cada detalhe, desde o lustre de cristal até os funcionários impecavelmente vestidos, exalava uma elegância que parecia um mundo à parte do meu. Os lustres pendiam do teto como cascatas de diamantes, refletindo a luz de maneira encantadora. Sentindo o peso do olhar curioso de alguns hóspedes, empurrei o carrinho de Ian, tentando ignorar o desconforto que crescia dentro de mim.Cada passo que eu dava parecia ecoar nos corredores decorados com mármore polido e tapetes exuberantes. A grandiosidade do lugar me fazia sentir ainda mais fora de contexto. Os olhares dos funcionários impecavelmente vestidos eram educados, mas inevitavelmente curiosos, como se não conseguissem entender o que uma pessoa como eu fazia ali. Ou talvez fosse só impressão. Dirigi-me à recepção, onde uma recepcionista sorriu de maneira educada.— Boa tarde. Tenho uma reunião marcada com o senhor Bernardo Orsini.Ela ass