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Capítulo 3 Maya Bellerose

Mais uma rasteira do Destino...

Acordo com as meninas na minha cama.

Durante a madrugada, Aysha teve outro pesadelo, então achei melhor dormirmos juntas. Sei que elas ainda têm a última imagem do pai morto. Mal consegui pregar os olhos e zelar por elas aqui no meu quarto.

Quando já estavam saindo os raios do sol, o cansaço me pegou. Vou saindo da cama devagar para elas não acordarem, minha vontade é de ficar aqui com elas, preciso trabalhar, mas que nunca, agora não posso me dar ao luxo de ficar em casa para cuidar delas. Faço toda a minha higiene, vou para a cozinha, deixo o café delas pronto enquanto dona Maria não chega e assim começa a minha rotina.

Quando estou saindo de casa, meu fixo toca, mas deixo de lado, pois já estou em cima da hora. Se for algo sério, entrarão em contato no meu celular.

Chego no trabalho um pouco mais desanimada, devido ao cansaço que continua presente em mim. Já perdi as contas de quantos cafés tomei só para ficar mais acordada, hoje foi tranquilo e agradeci a Deus por isso, já estava no final do expediente quando meu celular toca um número estranho, resolvo atender.

— Gostaria de falar com a senhora Maya Bellerose?

— Sim, é ela, quem gostaria de falar? — Não reconheço a voz do outro lado.

— Aqui quem fala é um oficial de justiça, tentamos entrar em contato no fixo, mas não tivemos sucesso, amanhã às 10h, gostaríamos de conversar com a senhora? A senhora estará disponível? — Fico curiosa para saber do que se trata.

— Poderia adiantar o assunto? — Não aguento a minha curiosidade e questiono o porquê.

— Não, senhora, só pessoalmente? Posso marcar para amanhã às 09h? — A sua insistência está me deixando com uma pulga atrás da orelha.

— Se não tenho opção, o aguardarei. — Encerro a chamada.

Que estranho, um oficial de justiça, não lembro que eu tenha feito nada perante a justiça. Fico com essa ligação em minha mente martelando…

Assim que chego em casa, as meninas estão assistindo ao filme. Me corta o coração vê-las dessa forma triste, mas tenho fé que tudo isso passará, creio que para melhor!

— Meninas, o que estão assistindo?

— Estamos assistindo uma comédia, é a sua cara, mãe! — Ayla fala com pouco de animação.

— Qual o nome? Agora fiquei curiosa!

— A minha mãe é uma peça! Tem cenas que parece que a senhora que está lá falando dramática, vem assistir conosco, mãe? — Aysha diz.

— Então quer dizer que sou dramática? Deixa só tomar um banho e já venho me juntar a vocês! Quero ver se parece comigo mesmo.

Deixo as meninas rindo na sala e vou em direção ao quarto. Meu celular começa a tocar, quando atendo Katharina, não tenho nada para falar com ela, mas fiquei curiosa para saber o porquê de estar me ligando, já que não temos nada para falar uma com a outra.

— Alô, em que posso ajudar? — Sou curta e direta.

— Queria saber, se você já sabe que tem que sair da minha casa! — A vaca sai soltando seu veneno.

— Do que você está falando, Katharina? Que eu saiba, a casa era do Adriel, por morte dele é das meninas. — Rebato o óbvio.

— Engano, seu querida, a casa é minha e já acionei a justiça, pois quero que vocês saiam o quanto antes da minha casa, planejo pôr ela para alugar quanto antes. — Não a deixo terminar de falar e já a corto.

— Você só pode estar enlouquecendo, eu não vou sair da casa, é das minhas filhas. — Que ousadia dessa vaca, conseguiu me deixar irritada, desligo para não prolongar ainda mais esse assunto com ela.

Fico irritada com a tamanha petulância que ela tem, de me enfrentar dessa forma, não a deixo responder e desligo o celular. Adriel não seria tão idiota a ponto de colocar no nome dela, ou seria? Deus, mais essa, não pode ser verdade. Amanhã mesmo, vou atrás de um advogado para saber sobre isso.

Adriel não poderia ter feito isso com nossas filhas, vou para o banho tentar me acalmar, pois posso ter um treco aqui, de tão pilhada que estou com toda essa informação…

Quando estou debaixo do chuveiro, começo a pensar um pouco mais calma na ligação que recebi hoje, meu Deus, o que faço agora? Me dá uma luz…

Assim que chego na sala, as meninas notam que estive chorando, mas tento ao máximo desconversar, pois só a deixariam ainda mais abaladas…

Jantamos juntas, depois colocamos um filme e fomos para a cama. Como não havia dormido direito na noite anterior, acabo dormindo logo e pedindo a Deus que isso não passe de um pesadelo.

Quando acordei, já fui fazendo as minhas coisas, no automático, e eu não acredito no que Adriel fez.

Estou em choque, com tamanhas informações que obtive agora do oficial de justiça, ainda falei com o irmão do meu amigo que trabalha comigo e ele afirma que os documentos estão em perfeita ordem e realmente Adriel passou a casa para vaca da Katharina, no caso ele vendeu a casa para ela o que é muito estranho, como teve o documento de compra e venda eu não poderia fazer nada, devido estar divorciada dele, e ainda por cima ele ainda estava em seu perfeito estado. Tive esperança de que esse documento fosse falso, mas não é, pior, não tem nada que eu possa fazer porque Adriel atribuiu como venda, o que me prejudica já que não podemos recorrer para o cancelamento do documento, fazendo a única dona Khatarina.

E pior, pela lei, tenho que sair conforme o pedido da dona da casa em 72 horas ou posso ser despejada. Até tentei entrar em um acordo para pagar o aluguel, mas a cobra-de-duas-cabeças não quis.

Estou simplesmente perdida, não sei o que eu faço.

Tento situar minhas ideias, mas está quase impossível, como falo para minhas filhas que precisamos sair da casa que por direito era para ser delas? A situação irá ficar ainda mais difícil, dei uma desculpa no trabalho, pois realmente hoje eu acabaria arrumando problemas, isso era a última coisa que queria no momento.

Chego em casa, as meninas ainda não chegaram da escola, vou direto para o meu quarto, muitas coisas a se pensar e tem que ser rápido. Só queria uma luz agora, ou vou surtar de vez…

Após um banho, pego meu caderninho, e começo a notar o quanto posso pagar por aluguel, e pior tenho de alugar uma casa por aqui, pois dona Maria ainda olha as meninas, não posso deixar as meninas muito tempo sozinhas o mundo hoje não está para brincadeira, não posso contar com a nova vizinhança que irei para olhar minhas filhas.

Depois de tudo anotado, como só uma fruta e saio de novo de casa, para ver se encontro alguma casa dentro do meu orçamento…

Nunca andei tanto pelo meu bairro como fiz hoje, mas só encontro casas caras, que não cabem no meu orçamento. Anotei alguns números para entrar em contato, mas é um pouco afastado do bairro onde moro. Quem sabe não tenho sorte, tento manter a positividade.

Chego em casa, as meninas se assustam por estar chegando essa hora, dona Maria fica me analisando para saber se tem algo errado com o tempo, dona Maria já me conhece e até sabe quando não está nada bem comigo…

— Mãe, chegou cedo! — Ayla fala animada.

— Tive que resolver algumas coisas hoje cedo, e não fui trabalhar.

— Maya, aconteceu alguma coisa? Você está com aparência cansada. — Dona Maria me pergunta.

— Em menos de 24 horas aconteceu tanta coisa, que ainda não consegui absorver, vou tomar um banho e já volto, assim converso com todas ao mesmo tempo.

Sigo para o meu quarto com o coração apertado, mas não posso esconder delas, tenho que informar o que está acontecendo ou a louca Katharina vem até aqui só para humilhá-las e isso não permitirei, só em pensar meu sangue ferve, affs. Eu só queria acordar e ver que tudo isso não passa de um pesadelo.

Recarrego toda minha força e volto para a sala, chegou o momento de falar.

— Bem, meninas, dona Maria, nem sei por onde começar, mas vamos lá. Adriel vendeu a casa e temos menos de três dias para sair, tentei reverte a venda mais sem sucesso, sendo assim fui em busca de casa por aqui, mas infelizmente não encontrei casa que caiba no nosso orçamento, possivelmente teremos que mudar de bairro e até mesmo de escola, e dona Maria não sei nem como posso ficar longe da senhora, tem nos ajudados bastante com tudo, mas penso que não tenho condições de pagar a senhora como venho fazendo, simplesmente são muitas coisas para fazer em pouco tempo, mas creio que isso tudo seja momentâneo. — Falo tudo de vez.

— Maya, não se preocupe comigo, estou bem, vou continuar cuidando das meninas até tudo se resolver, não precisa se preocupar comigo.

— Mais, dona Maria, e se chegamos a ir para longe, como a senhora fará? — Sou sincera, eu não a quero sobrecarregar caso eu vá para um lugar mais longe.

— Maya, mesmo se você for para uma casa mais distante, eu irei, pois tenho suas filhas como minhas netas. Não aceito não como resposta, eu estarei com vocês, não importa a situação que vocês estejam passando.

— Obrigada, dona Maria!

— Mãe, não se preocupe se tiver que sair da escola ou até mesmo nos mudar para outro lugar, nós vamos, sem problema. — Ayla, falando como uma mocinha, enche meu coração de orgulho.

— É, mãe, quem sabe não seja bom a gente mudar um pouco? Outro lugar, outra casa, não importa que seja mais simples ou pequena, o importante é que estaremos juntas! — Aysha diz. Já disse que amo minhas filhas?

— Vocês não sabem como estou me sentido agora, vocês são meu porto seguro, meninas.

— Você tem uma família incrível, nunca duvide disso, Maya. — Dona Maria fala emocionada.

— Sempre soube que tinha uma família incrível, e nessas horas que dou maior valor a elas, tudo por elas, eu amo muito vocês meninas…

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