Capítulo 2 Maya Bellerose

Mesmo que o Destino queira brincar com você!

Depois desse dia cansativo com as meninas, mesmo sabendo que não deveria ter ido ao enterro, de última hora Ayla também ficou sentimental. Não foi nada fácil ver minhas filhas tão tristes daquela maneira. Katharina ficou o tempo todo nos olhando de uma maneira estranha. Já a vi uma vez, mas nunca cheguei para conversar ou conhecer. O pouco que Adriel falou com elas nunca mostrou para as meninas. Não sei o motivo, mas ele fez muito bem. Quanto mais distante das meninas ela estiver, melhor.

Sinto uma sensação ruim quando ela ficou nos olhando!

Quando chegamos em casa, elas ficaram muito caladas, então decide que dormiríamos todas juntas, assim ficamos abraçadinhas e tentamos aliviar essas tristezas do coração delas…

Infelizmente tive que ir trabalhar no domingo e a vizinha veio ficar de olho nas meninas, que caso elas estivessem muito caladas pedi para ela me avisar, eu não gosto de ver elas assim, elas são a minha alegria, minha motivação para enfrentar cada dia que passa, sei que agora ficará ainda mais difícil, mas não será impossível acredito nisso! Nem que para isso eu faça bastante extra, mas não deixarei faltar nada para as meninas!

Não tem aquele dia que tudo dá errado? Pois me sinto hoje! Cheguei um pouco atrasada no trabalho, meu chefe me deu uma bronca, sei que estou errada, mas não era para tanto, mesmo assim seguirei por fazer meu trabalho, tentando não surtar.

Em meio a um atendimento, me distrai e acabei cobrando o valor menor na compra da cliente, resultando no valor de 280,00 que teria que pôr no lugar. Para alguns, esses valores são pouco, mas para mim é muito, já é um valor de comprar cereais ou até mesmo uma conta para ser paga.

Pedi paciência e sabedoria a Deus ou surtaria a qualquer momento, eu ainda tinha que enfrentar o resto do dia pela frente, então teria que ficar mais atenta a tudo, não poderia acontecer outro erro desse ou perderia o trabalho…

Estou voltando para casa mais tarde do que o horário normal, pois preciso fazer um extra para tentar cobrir o valor do meu caixa que faltou. Fico parada na praça tentando eliminar toda essa negatividade que sinto hoje, mas acabo me sentando no banco da praça mesmo sabendo que já é tarde.

Preciso de ar puro para respirar e choro, derramando toda a dor que sinto ao ver minhas filhas tristes. Me sinto tão incapaz por não poder fazer nada para tirar as dores que elas estão sentindo, como se eu fosse culpada por isso. Eu queria ter o dom para poder passar uma borracha, mas não posso, por ser simplesmente uma fraca…

Tento me recompor para voltar para casa, pois já está ficando tarde. Quando um carro reduz a velocidade no meio da pista, empurrando o motorista para fora do carro, fico assustada quando me aproximo, noto que é uma mulher, o carro sair cantando pneu pela pista levantando poeira.

A mulher está com a boca sangrando, ela tenta se levantar, mas acaba caindo, ajudo-a para ela não bater a cabeça no chão…

— Moça, você consegue me ouvir? — Fico desesperada, não sei o que fazer, demora um pouco até ela abrir os olhos e soltar o ar com força.

— Sim, por favor, me ajuda! — Ela pede, fazendo careta, deve estar doendo muito.

— Vou chamar ambulância, como você foi jogada para fora do carro, pode ter machucado algum osso!

— Não precisa, eu consigo me levantar, só me ajudar a levantar, por favor? — Pego em seu braço e apoio em meu ombro, tentando levantá-la, sem me levar junto ao chão, consigo levá-la para o banco na praça, com muito cuidado para não a machucar ainda mais.

— Moça, acho melhor te levar para o hospital, a queda foi feia. — Falo para ela entender que ela poderá ficar com mais sequelas depois da queda…

— É, eu irei, muito obrigada por me ajudar, só preciso me acalmar, estou com meu corpo todo tremendo, pensei que não conseguiria sair do carro. — Ela diz com a voz trêmula.

— Sei que não é da minha conta, mas foi briga ou você foi roubada? — Não escondo a minha preocupação.

— Foi um assalto, estava parada no sinal, quando o ladrão entrou no meu carro e mandou dirigir sem parar ou iria atirar em mim. Fiquei desesperada, porque ele estava muito nervoso e fiquei com medo dele atirar. Quando saí da curva, só pedi para ter alguém para poder pular do carro, eu não sei do que ele era capaz! Quando te vi, me deu força para sair do carro, eu não pensei duas vezes. — Agora ela tocou bem fundo no meu coração, graças a Deus ela conseguiu.

— Meu Deus! Que bom que você conseguiu, mas não pode mesmo reagir a um assalto, nunca sabemos do que eles são capazes de fazer com as vítimas!

— Muito obrigado por me ajudar, meu nome é Emma! Qual é o seu nome? Será que você poderia me emprestar o seu celular para ligar para o meu irmão vir me ajudar?

— Emma, nome diferente! O meu é Maya! Claro, tenho sim…_ Quando pego meu celular, ele está descarregado. Fico irritada como não lembrei que a bateria estava pouca. — O meu celular está descarregado, mas minha casa fica na próxima quadra. Se você conseguir andar, podemos ir até lá, faço um curativo em você até seu irmão vir te buscar.

— Se não for te incomodar, eu aceito, é melhor do que ficar aqui esperando um táxi passar.

Ela se apoiou novamente em meu ombro e vamos caminhado devagar até chegar a minha casa, como já é tarde as meninas devem estar dormindo, está tudo escuro, abro o portão e em seguida abro a porta, a minha vizinha Maria estar cochilando no meu sofá, coitada, ajudo Emma entrar ela acorda, e vem me ajudar a pôr Emma sentada no sofá. — Obrigado, me desculpa te deixar aqui até tarde, Maria, como elas estão? — Pergunto, pois estava muito preocupada com Aysha e Ayla.

— Não se preocupe, Maya, elas continuam caladas, mas tudo vai ficar bem, agora tenho que ir, qualquer coisa, é só ligar. — Ela diz já se despedindo e saindo da minha casa.

— Mais uma vez obrigada, Maria.

Deixo Emma no sofá e vou até o armário pegar a caixa de primeiro socorro. Volto à sala, ela está olhando uma foto nova que as meninas me deram com as fotos delas no Dia das Mães.

— Olha, irei fazer a limpeza do seu rosto, mas acho melhor ligar logo para o seu irmão, é o tempo que ele levará para chegar até aqui. — Dou o telefone fixo a ela, enquanto isso faço um chá rápido para ela ficar mais calma, assim dou privacidade para ela falar com irmão. Em que mundo estamos, chegar invadir um carro em pleno sinal de trânsito, não podemos descuidar nenhum segundo de nossa segurança. Quando volto para a sala, ela está com os olhos fechados, no mínimo ela está com muita dor, mas está se fazendo de durona.

— Emma, fiz um chá de camomila para você, mas se não gostar, é só falar que faço um suco, assim você fica mais calma.

— Você é um anjo, Maya, eu gosto sim! Muito obrigada, você foi um presente de Deus no meu caminho, sua família é linda! — Ela diz com a voz embargada de choro. Acredito que a ficha esteja caindo agora da adrenalina que ela acabou de passar.

— Obrigada, eu só fiz o que qualquer pessoa faria nessa situação. — Ela toma o chá, resmungando. Quando vi seu braço estar muito ralado, vou limpando lentamente, porque sei que isso dói muito, mas é preciso, para não infeccionar. Quando chegar na parte de limpar seu rosto, minha companhia toca, me levanto e ela informa que deve ser seu irmão.

Assim que abro a porta, fico paralisada com a tamanha beleza desse homem, que está parado na minha porta. Por algum segundo, fico sem reação, vai ser bonito lá longe!

— Boa noite, você deve ser a Maya? Sou Enrico, irmão da Emma! — Ele diz com a voz preocupada, enquanto eu não consigo nem piscar os olhos.

— S..sim, sou eu mesma, pode entrar! — Só eu mesma para pagar um mico desses, gaguejando na frente do homem. Me repreendo mentalmente.

— Obrigado por ajudar minha irmã. — Só aceno, sou incapaz de falar agora, tento não demonstrar quando estou babando por ele.

— Emma, isso está feio, temos que ir para o hospital agora mesmo! — Ele diz com a voz preocupada pelo estado de sua irmã.

— Calma, Enrico, eu estou bem, só um pouco dolorida, você conseguiu achar o assaltante?

— Não se preocupe, já estou resolvendo, vamos?

— Sim, mas você terá que me carregar! — Ele faz uma careta, sei que é drama dela, mas fico quietinha, eu que não me envolvo nisso.

— Sério? Como você veio parar aqui então? Não me diga que você fez a moça te carregar até aqui? — Ele a pergunta ainda sem acreditar nessa possibilidade.

— Claro que não! Mas ela me ajudou bastante, queria ver se você me ama mesmo, ao ponto de me levar no colo! Sou sua irmã preferida. Enrico, você tem que cuidar de mim! — Sabia que ela estava fazendo drama!

— Chegar de chantagem emocional, estar igualzinho à mamãe! Maya, você pode me ajudar abrindo a porta do meu carro?

— Sim, claro!

— Maya, muito obrigado mesmo, serei eternamente grata a você por cuidar de mim, você foi um anjo que Deus colocou em meu caminho! — Sinto que ela está sendo sincera comigo e isso é raro hoje em dia.

— Não precisa me agradecer, fique boa logo, que ficarei grata. — E eles se vão, fico passada com tudo que aconteceu no dia de hoje!

O quanto Enrico é bonito, faz tempo que não vejo um homem desse porte, meu deusooooo!

Arrumo minha sala, deixo minha cozinha limpa, depois de um banho bem tomado, vou até o quarto das meninas, fico zelando pelo sono delas por alguns minutos, e sigo para meu quarto e me deixo levar pelo cansaço.

Chega de emoções por hoje.

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