Thomas— Judith, abra os olhos. Olhe para mim — peço docemente e uma pequena brecha castanha me encara. Contudo, sua visão parece turva e eu penso que ela ainda está presa em seus delírios febris. — Sente-se, precisa tomar um remédio para baixar a febre.— A minha cabeça está doendo.— Logo tudo isso vai passar — falo enquanto ela engole o comprimido.— Estou com frio.— Vem aqui! — A puxo para os meus braços, livrando-me do copo e ela se aconchega junto ao meu corpo. — Vai passar! — sibilo, enquanto afago as suas costas e me pego beijando os seus cabelos.… Ele não me quer!Ele?Quem é ele? Um amor do seu passado?Alguém que partiu o seu coração?É por isso que não quer um relacionamento de verdade?Ou tudo só está ligado a morte dos seus pais?São perguntas que eu jamais terei respostas e que não posso reivindicá-las, porque nada construído entre nós é verdadeiro.***No dia seguinte…O cântico dos passarinhos me faz abrir uma brecha de olhos cansados e a minha primeira visão é o r
Judith…— O que você quer dizer com isso, Magnólia? Tio Willian resmunga irritado, porém, com um tom baixo. Acho que ele não quer que eu escute, mas a porta do orfanato está entreaberta e é impossível não escutar.— Não podemos ficar com ela, Willian.— Mas ela é a minha sobrinha e esse foi o último desejo do meu único irmão! — O que você quer que eu diga, Willian? Acabamos de nos casar e ainda estou construindo a minha carreira como médica cirurgiã. Eu não posso e não vou assumir uma criança que não é minha!Escuto o som do seu suspiro alto.— Ele deixou uma herança, Magnólia. Como eu resolvo isso?— A herança está no seu nome…— Se, eu ficar como tutor da criança!— Não importa, está no seu nome! E o que uma criança vai fazer com tanto dinheiro?Eles percebem a minha presença e fecham a porta para continuar a discussão. Minutos depois, tio Willian se despede de mim.…Abro uma brecha de olhos pesados e preguiçosos com essa última lembrança. Pensar que tio Willian nunca foi me vis
Judith— É uma ordem, Duquesa! — Thomas sibila com um som rouco na voz e ofegante paro de lutar. Os nossos olhos se encontram no meio do nosso silêncio. Globos castanhos escuros, com um brilho encantador.Paro de respirar quando deliberadamente os seus lábios tocam timidamente nos meus. Contudo, o meu coração bate feroz dentro do meu peito, ensurdecendo os meus ouvidos.— O que você está fazendo? — pergunto com um fio de voz, mas a sua carne macia volta a tocar na minha carne sensível e por um mísero segundo me vejo desejando a sua boca na minha.— Encontrando uma maneira de fazê-la desistir. — Ele sussurra e antes que eu consiga rebater, Thomas me beija.Um beijo calmo e preguiçoso. Sem imposição ou invasão, apenas um roçar de lábios que rouba toda a minha estabilidade. Logo um som fino e manhoso escapa da minha garganta e isso o faz soltar as minhas mãos para segurar nos meus cabelos, e imediatamente ele aprofunda o nosso beijo.Hortelã. O seu sabor é gostoso e refrescante como o ma
Thomas— Antes de qualquer coisa, eu preciso saber se você está bem?Eu estou?Céus, sim, me sinto maravilhosamente bem.— Estou — respondo timidamente.— Eu te machuquei?— Não! Quer dizer, foi… maravilhoso! — Thomas abre um breve sorriso.— Também gostei do que fizemos e… pensei que podíamos fazer isso mais vezes. — Me inquieto com essa conversa e penso em sair da cama, mas ele se move rápido e me prende debaixo dele. Os nossos olhos se conectam e eu não faço ideia do que ele está pensando.Sexo no casamento? Isso não é uma consumação?— Pare de pensar, Judith e olhe pelo lado bom.— Qual é o lado bom? Isso que fizemos é…— Sexo. Homens e mulheres fazem essas coisas e não necessariamente quando são casados.— O que quer dizer?— Que podemos aderir ao nosso acordo. Sexo, quarto e camas separadas. Pode dar certo para nós dois.De repente me sinto aliviada.— Você quer dizer, sexo casual?— Eu quero dizer, sexo sem qualquer compromisso.Isso parece bom!Quer dizer, a um minuto atrás e
Thomas— Para começo de conversa, esse é um caso para uma demissão direta e não para uma segunda chance. E segundo, é de mim que ele está falando. De onde ele me conhece? O que ele sabe sobre mim? Este homem está me acusando de algo e eu quero saber de que! — As suas últimas palavras saem como um berro irritado. Contudo, levo as minhas mãos para o seu peitoral e esse meu gesto não escapa aos seus olhos.Acredite, aos meus também, não. E nem mesma essa sensação de dureza na palma das minhas mãos.— Por favor, deixe-me resolver isso do meu jeito? — peço trêmula. Thomas fecha os seus olhos por um breve momento. — Se não der certo, eu…— Tudo bem! Mas se ele voltar a fazer. Se voltar a importuná-la, eu quero que me diga.— Eu prometo! — falo, sentindo o alívio percorrer todo o meu corpo. — Obrigada!— Não me agradeça. Ainda estou puto com isso. — Ele diz e me faz afastar para o lado no mesmo instante.Solto uma respiração alta pela boca e decido ir pôr uma roupa para sair.***— A Duquesa
ThomasComo ela pode esconder algo assim de mim? Aquele chantagista podia ter feito algo pior com ela! Estou me perguntando o que ele quer com isso? Por que ele está me acusando e trazendo dúvidas a cabeça da minha esposa?— Collin? — falo assim que ele me atende e com um gesto de mão, faço um sinal para o meu motorista ligar o motor do carro.— Você está bem? Parece irritado.— Eu estou puto mesmo! Como pode permitir que Adam Clifford assediasse a minha esposa dentro da sua empresa?— Como é que é?— Aquele imbecil chantagista está me fazendo acusações através de bilhetes anônimos para Judy! — berro irritadiço.— Judy? Olha só!Reviro os olhos possesso.— Dá para focar no que realmente interessa? Onde você está?— No Brasil.— Pois volte agora e vamos resolver essa situação. Eu quero aquele homem bem longe da “minha esposa!” — Dou ênfase ao final da frase e encerro a ligação sem esperar pela sua resposta.… Por favor, deixe-me resolver isso do meu jeito?— Sinto muito, querida, mas n
Thomas— Rebecca era minha até você aparecer na sua vida.Com raiva, faço o seu corpo impactar-se com força contra a parede.— Você arruinou a minha vida e eu vou foder com a sua! — Ele berra enfurecido.— Antes de foder com a minha vida, jogarei a sua na lama, Senhor Clifford — rebato, afastando-me dele quando percebo a presença de alguns curiosos ao nosso redor. — Você terá que provar na justiça todas as acusações contra mim. Espero que tenha um bom advogado para defendê-lo.— Eu vou tirar a Judy de você, assim como tirou a Rebecca de mim! — Pressiono os meus lábios para não perder o meu controle, porém, não seguro a minha impulsividade e o puxo para perto de mim pelo colarinho, mantendo o seu rosto bem perto do meu.— Eu vou te dizer o que você vai fazer, Clifford. Primeiro vai pedir demissão do seu cargo, depois, ficar longe da minha esposa e por fim… aguarde os meus advogados, porque eu vou arrancar a sua alma dentro de um tribunal.A sua coragem se escorre pelo seu corpo até cai
Judith— A Senhora só precisa estar ao lado dela, sua graça. — O instrutor diz chegando mais perto. — Cabeça erguida — fala, erguendo o meu queixo com dois dedos cruzados. — Olha no horizonte e um sorriso largo no rosto.Sorrio.— Mantenham a postura ereta. — O homem caminha para atrás de nós e logo o seu bastão nos faz erguer a coluna.Lydia acha graça, mas mantenho-me instável.— Agora caminhem! — Ele pede e nós obedecemos. — Não! Não! Não! O que estão fazendo?!— Caminhando! — Lydia rebate segurando o riso.— Deem passos graciosos, coo plumas levadas ao vento. Mantenham a postura e não se esqueçam do sorriso no rosto.Mas ao erguer os meus olhos para o horizonte, o vejo em pé no espaldar na porta larga. O seu olhar parece diferente. Está rígido como sempre, exigente como sempre, mas parece ter um brilho nele. Um brilho que eu não consigo decifrar. Mas o fato de um sorriso sutil brincar no seu rosto anguloso, me faz sorrir também.— Sua graça, a Senhora está bem?— O que? — inquiro