Thomas
Na manhã seguinte…
Solto um suspiro alto e arrastado, abrindo os meus olhos pesados e sinto um incomodo desagradável devido a claridade do meu quarto. Com um grunhido estrangulado me sento e percebo que adormeci no chão, bem ao pé da minha cama. Contudo, fito o cobertor grosso e macio. E uma lembrança da noite passada me absorve. Eu no fundo da piscina tentando calar os meus pensamentos cheios de acusação e de raiva. Depois, Judith surgiu bem na minha frente. Os seus cabelos flutuavam na calmaria da água transparente e os seus olhos me fitavam em um misto de preocupação e de medo. Então ela me puxou para fora e o barulho retornou para dentro da minha cabeça.
Ela estava tentando me salvar, mas ela não faz ideia de que não tenho salvação. Ela não pode me salvar. Ninguém pode.
… Saia de perto de
Thomas— Você quer dar uma volta? — Ela vira imediatamente a cabeça para o lado, para me olhar nos olhos.— Nós… podemos? — E outra vez a ansiedade parece fluir pelos seus poros e olhos vívidos.— Acredito que sim.É claro que podemos!Faço um gesto para o responsável pelo brinquedo e após colocar uma nota em sua mão, ele liga a roda gigante que parece ganhar vida com suas luzes coloridas e uma música que lembra um parque de diversões. Minha recompensa foi um lindo e largo sorriso de dentes brilhantes e feliz.— Pode se sentar, sua graça. — O rapaz pede, retirando a barra de proteção. Contudo, Judith me lança um olha interrogativo.— Você não vem?— Ah não. Eu vou ficar bem aqui te esperando.— Nada disso. — Ela retruc
Judith— Judith! — Josephine exclama assim que me vir entrar na mansão. Logo alguns empregados da casa vão até o carro e começam a tirar algumas malas de lá. Sorrio quando as outras meninas correm na nossa direção.— Aconteceu alguma coisa? — Ela indaga e enquanto os seus olhos percorrem ávidos ao nosso redor a procura de Thomas, Abigail, Violet e Sophie envolvem a minha cintura com seus braços ao mesmo tempo. — Por que voltaram tão cedo? E onde está o meu irmão?— Vamos entrar, meninas. Prometo que explico tudo lá dentro.Enquanto caminhamos para dentro da casa as menores me enchem de perguntas eufóricas e quando alcançamos a sala de estar, os seus abraços meigos e afáveis me fazem lembrar de tempos que achei ter perdido em minha memória. Depois vieram os inúmeros questionamentos outra ve
Judith— Já está dispensada, Flora — rebato um tanto autoritária. A garota ergue o seu queixo, lançando-me um par de olhos petulantes e é possível ver um resquício de um sorriso debochado no canto de sua boca.— Sua graça! — Ela faz uma breve reverência, saindo do quarto em seguida e fecha a porta atrás de si. Solto um suspiro alto e começo a andar pelo cômodo.… Você não é importante para ele.Suas palavras voltam a preencher a minha mente à medida que toco com as pontas dos meus dedos nos móveis de tons claros.… Thomas nunca vai esquecê-la.Paro em frente a uma porta lateral e curiosa a abro, encontrando um banheiro que é duas vezes maior do que o meu apartamento que mantenho no Rio de janeiro. Bufo com a exuberância e os detalhes luxuosos da bancada
ThomasEnquanto a lancha corre desbravando as ondas do mar calmo, eu a observo absorta em seus pensamentos, com suas mãos apoiadas na barra de proteção. Seus olhos estão fechados e os seus cabelos soltos ao vento. O tom de castanho escuro ganha um brilho especial ao sol.Linda!Eu simplesmente não me cansaria de olhá-la por horas a fio. A pergunta é; quando você penetrou nas minhas barreiras e preencheu o meu coração?— Já estamos chegando, sua graça. — Call, meu comandante avisa atrás de mim. Tirando-me da minha visão preferida no momento.— Certo. Avisou para o Alfred?— Ele já o aguarda no píer.— Ótimo!Então ele se afasta me deixando sozinho.Acho que tenho uma resposta para as minhas perguntas. De madrugada, quando ela enfrentou aquele frio horrendo para me salvar. A visão de Judith debaixo d’água ainda me assalta. Ela se assemelhava as lindas sereias que tinha nos meus sonhos de criança. No entanto, a sua imagem era… envolvente e arrebatadora. E embora eu estivesse com raiva do
Thomas— Soube que passou a tarde trancada no quarto — comento enquanto deslizo o zíper para cima. Ela se afasta e me olha nos olhos.— Me desculpe, eu estava tão cansada que… — Aproximo-me mais dela, controlando qualquer sensação que me leve a perder o meu controle e com os meus olhos fixos nos seus, levo um dedo aos seus lábios, fazendo-a se calar.— Não precisa se desculpar. Que bom que descansou!Permanecemos ali parado e nos encarando em silêncio, até ela quebrar essa nossa conexão sem explicação.— Eu vou tomar um banho e desço para o jantar. — Forço-me a afastar dela e no ato, começo a desabotoar os botões da minha camisa.— Está bem. Eu vou descer e ver as meninas. — Ela avisa, porém, não digo nada e adentro o cômodo para livrar-me das minhas roupas.***Durante o jantar…— Judith, eu posso te pedir uma coisa? — A voz de Lydia sobressai repentina durante o jantar, atraindo a atenção de todos na mesa. E pelo seu olhar receoso eu sei exatamente o que pretende pedir. Judith por s
JudithInquietude, insônia, irritação. Desde quando isso acontece comigo? Já algumas horas que estou me revirando de um lado para o outro da cama e sequer consigo pregar os meus olhos. O motivo? Eu não sei. Talvez o fato de estar em uma casa estranha, ou por causa do convite que Lydia me fez.Salto para fora da cama e me dirijo para a sacada. Lá fora o céu escuro tem algumas poucas estrelas tímidas e o frio é quase insuportável. Decido voltar para dentro do quarto e olho para as quatro paredes em silêncio.— Chocolate quente, isso deve me ajudar.Penso alto e pego um sobretudo felpudo, e um par de pantufas macias e quentinhas para enfim, sair do cômodo. Enquanto desço as escadas percebo que a casa toda já está dormindo. Melhor assim. Penso e caminho na direção da sala de jantar na esperança de encontrar uma cozinha nessa casa que parece não ter tamanho.— Achei você — ralho, adentrando um cômodo imenso com uma quantidade exagerada de portas nos móveis e balcões, e me pergunto por onde
JudithNo dia seguinte na editora…— Bom dia, Judy!— Bom dia, Darly!— Nossa, você está bem?— Estou. Por quê?— Não sei, parece que faz dias que você não dorme.Se ela soubesse.— O que temos para hoje?— O Senhor Hill precisou fazer uma viagem de emergência para o Brasil e pediu para você adiantar os relatórios de contratação dos escritores.— E onde eles estão?— Os coloquei em cima da sua mesa assim que o Adam trouxe.— Ok! E, Darly eu não quero ser incomodada. A leitura desses relatórios exige muita atenção, então não repasse nenhuma ligação até eu terminar, ok?— Sim, Senhora.Assim que adentro a minha sala, fecho a porta atrás de mim e imediatamente seguro a pilha de papéis com cuidado para levá-la a mesinha de centro. Na sequência peço uma xícara de café para Darly e me acomodo no sofá de três lugares para iniciar a minha leitura. Em algum momento um pedaço de papel dobrado escapa de um dos documentos e cai no chão. Nervosa, saio do sofá e me debruço para buscá-lo debaixo do
Thomas— Eu… estou com muito frio. — Ela diz estupidamente trêmula, tentando aquecer o seu corpo com seus próprios braços. Mas é os seus lábios roxos que chama a minha atenção.— Merda, o que você fez?! — rosno e cuidadoso, a abraço, levando-a para dentro de casa.— Judith?! — Minhas irmãs levantam-se em alerta.— O que aconteceu com você? — Josephine questiona preocupada e vem logo atrás de nós. Entretanto, enquanto subo os degraus, deixo algumas ordens para ela.— Peça para Flora preparar um chá e peça para ela levar uma sopa de legumes. A Duquesa precisa se aquecer agora!— Certo.Escuto os seus passos apressados, enquanto conduzo Judith para o nosso quarto. Dentro do cômodo ajudo a despi-la e sinto o gelo na sua pele. Mas o fato de ela não parar de se tremer me deixa em combustão.Onde ela estava com a cabeça de vir a pé para casa, debaixo de uma torrente e em pleno inverso inglês?— Venha! — peço cauteloso, guiando-a para dentro de uma banheira com água morna e imediatamente ela