Judith
Idiota! Se ele prefere se afundar em trabalhos para mim tudo bem. Resmungo mentalmente enquanto caminho pelo corredor que me levará de volta a sala de estar. Assim que adentro o cômodo bebo mais um gole do meu vinho e vou para perto do som. Logo uma travessura se passa pela minha cabeça e eu penso que isso deve ser o efeito do álcool na minha cabeça, que nesse instante está dando leves giros. Portanto, aperto o botão de ligar e uma playlist se forma no painel iluminado. Deslizo levemente o meu indicador pela lista a procura de algo dançante e sorrio quando encontro algo que me agrada. Então aperto novamente o botão e Girls Like You começa a tocar.
Ah, eu amo essa música!
Penso, entregando-me ao seu embalo levemente dançante e no ato, fecho os meus olhos, erguendo a minha taça acima da minha cabeça. Sinto-me mais leve
O que há de errado com você? Essa pergunta preenche a minha cabeça e penso que isso não é da minha conta. Que eu deveria voltar para a minha cama macia e quentinha, e me esquecer que o vi ali tão vulnerável. Mas o fato de Thomas ajoelhar-se no chão e de o seu choro tornar-se ainda mais compulsivo, e dolorido está me matando por dentro. Por um instante eu quis sair correndo de dentro desse quarto para ir abraçá-lo fortemente. Queria dizer-lhe que tudo ficará bem, mas os meus pés não pensam a mesma coisa. Então apenas continuo parada aqui no meu lugar assistindo a sua dor por sabe Deus quanto tempo.— Mas o que você… — Entro em pânico quando ele pula na água gélida da piscina e se deixa submergir completamente, e fica lá no fundo. — Suba, Thomas! Por favor, suba! — rogo baixinho como uma súplica,
ThomasNa manhã seguinte…Solto um suspiro alto e arrastado, abrindo os meus olhos pesados e sinto um incomodo desagradável devido a claridade do meu quarto. Com um grunhido estrangulado me sento e percebo que adormeci no chão, bem ao pé da minha cama. Contudo, fito o cobertor grosso e macio. E uma lembrança da noite passada me absorve. Eu no fundo da piscina tentando calar os meus pensamentos cheios de acusação e de raiva. Depois, Judith surgiu bem na minha frente. Os seus cabelos flutuavam na calmaria da água transparente e os seus olhos me fitavam em um misto de preocupação e de medo. Então ela me puxou para fora e o barulho retornou para dentro da minha cabeça.Ela estava tentando me salvar, mas ela não faz ideia de que não tenho salvação. Ela não pode me salvar. Ninguém pode.… Saia de perto de
Thomas— Você quer dar uma volta? — Ela vira imediatamente a cabeça para o lado, para me olhar nos olhos.— Nós… podemos? — E outra vez a ansiedade parece fluir pelos seus poros e olhos vívidos.— Acredito que sim.É claro que podemos!Faço um gesto para o responsável pelo brinquedo e após colocar uma nota em sua mão, ele liga a roda gigante que parece ganhar vida com suas luzes coloridas e uma música que lembra um parque de diversões. Minha recompensa foi um lindo e largo sorriso de dentes brilhantes e feliz.— Pode se sentar, sua graça. — O rapaz pede, retirando a barra de proteção. Contudo, Judith me lança um olha interrogativo.— Você não vem?— Ah não. Eu vou ficar bem aqui te esperando.— Nada disso. — Ela retruc
Judith— Judith! — Josephine exclama assim que me vir entrar na mansão. Logo alguns empregados da casa vão até o carro e começam a tirar algumas malas de lá. Sorrio quando as outras meninas correm na nossa direção.— Aconteceu alguma coisa? — Ela indaga e enquanto os seus olhos percorrem ávidos ao nosso redor a procura de Thomas, Abigail, Violet e Sophie envolvem a minha cintura com seus braços ao mesmo tempo. — Por que voltaram tão cedo? E onde está o meu irmão?— Vamos entrar, meninas. Prometo que explico tudo lá dentro.Enquanto caminhamos para dentro da casa as menores me enchem de perguntas eufóricas e quando alcançamos a sala de estar, os seus abraços meigos e afáveis me fazem lembrar de tempos que achei ter perdido em minha memória. Depois vieram os inúmeros questionamentos outra ve
Judith— Já está dispensada, Flora — rebato um tanto autoritária. A garota ergue o seu queixo, lançando-me um par de olhos petulantes e é possível ver um resquício de um sorriso debochado no canto de sua boca.— Sua graça! — Ela faz uma breve reverência, saindo do quarto em seguida e fecha a porta atrás de si. Solto um suspiro alto e começo a andar pelo cômodo.… Você não é importante para ele.Suas palavras voltam a preencher a minha mente à medida que toco com as pontas dos meus dedos nos móveis de tons claros.… Thomas nunca vai esquecê-la.Paro em frente a uma porta lateral e curiosa a abro, encontrando um banheiro que é duas vezes maior do que o meu apartamento que mantenho no Rio de janeiro. Bufo com a exuberância e os detalhes luxuosos da bancada
ThomasEnquanto a lancha corre desbravando as ondas do mar calmo, eu a observo absorta em seus pensamentos, com suas mãos apoiadas na barra de proteção. Seus olhos estão fechados e os seus cabelos soltos ao vento. O tom de castanho escuro ganha um brilho especial ao sol.Linda!Eu simplesmente não me cansaria de olhá-la por horas a fio. A pergunta é; quando você penetrou nas minhas barreiras e preencheu o meu coração?— Já estamos chegando, sua graça. — Call, meu comandante avisa atrás de mim. Tirando-me da minha visão preferida no momento.— Certo. Avisou para o Alfred?— Ele já o aguarda no píer.— Ótimo!Então ele se afasta me deixando sozinho.Acho que tenho uma resposta para as minhas perguntas. De madrugada, quando ela enfrentou aquele frio horrendo para me salvar. A visão de Judith debaixo d’água ainda me assalta. Ela se assemelhava as lindas sereias que tinha nos meus sonhos de criança. No entanto, a sua imagem era… envolvente e arrebatadora. E embora eu estivesse com raiva do
Thomas— Soube que passou a tarde trancada no quarto — comento enquanto deslizo o zíper para cima. Ela se afasta e me olha nos olhos.— Me desculpe, eu estava tão cansada que… — Aproximo-me mais dela, controlando qualquer sensação que me leve a perder o meu controle e com os meus olhos fixos nos seus, levo um dedo aos seus lábios, fazendo-a se calar.— Não precisa se desculpar. Que bom que descansou!Permanecemos ali parado e nos encarando em silêncio, até ela quebrar essa nossa conexão sem explicação.— Eu vou tomar um banho e desço para o jantar. — Forço-me a afastar dela e no ato, começo a desabotoar os botões da minha camisa.— Está bem. Eu vou descer e ver as meninas. — Ela avisa, porém, não digo nada e adentro o cômodo para livrar-me das minhas roupas.***Durante o jantar…— Judith, eu posso te pedir uma coisa? — A voz de Lydia sobressai repentina durante o jantar, atraindo a atenção de todos na mesa. E pelo seu olhar receoso eu sei exatamente o que pretende pedir. Judith por s
JudithInquietude, insônia, irritação. Desde quando isso acontece comigo? Já algumas horas que estou me revirando de um lado para o outro da cama e sequer consigo pregar os meus olhos. O motivo? Eu não sei. Talvez o fato de estar em uma casa estranha, ou por causa do convite que Lydia me fez.Salto para fora da cama e me dirijo para a sacada. Lá fora o céu escuro tem algumas poucas estrelas tímidas e o frio é quase insuportável. Decido voltar para dentro do quarto e olho para as quatro paredes em silêncio.— Chocolate quente, isso deve me ajudar.Penso alto e pego um sobretudo felpudo, e um par de pantufas macias e quentinhas para enfim, sair do cômodo. Enquanto desço as escadas percebo que a casa toda já está dormindo. Melhor assim. Penso e caminho na direção da sala de jantar na esperança de encontrar uma cozinha nessa casa que parece não ter tamanho.— Achei você — ralho, adentrando um cômodo imenso com uma quantidade exagerada de portas nos móveis e balcões, e me pergunto por onde