Nick comeu os chocolates e gargalhou quando Zuri segurou com o dedinho a parte do rosto que não obedecia quando aos seus comandos.— Deixa que eu te ajudo.Colocou mais um pedaço de chocolate na boca do pai exatamente quando Jocellyn entrou com Kwami, nenhum dos dois estava onde deveria, porque estavam onde queriam, mas a médica se desesperou.Sabia que se algo acontecesse a Nick ela teria problemas, não pensou muito, apenas correu.— NÃO!Gritou e puxou a menina do colo do pai, na verdade tentou, porque assim que segurou o braço de Zuri, sentiu o pulso queimar de dor.Olhou para baixo confusa, pensou que tinha batido em alguma coisa e arregalou os olhos quando se deu conta de que Nick estava apertando o seu braço.Levantou o rosto e fixou em Nick, a menininha tinha se encolhido abraçada ao pai.— Não grita e não encosta nela!A frase saiu perfeita, baixa, rouca, mas perfeita e o olhar parecia carregar mais raiva do que Jocelyn se lembrava de já ter visto em naquele rapaz.Gaguejou, n
Kwami engoliu a saliva, franziu a sobrancelha, não entendeu o motivo, mas doeu ouvir aquela frase dela, apesar disso, sorriu antes de responder.— A resposta é não para as duas perguntas e ainda assim eu ficaria envergonhado de agir da forma que está agindo. Jantar cancelado, vou estar ocupado tentando descobrir o que é uma célula.Deixou a médica sozinha e entrou no quarto antes dela, tinha um trabalho, Sara queria que ele cuidasse de Nick e ao menos duas daquelas pessoas eram extremamente gentis.Mel e Sara pareciam ter saído de algum conto de fadas e Endi apesar da personalidade estranha, pagava bem e o respeitava.Era bem mais do que estava recebendo de Jocelyn.Ela tentou chamar, se arrependeu assim que viu a decepção no rosto de Kwami, mas quando viu Nick em pé, o desejo de ser a primeira cientista a descobrir a cura da Glut-1 a cegou novamente.— Nick, preciso que se deite. Eu preciso fazer um exame, se eu estiver certa, vamos salvar muitas pessoas ao redor do mundo!Olívia est
Jocelyn colocou um líquido alaranjado em uma gaze e aplicou na região lombar de Nick, o rapaz continuava tranquilo, tinha duas das pessoas mais importantes do mundo com ele, fechou os olhos porque só faltava um garotinho indiano de olhos espelhados e que tinha pedido de presente algo que já tinha ganhado e nenhum dos dois havia se dado conta. Zuri se mantinha firme na missão de não soltar a mão do pai. Foi a primeira vez que se sentiu tão importante, pensou que era normal, todo super-herói precisava de algo para ficar forte, as vezes uma capa, ou um objeto especial, ficou feliz por ser ela quem dava força a Nick. — Agora vem a parte mais chata. A médica falou, mas não foi respondida pelo rapaz. Tentou segurar o instrumento com firmeza, mas continuou tremendo. ...É importante demais, não estraga tudo! Pensou tentando encontrar força para o que estava fazendo, já tinha realizado cirurgias muito mais delicadas e complexas do que aquele exame simples, mas nunca sob a pressão de que
Kwami ficou olhando para Jocelyn, ela era realmente linda! Lamentou pelo peixe que não comeriam juntos, pelas histórias que imaginou que ela gostaria de ouvir, pela fogueira que preparou pensando em estar com ela quando uma espécie de flores que conhecia como Dama da Noite liberasse o seu perfume.Lamentou porque não viveriam muitas coisas que ele achou que seriam perfeitas, pelos beijos que quis provar, pelos carinhos que quis oferecer, pelo sentimento que teimava em brotar em seu peito e teria que ser sufocado antes de crescer.- Kwami.Nick chamou e o tirou daquele devaneio. A voz do amigo parecia forte outra vez, apesar disso, ele se apressou a atender, sabia que o rapaz tinha problemas bem mais sérios do que se apaixonar por uma médica turista. - Você está ótimo, rapaz! Essa ratinha faz mesmo milagre. E ainda não me apresentou sua menina.Zuri olhou para o pai e perguntou.- Conhecemos ele?Ela sabia que não era apenas com os turistas que devia se preocupar, aliás os turistas s
Culpas, medos, anseios e tantos outros sentimentos que regem a nossa frágil humanidade, Sara sempre carregou cada uma dessas emoções.A angústia de não conseguir ser a mãe perfeita que todos esperavam que ela fosse, o medo de não conseguir amar os filhos com a mesma intensidade que amava o marido, não ser uma advogada a altura do grupo Bianchi. Vivia uma competição desleal com pessoas que nem sequer sabiam que ela se sentia daquela forma.Estava cansada de ouvir que ela não era uma boa dona de casa, que não cuidava do marido, que era superficial, que a filha havia se casado cedo para sair de casa, entre outros absurdos.Do outro lado da balança estavam os que diziam que ela era linda, perfeita e que apesar da idade ainda parecia ser irmã da filha ao invés de mãe.E Sara tentava equilibrar as pontas, ser uma mãe melhor sem deixar de ser a mulher que esperavam que ela fosse. Nunca conseguiu e agora se sentia péssima, porque nem mesmo sabia onde o marido estava.Começou a separar alguns
Nick não sabia se estava pedindo pelo beijo ou para tocá-la, ela parecia tão pura, tão frágil que sentia ser quase um pecado o que sentia por ela, ainda assim era mais forte do que ele.Esqueceu de Zuri ao seu lado, de Kwami, de que estavam no quarto da mãe, esqueceu de tudo só não esqueceu da vontade que sentia de fazer aquela ratinha sua de uma vez por todas.Não soube se ela respondeu, não conseguiu esperar, os lábios dela pareciam um imã. Nick segurou o rosto de Olívia com as mãos firmes não tremeu, nem se perdeu, não com ela.Olíe sentiu como se aqueles carinhos pudessem ser fortes e protetores ao mesmo tempo, se entregou, também esqueceu.Esqueceu que achava suja, que se via pequena, nos braços dele foi como se a cada toque realmente se tornasse pura, pura como no passado ele disse ela era.Ele a tocava como se estivesse segurando algo precioso e frágil. O calor das mãos de Nick em seu pescoço parecia acalmar tudo dentro dela, acalmar os medos e despertar uma tempestade que nã
Embarcaram para a Índia, ninguém nem mesmo pensou em malas, ou em qualquer outra coisa, com aquela sensação, Olívia diria sim para qualquer proposta, não se lembrou da sogra até estarem no helicóptero.Nick ajudou a colocar o cinto na namorada e na filha, mas Zuri se assustou quando ele se abaixou e o chapéu caiu revelando a parte mais funda na lateral da cabeça.Nick percebeu o olhar assustado da menina, gostava daquela característica de Zuri, ela era tão transparente quanto a mãe. Ele conhecia a própria aparência, foi por isso que pediu o chapéu ao amigo, apesar disso, estava vivo.E isso significava muito!Estar vivo garantiu que ele pudesse estar naquele helicóptero indo buscar Arjun, conhecer Zuri e realizar seu maior desejo.Ter a sua ratinha de volta, poder olhar para ela, saborear seus beijos, tocar o rosto mais perfeito que ele imaginava existir e principalmente ouvir aquela voz suave que ficava decidida quando começava a explicar os filmes que ela tanto gostava.Estava ansio
Foram para o quarto em que Arjun morava assim que chegaram a Índia.Zuri estava cansada, dormiu no avião e não conseguia ficar mais do que alguns minutos com os olhinhos abertos, Olíe tentou carregar a filha, mas pareceu que os vinte quilos da filha se tornaram o dobro com ela dormindo.Não conseguiu andar mais do que alguns metros e Nick segurou a filha.— Não! Você já está sangrando.A viagem fez com que os pontos começassem a vazar, Nick também estava enjoado e com dor, mas sabia que ficaria melhor assim que encontrasse Arjun.— Estou ótimo, ratinha. E não pode negar a um pai atrasado o direito de segurar sua filha. Está sendo cruel.Pegou a garotinha que pareceu agradecer ter mais espaço, o colo de Nick era bem maior, se ajeitou escondendo o rosto no peito do pai, sorriu sem abrir os olhinhos e voltou a dormir.— Viu, ela concorda.Nick poderia ter deixado que Kwami carregasse a menina, mas se lembrou da reação da filha no helicóptero, sentiu que seria como trair a confiança de Zu